A
A admiração é uma das maiores prerrogativas da natureza humana. [504]
A admiração exclui o louvor por diminuto. [1466]
A afetação da virtude custa mais que o seu exercício. [754]
A alegria do pobre, ainda que menos durável, é sempre mais intensa que a do rico. [670]
A alegria do sábio e do justo é interior e serena; a do ignorante e vicioso, ruidosa e exterior. [1286]
A alegria e tristeza são mais intensas e expansivas no homem que em algum outro animal: o seu pranto e riso o manifestam. [268]
A aliança da razão com o coração é necessária e indispensável na peleja e resistência contra as paixões. [1739]
A alteza dos pensamentos anuncia a nobreza dos sentimentos. [2112]
A ambição de ciência é tão serena e aprazível em seu processo e meios quanto a do poder e honras é violenta e tormentosa: a primeira tem a sabedoria por objeto, a segunda a dominação ou tirania. [2139]
A ambição de poder e mando tem feito infeliz a muita gente que seria feliz se não fosse ambiciosa. [2943]
A ambição do poder e honras contrariada na mocidade prorrompe mais atroz e violenta na velhice. [1807]
A ambição encanecida toma-se mais feroz e homicida. [2062]
A ambição faz enlouquecer os homens, a paixão de amor as mulheres. [2411]
A ambição nos faz perder freqüentes vezes os bens de que gozamos, correndo inutilmente após daqueles que cobiçamos. [1334]
A ambição pode muito em uns homens, em outros a vaidade, em todos o interesse. [2561]
A ambição se recomenda freqüentemente por amor do bem geral; os tolos a acreditam, os prudentes suspeitam, os sábios a desmentem. [1165]
A ambição sujeita os homens a maior servilismo do que a fome e a pobreza. [91]
A ambição tortura e tritura os homens. [1874]
A ambição, como a avareza, se afadiga muito para ser cada vez mais miserável. [756]
A ambição, para chegar ao poder, toma algumas vezes o caráter desprezível e asqueroso do cinismo. [385]
A amenidade do semblante anuncia a bondade do coração. [1602]
A amizade de alguns homens é mais funesta e danosa do que o seu ódio ou aversão. [1647]
A amizade mais perfeita e mais durável é somente aquela que contraímos com o nosso interesse. [764]
A anarquia começa a dominar quando todos pretendem governar. [1901]
A anarquia é ingrata, proscreve e condena por fim os seus doutores e promotores. [1520]
A anarquia é o estado em que todos tiranizam, e nenhum governa. [1687]
A anarquia é tão grande flagelo nas nações, que o tirano que prevaleceu e chegou a suprimi-la é reputado o salvador do povo e o seu melhor amigo. [508]
A anarquia em alguns países é constitucional, tem a sua origem e fundamento nas próprias Constituições. [1746]
A anarquia tem por castigo e corretivo a tirania. [1525]
A aquisição de um amigo leal e constante não é difícil, quando o buscamos na raça animal dos cães. [1217]
A aranha fabrica a sua teia para viver, a lagarta a sua mortalha para morrer. [2108]
A atividade dos maus se resolve finalmente em seu dano e detrimento. [1350]
A audácia dos anarquistas é prodigiosa: ousam muito porque nada aventuram e esperam tudo. [2131]
A austeridade conosco é virtude, com os outros pode ser tirania, injustiça ou imprudência. [1555]
A austeridade dos cínicos é ambição de autoridade. [1888]
A autoridade de poucos é e será sempre a razão e argumento de muitos. [894]
A autoridade é tão poderosa entre os homens, que sustentamos e defendemos com ela as nossas opiniões individuais. [1248]
A autoridade humana é muito poderosa: a razão cede ordinariamente aos seus ditames e doutrinas. [2876]
A autoridade impõe e obriga, mas não convence. [1146]
A avareza ajunta quando a prodigalidade espalha. [216]
A avareza contribui muito para a longevidade pela dieta e abstinência. [556]
A avareza é mais um achaque adicional da velhice. [1388]
A avareza promove a temperança e aconselha a dieta. [2034]
A bandeira da virtude, em suas campanhas, tem por legenda: Existência e Abstinência. [1048]
A barateza dos governos desacredita os que governam, e não honra os governados. [925]
A barateza dos governos, como a dos artigos de mercancia, inculca a sua inferior qualidade ou avaria. [1670]
A beleza é uma harmonia, qualquer que seja o seu objeto. [1693]
A beleza é uma letra que se vence à vista, a sabedoria tem o seu vencimento a prazos. [1720]
A bênção dos pais é ventura e cabedal para os bons filhos. [1648]
A bênção dos velhos felicita os moços que a sabem merecer e respeitar. [1897]
A beneficência alegra ao mesmo tempo o coração de quem dá e de quem recebe. [1592]
A beneficência da vaidade é algumas vezes mais profusa que a da virtude. [389]
A beneficência é sempre feliz e oportuna quando a prudência a dirige e recomenda. [2]
A beneficência nos confere a virtude magnética de atrair os homens e fazê-los contribuir e interessar-se na nossa felicidade. [1463]
A beneficência perfeita alcança e compreende também os mesmos animais. [1935]
A benevolência não é eficaz sem a beneficência que a completa. [1418]
A bondade é inseparável da sabedoria: podemos ser bons sem ser sábios, mas ninguém é sábio que não seja bom. [2007]
A cada instante se desatam da árvore da vida inumeráveis folhas substituídas por outras que de novo brotam, não convindo que fiquem despidos o seu tronco e ramos, mas sempre cobertos e frondosos. [ A árvore da vida é o reino animal, as folhas que caem os viventes que morrem, surgindo outros de novo que nascem para lhes suceder. [2655]
A cada um dos nossos sentidos corresponde externamente um mundo de fenômenos maravilhosos, o mundo da luz e das cores, os dos sons, cheiros, sabores, formas, figuras, densidades, calor e frio. Que sabedoria a do Autor e Inventor dos sentidos. [2933]
A capacidade das inteligências distingue-se pela facilidade de descobrir relações, achar analogias, fazer abstrações, e generalizar idéias. [1405]
A categoria da nossa existência nas vidas futuras será correspondente ao nosso bom ou mau procedimento nas antecedentes. [2656]
A celebridade do crime perpetua a sua execração. [1331]
A celebridade que custa pouco tem pequeno fulgor e duração. [629]
A ciência em um velho aloucado agrava a sua insânia e multiplica os seus desvarios. [2030]
A ciência humana é cousa muito pouca neste orbe planetário, mas prelúdio de outra progressiva em inumeráveis mundos que os nossos espíritos guarnecidos de corpos correspondentes aos seus diversos sistemas e relações têm de habitar, conhecer, gozar e admirar eternamente. [3013]
A ciência humana é um agregado ou complexo de inumeráveis erros com muitas verdades, o que se prova pela divergência e variedade incalculável de opiniões e doutrinas entre os homens. [2981]
A ciência médica ensina a curar os doentes, a arte da guerra a matar os sãos. [1986]
A ciência pressupõe juízo, não o compreende necessariamente. [2995]
A civilidade chega a limar de tal modo os homens, que por fim os deixa, sem cunho nem caráter, lisos e safados. [989]
A civilidade contribui muito para perpetuar os vícios e defeitos dos homens fingindo desconhecê-los, ou dissimulando a impressão escandalosa que ocasionam. [2542]
A civilidade é muitas vezes a mordaça da verdade. [419]
A civilidade é uma convenção tácita entre os homens de se enganarem reciprocamente com afetada gentileza e benevolência. [225]
A civilidade é uma impostura indispensável, quando os homens não têm as virtudes que ela afeta, mas os vícios que dissimula. [509]
A civilidade encobre ou dissimula o egoísmo. [2857]
A civilidade ensina a dissimular para não ofender. [758]
A civilidade, limando e polindo, nos lira a firmeza e solidez. [1526]
A civilização moderna é devida mais à derrubada de erros antigos acumulados, que à descoberta de verdades novas. [100]
A civilização moderna tem reduzido o número dos tolos, mas aumentado proporcionalmente o dos velhacos. [1858]
A cobardia, aviltando, preserva freqüentes vezes a vida. [299]
A conduta do avarento faz presumir que ele não crê na Providência de Deus, nem confia na caridade dos homens. [710]
A conquista das vontades e corações assegura a posse das pessoas e seus serviços. [1930]
A consciência para muita gente é uma velha rabugenta, que de tudo ralha e de nada se contenta. [1914]
A credulidade dos néscios os sujeita à autoridade, promove a sua obediência, e é profícua neste sentido à sociedade. [2631]
A credulidade e confiança de muitos tolos faz o triunfo de poucos velhacos. [221]
A crença mais razoada é sempre a mais firme e permanente. [1400]
A crença universal e instintiva do gênero humano em uma vida futura, é argumenta irrefragável de sua existência e realidade. [1848]
A criação sendo uma solene manifestação da infinita sabedoria de Deus é igualmente o objeto, argumento e demonstração da sua eterna bondade e beneficência. [2679]
A criatura sensível e inteligente, que chegou a adorar, amar e admirar a Deus, não pode ser inteiramente mortal: há nela alguma cousa de divino que sobrevive à mesma morte. [1209]
A cultura da razão pelo estudo, exame e reflexão, pode conduzir-nos a um grau de saber que nos ponha em contradição com as opiniões vulgares: neste caso, devemos ser prudentes, evitando disputas, e esperando do tempo a madureza das verdades. [2119]
A curiosidade se apascenta de notícias, e o mundo é um teatro de novidades. [2071]
A decantada civilização tem multiplicado de tal modo as nossas necessidades e desejos, que para os contentar e satisfazer somos forçados, piorando de costumes, a sujeitar-nos a maiores trabalhos e cuidados. [1831]
A degeneração moral tem sido por vezes qualificada de regeneração política. [583]
A democracia é como a tesoura do jardineiro, que decota para igualar; a mediocridade é o seu elemento. [287]
A desconfiança é a sentinela da segurança. [1902]
A desgraça de muitas pessoas provém de não quererem ser o que são, mas pretenderem chegar a mais do que podem ser. [1028]
A desgraça final dos ambiciosos do poder e mando não desengana os novos aspirantes aos mesmos pretendidos bens; a ambição alucina por tal modo os homens, que lhes não deixa estudar e ponderar o passado, nem prever e calcular o futuro. [3042]
A desgraça, que humilha a uns, exalta o orgulho de outros. [329]
A despesa produtiva enriquece, a improdutiva empobrece. [964]
A devoção nas mulheres promove a religião nos homens. [1158]
A dialética do interesse é quase sempre mais poderosa que a da razão e consciência. [340]
A diferença nos sexos produz a sua união. [304]
A dificuldade de existir na velhice com os achaques que a atormentam, nos faz desejar a morte como libertadora de todos os nossos males. [2946]
A dissimulação algumas vezes denota prudência, mas ordinariamente fraqueza. [396]
A ditadura de um homem prestigioso e justiceiro é o corretivo mais eficaz da anarquia geral e popular. [2959]
A doçura e beleza das mulheres parecem inculcar que são anjos e serafins que desceram dos Céus e se humanaram na terra. [1287]
A doutrina do Panteísmo e Otimismo universal, é mais ou menos implicitamente professada em todos os sistemas religiosos, que aliás rejeitam ou reprovam os vocábulos que a representam. [2827]
A duração de um bem não assegura a sua perpetuidade. [651]
A economia com o trabalho é uma preciosa mina de ouro. [761]
A economia do tempo é menos vulgar e mais importante que a do dinheiro. [1397]
A economia é companheira inseparável da probidade. [1425]
A economia, quando se apura muito, transforma-se em avareza. [386]
A educação das mulheres é mais obra da Natureza que a dos homens. [2586]
A eloqüência consiste em simbolizar a Natureza por palavras, que representem os seus fenômenos e excitem os mesmos sentimentos e emoções, que costumam ocasionar nos viventes racionais. [2903]
A embriaguez do amor como a do vinho impele a iguais desatinos. [2800]
A embriaguez é o refúgio ordinário dos maus e viciosos contra os reproches da própria razão e consciência. [1488]
A embriaguez habitual se anuncia pelo desalinho pessoal. [1351]
A escravidão avilta o escravo e barbariza o senhor. [2146]
A escravidão é o tributo que a ignorância paga à força dirigida por maior e melhor inteligência. [2178]
A escravidão nos amantes é ambição de senhorio. [838]
A escravidão voluntária é sacrifício temporário para alcançar senhorio permanente. [595]
A esfera da ação do nosso corpo é tão limitada, quanto é vasta e incalculável a da nossa inteligência. [1454]
A esperança descobre recursos, a desesperação os renuncia. [276]
A estultícia de uns provoca e suscita a velhacaria em outros. [1491]
A exatidão e verdade acompanham a probidade. [1904]
A existência das criaturas vivas em sociedade pressupõe uma ordem moral que deve existir talvez igualmente para os animais gregários e sociáveis. [2962]
A existência de Deus no Universo criado é talvez comparável ao fogo no ferro em brasa, que distinto do metal o tem impregnado de sua substância ativa e luminosa. [2815]
A experiência que não dói pouco aproveita. [898]
A extensão substancial rarificada se espiritualiza, condensada se materializa. [2575]
A facilidade e presteza com que alguns povos adotam as modas estrangeiras demonstram a sua leviandade, falta de caráter, juízo e nacionalismo. [2685]
A faculdade de sonhar dormindo, é um argumento poderoso de que existe em nós um princípio ou unidade sensível e inteligente, que, unida ao nosso corpo, o dirige e administra no exercício e processo da vida humana. [2924]
A facúndia dos velhacos é irresistível para os tolos. [905]
A falsa filosofia convida os homens pelos prazeres sensuais; a verdadeira pelos morais, intelectuais e religiosos; a primeira tudo materializa; a segunda busca espiritualizar a própria matéria; uma isola o homem neste mundo também isolado; a outra lhe dá relações com o sistema universal, e o faz parte de um todo imenso; a primeira lhe confere uma existência efêmera e temporária; a segunda lhe eterniza a duração; aquela o faz bruto; esta semideus. [786]
A familiaridade tira o disfarce, e descobre os defeitos. [608]
A fantasia é a lanterna mágica da nossa alma. [1127]
A fazenda roubada nunca é bem aproveitada. [1332]
A Fé desobriga a razão de muito estudo, fadiga e aplicação. [1500]
A fecundidade em palavras anuncia esterilidade em obras. [1928]
A felicidade consiste em não sofrer: quando não sofremos, gozamos necessariamente. [1655]
A felicidade das criaturas inteligentes cresce e avulta proporcionalmente com a noção progressiva que concebem de Deus e seus divinos atributos. [2066]
A felicidade do velho achacado é negativa, consiste em não sofrer. [2701]
A felicidade dos entes racionais aumenta com o progresso da sua inteligência; os de maior intelecto são os que gozam mais da sua existência e do mundo em que residem. [618]
A felicidade humana será sempre frágil e fugaz enquanto não tiver a sua origem e fundamento no amor e temor de Deus. [1955]
A felicidade pela fortuna é de pouca duração; a que provém do trabalho, inteligência, economia e probidade, tem maior extensão e permanência. [2423]
A felicidade que o luxo confere é temporária: mas a miséria que depois ocasiona, permanente. [910]
A felicidade sensual consiste na saúde, a moral na virtude, a intelectual no estudo da natureza e a religiosa no amor e temor de Deus. [1274]
A felicidade sensual é a mais incompleta de todas: não pode subsistir sem o contraste e especiaria dos males. [2127]
A felicidade sensual é comum a todos os viventes, a moral, intelectual e religiosa privativa das criaturas racionais e inteligentes. [2978]
A filáucia dos moços diverte quando não incomoda os velhos. [1609]
A filosofia desagrada, porque abstrai e espiritualiza; a poesia deleita, porque materializa e figura todos os seus objetos. Quereis persuadir e dominar os homens, falai à sua imaginação, e confiai pouco na sua razão. [370]
A filosofia é tão impotente, quanto a religião é poderosa para nos consolar nos males da vida, e determinar-nos a suportá-los com paciência e resignação. [1629]
A filosofia não entorpece a sensibilidade, quando muito pode chegar a regulá-la. [525]
A filosofia pode consolar-nos, mas não tem a eficácia de tornar-nos impassíveis. [460]
A filosofia promete muito e dá pouco; é magnífica nas suas promessas e mesquinha nos seus donativos. [454]
A Filosofia, quando não extingue, dilui o patriotismo. [65]
A fonte dos benefícios se estanca nos homens, em Deus é eterna, infinita e inexaurível. [2200]
A força é a razão suficiente dos tigres e dos malvados. [1828]
A força é hostil a si própria, quando a inteligência a não dirige. [822]
A força sem inteligência é como o movimento sem direção. [565]
A fortuna cega faz também cegos e surdos aos seus validos. [45]
A fortuna é cega somente para aqueles que a não compreendem. [1153]
A fortuna faz de um tolo um potentado, como o sol no horizonte confere a um anão a sombra de um gigante. [971]
A fortuna por inconstante esperança tanto o desgraçado como intimida o afortunado. [1995]
A fortuna sem virtudes é mais desastrosa que a desgraça. [1285]
A franqueza tão reclamada, quando efetiva desagrada. [1977]
A fruição desencanta muitos bens e prazeres sensuais, que a imaginação, os desejos e as esperanças figuravam encantadores. [606]
A generalidade se individualiza pela vida, a individualidade se generaliza pela morte. [3084]
A gente moça evita a companhia dos velhos, como as pessoas suadas o ar frio, que as pode constipar. [859]
A genuína lealdade é caluniada e proscrita quando os traidores alcançam o poder e autoridade. [2080]
A genuína maioridade é o juízo que a confere, e não a idade. [2588]
A genuína probidade distingue-se especialmente pela sua constante e escrupulosa exatidão. [1222]
A genuína sabedoria tende ao Infinito, e reconhecendo por muito limitada a felicidade sensual, procura na imensidade do Universo o objeto que lha pode conferir perene, incessante, inexaurível e eterna, e o descobre em Deus que é a vida, a luz, o movimento e a inteligência universal. [1122]
A genuína virtude não é austera nem sobranceira, mas alegre, amena e jovial. [1410]
A glória humana bem ponderada nunca vale quanto custa. [1989]
A glória humana murcha como a beleza e as rosas, e os nomes dos grandes homens têm também de sumir-se no abismo do esquecimento e do nada. [1312]
A glória póstuma é um sonho da vida que não alcança os mortos. [2458]
A grande e presente fermentação e descontentamento dos povos provém com especialidade da supressão, ou decadência das idéias e crenças religiosas; o vazio que ela ocasiona corresponde a um abismo. [1263]
A grande riqueza para ser tolerada deve manter e divertir os pobres. [1403]
A gratidão também é produto do nosso amor-próprio: julgamo-nos desobrigados dos benefícios se nos confessamos agradecidos. [1556]
A gravidade afetada provoca o riso e não granjeia reverência. [594]
A guerra civil pode ser considerada como um suicídio nacional. [1686]
A guerra mais útil aos povos é a que fazem os maus e os velhacos entre si mesmos. [1235]
A guerra mais útil aos povos é a que se fazem mutuamente os ingratos, traidores, velhacos e ambiciosos. [3088]
A harmonia da sociedade, como da natureza, consiste e depende da variedade e antagonismo dos seus elementos e caracteres. [422]
A herança dos sábios tem sempre maior extensão e perpetuidade que a dos ricos: compreende o gênero humano, e alcança a mais remota posteridade. [591]
A história é nada para os povos, a experiência tudo. [1653]
A honra anuncia virtudes, as honras nem sempre as supõem. [1011]
A idade de ouro não foi a primeira, há de ser a última das idades do gênero humano. [2134]
A idéia de felicidade é tão variada nos homens, que não admira que eles difiram tanto no seu procedimento para a conseguirem. [2993]
A idéia do mal é tão inseparável da do bem que uma não pode existir sem a coexistência de ambas. [1114]
A ignorância crê tudo, porque de nada duvida. [1067]
A ignorância dócil é desculpável, a presumida e refratária é desprezível e intolerável. [366]
A ignorância dos inocentes não prejudica a sociedade, como a inteligência dos velhacos. [1029]
A ignorância é audaz, não sabe avaliar o quanto arrisca. [1873]
A ignorância é prolixa em seus discursos, a sabedoria concisa e resumida. [1396]
A ignorância é sempre mais pronta em resolver-se do que a sabedoria. [1023]
A ignorância não duvida porque desconhece que ignora. [1586]
A ignorância nos empregados públicos é talvez mais danosa do que a sua improbidade. Em um jardim causa menos detrimento um ladrão do que um jumento. [641]
A ignorância nos homens é como a sabedoria em Deus, infinita. [2446]
A ignorância pasma ou se espanta, mas não admira. [929]
A ignorância tem seus bens privativos, como a sabedoria seus males peculiares. [991]
A ignorância tudo exagera, porque não conhece o justo meio. [889]
A ignorância vencível no homem é limitada, a invencível infinita. [295]
A ignorância, exagerando a nossa pouca ciência, promove a nossa grande vaidade. [293]
A ignorância, lidando muito, aproveita pouco: a inteligência, diminuindo o trabalho, aumenta o produto e o proveito. [302]
A ignorância, qual outro Faetonte, ousa muito e se precipita como ele. [333]
A igualdade repugna de tal modo aos homens que o maior empenho de cada um é distinguir-se ou desigualar-se. [928]
A imaginação dos homens figura tudo o que aliás qualifica de imaterial ou espiritual, não podendo conceber nem compreender o que não tem forma, figura nem lugar e limites no espaço. [2851]
A imaginação é o recreio dos moços, como a reflexão a consolação dos velhos. [1706]
A imaginação é uma louca estouvada que tem a razão por curadora. [1504]
A imaginação exagera de tal modo os nossos bens ou males futuros, que nos admiramos, quando chegam, de não corresponderem às nossas esperanças ou receios. [1665]
A imaginação exagera, a razão desconta, o juízo regula. [942]
A imaginação não é menos engenhosa em atormentar-nos do que em deleitar e recrear-nos. [1206]
A imaginação ora aterra, ora diverte a razão para melhor a dominar. [1424]
A imaginação serve-se dos materiais que lhe oferece a memória, modificando-os e coordenando-os por modo novo e com variadas formas e imagens não existentes. [2998]
A impaciência em que vivemos provém da nossa ignorância, queremos que os homens e as cousas sejam o que não podem ser, e deixem de ser o que são por sua essência e natureza. [2823]
A impaciência, quando não remedeia os nossos males, os agrava. [367]
A imperfeição é a causa necessária da variedade nos indivíduos da mesma espécie. O perfeito é sempre idêntico, e não admite diferenças por excesso ou por defeito.. [766]
A impertinência e rabugem da velhice procede em algumas pessoas do tédio e fadiga de sofrer por muitos anos a turba incomoda de loucos, tolos, néscios e velhacos. [2784]
A importância da riqueza e poder provém da capacidade que conferem aos homens de fazerem muito mal ou muito bem. [1292]
A importância que ambicionamos na mocidade nos é incomoda e onerosa na velhice. [1923]
A importância que os velhacos ambiciosos insignificantes alcançam pela anarquia, a fazem muito recomendável nos seus planos subversivos da ordem e tranqüilidade pública, e cobiça de governarem. [3019]
A importunidade é algumas vezes mais feliz que o merecimento. [414]
A impostura e o engano alimentam a muita gente, que não teria emprego e morreria de fome se a verdade surgisse com todo o seu fulgor e dissipasse os erros e ilusões do gênero humano. [1615]
A imprensa é livre somente para o partido poderoso e dominante. [469]
A imprudência de poucos compromete e incomoda a muitos. [1443]
A imprudência nos moços promove a sua atividade, a prudência nos velhos a sua inércia. [2460]
A impunidade não salva da pena e castigo merecido; retarda-o para o fazer mais grave pela reincidência e agravação das culpas e crimes subseqüentes. [1258]
A impunidade promove os crimes, e de algum modo os justifica. [1402]
A impunidade tolerada pressupõe cumplicidade. [1479]
A inconstância da fortuna esperança os desgraçados. [915]
A inconstância humana é o produto necessário das variações da natureza, das circunstâncias e dos eventos. [624]
A incredulidade que é da moda nas pessoas moças, torna-se o seu tormento na velhice. [963]
A indiferença ou apatia que em muitos é prova de estupidez, pode ser em alguns o produto de profunda sapiência. [617]
A individualidade humana se extingue pela morte; outra qualquer que dela derive e lhe sobreviva, é de natureza abstrusa e incompreensível à nossa inteligência. [2721]
A inexperiência da mocidade ocasiona a sua originalidade. [1427]
A ingratidão coletiva dos povos é punida pela ordem moral por uma pena igualmente coletiva. [1386]
A ingratidão descobre o vilão. [1993]
A ingratidão dos povos é mais escandalosa que a das pessoas. [327]
A ingratidão faz pressupor vistas de interesse no benfeitor, ou indignidade no beneficiado. [459]
A inocência é transparente, a malícia opaca e tenebrosa. [1713]
A inocência sem virtude corresponde ao idiotismo. [611]
A insignificância é a sepultura das monarquias. [1527]
A insignificância é tão penosa para os homens que muitos procuram surgir dela de qualquer modo possível, ainda mesmo pelos crimes. [1068]
A inteligência humana derivada da divina, contém alguma cousa da faculdade criadora e produtiva da sua origem, o que se manifesta nas obras inumeráveis dos homens, destinadas ao seu uso, cômodo, recreação e defesa. [1266]
A inteligência humana é um reflexo da Divina, como o clarão da lua é a reverberação da luz do sol. [856]
A inteligência humana, admirável em suas produções intelectuais, ostenta nas livrarias a pompa da sua fecundidade e variedade. [2474]
A inteligência que procura a Deus o descobre em cada criatura e o admira em si própria. [1864]
A inteligência revela-se na extensão e pela extensão. [1829]
A inteligência se limita quando se revela nos corpos figurados que a representam. [2630]
A intemperança da língua não é menos funesta para os homens que a da gula. [16]
A intemperança nos arruína, e depois nos entrega à medicina. [1654]
A intolerância irracional de muitos escusa ou justifica a hipocrisia ou dissimulação de alguns. [980]
A intolerância religiosa é uma censura, ou condenação da Divindade pela sua tolerância universal. [2407]
A intrepidez em muitos homens não é mais que estupidez. [946]
A intriga é um labirinto em que de ordinário se perde o seu mesmo autor. [697]
A intriga que alcança os empregos não habilita para bem servi-los. [337]
A intriga que ocupa e diverte os moços, assusta e incomoda os velhos. [2724]
A inveja a ninguém enriquece ou enobrece. [2081]
A inveja ambiciosa desdenha o que mais cobiça. [2109]
A inveja cobiça os bens e aborrece os que os possuem. [1643]
A inveja de muitos anuncia o merecimento de alguns. [994]
A inveja e ciúme do mérito alheio acusa e revela a mediocridade do próprio. [1120]
A inveja habitual desforma o semblante dos enfermos deste mal. [1145]
A inveja não empece os invejados e atormenta os invejosos. [1152]
A inveja não sabe avaliar os invejados, porque os vê de esguelha e obliquamente. [926]
A inveja para seu tormento exagera o valor dos bens invejados. [1384]
A inveja, que abrevia ou suprime os elogios, é sempre minuciosa e prolixa na sua crítica e censura. [604]
A lealdade refresca a consciência, a traição atormenta o coração. [1882]
A leitura deve ser para o espírito como o alimento para o corpo, moderada, sã e de boa digestão. [1548]
A leitura é um grande lenitivo para a velhice nos achaques que a incomodam, e reclusão a que obrigam. [2742]
A leitura, como a comida, não alimenta senão digerida. [1322]
A liberdade da imprensa é talvez o melhor remédio e corretivo do abuso das outras liberdades. [1387]
A liberdade da imprensa em alguns países é a faculdade de anarquizar, seduzir e sublevar os povos impunemente. [2623]
A liberdade de pensar pode ser ilimitada, a de falar, escrever e obrar deve ser muito restrita e definida; não ofendemos com o pensamento mas com as palavras e ações. [1267]
A liberdade é a que nos constitui entes morais bons ou maus: é um grande bem para quem tem juízo; e para quem o não tem, um mal gravíssimo. [420]
A liberdade é como o vinho, pouco fortalece, muito enfraquece. [2554]
A liberdade sem religião se converte em libertinagem e devassidão. [1659]
A liberdade sobeja sempre nos homens; o que lhes falta é juízo. [1961]
A lisonja é o mel que adoça todos os incômodos, azedumes e importunidades dos empregos eminentes. [86]
A lisonja foge da desgraça, a verdade a freqüenta. [2101]
A lisonja, que corrompe os bons, torna piores os maus. [1644]
A literatura inglesa instrui moralizando, a francesa deleita sensualizando: a primeira é racionalista, a segunda sensualista. [2921]
A loucura nos homens é tão versátil e variada, que os prudentes em seus cálculos não podem compreender todas as suas espécies e variedades. [2074]
A loucura nos velhos é mais disparatada que nos moços. [1704]
A luz dá cor aos corpos e os faz parecer distintos, as trevas os igualam e confundem. [2734]
A luz do sol e da verdade só a podemos ver em reflexo ou refrangida. [592]
A luz do sol é gratuita, a do fogo dispendiosa. [458]
A má educação consiste especialmente nos maus exemplos. [383]
A má fortuna persegue a muitos sem justiça, como a boa favorece a outros sem razão. [1064]
A magnificência encurta a beneficência. [1818]
A maior loucura política é ampliar a liberdade a quem não tem suficiente capacidade para bem usar dela. [1218]
A maior parte dos erros em que laboramos neste mundo provêm da falsa definição, ou das noções falazes que temos do bem e do mal. [438]
A maior parte dos homens são autômatos a quem alguns mais hábeis e sagazes fazem mover-se e trabalhar para seu proveito ou recreação. [519]
A maior parte dos males e misérias dos homens provém não da falta de liberdade, mas do seu abuso e demasia. [358]
A maior prova da insignificância ou santidade de um sujeito é não ter um só inimigo ou invejoso. [315]
A maior vantagem da riqueza é fornecer materiais para a beneficência. [209]
A maledicência é uma ocupação e lenitivo para os descontentes. [20]
A maledicência pode muitas vezes corrigir-nos, a lisonja quase sempre nos corrompe. [907]
A matéria é uma substância misteriosa, capaz de uma divisibilidade incompreensível como no éter, e de uma condensação compacta e firme como no diamante, suscetível de infinitas formas, figuras, modos, densidades e aparências, instrumento universal de manifestação da infinita sabedoria de Deus, cuja vontade e onipotência a dominam desde os átomos infinitésimos até os mundos e o Universo. [2935]
A medida do nosso saber é o maior ou menor conhecimento que temos da nossa própria ignorância. [1738]
A melhor filosofia é aquela que ensina, como a religião, a amar a Deus sobre tudo e aos homens como a nós mesmos. [2040]
A memória dos velhos é menos pronta porque o seu arquivo é muito extenso. [919]
A memória é uma faculdade tão prodigiosa, que ela só bastaria para provar a existência, sabedoria e providência de Deus, que a conferiu às suas criaturas vivas, sensíveis e inteligentes. [3024]
A memória na velhice perde muito mais do que ganha. [2508]
A memória não falece aos velhos por falta de idéias, mas pela sua nímia variedade e acumulação. [505]
A mentira infelizmente é mais social do que a verdade: a civilidade a enobrece e recomenda. [1840]
A mesma substância pode ser qualificada material ou imaterial conforme se faz ou não perceptível aos nossos sentidos. [2665]
A misantropia limita-se aos homens, não compreende as mulheres. [2031]
A misantropia não é nem pode ser vício ou defeito da gente moça. [1096]
A mobilidade que sobeja na mocidade, falece na velhice. [2746]
A mocidade é a estação da felicidade sensual, a velhice a da moral e intelectual. [1000]
A mocidade é democrata, como a velhice monarquista. [992]
A mocidade é temerária; presume muito porque sabe pouco. [780]
A mocidade é um sonho que deleita, a velhice uma vigília que incomoda. [813]
A mocidade encanta, a velhice desencanta os homens. [2636]
A mocidade não sabe apreciar os bens de que goza, nem calcular a soma dos que lhe faltam. [3020]
A mocidade se compraz nas revoluções como no movimento. [858]
A mocidade se expande para conhecer o mundo e os homens, a velhice se contrai por havê-los conhecido. [909]
A mocidade viciosa faz provisão de achaques para a velhice. [31]
A moda determina as opiniões de muita gente. [423]
A moda sanciona e justifica os maiores disparates e extravagâncias dos homens. [468]
A moderação em muitos homens é o reconhecimento da própria fraqueza ou mediocridade. [97]
A modéstia doura os talentos, a vaidade os deslustra. [9]
A modéstia é econômica, a vaidade dispendiosa. [1382]
A modéstia é um véu subtil com que extenuamos o fulgor do nosso merecimento ou talentos, para não ofender a vista e amor-próprio dos outros homens. [1031]
A modéstia se contrai; a vaidade, pela sua expansão, ocupa muito espaço de lugar e tempo. [1352]
A monarquia deve ser absoluta onde não há uma aristocracia douta, rica, poderosa e influente, secular e sacerdotal, que a possa defender e proteger contra os atentados, desacatos e versatilidade da democracia. [2955]
A monarquia tranqüiliza os homens bons e leais, a democracia esperança os traidores e desordeiros. [2404]
A morte anula sempre mais planos e projetos do que a vida executa. [248]
A morte cura os achaques que a velhice torna incuráveis. [2675]
A morte de um avarento equivale à descoberta de um tesouro. [682]
A morte demonstra que fomos constituídos e organizados para este e não para outros mundos, reduzindo a pó o nosso corpo quando não pode servir nem ter exercício no presente em que vivemos. [3095]
A morte desengana sem proveito aos que morrem, e com pouca utilidade aos que vivem. [1327]
A morte dos maus é a maior garantia para os bons. [373]
A morte é a executora mais ativa e eficaz da doutrina dos niveladores. [431]
A morte e as trevas igualam e confundem tudo. [1789]
A morte é certa, mas o prazo incerto: se a certeza da primeira nos aflige, a incerteza do segundo nos consola. [1225]
A morte é incorruptível, não se deixa subornar. [2767]
A morte é mais penosa para quem vê morrer do que para aqueles mesmos que perecem agonizando. [2194]
A morte é o Querubim com a espada de fogo que nos expulsa do jardim da vida humana. [2409]
A morte é um grande bem quando a vida se tornou o maior dos males. [2553]
A morte é uma credora inexorável, que não concede espera nem moratória aos seus devedores. [1783]
A morte equilibra as vidas mantendo umas à custa de outras. [2596]
A morte faz perdoar ou absolve os homens eminentes da sua superioridade ou transcendência intelectual. [1369]
A morte impõe perpétuo silêncio aos melhores oradores, como aos mais importunos faladores. [957]
A morte limita-se à vida corporal e orgânica; a substância misteriosa ou princípio simples, sensível e inteligente que a domina em sua união, pode ser mortal e destrutível, é talvez uma emanação do Ser eterno que a difunde sem exaurir-se. [2567]
A morte nos devora apesar dos nossos queixumes, e, cumprindo as leis da natureza, destrói a uns para dar vida a outros. [1112]
A morte para os velhos quanto mais tarda mais se aproxima. [1926]
A morte que desordena muitas cousas, coordena muitas outras. [58]
A morte que na opinião dos ímpios é extinção, para o homem religioso é promoção. [1053]
A morte que tira a importância a todos, a confere a muito poucos. [947]
A morte refuta vitoriosamente todos os argumentos a favor da sabedoria humana; morremos por ignorantes. [593]
A morte, que fecha as portas da vida, abre os portões da Eternidade. [1788]
A mudança rápida da temperatura do ar não é mais funesta à saúde individual do que a das opiniões políticas à tranqüilidade das nações. [261]
A mudez do silêncio fatiga e vence freqüentes vezes a garrulidade da palavra. [2495]
A mulher douta ordinariamente ou é feia, ou menos casta. [351]
A mulher é formada para amar, o homem para dominar. [2513]
A multidão de legisladores ameaça a ruína das nações, como o grande número de médicos faz recear a morte dos enfermos. [2687]
A nação é sempre leal ao Príncipe justo e liberal. [1808]
A nacionalidade se perde pela imitação e admiração servil das instituições, usos e costumes dos povos estrangeiros. [1111]
A natureza consome tudo para tudo reproduzir. [1054]
A natureza é a sabedoria de Deus revelada nas suas obras. [2494]
A natureza é muda para os néscios, como os livros para aqueles que não sabem lê-los. [1921]
A Natureza fala pelos instintos e se revela neles. [3071]
A natureza não sabe copiar; quanto gera e produz é tudo original. [1969]
A natureza tolera os excessos na gente moça, mas castiga-os severamente nos velhos, a quem a sua fraqueza e experiência deveram ter feito mais acautelados. [1178]
A Natureza veste e arma os animais, a inteligência os homens. [2467]
A névoa encobre aos nossos olhos os objetos próximos e remotos, os erros e prejuízos ao nosso espírito as verdades mais importantes. [1521]
A ninguém, por mais feio que seja, desagrada no espelho a sua imagem, e na pintura o seu retraio. [1106]
A noite cobre um mundo e descobre inumeráveis outros. [2110]
A nossa alma é emanação de uma unidade substancial, divina, misteriosa e ilimitada, que se difunde pela imensidade do espaço,e vivifica todas as criaturas sensíveis e inteligentes sem exaurir nem desfalcar-se. [2659]
A nossa alma sofre pela velhice do corpo como gozou pela sua mocidade, condutor de bens e de males ele a sujeita às suas fases e vicissitudes. [2705]
A nossa cabeça é a oficina da cogitação, como o nosso estômago o laboratório da nutrição. [1991]
A nossa consciência desmente muitas vezes os louvores que nos dão. [234]
A nossa existência apenas começada neste mundo tem o seu progressivo desenvolvimento por inumeráveis mundos e vidas na imensidade do espaço e eternidade dos tempos, aproximando-se à perfeição Divina sem jamais poder alcançá-la por ser infinita e incomensurável no Ser eterno, Criador e Regedor do Universo. [2983]
A nossa existência neste mundo não é fortuita, mas preordenada pela Infinita Sabedoria de Deus, para nossa felicidade e exercício perpétuo de sua eterna beneficência. [2009]
A nossa imaginação é mais leviana, extravagante e indecente do que o nosso procedimento. [1380]
A nossa imaginação gera fantasmas que nos espantam em toda a nossa vida. [696]
A nossa vaidade atraiçoa e revela freqüentes vezes a nossa incapacidade. [1421]
A nossa vida é quase toda um sonho, e sonhamos acordados mais vezes do que dormindo. [81]
A nossa vida é uma partícula infinitésima da vida eterna; desta proveio e tornará para ela. [2855]
A nossa vida quanto mais se alonga mais se adelgaça. [958]
A nossa vida se exala como o vapor, e se condensa nos céus. [1271]
A nossa vida se torna importante quando nos referimos a Deus em todos os seus atos, acidentes e vicissitudes. [2420]
A nudez do amor-próprio é tão indecente e desagradável, que recorremos à civilidade para o vestir, ataviar e fazê-lo tolerável. [1571]
A obstinação nas disputas é quase sempre efeito do nosso amor-próprio: julgamo-nos humilhados se nos confessamos convencidos. [717]
A ofensa supõe necessariamente passibilidade no Ente ofendido: o impassível é essencialmente inofensível. [2832]
A opinião da nossa importância nos é tão funesta, como vantajosa e segura a desconfiança de nós mesmos. [408]
A opinião pública é sempre respeitável, não pelo seu racionalismo, mas pela sua onipotência muscular. [972]
A opinião que domina é sempre intolerante, ainda quando se recomenda por muito liberal. [53]
A ordem física tem uma tão íntima conexão e correspondência com a moral, que, pelos fenômenos de uma, se podem explicar suficientemente os da outra. [1553]
A ordem pública padece quando se abrem os clubes, e se fecham as igrejas. [1683]
A ordem pública periga onde se não castiga. [2524]
A organização dos corpos individuais pode servir-nos de exemplo e norma para constituir e organizar os sociais e coletivos. [1450]
A ostentação intempestiva ou importuna de ciência e erudição, é pedantismo. [1434]
A paciência dispensa a resistência e a reação. [636]
A paciência é fácil em quem goza e não sofre, mas difícil em quem padece e não goza. [2472]
A paciência é virtude em poucos e fraqueza em muitos. [1678]
A paciência em muitos casos não é mais senão medo, preguiça ou impotência. [289]
A paixão calcula quase sempre mal, a razão poucas vezes bem. [2026]
A paixão da leitura é a mais inocente, aprazível e a menos dispendiosa. [381]
A paixão de liberdade em muita gente não é mais do que desejo de licença e impunidade. [1194]
A paixão dominante nos homens é a ambição, nas mulheres o amor. [1040]
A paixão dos moços é desfazer e destruir, a dos velhos reparar e construir. [1433]
A paixão pelo jogo pressupõe ordinariamente pouco amor pelas letras. [1087]
A perfectibilidade ou o progresso na inteligência do gênero humano nunca chegará a fazê-lo impassível e imortal. [2960]
A plena liberdade é como a pedra filosofal, procurada por muitos e por nenhum descoberta. [536]
A pobreza não tem bagagem, por isso marcha livre e escoteira na viagem da vida humana. [220]
A pobreza orgulhosa explica o cinismo de muita gente. [1820]
A pobreza sofre inumeráveis privações, mas não é sempre importunada e insidiada como a riqueza. [380]
A poesia deleita na mocidade e enfastia na velhice. [2699]
A poesia deleita os moços, a filosofia interessa os velhos. [2942]
A poesia fala à imaginação, a filosofia à razão dos homens. [2431]
A poesia orna os moços, a filosofia ilustra os velhos. [1516]
A política moderna afugenta a moral antiga. [2750]
A posse ou fruição em sonhos de um bem que muito desejamos, ainda que ideal e fantástica, amortece ou extingue freqüentes vezes o desejo veemente que nos incomodava a seu respeito. [2477]
A posteridade celebra os nomes e obras de muitos homens que desprezaria, se os conhecesse e praticasse pessoalmente. [1465]
A preguiça é tão verbosa como ociosa. [1314]
A preguiça enfada e quebranta mais que o trabalho regular. [290]
A preguiça gasta a vida, como a ferrugem consome o ferro. [797]
A preguiça nos maus é salutar para os bons. [1156]
A preguiça perde e não ganha, a diligência ganha e não perde. [2471]
A presunção nos moços promove a sua atividade; a prudência, filha da experiência, os faria inertes e irresolutos. [1579]
A previsão do futuro nos faria talvez infelizes no presente. [1920]
A privança com os poderosos compromete ordinariamente mais do que aproveita. [1401]
A probidade abstém-se de fazer mal, a virtude pratica o bem. [1754]
A probidade é suscetível de heroísmo como o valor. [759]
A probidade por si só pouco adianta aos homens, mas assistida de talentos e ciência é um meio eficaz e poderoso de pessoal exaltação. [1317]
A profunda reflexão é também um dos achaques da velhice. [1233]
A proteção dos homens é ordinariamente estéril, a de Deus sempre fecunda de bens e bênçãos. [1449]
A proteção dos maus compromete os bons. [2648]
A prova da excelência de um bom livro é algumas vezes a escassez dos louvores conferidos ao seu autor. [2039]
A Providência Divina se difunde infinitamente e alcança o mais pequeno inseto infusório ou átomo vivente, como domina o maior dos mundos e o imenso Universo. [2453]
A prudência é o resultado da consciência da nossa fraqueza: é um receio reflexionado dos males futuros pela experiência dos males pretéritos. [728]
A prudência em demasia se transforma em tirania. [1652]
A prudência exaure a paciência. [2543]
A prudência nos sábios é o conhecimento prévio da incapacidade geral dos homens de compreendê-los e segui-los nas suas doutrinas transcendentes e misteriosas para o vulgo. [3045]
A prudência ou fraqueza dos bons é a causa mais ordinária da vitória e triunfo dos maus. [1748]
A queda dos tronos esmaga as nações. [2443]
A quinquilharia literária ocupa e diverte a muita gente. [2241]
A razão desencanta a imaginação. [601]
A razão destrói nos homens as criações da sua própria imaginação. [415]
A razão dos filósofos é muitas vezes tão extravagante como a imaginação dos poetas. [853]
A razão é a luz do mundo moral e intelectual. [1778]
A razão e a verdade todos afetam querê-las, mas bem poucos lhes rendem culto. [1147]
A razão é escrava quando a fé e autoridade são senhoras. [968]
A razão é forte quando os instintos são fracos, e vice-versa. [2916]
A razão e não menos a consciência é onerosa a muita gente. [1498]
A razão humana não vale algumas vezes o instinto dos animais. [2489]
A razão no homem é como a luz do pirilampo: intermitente, pequena e irregular. [740]
A razão prevalece na velhice, porque as paixões também envelhecem. [851]
A razão se turva como a água, sendo agitada pelas paixões. [934]
A razão também tiraniza algumas vezes como as paixões. [574]
A razão, sem a memória, não teria materiais com que exercer a sua atividade. [339]
A realidade nunca dá quanto a imaginação promete. [2011]
A reflexão é fecunda de verdades, a imaginação de erros e ilusões. [1487]
A reflexão é tão necessária à nossa alma, como a digestão ao nosso corpo. [2609]
A reforma das Constituições agrada a muitos, a própria desagrada a todos. [57]
A reforma dos costumes nos povos depravados deve começar pela dos seus preceptores, doutores e literatos; são estes os que ordinariamente os têm corrompido com suas doutrinas e maus exemplos. [1979]
A Religião amansa os bravos e alenta os fracos. [654]
A Religião é a razão e filosofia dos povos. [1126]
A religião é como a pátria, sempre nos parece melhor a nossa própria. [1014]
A Religião é tão boa companheira na adversidade como excelente conselheira na ventura. [227]
A religião é um tesouro, que nenhum outro pode escusar. [787]
A Religião ensina a crer, a Filosofia a duvidar. [1780]
A religião promete aos homens, para os fazer bons, o que os governos não podem prometer-lhes: uma eternidade de bens com exclusão de todos os males. [1546]
A religião, quando impera no coração dos homens, purifica os seus pensamentos, palavras e ações. [1507]
A renovação e perpetuidade deste mundo e do Universo demonstra a sabedoria infinita que os constituiu, e a ordem maravilhosa a que obedecem e estão sujeitos. [2661]
A reputação do velhaco esteriliza a profissão. [1908]
A resistência enfraquece, a resignação fortalece. [1714]
A retribuição ordinária dos povos pelos maiores benefícios recebidos é a ingratidão. [1990]
A riqueza do avarento, transmitida ao pródigo, se assemelha a um fogo de artifício; leva muito tempo a fazer-se, consome-se em pouco, e diverte a muita gente. [765]
A riqueza dos tolos é o patrimônio dos velhacos. [208]
A riqueza doura a sabedoria e os talentos, mas não os constitui. [463]
A riqueza doura a sabedoria, e a faz mais respeitável à ignorância. [2499]
A riqueza é um grande bem que nos habilita para darmos e não pedirmos. [1946]
A riqueza exige sempre muito espaço, a pobreza se contenta e vive folgada em muito pouco. [1025]
A riqueza material é de difícil transporte neste mundo e impossível para os outros; a ciência e virtude identificadas com a nossa alma podem percorrer a imensidade do espaço sem trabalho nem despesa com a sua condução. [2889]
A riqueza não acompanha por muito tempo os viciosos. [496]
A roda da fortuna não é outra cousa mais que a mudança de circunstâncias, e variedade dos eventos. [1448]
A sabedoria confere aos homens uma especial independência pelos prazeres sensuais que escusa, e os intelectuais que possui. [2581]
A sabedoria confere aos seus cultores uma fruição latente e misteriosa que os homens vulgares não podem conceber nem compreender. [1952]
A sabedoria é o maior prêmio na loteria da vida humana: o sábio goza mais que ninguém, porque também ama, conhece e admira a Deus melhor que os outros homens. [2105]
A sabedoria é reputada geralmente pobre, porque se não podem ver os seus tesouros. [677]
A sabedoria é sintética, resume tudo. [2617]
A sabedoria é sintética; ela se expressa por máximas, sentenças e aforismos. [656]
A sabedoria humana bem considerada é uma loucura menos disparatada. [742]
A sabedoria humana bem ponderada vale sempre menos do que custa. [676]
A sabedoria indigente é menos invejada, que a ignorância opulenta. [614]
A sabedoria nos homens é o conhecimento mais amplo da própria ignorância, e da infinita sapiência e poder de Deus. [3092]
A saúde é um bem de tal importância que ela só constitui o fundo principal da felicidade humana. [1446]
A saúde é uma como a verdade, as moléstias como os erros são inumeráveis. [1697]
A simplicidade afetada é refinada velhacaria. [1964]
A sinceridade é muitas vezes louvada, mas nunca invejada. [254]
A sinceridade imprudente é uma espécie de nudez que nos torna indecentes e desprezíveis. [581]
A soberba exige louvores, a vileza lhos tributa. [1743]
A soberba não é menor nos pobres que nos ricos, mas as necessidades e dependência dos primeiros a comprimem de maneira que mal se descobre ou aparece muito resumida: é nas revoluções populares que ela faz a sua explosão. [1354]
A soberba não perdoa, a humildade não se vinga. [2022]
A sólida ciência não consiste em conhecer somente os fatos, os eventos e fenômenos destacados e solitários, mas em saber encadeá-los com os seus antecedentes, e descortinar os princípios e leis da natureza que os determinam e os fazem operar como partes e elementos de uma harmonia universal. [1612]
A solidão dos sábios é proveitosa às nações. [2953]
A solidão nos liberta da sujeição das companhias. [961]
A superfina civilização é superlativa escravidão. [2082]
A superioridade das inteligências distingue-se pela variedade dos seus produtos: ã sabedoria Divina é infinitamente variada, e o será eternamente, nas obras maravilhosas e produções da Natureza. [3025]
A suspensão, remoção ou cessação de um grave mal são reputadas pelos pacientes como um grande bem: deixar de sofrer é também gozar. [2556]
A temperança na fruição lhe prolonga a duração. [1695]
A terra verde esmaltada de flores, •e o céu azul abrilhantado de estrelas, ambos concordes anunciam e proclamam a glória, magnificência e majestade de seu Criador Onipotente. [2174]
A tirania coletiva ou popular é incomparavelmente maior, mais sumária e violenta que a singular, ou de um homem só. [1057]
A tirania é o talento dos homens ordinários e ignorantes quando governam. [328]
A tirania não é menos arriscada para o opressor, do que penosa para o oprimido. [428]
A tirania no singular é menos gravosa que no plural. [2162]
A tolerância de opiniões subversivas da ordem pública torna cúmplices dos males subseqüentes aos que as toleraram, podendo ou devendo resistir-lhes e impugná-las. [1183]
A traição promovida desalenta a lealdade preterida. [2775]
A traição se disfarça muitas vezes com os trajos da lealdade, como o egoísmo com a máscara do patriotismo. [2125]
A trapaçaria humana diverte e ocupa na mocidade, mas enfada, enoja e incomoda velhice. [1437]
A única vantagem da ignorância é não custar despesa nem trabalho. [244]
A unidade se destrói quando as fraçÕes se consideram inteiros. [1705]
A vaidade é a bem-aventurança dos néscios, dos tolos, e semidoutos. [567]
A vaidade é talvez um grande condimento da felicidade humana. [279]
A vaidade é tão frívola e fútil que motiva mais riso que compaixão. [1295]
A variedade de opiniões nos homens procede da diversidade e quantidade de idéias e conhecimentos que cada um deles tem do mundo, cousas e eventos. [2968]
A variedade de procedimentos dos homens deriva geralmente da diversidade de suas opiniões sobre a felicidade: diferindo quanto à sua natureza e objetos, devem também diferir nos meios e atos para os procurar e conseguir. [2720]
A variedade é o distintivo da sabedoria, como a uniformidade e monotonia o da ignorância. A infinita sabedoria de Deus se revela pela infinita variedade das suas obras e maravilhas. [309]
A velhice é a idade dos desenganos, como a mocidade a das ilusões. [2483]
A velhice é prêmio para uns e castigo para outros. [1188]
A velhice é sempre respeitável; anuncia uma longa e vitoriosa campanha da vida contra os males inumeráveis que a destroem. [2041]
A velhice é talvez menos penosa pelos males que sofremos do que por aqueles que receamos. [2001]
A velhice é tão suscetível de afecções penosas, que aqueles mesmos atos e exercícios que recreiam os moços, incomodam e fazem enfermar os velhos. [1062]
A velhice é uma decadência progressiva cujo limite é a morte. [1535]
A velhice ilustrada é incomparavelmente mais feliz que a mocidade iliterata. [1085]
A velhice nos homens é respeitável, nas mulheres desagradável. [2199]
A velhice nos torna de algum modo independentes do mundo material, embotando os nossos sentidos, e reduzindo muito as faculdades de gozarmos sensualmente. [2614]
A velhice quer descanso, a morte lho assegura. [3067]
A velhice quer descanso, a morte lho dá perene. [2790]
A velhice reflexiva é um grande almazém de desenganos. [21]
A ventura do homem imoral se assemelha a uma bela madrugada, que dá princípio a um dia proceloso e desabrido. [662]
A ventura dos maus tem o brilho e duração do relâmpago, que precede e anuncia o raio. [1701]
A ventura embota e contrai o entendimento, como a adversidade o afina e dilata. [741]
A verdade é simples e luminosa, a impostura composta e misteriosa. [1416]
A verdade é tão simples que não deleita: são os erros e ficções que pela sua variedade nos encantam. [633]
A verdade não é suscetível de variedade como o erro; daqui provém que o número dos erros é infinito. [783]
A verdade toma os trajos da lisonja, quando visita os que governam. [814]
A verdadeira felicidade não pode consistir na fruição dos prazeres sensuais, muitos dos quais deixam freqüentes vezes o travo acerbo de remorso e arrependimento. [2834]
A vergonha cora as faces, o medo as desbota. [2032]
A viagem para a outra vida é a mais cômoda e a menos dispendiosa possível: não exige provisões, bagagem nem condução. [2548]
A vida a uns, a morte confere celebridade a outros. [403]
A vida do sábio é uma perene oração e correspondência com Deus. [1886]
A vida e a morte, o bem e o mal, ambos se balançam e harmonizam para a renovação, conservação e perpetuidade deste mundo planetário. [2153]
A vida é fruição, muito imperfeita enquanto não referimos à Beneficência Divina a nossa existência, os prazeres de que gozamos, os objetos que os produzem, e não reconhecemos em Deus a origem necessária e única de toda a felicidade no Universo. [3094]
A vida é menos revolucionária do que a morte: esta rompe em um instante a teia dos eventos que aquela fabricou por muitos anos. [2580]
A vida é misteriosa como a fonte Divina de que procede. [2667]
A vida e morte estão sujeitas ao regime de uma Providência, que compreendendo o pretérito, presente e futuro, regula os destinos individuais, familiares e sociais, por um modo infinitamente sábio e justo, porém misterioso e incompreensível à razão e inteligência humana. [2802]
A vida é sempre curta para quem esperdiça e não aproveita o tempo. [1534]
A vida é um bem tão precioso, que os velhos, gozando menos que os moços, são os que melhor a sabem prezar e avaliar. [2166]
A vida engana a todos, a morte desengana a poucos. [792]
A vida humana é o prólogo de um drama misterioso que temos de executar por toda a eternidade. [1727]
A vida humana é um continuado enredo de que a morte somente nos liberta. [3059]
A vida humana é uma guerra perene de interesses, opiniões e paixões, que agitando os homens os conservam em ação e movimento, e lhes não permitem que fiquem inativos e estacionários no teatro deste mundo. [3089]
A vida humana é uma intriga perene, e os homens são recíproca e simultaneamente intrigados e intrigantes. [457]
A vida humana não é um bem senão porque se articula com muitas outras vidas e a eternidade. [1192]
A vida humana parece de algum modo tríplice, quando refletimos que vivemos e sentimos em três tempos, no pretérito, presente e no futuro. [954]
A vida humana sem religião é viagem sem roteiro. [781]
A vida humana seria incomportável sem as ilusões e prestígios que a circundam. [542]
A vida humana tem fases como a lua; a velhice é o seu minguante. [796]
A vida mais breve é talvez a mais feliz, como a viagem mais curta a melhor apetecida. [2510]
A vida nos faz dependentes, a morte nos confere a independência. [2618]
A vida ocupa os que vivem, a morte desocupa os que morrem. [1860]
A vida reluz nos olhos, a razão nas palavras e ações dos homens. [901]
A vida se usa tanto quanto mais se abusa. [1459]
A vida tem um valor sem par para os que a sabem gozar e apreciar. [2128]
A vida tem uma só entrada: a saída é por cem portas. [921]
A vida tudo enfeita, a morte desfigura tudo. [2092]
A vida, como a flor, é mais bela dobrada que singela. [1676]
A vigília é peleja, o sono armistício, a morte paz. [2504]
A vingança comprimida aumenta em violência e intensidade. [317]
A vingança deleita projetada, e atormenta executada. [1779]
A vingança não diminui o mal sofrido, e ocasiona freqüentes vezes outros maiores. [2684]
A virtude aromatiza e purifica o ar, os vícios o corrompem. [913]
A virtude consiste especialmente na resistência a nós mesmos. [1691]
A virtude é agro-doce, mas o vício doce-amargo. [852]
A virtude é comunicável, mas o vício contagioso. [76]
A virtude é feliz na sua desgraça, o vício infeliz na sua ventura. [1196]
A virtude e lealdade se retiram quando o crime e traição alcançam prêmios. [2158]
A virtude é o maior e mais eficaz preservativo dos males da vida humana. [482]
A virtude é um vocábulo abstraio que os homens geralmente não entendem, nem compreendem, se não é especificamente exemplificado. [3061]
A virtude é uma escravidão voluntária e racional. [1066]
A virtude é uma guerra perene conosco por amor de nós. [206]
A virtude não teme, o crime estremece a cada instante. [1919]
A virtude nos diviniza, o vício nos embrutece. [749]
A virtude nunca se maldiz, o vício e o crime freqüentemente. [1657]
A virtude ofendida se desagrava perdoando. [904]
A virtude remoça os velhos, o vício envelhece os moços. [802]
A virtude resistindo se reforça. [66]
A virtude resplandece na adversidade, como o incenso recende sobre as brasas. [875]
A virtude, se encurta a liberdade, alonga a felicidade. [1906]
A vitória de uma facção política é ordinariamente o princípio da sua decadência pelos abusos que a acompanham. [36]
A vontade onipotente de Deus opera sobre os átomos infinitésimos da matéria, como a nossa individual sobre as moléculas integrantes dos membros do nosso corpo, e neste sentido poderíamos talvez asseverar que o Universo é o corpo incomensurável da Divindade. [2879]
Aborrecemos o absolutismo nos outros, porque o cobiçamos para nós mesmos. [880]
Abstemo-nos muitas vezes de investigar as causas dos nossos males pelo receio de achar-nos culpados reconhecendo que os havemos merecido. [2190]
Acabou-se o tempo das ressurreições, mas continua o das insurreições. [953]
Acautelai-vos das pessoas de uma requintada civilidade, a genuína benevolência tem uma certa rudeza natural que a legitima. [2562]
Achar em tudo desordem é prova de supina ignorância; descobrir ordem e sistema em tudo é demonstração de profundo saber. [288]
Acompanhai a virtude, e chegareis à felicidade. [1982]
Acresce na vingança ao mal da ofensa, o incômodo e cuidado do desagravo. [1117]
Acumulai riqueza, a morte vos forçará a deixá-la: ciência, podeis levá-la na bagagem da vossa alma. [2521]
Admiramo-nos do que é raro, ou singular, tanto no mal como no bem. [704]
Admiramos os grandes conquistadores, a sua sorte final nos desabusa da sua ambição e da nossa admiração. [3055]
Adular é negociar para muita gente. [2067]
Adular os tolos é um meio ordinário de os desfrutar; os velhacos o empregam eficazmente. [1838]
Afetamos desprezar as injúrias que não podemos vingar. [418]
Afetando por um vão pundonor saber o que ignoramos, deixamos de aprender o que não sabemos. [672]
Afetar mistério em cousas frívolas e bagatelas é prova irrefragável de alma e coração pequeno. [540]
Aflige-nos a glória alheia contrastada com a nossa insignificância. [555]
Agrada mais ao nosso amor-próprio a companhia que nos diverte, que a sociedade que nos instrui. [658]
Agrada-nos o homem sincero, porque nos poupa o trabalho de o estudarmos para o conhecermos. [690]
Agravamos o nosso trabalho e cuidados, aumentando as nossas necessidades. [1423]
Ai dos povos! quando as tripeças têm mais firmeza e dignidade do que os tronos. [938]
Ai dos que não toleram conselho nem contradição! a sua ventura será de muito pouca duração. [3038]
Ainda não morremos uma vez; quem sabe se o instante da morte não é aprazível e voluptuoso? alguns sintomas externos parecem anunciá-lo, como uma epilepsia de sensual prazer. [2725]
Ainda que as honras pareçam dever compreender a honra, esta por desgraça muitas vezes é delas excluída. [1576]
Ainda que não possamos compreender plenamente o eterno, imenso e infinito, temos na idéia do ilimitado em tempo e espaço, noção suficiente do que significam e representam. [2518]
Ainda que nos faltam meios, sempre nos sobejam desejos. [1971]
Ainda que nos ocupamos muito de nós mesmos, nem por isso nos conhecemos melhor do que aos outros. [1214]
Ainda que passamos a vida a invejar-nos, nenhum quereria trocar-se por algum dos outros, cada qual tem suas vantagens privativas e especiais. [1603]
Ainda que perdoemos aos maus, a ordem moral não lhes perdoa, e castiga a nossa indulgência. [882]
Alcançamos mais vitórias calando do que falando. [2156]
Alegamos muitas vezes a nossa franqueza para justificarmos a nossa maledicência. [1091]
Alegria e riso, tristeza e choro formam o mosaico da vida humana. [2766]
Alguns homens ganham por tolos o que outros não alcançam por avisados. [1374]
Alguns homens há a quem lhes falta até o talento de ser maus. [1228]
Alguns homens morrem a propósito para a sua glória, e muitos outros vivem fora de propósito para mal de todos. [981]
Amai a Deus que não morre, não idolatreis o que é mortal. [2633]
Amamo-nos sobretudo, e aos outros homens por amor de nós. [517]
Amando os objetos vivos e sensíveis, não devemos esquecer-nos de que são mortais, e que havemos de perdê-los pela sua ou nossa morte. [2478]
Ambicionando o louvor e admiração dos outros homens, provocamos freqüentes vezes a sua inveja e aversão. [643]
Ambos consolam e esperançam os homens gravemente enfermos, os médicos e sacerdotes; os primeiros lhes prometem o restabelecimento da saúde, os outros lhes asseguram, no caso de morte, melhor vida no futuro e uma eternidade de bens. [2480]
Ambos se enganam, o velho quando louva somente o passado, o moço quando só admira o presente. [444]
Amigos há de grande valia, que todavia não podem fazer-nos outro bem senão impedindo pelo seu respeito que nos façam mal. [489]
Ampliamos a esfera da nossa sensibilidade, multiplicando as nossas relações domésticas e sociais, e nos expomos a maiores cuidados e sofrimentos. [1272]
Anarquista e patriota são sinônimos freqüentes vezes. [943]
Anarquizar para governar é o programa da gente louca e ambiciosa em todos os tempos. [1976]
Anda muito o que nunca pára, assim sucede ao tempo. [3034]
Antes de prometer e dar, devemos deliberar. [1797]
Apedrejamo-nos com as ruínas do edifício político-religioso que existia sem o podermos reconstruir, nem sabermos substitui-lo por outro equivalente ou menos imperfeito. [2997]
Aprendei de Deus e sereis sábios: Deus ensina pelas suas obras: a Natureza é a expositora e demonstradora da sua infinita sabedoria, poder e bondade. [2976]
Aprendemos da experiência dos outros; as lições que a própria nos dá, saem sempre muito caras. [1328]
Aprovamos algumas vezes em público por medo, interesse ou civilidade, o que internamente reprovamos por dever, consciência ou razão. [623]
Aproveita muito subir aos maiores empregos do Estado, para nos desenganarmos da sua vanglória e inanidade. [429]
Aquele que diz bem de todos, por ninguém deve ser desmentido. [1358]
Aquele que mais pensa e reflete goza e sofre mais que os outros. [1966]
Aquele que se envergonha ainda não é incorrigível. [260]
Argüimos a vaidade alheia porque ofende a nossa própria. [694]
Argumentação sem proveito é trovoada que não dá chuva. [1764]
Arrufamo-nos algumas vezes com a vida, mas os nossos arrufos terminam sempre por amá-la com mais extremos. [920]
As amizades dos maus são contagiosas, pervertem os bons. [3015]
As amizades, como as árvores, bem cultivadas produzem copiosos frutos. [1301]
As armas invencíveis da virtude são resistência às tentações e abstinência dos prazeres proibidos. [1124]
As belas letras têm como as flores uma especial beleza, a de precederem e anunciarem os frutos. [3048]
As calamidades públicas castigando os povos corrompidos e anarquizados, os impelem à reforma moral, política e religiosa de que mais necessitam. [2697]
As caveiras dos mortos desencantam as cabeças dos vivos. [278]
As circunstâncias fazem ou descobrem os grandes homens. [1138]
As circunstâncias ordinariamente nos dominam, poucas vezes nos obedecem. [577]
As constituições mais liberais, nos povos menos ilustrados, servem freqüentes vezes para oprimir os bons, anistiar ou absolver os maus. [917]
As constituições políticas modernas são como as obras de casquinha de prata, que pelo uso e fricção a perdem em pouco tempo, e apresentam o seu fundo de metal de pouca valia e azinhavrado. [3079]
As cores podem harmonizar-se, mas nunca identificar-se. [1994]
As coroas, quanto maiores e ricas» tanto mais pesam e molestam as cabeças coroadas. [1006]
As crenças religiosas fixam as opiniões dos homens, as teorias filosóficas as perturbam e confundem. [866]
As crianças são acalentadas por dormirem, e os homens enganados para sossegarem. [2085]
As democracias tendem à monarquia como os corpos gravitam para o centro da terra. [2422]
As desgraças que vigoram os homens probos e virtuosos, enervam e desalentam os maus e viciosos. [33]
As disputas científicas servem ordinariamente mais para demonstrar a nossa ignorância do que para comprovar o nosso saber. [2051]
As enfermidades não enfraquecem menos o espírito do que o corpo; a inteligência se torna pusilânime e receosa. [1207]
As entidades espirituais não podem existir sem corpos organizados que as ponham em relação com o universo material; do que observamos neste mundo podemos inferir o que se passa nos outros globos. [2544]
As esmolas não desfalcam a riqueza, antes a promovem e santificam. [1996]
As esperanças, quando se frustram, agravam mais os nossos infortúnios. [719]
As fábulas mais graves e importantes são as que a história e tradição antiga nos transmitiram, as modernas são de pouca importância e insignificantes. [3033]
As fábulas que os homens imaginaram para explicar os fenômenos e sucessos cujas causas ignoravam, serviram depois para ofuscar a razão humana, e torná-la incapaz de atinar com elas e descobri-las. [2688]
As fábulas têm ocupado mais o engenho dos homens do que a verdade; esta é simples e uniforme, aquelas muito numerosas e variadas. [3069]
As falsas religiões acham no estudo das ciências naturais o seu maior adversário e contraditor. [2464]
As flores deleitam a vista e o olfato, os frutos também o paladar pelo seu sabor. [2731]
As flores e as mulheres enfeitam e guarnecem a terra. [876]
As flores mais belas não são as mais cheirosas, nem as aves que cantam melhor as mais vistosas. [2187]
As grandes descobertas são revolucionárias entre os homens, alteram as suas instituições, usos, costumes e opiniões. [1299]
As grandes inteligências tendem sempre à unidade, as pequenas à pluralidade. [1749]
As grandes livrarias são monumentos da ignorância humana. Bem poucos seriam os livros se contivessem somente verdades. Os erros dos homens abastecem as estantes. [743]
As honras e títulos ilustram os indignos e são ilustrados pelos beneméritos. [1626]
As idades extremas se assemelham, uma por insuficiência, a outra por deficiência. [2450]
As injúrias lembram sempre quando os benefícios esquecem. [2095]
As inteligências se comunicam por corpos orgânicos, que lhes servem de invólucros, instrumentos e condutores. [2048]
As leis se complicam quando se multiplicam. [1810]
As loucuras dos velhos justificam as travessuras dos moços. [1821]
As maiores desordens das nações provêm de sua maior divergência de opiniões em matérias políticas e religiosas. [561]
As máximas salvam os que as compõem de explicações e comentários, que os fariam ainda mais impopulares do que já são ordinariamente por aquele gênero de escritura e composição. [2798]
As máximas são como os números, que compreendem grandes valores em bem poucos algarismos. [1975]
As máximas, conselhos e preceitos pouco aproveitam aos povos; graves males padecidos são os seus melhores preceptores. [1956]
As menores inteligências especificam, as maiores generalizam. [1613]
As moléstias do corpo não tolhem a ambição do espírito, antes parecem exaltá-la freqüentemente. [1177]
As mortalhas das lagartas vestem os homens de gala. [1753]
As mulheres devem mais à Natureza,, que os homens à sociedade. [2919]
As mulheres enfeitam as cabeças por fora, os homens devem ornar e guarnecer as suas por dentro. [1667]
As mulheres são mais dissimuladas que os homens, a dissimulação protege e defende a sua fraqueza. [2939]
As mulheres são mais indulgentes com os defeitos dos homens que com os das pessoas do seu sexo; a rivalidade é quase sempre parcial nos seus juízos. [297]
As mulheres são melhor dirigidas pelo coração do que os homens pela sua razão. [1755]
As nações como as pessoas arremedando as outras, se desfiguram a si próprias. [2519]
As nações não envelhecem como as pessoas, porque todos os dias se renovam pelos nascimentos. [1224]
As nações não morrem de velhas, as revoluções as remoçam. [1304]
As nações não se amam, quando muito se respeitam. [1796]
As nações são corpos concretos que não se governam com abstrações. [1782]
As nações têm ordinariamente os governos e governantes que merecem. [233]
As nações, como as pessoas, aprendem errando e sofrendo. [470]
As noções sublimes de uma outra vida, e de um progresso intelectual ilimitado, não foram outorgadas pela Divindade para nossa ilusão: se o gênero humano vê e espera semelhantes bens é porque tais crenças e esperanças lhe foram sugeridas por Deus, que não engana nem pode ser enganado. [2709]
As nossas cabeças amadurecem quando encanecem. [1712]
As nossas necessidades nos unem, mas as nossas opiniões nos separam. [68]
As opiniões circulam como as moedas, poucas pessoas são capazes de verificar o seu peso, toque e valor intrínseco. [589]
As opiniões de um século causam riso ou lástima em outros séculos. [344]
As opiniões dos homens são ordinariamente obra das circunstâncias, raras vezes produto do seu exame e raciocínio. [1515]
As opiniões são fecundas; raras vezes falecem sem deixar posteridade. [1141]
As opiniões se sucedem como as gerações; as de um século contêm os germes, ou elementos das opiniões e teorias de outros séculos e idades. [1155]
As opiniões têm como as frutas o seu tempo de madureza em que se tornam doces de azedas ou adstringentes que dantes eram. [1638]
As paixões eclipsam a razão, como as nuvens a luz do sol. [2901]
As paixões nos gastam, mas os vícios nos consomem. [1203]
As paixões são como os vidros de graus que alteram para mais ou para menos a grandeza e volume dos objetos. [569]
As palavras rendem a força, como os fluidos dissolvem os sólidos. [1428]
As pessoas de inteligência medíocre ou vulgar são muito ambiciosas de governar, desconhecem a importância e risco do poder e mando, e só atendem a sugestões da sua ridícula fatuidade. [2782]
As pessoas distinguem-se também pela voz; esta varia com as idades e nos sexos, e tem um caráter original em cada uma das individualidades de que se compõe a espécie humana. [2577]
As pessoas do campo são mais religiosas que as da cidade: ali vê-se a Deus imediatamente nas suas obras, aqui indiretamente nas dos homens. [1591]
As pessoas doutas e virtuosas são nas nações como os condutores nos edifícios que os preservam dos raios. [815]
As pessoas mais devotas são de ordinário as menos religiosas. [355]
As pessoas pobres e indigentes mantêm muitos animais domésticos para exercerem sobre eles o império e mando, que a sua condição não lhes permite ter sobre os outros homens. [2652]
As pessoas que mais se ocupam de política, governos e suas diversas formas, são ordinariamente as que menos sabem reger-se e governar-se. [2165]
As pessoas que mais temem a morte são ordinariamente as que produzem mais razões e argumentos para provarem que não deve causar medo. [1607]
As recordações mais aprazíveis são as do bem que fizemos e dos males que evitamos. [1372]
As religiões são modificadas pela inteligência dos que as professam. [2842]
As religiões são sempre úteis aos homens, quando esperançam os bons e ameaçam os maus. [533]
As religiões, governos, moral, política, indústria, usos e costumes, seguem a escala da inteligência humana, e variam segundo esta se adianta ou atrasa nos povos e nações que se sucedem no teatro deste mundo. [2804]
As revelações da natureza, que são perenes, contradizem e desmentem geralmente as inculcadas revelações de muitos homens, e manifestam a sua ignorância ou impostura. [476]
As revoluções bem compreendidas são reações parciais ou gerais no físico ou moral, nas inteligências ou cousas, ou em ambas ao mesmo tempo. [3010]
As revoluções detonam segundo a resistência que encontram. [1801]
As revoluções freqüentes fazem raquíticas as nações recentes. [830]
As revoluções políticas resolvem-se ordinariamente em deslocações e substituições. [841]
As revoluções políticas são ordinariamente como os terremotos, destroem mas não edificam. [99]
As revoluções políticas, quando não melhoram, deterioram necessariamente a sorte das nações. [465]
As revoluções que regeneram as nações velhas, arruínam e fazem degenerar as novas. [857]
As revoluções, como os tufões, levantam poeira que cega e faz desatinar a toda gente. [1376]
As ruínas de uns governos e cultos religiosos, têm servido de elementos e materiais para a formação de outros. [2785]
As ruínas são neste mundo fecundas e produtivas de obras novas. [2455]
As saudades crescem e avultam com os anos, e são inumeráveis na velhice. [2104]
As sociedades humanas deixam de existir ou se dissolvem quando os vícios e crimes sobrepujam as virtudes. [1093]
As sociedades secretas são tais ordinariamente porque a publicidade dos seus atos as faria parecer ridículas ou criminosas. [2895]
As substâncias que não resistem são as que penetram mais profundamente, e dissolvem os corpos mais sólidos e compactos. [2143]
As vaidades individuais na sua expansão encontram uma resistência recíproca que impede a sua exorbitância. [1393]
As velhas não têm amantes, os velhos não têm amigos: recorrem todos aos céus porque a terra os desampara. [2000]
As verdades descobrem-se, não se inventam; Deus é a fonte única de todas elas. [1171]
As verdades mais triviais parecem novas quando se enunciam por um modo mais elegante e desusado. [442]
As verdades não fazem seitas, são os erros, fábulas e disparates, que as constituem. [2528]
As verdades não parecem as mesmas a todos, cada um as vê em ponto diverso de perspectiva. [1306]
As virtudes enriquecem, os vícios empobrecem os homens. [1522]
As virtudes não têm o mesmo polimento dos vícios, mas uma certa rudeza natural que as constitui genuínas. [2672]
As virtudes são econômicas, mas os vícios dispendiosos. [303]
As virtudes são racionais, os vícios sensualistas. [584]
As virtudes se harmonizam, os vícios discordam sempre entre si. [247]
Assim como nas grandes trovoadas a chuva penetra de ordinário em todas as casas, nas revoluções populares todos sofrem mais ou menos em conseqüência dos seus movimentos. [1182]
Assim como o abstraio supõe o concreto, o moral pressupõe necessariamente o físico e material. [1604]
Associamo-nos por fraqueza e nos separamos por suficiência própria. [3000]
Atendamos mais ao que diz de nós a nossa consciência que os homens; ela nos conhece melhor do que eles. [1016]
Atores no teatro deste mundo, devemos retirar-nos da cena quando pela nossa velhice e achaques, reconhecemos não poder executar dignamente os papéis que nos incumbem. [2693]
Atores por breve tempo no teatro deste mundo os homens fazem rir e chorar a muita gente. [2405]
Atraiçoamos os bons quando louvamos ou desculpamos os maus. [2488]
Avaliai com exatidão os prazeres da vida para os não comprardes caros com detrimento da vossa honra, saúde e cabedal. [1543]
Avaliamo-nos sempre mal quando cada um de nós se considera o legítimo padrão da avaliação dos outros homens. [2547]
Avalia-se a inteligência dos povos pela natureza e variedade dos produtos de sua indústria. [1230]
Aviltam-se os lugares mais importantes, sendo ocupados por pessoas sem prestígio e insignificantes. [1363]
Avistamos a Deus em toda parte, mas não o compreendemos em nenhuma. [1716]
Avistamos a imensidade e não sabemos respeitar-nos! [2820]
Avistamos a Providência e Justiça Divina nos menores acidentes, como nos maiores sucessos da vida humana. [2454]
Avistamos de longe o melhor e ótimo, raríssimas vezes o alcançamos. [1198]
B
Belas flores, quanto vos invejo! murchais e morreis, mas não tendes como os homens na velhice a sensibilidade e consciência dolorosa de seus males, decadência e morte. [3417]
Beleza é a perfeita correspondência no seu todo e partes de um ser ou cousa para os fins a que foi destinado no sistema deste mundo. [3577]
Bem curta seria a felicidade dos homens se fosse limitada aos prazeres da razão; os da imaginação ocupam os maiores espaços da vida humana. [294].
Bem merecem o sono da noite os que aproveitam utilmente as horas do dia. [1997]
Bem raras vezes os homens se esquecem do que valem e do que podem. [779].
Bem-querer e bem-fazer importam muito para bem viver. [1899]
Beneficiai o vilão, conhecereis a ingratidão. [1922]
Benefícios há que valem menos por seu objeto e matéria do que pela forma com que são conferidos e liberalizados. [3261]
Bens e prazeres são variados até o infinito; males e dores têm limitada extensão. [3932]
Bondade e justiça são os dois atributos essenciais para os que governam, e as mais firmes colunas dos tronos dos imperantes. [2223]
Bracejam e gesticulam muito as pessoas que menos sabem e podem explicar-se por palavras. [3497]
C
Cada geração, parecendo ocupar-se exclusivamente do seu cômodo e felicidade, trabalha efetivamente para as gerações seguintes e a sua posteridade. [378]
Cada homem tendo uma vocação especial como uma fisionomia privativa, torna-se inútil, incômodo ou nocivo, sendo empregado fora da sua esfera e propensões. [1360]
Cada homem zelando especialmente o seu interesse pessoal trabalha sem o pensar para o bem geral de todos. [1871]
Cada mundo começa como um ovo ou embrião, e se vai desenvolvendo e explicando por séculos e milênios até chegar àquele ponto de maturação, que lhe foi destinado, e se resolve então nas substâncias elementares de que foi formado. [2868]
Cada povo e nação é um original sem cópia; a forma de governo que lhe convém deve ser regulada pela sua especialidade; a adoção ou arremedo indiscriminado das instituições dos outros povos lhe é funesto quase sempre pela disparidade de circunstâncias em que se acham para com eles. [2801]
Cada século tem suas celebridades ou notabilidades que se desvanecem nos séculos subseqüentes. [1026]
Cada um de nós contribui com o seu contingente para o acervo da ciência humana; mas infelizmente este acervo compõe-se geralmente mais de erros e fábulas, do que de verdades. [2523]
Cada uma das idades da vida humana tem suas paixões, inclinações e prazeres peculiares: quando queremos alterar ou inverter esta ordem natural, além de infelizes, nos tornamos ridículos e desprezíveis na opinião dos outros homens. [1623]
Cada vulcão na terra é um farol para o mar. [2538]
Calamitosos são os tempos em que a insignificância alcança preponderância! [1486]
Calculamos sempre mal quando prescindimos das circunstâncias. [1632]
Capitulamos quase sempre com os nossos males quando os não podemos evitar ou remover. [736]
Casos há em que os nossos inimigos contribuem mais para a nossa exaltação pessoal do que os próprios amigos: os males que nos causam servem de lições eficazes para o nosso aperfeiçoamento moral, e subseqüente procedimento honrado e regular. [3041]
Cavando muito na natureza para descobrir verdades recônditas e profundas, fabricamos abismos em que inteiramente nos perdemos. [1176]
Cessa a prudência quando lhe falta a paciência. [2645]
Chamamos ordem ao que nos aproveita, e desordem ao que nos prejudica. [1136]
Chegamos a uma idade em que, fatigados da intriga e trapaçaria humana, preferimos o retiro à companhia e sociedade dos homens. [1468]
Ciência é poder, força e riqueza; a nação mais inteligente e sábia será conseqüentemente a mais rica, forte e poderosa. [447]
Com a inteligência limitada que temos, nunca saberíamos avaliar os bens da vida sem os males que os contrastam. [2972]
Com Deus tudo podemos, sem Deus nada valemos. [1649]
Com Deus tudo se explica, sem Deus este mundo e o universo seria mais tenebroso que o mesmo caos. [1213]
Com mais facilidade aconselhamos e consolamos do que esmolamos. [2088]
Com maus materiais e piores mestres não se levanta um edifício nobre, majestoso, firme e permanente, nem pode prosperar e ser respeitada uma nação predominada e influída por ingratos, traidores, anarquistas e revolucionários. [3078]
Com o presente à vista, o pretérito em lembrança, e o futuro em esperanças e receios vivemos esta vida terrestre, misteriosa e mal compreendida, incerta em suas vicissitudes, porém certa por sua terminação pela morte e destruição. [2902]
Com pouco nos divertimos, com muito menos nos afligimos. [259]
Com trabalho, inteligência e economia, só é pobre quem não quer ser rico. [277]
Com uma ignorância enciclopédica homens há que se inculcam por sabedores universais. [2408]
Começamos a conhecer os homens quando principiamos a desconfiar do seu juízo, saber e probidade. [2053]
Como a chuva amolece a terra, o pranto da mulher abranda o coração do homem. [1311]
Como a luz em uma masmorra faz visível todo o seu horror, assim a sabedoria manifesta ao homem todos os defeitos e imperfeições da sua natureza. [725]
Como as flores enfeitam a terra, os astros abrilhantam os campos da imensidade. [2107]
Como as plantas e arbustos guarnecem as ruínas dos edifícios nobres, os filhos e netos ornam a velhice dos anciãos ilustres. [2055]
Como Deus nada fez nem faz sem propósito, fim e aplicações, segue-se que tudo o que existe é o que deve ser em todos os sistemas parciais e no geral do Universo. [2867]
Como entre os povos e nações, há também guerras, tréguas e pazes entre as opiniões dos homens. [2144]
Como há flores que perfumam os ares, há homens que edificam os povos com seus exemplos e doutrinas. [1432]
Como não há eventos isolados na plenitude da natureza, as revoluções ainda que •apareçam de repente são obra e produto de muito tempo, circunstâncias e antecedentes. [1264]
Como nos amamos sobretudo, também tememos a morte mais que tudo. [1656]
Como o espaço compreende todos os corpos, a ambição abrange todas as paixões. [26]
Como o incenso só recende depois de queimado, a glória dos grandes homens refulge sem eclipse depois de mortos. [1298]
Como o sol alumia em toda a sua periferia, o homem deve ser benfazente em todas as direções. [1353]
Como o sol doura as nuvens que o eclipsam, o homem virtuoso favorece os mesmos que o maltratam. [1947]
Como os dias e as noites, os bens e os males se alternam e se contrastam. [2913]
Como os sábios não adulam os povos, também estes os não promovem. [888]
Compete somente aos velhos formular máximas e sentenças morais, os moços por falta de ciência e experiência não as podem compor nem compreender exatamente. [2723]
Compreender a Deus seria compreender o Infinito, a Imensidade: criaturas limitadas no espaço e tempo são incapazes de tão sublime compreensão: Deus somente se compreende a si. [2584]
Concebemos sempre mais e melhor do que podemos executar. [1278]
Condenamos irrefletidamente nos moços a vergonha e acanhamento que os defendem de muitos males e perigos, suprindo de algum modo a razão e a virtude que ainda recentes não os podem dirigir e resguardar. [1261]
Condenamos muitas vezes a nossa memória para justificarmos o nosso procedimento. [663]
Condenamos por ignorantes as gerações pretéritas, e a mesma sentença nos espera nas gerações futuras. [392]
Confiai na mudança em tudo, desconfiai da permanência em cousa alguma. [1794]
Confiar desconfiando é uma regra muito salutar da prudência humana. [89]
Congratulamo-nos na velhice de termos sido laboriosos, econômicos e previdentes na mocidade. [2893]
Congratulemo-nos de saber que ignoramos infinito; teremos de aprender e admirar eternamente. [1730]
Congratulemo-nos de ser aborrecidos pelos maus: o seu ódio nos extrema e discrimina deles. [1940]
Conhecem-se os homens pelas suas ações, e os governos pela escolha dos seus empregados. [1832]
Considerar os povos muito racionais é não conhecer os elementos e unidades de que se compõem, e cuja soma representam. [1494]
Constituídos e organizados como somos, devemos considerar a morte como um grande bem: eterna seria a nossa desgraça e agonia se pudéssemos enfermar, envelhecer e padecer sem morrermos. [2748]
Contra as leis da Ótica, os grandes homens parecem muito maiores de longe do que de perto. [1681]
Convém usar dos homens como são, e das circunstâncias como elas ocorrem. [1088]
Correm grande perigo os Estados onde os ministérios se sucedem com freqüência, como os doentes com repetidas juntas e conferências de professores. [2896]
Crer pouco, descrer muito e duvidar infinito, é a condição quase geral dos homens doutos em todos os tempos. [1639]
Criamos entidades personalizando abstrações; eis a causa dos nossos maiores erros. [1333]
Criar é fazer existir o que não existia: Deus é o Criador do Universo: os poemas de Homero e Virgílio são criações de seus autores. [3073]
Custa a viver na velhice, há uma dificuldade de existir que faz a vida onerosa freqüentes vezes. [2491]
Custa mais trabalho a muitos o tornar-se desgraçados do que a outros o fazer-se afortunados. [1620]
Custa menos ao nosso amor-próprio caluniar a fortuna, do que acusar a nossa má condita. [687]
Custa menos enganar que desenganar os povos: a sua ignorância facilita o engano, a sua credulidade dificulta o desengano. [1389]
D
Da ação e reação recíproca dos entes e corpos uns sobre os outros, resulta finalmente a sua morte ou destruição, ocasionando ao mesmo tempo a formação e existência de novos corpos e viventes para os substituir e perpetuar este mundo como foi constituído pelo seu Autor e Criador onipotente. [2859]
Dá bons exemplos ao menos, se não sabes dar bons conselhos. [1584]
Dão-nos mais sujeição os amigos novos do que os velhos. [2025]
Dão-se os conselhos com melhor vontade do que geralmente se aceitam. [83]
De bom ou mau grado vivemos tão bem para os outros, como para nós mesmos. [1191]
De nada vale a celebridade, quando os grandes crimes também a conseguem. [323]
De ordinário os que reclamam mais liberdade são os que menos a merecem. [1232]
De qualquer modo que se baralhem as cartas do jogo social, este se executará sempre conforme as leis naturais da ordem física e moral a que está sujeita necessariamente a humanidade em todos os seus atos, voluntários e obrigados. [2922]
De quantos males nos temos queixado neste mundo que deram ocasião aos nossos maiores bens!. [2769]
De que nos serviria a outra vida se o nosso espírito não conservasse o cabedal de idéias e conhecimentos que adquiriu na primeira, e perdesse a memória da sua identidade individual e intelectual?. [2578]
De que nos serviria a outra vida se o nosso espírito não conservasse o cabedal de idéias e conhecimentos que adquiriu na primeira, e perdesse a memória da sua identidade individual e intelectual!. [3063]
De toda a nossa propriedade a mais incerta e menos segura é a própria vida. [1398]
De todas as revoluções, para o homem, a morte é a maior e a derradeira. [352]
De todos os animais gregários e sociais, os homens são os que mais estudam e menos sabem constituir-se e governar-se. [1451]
Debaixo de uma aparente desordem e confusão, tudo é ordem e harmonia, na terra entre os viventes, como nos céus entre as estrelas. [2192]
Debalde envelhecemos, os nossos desejos remoçam sempre. [1761]
Declamamos ordinariamente contra os que governam para nos inculcarmos por mais hábeis e capazes de governar. [1359]
Defendemos em um tempo as mesmas opiniões que combatemos em outro: os anos modificam o nosso entendimento como alteram a nossa fisionomia. [2138]
Deixamos de subir alto quando queremos subir de um salto. [306]
Deixamos o espírito inculto quando só cuidamos em cultivar os corpos. [1095]
Deixar de gozar para não sofrer, é o segredo de bem viver. [836]
Deixemos aos imprudentes a ambição de governar os povos; cuidem os prudentes em bem governar a si próprios. [1339]
Deleita tanto ao benfeitor a presença do beneficiado, quanto a este desagrada a do primeiro: um faz lembrar a boa ação, o outro recordar a obrigação. [1744]
Democratas na mocidade os literatos geralmente se tornam monarquistas na velhice. [2437]
Desagrada a todos a ditadura, no saber como no poder. [1411]
Desagrada aos ignorantes a companhia dos sábios, como aos meninos a sociedade dos velhos. [986]
Desagradar por bem querer e pensar, é algumas vezes a sorte dos mais honrados súbditos e defensores da Monarquia. [1751]
Desapaixonados damos bons conselhos, apaixonados os olvidamos. [1752]
Desaprendemos a sofrer quando nos acostumamos a gozar. [1100]
Descobre-se na Natureza uma especial aversão à monotonia e uniformidade; ela exulta e blasona sempre de novidade, variedade e desigualdade, nas suas produções. [2934]
Descobre-se tanto saber no cepticismo dos sábios, quanta ignorância na credulidade dos néscios. [1346]
Descobrimos tanta ordem, correspondência, proporções, simetria, harmonia e relações tão ajustadas nas obras da Natureza, que devemos considerar-nos em erro quando se nos figura alguma cousa irregular, anômala, sem desígnio, fim, nem aplicação. [2737]
Desconfiai de vós, dos homens e do mundo, mas confiai sempre em Deus. [1193]
Desconhecemo-nos freqüentes vezes, tão diversos somos de nós mesmos em diversas circunstâncias!. [1390]
Descontentes de tudo, só nos contentamos com o nosso próprio juízo, por mais limitado que seja. [324]
Desculpamos os malvados quando os qualificamos de loucos. [1709]
Desejamos que prosperem as pessoas de cuja prosperidade esperamos participar por algum modo, e receamos a elevação daquelas cujas intenções não nos são favoráveis. [720]
Desempenhar bem os grandes empregos depende muitas vezes mais das circunstâncias que dos homens. [635]
Desesperamos dos homens porque não confiamos nem esperamos em Deus de cuja providência eles são também instrumentos neste mundo. [1588]
Desesperar na desgraça é desconhecer que os males confinam com os bens, se alternam ou se transformam. [588]
Desmentimos ordinariamente na prática as doutrinas e teorias que professamos, quando as temos adotado por moda e sem critério, e não são produtos da própria lavra, estudos e meditações. [2079]
Desprezamos a nossa saúde enquanto é moça, e a idolatramos depois de velha. [1001]
Desprezamos ordinariamente as opiniões alheias, quando se não conformam com as nossas. [680]
Desprezos há, e de pessoas tais, que honram muito os desprezados. [74]
Deus é a Imensidade: tudo nela se forma e se resolve. [2403]
Deus é a vida eterna que se difunde sem desfalcar-se nem exaurir-se pela imensidade do espaço, vivifica e animaliza o Universo, os mundos e todas as criaturas que neles se criam e reproduzem, desde as mais volumosas até os animais infusórios e microscópicos, e os átomos infinitésimos vivos de que se compõe o todo imenso da criação. [2952]
Deus é infinitamente maior e melhor do que os homens o imaginam. [1265]
Deus é o único Benfeitor verdadeiramente desinteressado. [541]
Deus é por essência infinitamente bom, nada fez nem faz sem um fim benéfico: os fenômenos que nos parecem mais terríveis na Natureza são aparentemente tais para a nossa ignorância, mas certamente instrumentos, ocasião, veículos ou condutores de bens gerais que não podemos distinguir pela parcialidade, localidade e limitação da nossa inteligência. [2940]
Deus em sua bondade infinita nos deu olhos para que o víssemos nas suas obras assombrosas, desde o menor inseto ou flor da terra até as estrelas dos céus. [1180]
Deus escreve direito por linhas tortas: é um dito vulgar de muito profunda significação. [2768]
Deus nos vê, nos ouve, e conhece os nossos pensamentos e intenções mais secretas: ai de quem o não acredita!. [2642]
Deus se figura e se individualiza de algum modo no Universo material e fenomenal, sendo aliás a sua substância eterna, imensa e ilimitada por sua essência e natureza misteriosa e incompreensível. [2881]
Deus se revela em tudo e por todos. As obras de um agente são as suas revelações. [461]
Deus, porque compreende tudo, é incompreensível a todos. [1885]
Deve supor-se má toda a ação que não queremos que chegue à notícia e conhecimento dos outros homens. [1972]
Devemos amar a Deus por ser bom temê-lo porque é justo, adorá-lo e admirá-lo por onisciente e onipotente. [2651]
Devemos aos homens e aos seus livros muitas verdades e inumeráveis erros. [2858]
Devemos felicitar os bons porque são tais, e lastimar os maus porque não são bons: há um fatalismo de circunstâncias na vida humana que muito contribui para a condição e procedimento de uns e outros. [2429]
Devemos gozar singelo para não sofrermos dobrado. [2063]
Devemos lastimar a sorte e condição dos maus, talvez fôssemos piores do que eles com as mesmas circunstâncias, casos e acidentes da sua vida. [2470]
Devemos lastimar os maus e agradecer a Deus não sermos tais. [2591]
Devemos na mocidade fazer provisão para a velhice de idéias, verdades, desenganos e bens da fortuna. [1981]
Devemos recear os juízos dos homens por falíveis, mas adorar os de Deus por infalíveis. [2873]
Devemos temer-nos mais de nós mesmos que dos outros homens. [1132]
Devemos tratar os homens com a mesma cautela, resguardo e desconfiança, de que j usamos em colher as rosas. [80]
Deve-se julgar da opinião e caráter dos povos pelo dos seus eleitos e prediletos. [506]
Deve-se usar da liberdade, como do vinho, com moderação e sobriedade. [514]
Disputando, como jogando, perdemos amigos e ganhamos inimigos. [990]
Disputa-se com mais freqüência sobre as cousas frívolas do que nas mais importantes; as primeiras alcançam a compreensão de todos. [984]
Disputa-se sobre tudo neste mundo; argumento irrefragável do nosso pouco saber. [538]
Dissimulamos ordinariamente para poupar-nos o trabalho, ou risco de refutar ou impugnar o que vemos e ouvimos. [2727]
Divertimo-nos com os doudos na hipótese de que o não somos. [494]
Dizemos sempre mais ou menos do que sentimos e pensamos, a prudência e circunstâncias não permitem que sejamos estritamente exatos e sinceros. [2898]
Dizer-se de um homem que tem juízo, é o maior elogio que se lhe pode fazer. [362]
Do teatro deste mundo saem a cada instante inumeráveis afores aos quais sucedem imediatamente outros para que continuem e se executem sem interrupção os dramas infinitamente variados que nele se representam. [2594]
Dói mais ao nosso amor-próprio sermos desprezados, que aborrecidos. [39]
Dói tanto a injúria publicada como a ferida exposta ao ar. [271]
Duas cousas se não perdoam entre os partidos políticos: a neutralidade e a apostasia. [25]
E
É a vida que nos incomoda e importuna com as suas incessantes requisições e não a morte que de nada necessita. [1578]
É aborrecida a nobreza quando predomina a vileza. [1197]
É aos insignificantes e aos homens de maior juízo, prudência e sagacidade, que é dado atravessar incólumes as revoluções políticas das nações. [554]
É argumento muito poderoso de uma outra vida a crença instintiva e universal do gênero humano na sua existência e realidade. [2841]
É bem singular que os moços sejam pródigos podendo esperar uma vida longa, e que os velhos sejam avarentos estando ameaçados de uma morte próxima ou iminente. [38]
É bom consultar a opinião pública, não é seguro confiar nela. [2021]
É condição dos grandes homens serem perseguidos e maltratados na vida, e depois da sua morte lastimados, glorificados e vingados. [377]
É cousa muito ordinária pensar bem e escrever mal. [2466]
É cousa pouca o homem quando se considera que a riqueza, nobreza, autoridade e ciência não o podem salvar da morte e fazê-lo imortal. [2539]
É da natureza humana que muitos homens trabalhem para manter os poucos que se ocupam em pensar para eles, instruí-los e governá-los. [548]
É dado somente ao Divino Geômetra medir e compreender a Imensidade. [1795]
É dificílima empresa governar povos que não sabem ser livres, nem podem já ser escravos. [985]
É dos anarquistas que se pode dizer com mais propriedade que procuram dividir para reinarem ou governarem. [1853]
É duvidoso se sofremos mais pela própria ignorância ou pela dos outros homens. [2027]
É fácil enganar os homens que não são capazes de enganar a pessoa alguma. [1663]
É fácil governar os homens pelo terror; mas é difícil fazê-lo por muito tempo e impunemente. [1084]
É fácil recomendar a virtude no seu Abstraio, mas dificílimo conhecê-la e observá-la no seu concreto. [2954]
É falta de habilidade governar com tirania. [960]
É felicidade para os homens que cada um deles a defina a seu modo com variedade em sua essência e objetos. [626]
É feliz e ilustrada a velhice que chegou a conhecer e avaliar os prestígios e ilusões da vida humana, a descortinar as harmonias do universo, e a admirar em pleníssima convicção a infinita sabedoria e bondade de Deus que se revela em todos os pontos do espaço e em todos os instantes do tempo, com prodígios e assombros da sua onipotência. [520]
É feliz o velho que pode dizer com verdade: Prefiro os meses da minha velhice aos anos da minha juventude. [978]
É freqüente o riso, e raro o pranto na espécie humana, argumento, de que a soma dos bens é incomparavelmente maior que a dos males no sistema deste mundo. [2906]
É grande escândalo da natureza um velho namorado e libertino. [202]
É grande injustiça condenar a loquacidade das mulheres, quando se considera que sem ela as crianças e meninos nunca aprenderiam a falar. [1181]
É impossível e incompatível a existência de um caos com a de Deus. [2114]
É imprudência rejeitar os serviços dos maus e velhacos quando eles se oferecem a coadjuvar-nos em uma boa causa; é sobremaneira preferível tê-los antes por auxiliares do que por inimigos. [1083]
É incalculável o grau de virtude a que os homens poderiam chegar se cressem em Deus e o amassem como a natureza o revela, e não como as opiniões humanas o representam. [2140]
É inconseqüência nossa considerar a Deus presente para nos ouvir, quando lhe pedimos graças ou clemência, e reputá-lo ausente para não ver, quando praticamos ações indecentes e proibidas. [973]
É judiciosa a economia de palavras, tempo e dinheiro. [387]
É mais cômodo e menos penoso o crer do que duvidar e descrer em matérias religiosas: no primeiro caso fundamo-nos na autoridade e crença de inumeráveis gerações, e dos homens mais doutos e distintos das nações; no segundo temos somente a nossa opinião individual, que é uma gota de água comparada com o Oceano. [2957]
É mais difícil sustentar uma grande reputação que granjeá-la ou merecê-la. [620]
É mais fácil cumprir certos deveres, que buscar razões para justificar-nos de o não ter feito. [724]
É mais fácil inculcar boas doutrinas que instruir com bons exemplos. [1963]
É mais fácil maldizer dos homens do que instruí-los e melhorá-los. [224]
É mais fácil perdoar os danos do nosso interesse que os agravos do nosso amor-próprio. [667]
É mais seguro escrever do que falar; falando improvisamos, para escrever refletimos. [1027]
É mais tolerável um moço imprudente que um velho impertinente. [1988]
É mais útil algumas vezes a extirpação de um erro, que a descoberta de muitas verdades. [82]
É malefício e não benefício dar liberdade a quem não tem juízo. [2434]
É mofina a condição dos povos em que faltam lavradores, e sobejam legisladores. [844]
É mofina a condição humana! Morremos quando começávamos a saber viver! [1618]
É muito difícil, e em certas circunstâncias quase impossível, sustentar na vida pública o crédito e conceito que merecemos na vida privada. [59]
É muito incomoda ou antes intolerável a amizade com pessoas nimiamente cerimoniosas, que fazem alarde de uma civilidade superfina e refinada. [2113]
É muito incômoda para nós, freqüentes vezes, a opinião exagerada que os outros homens têm de nossa importância pecuniária, mental ou social. [1492]
É muito limitada a nossa inteligência: não podemos compreender o máximo infinito, nem o mínimo infinitésimo da imensidade. [2718]
É muito precária a felicidade que depende dos outros e não tem a sua nascente em nós mesmos. [2183]
É muito provável que a posteridade, para quem tantos apelam, tenha tão pouco juízo como nós e os nossos antepassados. [262]
É muito rico aquele homem que possui um grande capital de desenganos e verdades. [54]
É na Imensidade de Deus que tudo se forma e se resolve para ser renovado e reformado com variedade e novidade por toda a Eternidade. [2605]
É na velhice que os doutos joeiram os seus conhecimentos adquiridos, e reconhecem com bastante mágoa que poucos têm ou merecem o título de verdades. [2565]
É na velhice que se sabe melhor avaliar e apreciar saúde, ciência e riqueza. [2186]
É nas grandes assembléias deliberantes que melhor se conhece a disparidade das opiniões dos homens, e o jogo das paixões e interesses individuais. [24]
É necessário desmascarar os maus e velhacos para que não abusem da boa fé e franqueza dos bons e virtuosos. [2969]
É necessário dourar ou envernizar a vida para ocultar a frágil consistência do seu fundo material. [2729]
É necessário não ter caráter e opinião própria, para bem viver com os homens e agradar a todos. [1461]
É necessário ocupar os homens, a religião contribui muito para lhes dar ocupação. [2440]
É necessário para que haja uma história variada do gênero humano que ele seja o que é, e como foi constituído pela Divina Sapiência neste mundo planetário. [2563]
É necessário que gozando dos bens e prazeres naturais reconheçamos que gozamos do mesmo Deus, autor de todos eles, e teremos de mais a mais o delicioso sentimento de gratidão pela sua infinita beneficência. [2892]
É necessário que não nos desencantemos inteiramente pela reflexão das ilusões deste mundo, se queremos gozar da vida com maior prazer e extensão. [2936]
É necessário que nos reconheçamos velhos quando somos tais, mudando ou alterando razoavelmente a forma e teor da nossa vida ordinária. [2638]
É necessário que o mundo material nos ocupe e distraia, o intelectual nos consome sem aquela distração. [2469]
É necessário que os homens sejam o que são para que o gênero humano satisfaça os fins para que foi criado e existe neste mundo. [2436]
É necessário que os moços e velhos sejam o que são, para que o gênero humano seja o que deve ser. [2622]
É necessário saber muito para poder admirar muito. [417]
É necessário subir muito alto para bem descortinar as ilusões e angústias da ambição, poder e soberania. [85]
É no mundo intelectual que se admiram e apreciam as maravilhas inumeráveis do mundo sensível e material. [314]
É nos teatros que os homens choram e se riem de si próprios sem o pensarem. [2103]
É notável que em certas e importantes matérias o que os homens presumem saber melhor, é o que ignoram inteiramente. [2579]
É notável que os homens inculcados por mais sabedores das cousas do outro mundo, foram os que mais ignoraram as da vida e mundo presente. [2468]
É penoso dizê-lo, confiamos menos nos homens à medida que mais os praticamos. [1409]
É péssima especulação querer subir maldizendo: o que assim pensa e obra desce, abisma-se e não sobe. [2621]
É planta frágil e sem duração a virtude que não tem a sua raiz na religião. [1690]
É problemático se os homens falam mais vezes para se enganarem ou para se entenderem. [241]
É prodigioso o jogo do gênero humano no teatro deste mundo, e mais admirável a variedade infinita de casos e sucessos que ocasiona, efeito necessário da natureza e faculdades que Deus lhe conferiu, pelas quais os homens sentem, pensam e obram neste sistema em que são principais afores e espectadores. [2938]
É prova de pouco juízo em um velho interessar-se demasiadamente nos negócios deste mundo, de que a morte lhe anuncia a retirada. [1836]
É quando as flores abrem, e os frutos amadurecem, que deleitam a nossa vista, olfato e paladar, com suas cores, perfumes e sabores, assim também é nas idades viril e madura que os homens exibem os primores do seu engenho, forças e produções. [2852]
É quando menos se crê em milagres que os povos os exigem dos que governam. [804]
É questão curiosa, se renascendo para uma segunda vida não seríamos os mesmos que fomos, concorrendo em tudo as mesmas circunstâncias, condições e acidentes da primeira: a afirmativa parece provável com ressaibos de fatalismo. [2877]
É rara a verdadeira gratidão, porque são raros os genuínos benfeitores. [479]
É tal a diversidade da cor verde no reino vegetal, que se torna impossível qualificar, numerar e denominar as suas variedades. [2527]
É tal a falibilidade dos juízos humanos, que muitas vezes os caminhos por onde esperamos chegar à felicidade nos conduzem à miséria e à desgraça. [412]
É tal a incapacidade pessoal de alguns homens, que a fortuna, empenhada em sublimá-los, não pode conseguir o seu propósito. [12]
É tal a mudança e poder das circunstâncias, que os mesmos bens que em um tempo se nos figuram de impossível aquisição, em outro se facilitam, e vêm buscar-nos sem o menor trabalho da nossa parte. [1440]
É tal a nossa ignorância, que não podemos imaginar um mundo diverso deste, sendo aliás certo pela noção que temos da infinita sabedoria de Deus, que não há nem pode haver outro igual, e que todos quantos existem são essencialmente diversos entre si. [3037]
É tal a nossa imprevidência ou ignorância, que tomamos por um grave mal o que freqüentes vezes é origem e ocasião dos maiores bens. [2826]
É tal o nosso amor à nossa individualidade, que a morte, porque a destrói, é reputada o maior dos males. [2657]
É tão fácil enganar, quanto é difícil desenganar os homens. [213]
É tão fácil o prometer, e tão difícil o cumprir, que há bem poucas pessoas que se achem desobrigadas das suas promessas. [683]
É tão fácil recomendar a abnegação de nós mesmos como repugnante à natureza executá-la. [642]
É tão fácil sentir a felicidade como é difícil defini-la. [526]
É tão limitada a nossa inteligência que sem o contraste dos males não poderíamos avaliar os bens da vida. [2459]
Ê tão natural a variedade de opiniões dos homens, quanto seria extraordinária e inexplicável a sua uniformidade. [1587]
É terrível a idéia da morte para quem muito goza, muito possui e muito ama. [2064]
É triste a condição de um velho que só se faz recomendável pela sua longevidade. [275]
É triste a condição do sábio entre ignorantes e do homem probo entre velhacos. [2086]
É um erro constante nas pessoas de maior inteligência supor nos homens mais juízo, saber e probidade, do que eles realmente possuem. [1662]
É ventura para os bons serem ignorados ou esquecidos pelos maus. [1775]
Em algumas revoluções o jogo continua como dantes, à exceção do baralho e jogadores que são novos. [464]
Em amor e crença nada vale o mandamento. [2084]
Em Deus precedeu a concepção ideal à execução objetiva do Universo, e suas partes: os homens não podem elevar-se ao ideal senão pelo concreto e material desta fábrica assombrosa. [1973]
Em diversas épocas da nossa vida somos tão diversos de nós mesmos como dos outros homens. [371]
Em geral o temor ou medo, e não a virtude, mantém a ordem entre os homens. [284]
Em matéria de amor-próprio o mais pequeno inseto não o tem menor que a baleia ou o elefante. [1490]
Em matéria de ciência, quanta mais adquirimos tanto melhor descortinamos a imensidade do que nos falta. [364]
Em matéria de injúrias, é mais nobre, cômodo e seguro perdoar, esquecer e não vingar. [1021]
Em matéria de máximas umas explicam outras pela variedade de estilo, formas e composição. [3074]
Em matéria de religião a força pode fazer hipócritas, mas nunca verdadeiros crentes. [2122]
Em matéria de religião deve crer-se tudo o que é compatível com a idéia ou noção de um Deus eterno, imenso, infinitamente sábio, poderoso, bom, justo e previdente, e rejeitar quanto for oposto ou repugnante com estes seus divinos atributos. [2728]
Em matéria de tirania, a menor é a de um ou poucos, a maior a de todos ou a anarquia. [2502]
Em matérias e opiniões políticas os crimes de um tempo são algumas vezes virtudes em outro. [249]
Em matérias graves e importantes os homens geralmente preferem ser enganados ao viverem em incerteza: neste pressuposto, surgem sempre loucos, entusiastas, visionários e impostores, que os salvam desse embaraço. [2435]
Em nada os homens desatinam tanto como em política e religião. [2576]
Em os nossos reveses, queremos antes passar por infelizes, do que por imprudentes, ou inábeis. [688]
Em política e religião os néscios para seu bem devem crer e não discorrer. [1568]
Em política o futuro é mais tenebroso do que em moral. [1953]
Em política os remédios brandos agravam freqüentes vezes os males e os tornam incuráveis. [2189]
Em pontos de civilidade, o soberbo não paga o que deve, e exige sempre mais do que lhe é devido. [360]
Em saber gozar e sofrer, os animais nos levam grande vantagem: o seu instinto é mais seguro do que a nossa altiva razão. [549]
Em tese geral não há homem feliz sem mérito, nem desgraçado sem culpa. [982]
Em tudo se observa ação e reação, no mar, na terra, nos ares e nos homens. [2931]
Em um mundo em que a destruição anda a par da formação, a morte a par da vida, apaixonar-nos profundamente pelos objetos que nele se criam e figuram por algum tempo, é loucura rematada. [2883]
Em um povo ignorante a opinião pública representa a sua própria ignorância. [363]
Em um povo ignorante o chefe deve ter a mesma autoridade absoluta que a Natureza confere aos pais sobre seus filhos meninos e menores. [2761]
Em uma nação mal constituída são as pessoas menos importantes ou insignificantes as que incutem mais terror, e ocasionam maiores males. [2961]
Em vão procuramos a verdadeira felicidade fora de nós, se não possuímos a sua fonte dentro de nós mesmos. [203]
Embebei-vos em Deus, impregnai-vos de sua sabedoria pelo estudo das suas obras, e tereis nesta vida uma prelibação da bem-aventurança eterna. [2710]
Encurtamos a vida, afadigando-nos muito mais do que convém para mantê-la. [1809]
Enganamo-nos com os homens porque afetam geralmente parecer o que não são. [2592]
Enganamo-nos ordinariamente sobre a intensidade dos bens que esperamos, como sobre a violência dos males que tememos. [721]
Enganamo-nos ordinariamente sobre o modo de sentir e pensar dos outros homens quando os avaliamos por nós; cada qual é um original sem cópia. [2683]
Enganar e ser enganado é talvez a sorte inevitável do gênero humano neste mundo sublunar. [2438]
Enganar e ser enganado é talvez a sorte inevitável do gênero humano neste mundo sublimar. [2730]
Enquanto o mundo não mudar de estrutura, e os homens de organização, todos hão de ser o que são, e o que têm sido, sem alteração importante ou essencial. [3049]
Enquanto renhimos e disputamos sobre a melhor forma de governo, vem a morte e nos desobriga do interesse que tomávamos em tão embaraçosa controvérsia. [586]
Enquanto umas nações se adiantam para a idade de ouro, outras se atrasam para a do papel: aquelas enriquecem, estas empobrecem. [3075]
Entes invisíveis nos observam quando nos cremos sós e sem companhia. [400]
Entidades fabulosas, umas boas, outras malignas, incorporadas nas crenças e cultos religiosos antigos e modernos, foram sempre criaturas da imaginação, ignorância e impostura humana: a razão e Natureza debalde as reprovam e recusam, a credulidade dos homens é mais poderosa do que elas ambas. [2650]
Entre as paixões humanas a ambição tem tanto de nobre como a avareza de ignóbil. [446]
Entre as pessoas incômodas nas companhias, distinguem-se especialmente os doentes, litigantes e pretendentes. [630]
Erramos, aprendemos e somos enganados até morrer por maior que seja a nossa idade, experiência e sapiência. [2689]
Escrevendo para nossa glória trabalhamos em serviço e benefício dos outros homens. [2552]
Escrevi para todos, para muitos e para poucos: intelligenti pauca. [3068]
Esperdiçamos o tempo, queixando-nos sempre de que a vida é breve. [32]
Esta vida mal se entende sem uma outra subseqüente. [1242]
Estabelecido como verdade, um absurdo, este vem a ser o núcleo de muitos outros, o que se observa especialmente em matérias religiosas. [2917]
Este mesmo mundo que nos engana, nos desengana. [430]
Este mundo é a verdadeira fênix que renasce das suas cinzas e se renova pela morte. [1671]
Este mundo é propriedade de lodosos viventes, e com especialidade dos mais inteligentes. [2054]
Este mundo é um vasto e complicado labirinto em que o homem se perde e desatina, se a virtude o não dirige e acompanha. [1276]
Este mundo tem duas faces, uma grave, outra burlesca: cada qual o comenta e define conforme se lhe representa. [1945]
Estudai a Natureza, revelação divina, e chegareis a saber o que nenhum homem vos poderia dizer. [2520]
Estudai os instintos, conhecereis os meios, fins e desígnios da Natureza nos viventes de sua produção. [2752]
Estudar a natureza, é aprender de Deus que se revela nas suas obras. [993]
Estuda-se mais na velhice para bem morrer do que se estudou na mocidade para bem viver. [2413]
Eventos há que por antecipados se tornam desastrosos: seriam felizes se chegassem maduros na ordem natural dos tempos e das cousas. [2118]
Evitamos os contrastes que nos são desfavoráveis: a feia não acompanha a formosa, nem o ignorante ao homem sábio. [1845]
Exageramos as nossas desgraças para excitar admiração ou compaixão. [1002]
Exigimos uma perfeição moral nos homens de que eles são incapazes; não os há inteiramente maus nem perfeitamente bons: o procedimento em todos é mesclado de boas e más ações, bons e maus sentimentos. [2963]
F
Facilitemos aos homens pela educação a felicidade moral e intelectual, a fim de que menos se ocupem da sensual que tantos trabalhos, incômodos, desgostos e misérias ocasiona. [1341]
Falai bem dos vossos inimigos; eles serão forçados, para não desmentir-vos, a abonar o vosso testemunho. [1841]
Fala-se muito em economia onde é menos observada, e em liberdade onde tudo é anarquia. [2601]
Falsas doutrinas e maus exemplos depravam os homens e as nações. [207]
Faltando os bons costumes, multiplicam-se as leis e com elas as transgressões. [2198]
Fama e fome são dois grandes agentes e instrumentos de infâmia e glória. [1379]
Faze guerra a ti só, mas vive em paz com os outros homens. [1573]
Fazei falar o povo, os sábios se calarão. [1978]
Fazei os homens admiradores de Deus pelo estudo da natureza, e vê-los-eis tornar-se bons e virtuosos por um poder misterioso e irresistível. [2498]
Fazei por merecer os altos empregos, honras e dignidades: elas virão buscar-vos, ou sabereis escusá-las. [1741]
Fazei-vos pequenos para não serdes invejados, o ódio acompanha quase sempre a inveja. [1131]
Fazemos ordinariamente mais festa às pessoas que tememos do que àquelas a quem amamos. [453]
Fazem-se modernamente Constituições para os povos como se fariam vestidos para as pessoas sem se lhes tomar a medida. [1575]
Feliz o gênero humano se os homens fossem tais como geralmente se inculcam, ou desejam parecer que são! [1551]
Feliz, e três vezes feliz, aquele que, havendo servido os maiores empregos do Estado, não fez verter lágrimas, nem tomar luto a pessoa alguma! [1473]
Fica sem caráter ou perde o próprio quem, para agradar, se amolda aos dos outros homens. [1370]
Figurai-vos extinto o mal para a vida humana, e vereis acabar todo o jogo, ação e movimento dos homens no teatro deste mundo. [2732]
Fingimos desprezar a morte para ocultar o horror que ela nos causa. [748]
Folgamos com os erros alheios como se eles justificassem os nossos. [671]
Folgamos de enganar-nos sobre a nossa mortalidade, como as mulheres sobre a própria idade. [1118]
Folgamos de ser enganados com boas promessas e esperanças, ainda quando suspeitamos que não sejam realizadas. [2132]
Formam-se mais tempestades em nós mesmos que no ar, na terra e nos mares. [410]
Forrar o próprio trabalho, gozar e empregar o alheio, é o propósito latente dos ambiciosos do poder e mando. [2899]
Frio, pobreza e velhice encolhem e apoquentam os homens. [1824]
G
Ganhamos freqüentes vezes perdoando oportunamente. [916]
Ganhamos ordinariamente mais em ouvir do que em falar; quando falamos despendemos, quando ouvimos arrecadamos. [1303]
Generalizamos as nossas idéias para simplificarmos os nossos conhecimentos. [1513]
Generalizar e abstrair é simplificar e espiritualizar. [1992]
Governar ou conspirar, ou governar conspirando é infelizmente a vocação fatal e invencível de muitos homens ambiciosos. [1133]
Governar povos deve parecer negócio de muito fácil execução: não há charlatão, pedante, louco, tolo ou néscio, que não se creia habilitado para tão importante ministério. [1939]
Gozamos sonhando de bens e prazeres que nunca poderíamos esperar conseguir acordados. [2564]
Gozar admirando e reconhecendo a divina beneficência é o privilégio especial dos homens sobre a terra. [2191]
Gozar da vida sem referência a Deus autor de todos os bens é comum a todos os animais irracionais, gozá-la admirando as obras de Deus, adorando e reconhecendo a divina bondade e beneficência é especial às criaturas inteligentes, e constitui a felicidade mais plena de que são capazes neste mundo. [2810]
Grande e sublime é a idéia da onipresença de Deus! O infeliz soterrado em uma masmorra não verte uma lágrima que não seja vista, não exala um suspiro que não seja ouvido por quem tudo sabe e tudo pode, o criador e protetor indefectível da humanidade! [1481]
Guardai-vos do pródigo; desbaratando o seu não respeita o alheio. [900]
H
Há alguma contradição em desprezar os homens, e ambicionar a sua aprovação. [1239]
Há benefícios conferidos com tal rudeza e grosseria que de algum modo justificam os beneficiados da sua ingratidão. [245]
Há certos passatempos e prazeres ilícitos, que censuramos nos outros, mais por inveja do que por virtude. [678]
Há crimes felizes que são reputados heróicos e gloriosos. [34]
Há desenganos tardios que chegam já sem proveito e para nosso maior tormento. [1827]
Há economias ruinosas, como prodigalidades proveitosas. [1624]
Há em nós duas individualidades, uma corporal, e outra intelectual; esta se distingue amplamente daquela, quando sonhamos dormindo: este dualismo foi reconhecido em todos os tempos pelo gênero humano. [2950]
Há em nós uma substância imortal e indestrutível, ela constitui o fundo essencial de toda a fábrica fenomenal dos nossos corpos. [2974]
Há empregos em que é mais fácil ser homem de bem, que parecê-lo ou fazê-lo crer. [49]
Há enganos que nos deleitam, como desenganos que nos afligem. [223]
Há fanfarrões de ciência como os há de valor e nobreza. [1822]
Há grandes bens que, para serem duráveis, devem ser precedidos de graves males. [1967]
Há grandes verdades que avistamos de longe, e que; desaparecem quando as queremos reconhecer de perto. [2126]
Há homens cuja atividade é semelhante à dos bugios, incessante, destrutiva e turbulenta. [532]
Há homens dignamente reputados extravagantes, que blasonam todavia de ser singulares nas suas opiniões e teorias. [1489]
Há homens para nada, muitos para pouco, alguns para muito, nenhum para tudo. [799]
Há homens que afetam de muito ocupados, para que os creiam de muito préstimo. [657]
Há homens que de repente crescem, e avultam, como os cogumelos, pela corrupção. [708]
Há homens que hoje crêem pouco ou nada, porque já creram muito e demasiado. [436]
Há homens que obram por muitos, e alguns que pensam por todos. [945]
Há homens que parecem grandes no horizonte da vida privada, e pequenos no meridiano da vida pública. [51]
Há homens que são de todos os partidos, contanto que lucrem alguma cousa em cada um deles. [1554]
Há homens que se tornam importunos, desejando laboriosamente parecer corteses. [722]
Há homens que sobem alto, como os papagaios de papel, impelidos pela viração da fortuna e circunstâncias. [1574]
Há homens que, descontentes de uma insignificância honesta, se arrojam a intrigas e crimes para alcançar uma celebridade infame. [1071]
Há homens tão insignificantes que ninguém os ama nem aborrece, quando muito são desprezados. [497]
Há homens tão loucos ou néscios, que qualificam de progresso a libertinagem e desmoralização nos povos e pessoas. [1641]
Há homens tão mal reputados, que desacreditam aos que elogiam, e honram aos que vituperam. [1870]
Há homens tão vaidosos da sua ciência, que presumem que os outros não podem ignorar menos nem saber mais do que eles. [679]
Há homens-insetos destinados a pungir, importunar e incomodar os outros homens. [2111]
Há ignorantes com muito juízo, e doutores sem muito nem pouco. [236]
Há impostores em literatura como em política e religião: superficiais e interesseiros têm em vista somente os empregos e promoções que esperam conseguir alardeando de literatos. [2635]
Há mais homens de juízo do que se pensa, acham-se ordinariamente nas classes médias e inferiores da sociedade. [503]
Há males na vida humana que são preservativos de outros maiores, e muitas vezes ocasionam bens incalculáveis. [395]
Há mentiras que são enobrecidas e autorizadas pela civilidade. [774]
Há mistérios profundíssimos na Natureza, que não é dado aos homens penetrar e compreender; se isso lhes fosse possível, deixariam de ser tais, e se tornariam entes de diversa natureza. [2744]
Há morte e destruição neste mundo para que haja sempre vida, formação e renovação com variedade e novidade. [2863]
Há muita gente a quem o sol, o frio, a calma ou as bebidas podem fazer corar as faces, porém nunca a vergonha. [619]
Há muita gente boa e feliz, porque não tem suficiente liberdade para se fazer má e desgraçada. [791]
Há muita gente feliz sem saber que o é, ou que se considera desgraçada por não conhecer ou não haver experimentado os numerosos males da vida humana, contrastes indispensáveis para uma exala avaliação dos inumeráveis bens da mesma vida. [2772]
Há muita gente infeliz por não saber tolerar com resignação a sua própria insignificância. [850]
Há muita gente má por conta dos outros, e não por sua própria. [1884]
Há muita gente para quem o receio dos males futuros é mais tormentoso que o sofrimento dos males presentes. [649]
Há muita gente que se considera infeliz em não alcançar o que a fizera realmente desgraçada se chegasse a conseguir. [1305]
Há muita gente que se queixa, como outra se ri, por hábito e costume. [1061]
Há muita gente que tem por ofício arriscar a sua vida para a manter e conservar. [301]
Há muita gente que, como as abelhas, presumem trabalhar para si, quando o produto do seu trabalho é para os outros. [2501]
Há muitas cousas que os néscios presumem saber, e que os sábios confessam ingenuamente que ignoram. [2604]
Há muitas ocasiões em que a mesma prudência recomenda o aventurar-nos. [265]
Há muitas ocasiões em que os ricos e poderosos invejam a condição dos pobres e insignificantes. [379]
Há muitas ocasiões na vida em que invejamos a irracionalidade dos outros animais. [71]
Há muitos homens que parecem dignos de grandes empregos enquanto os não ocupam. [1622]
Há muitos homens que receiam ser desenganados pelo desgosto de parecerem crédulos ou tolos. [518]
Há muitos homens que se queixam da ingratidão humana para se inculcarem benfeitores infelizes, ou se dispensarem de ser benfazentes e caridosos. [6]
Há muitos homens que, assim como o sol, parecem maiores no horizonte que no seu zênite ou meridiano. [335]
Há muitos homens que, para escaparem de si mesmos, importunam aos outros com visitas. [98]
Há muitos homens reputados infelizes na nossa opinião, que todavia são felizes a seu modo, e segundo as suas idéias. [713]
Há na ventura uma expansão ou dissipação que nos enerva e debilita, como na desgraça uma certa concentração que nos alenta e fortalece: na primeira pertencemos ao mundo externo, na segunda a nós mesmos solidariamente. [2171]
Há nas famílias, povos e nações do mundo as mesmas vicissitudes e variações como na atmosfera que circunda a terra, onde tudo tende a equilibrar-se sem que possa verificar-se um perfeito equilíbrio e permanente harmonia. [2602]
Há neste mundo uma ação e reação em tudo, que constituem a ordem, e determinam a conservação e perpetuidade do mesmo mundo. [3036]
Há numerosos oradores com melhores pulmões do que miolos. [1859]
Há opiniões que nascem e morrem como as folhas das árvores, outras porém que têm a duração dos mármores e do mundo. [455]
Há opiniões que, assim como as modas, parecem bem por algum tempo. [547]
Há países em que a fertilidade material da terra emenda os erros de entendimento do pessoal dos povos. [1190]
Há países em que os homens são avaliados como os papagaios; os que falam mais têm maior preço e estimação. [1791]
Há para a sociedade uma harmonia na loucura variada dos homens, como para a música vocal e instrumental na diversidade e antagonismo dos sons e vozes. [2865]
Há pessoas moralmente sábias a seu pesar: as terríveis lições de uma experiência dolorosa as fizeram tais. [711]
Há pessoas que dizem mal de tudo para inculcar que prestam para muito. [762]
Há pessoas que ganham muito em ser lidas, e perdem tudo em ser tratadas: escrevem com estudo e vivem sem ele. [731]
Há pessoas que não podem elevar-se a lugares eminentes sem entontecer ou desatinar. [96]
Há pessoas que, assim como as modas, parecem bem por algum tempo. [777]
Há pessoas tão malignas, que sentem mais o bem alheio que os próprios males. [744]
Há povos que são felizes em não ter mais que um só tirano. [416]
Há prazeres privativos de cada idade, e outros comuns para todas. [2814]
Há progresso de inteligência nos povos onde a invenção das modas é freqüente ou habitual. [2897]
Há rasgos de virtudes que provocam lágrimas de admiração; esta é tanto maior, quanto supomos maiores os esforços, e sacrifícios que custaram às pessoas que os produziram. [714]
Há sempre em uma família alguém que incomoda o chefe dela e lhe apura a paciência. [2970]
Há sempre entre os homens uma sabedoria da moda, como um penteado, um calçado ou um vestuário. [365]
Há serviços tão subidos que só a admiração ou a glória os pode recompensar. [903]
Há também nas democracias um trono: a anarquia o ocupa freqüentes vezes. [1900]
Há tempos calamitosos em que o maior tormento da velhice é tolerar a mocidade. [1356]
Há tempos e circunstâncias em que é prova de habilidade parecer e figurar de inábil. [1092]
Há tolos malignos que fazem mais dano e males que os velhacos consumados. [1800]
Há um doce-amargo nas saudades que deleita e contrista; este sentimento misto de prazer e dor nos encanta e penaliza ao mesmo tempo. [918]
Há um limite nas dores e mágoas que termina a nossa vida, ou melhora a nossa sorte. [923]
Há um mundo intelectual que não ocupa lugar no espaço e compreende o infinito. [285]
Há um orgulho nobre e majestoso que descobre os heróis, os sábios e os homens justos. [2124]
Há uma bondade imbecil que se confunde muitas vezes com o idiotismo. [2083]
Há uma douta ignorância que é mais funesta aos povos do que a ignorância iliterata. [2102]
Há uma facúndia arrojada e semidouta que muita gente néscia qualifica de sabedoria. [1082]
Há uma felicidade positiva, que consiste em gozar; e outra negativa, em não sofrer. [2713]
Há uma idolatria profana, como outra religiosa; tem por objeto os homens e suas obras. [2872]
Há uma ignorância universal que presume saber o que ignora, e explicar o que não compreende, e que se ufana do seu império sobre o entendimento e razão humana. [2747]
Há uma ilusão muito vantajosa à espécie humana, a esperança individual de uma longa vida. [2461]
Há uma soma de bens e males que se correspondem respectivamente e se tornam necessários para a renovação, conservação e perpetuidade deste mundo sublunar. [2514]
Há uma trindade de atributos essenciais na Divindade, infinita sabedoria, infinito poder e infinita bondade: a sabedoria concebe, o poder executa, a bondade vivifica e felicita. [2984]
Há uns pretendidos sábios modernos de singular natureza, nada afirmam, negam tudo, e se apelidam progressivos. [409]
Há velhacos por grosso e por miúdo, assim como há pessoas que comerciam em grande e pequena escala. [983]
Há velhos monstruosos que reúnem os vícios, paixões e desvarios da mocidade com os da velhice, e requintam em todos eles. [2098]
Há verdades que conhecemos, muitas que pressentimos, inumeráveis que não podemos conhecer nem pressentir. [1107]
Há verdades que é mais perigoso publicar do que foi difícil descobrir. [884]
Há verdades que, assim como as frutas, são verdes e travam antes de amadurecerem. [1559]
Há vícios contrários e opostos, mas não virtudes adversas e incompatíveis. [1042]
Haver a maior soma de bens com o menor trabalho e dispêndio possível, eis o grande problema que cada indivíduo procura resolver em seu favor no decurso da própria vida. [388]
Homem palavroso e facundo não é seguro no seu trato. [1329]
Homem que diz mal de tudo e de todos para nada presta. [1777]
Homens há como as serpentes que envenenam aqueles a quem mordem. [1711]
Homens há de muita valia, mas que não podem ser avaliados: são os sábios. [2490]
Homens há que parecem condenados à condição de animais de carga, vivem só para trabalhar, e morrem para que outros gozem. [1020]
Homens há que parecem fadados a trabalhar incansavelmente para se fazerem desgraçados. [2154]
Homens há que só brilham entre os néscios, como os pirilampos nas trevas. [1688]
Homens há que têm trabalhado incansavelmente para se fazerem incrédulos sobre as crenças religiosas do seu país e nação, e que reconhecem finalmente que lhes fora muito melhor uma credulidade passiva do que um desengano inane e negativo, ou uma incerteza importuna, vaga e tormentosa. É em semelhantes matérias que se pode dizer ser mais conveniente errar com muitos, que acertar com poucos. [3053]
Homens há que têm uma celebridade efêmera como a das modas: figuram e desaparecem em pouco tempo. [2168]
Homens há que valem muito mais que a sua reputação; o seu silêncio, retiro, modéstia e reserva não deixam distinguir toda a extensão do seu merecimento, saber e virtudes. [2013]
Homens há, como as obras de casquinha, que só têm a sua superfície de metal nobre. [2822]
Homens! aprendei a vencer-vos e triunfareis de todos. [2157]
Humilhai o vosso amor-próprio, mas respeitai o dos outros. [1517]
I
Idéias novas promovem novas combinações, novas opiniões e novas revoluções. [1123]
Ignorância e morte são condições essenciais da Natureza humana: sem a primeira seriam os homens impassíveis e imortais; a segunda demonstra evidentemente a sua impotente e insignificante sapiência. [3004]
Imaginai outras cores que não sejam o azul nos Céus e o verde na terra, e achareis que nenhumas são tão belas, deleitam e fortificam mais a nossa vista do que aquelas. [2598]
Individuais tornamo-nos egoístas; coletivos, sociais. [2844]
Inspirar e promover o amor de Deus e dos homens é a obrigação sagrada dos sábios em seus escritos e discursos. [2880]
Instruir e divertir os povos deve ser o empenho dos escritores; os mais hábeis são os que instruem divertindo. [1514]
Interessemo-nos pouco, sofreremos menos. [1917]
Invejamos a vida de muitos, e raras vezes a morte de algum. [831]
Inveja-se a riqueza, mas não o trabalho com que ela se granjeia. [300]
Inventariando e avaliando na velhice os nossos conhecimentos, reconhecemos com mágoa poucas verdades e inumeráveis erros. [2787]
J
Já não vivemos de graça quando temos estudado e meditado profundamente o mundo, a vida e a natureza humana. [1467]
Juízo é a inteligência prática e experimental que nos faz conhecer e alcançar os bens e evitar os males da vida. [2137]
Julgamo-nos felizes somente quando bem compreendemos como e quanto podemos ser desgraçados. [1280]
Julgamo-nos infelizes refletindo nos bens que nos faltam, sem nos crermos felizes ponderando os males que não sofremos. [1058]
L
Lamentamos com especialidade nos outros aqueles males, a que nos cremos mais expostos pela nossa condição. [1166]
Lemos em Deus quando estudamos e observamos a natureza. [2077]
Lemos no presente, soletramos no futuro. [1717]
Lemos os nossos escritos com o mesmo prazer com que vemos a nossa imagem nos espelhos; aqueles retraíam o nosso espírito, estes a nossa fisionomia. [2793]
Ler sem refletir, é comer sem digerir. [1125]
Liberal e anarquista são sinônimos freqüentes vezes. [2664]
Liberdade sem juízo é pólvora em mãos de meninos. [1561]
Livros há que quanto mais se lêem mais se admiram: são produções substanciais de profundo saber e experiência. [2050]
Louvamos encarecidamente o estado, ciência ou arte que professamos, para justificar a nossa escolha e honrar as nossas pessoas. [738]
Louvamos ordinariamente com modificações, mas censuramos sem restrições. [935]
Louvamos por grosso, mas censuramos por miúdo. [845]
Louvemos a quem nos louva para abonarmos o seu testemunho. [902]
M
Mãe diligente, filha negligente: terra abundosa, nação preguiçosa. [2856]
Mais vale ciência intelectual, que riqueza mineral. [486]
Máximas há que, sendo tais para uns, para outros são sentenças em que se julgam compreendidos e condenados. [1951]
Morremos em um instante, e tememos a morte por muitos anos! [1549]
Mudai os tempos, os lugares, as opiniões e circunstâncias, e os grandes heróis se tornarão pequenos e insignificantes homens. [513]
Mudai um homem de classe, condição e circunstâncias, vós o vereis mudar imediatamente de opiniões e de costumes. [359]
Mudamos de paixões, mas não vivemos sem elas. [17]
Muita ciência ocasiona muita incerteza. [205]
Muita luz deslumbra a vista, muita ciência confunde o entendimento. [384]
Muitas pessoas se prezam de firmes e constantes que não são mais que teimosas e impertinentes. [231]
Muito contribui para acreditar o nosso juízo confessar ingenuamente a nossa ignorância. [753]
Muito lucram as nações em que os homens se esqueçam de que são mortais, e que a vida é breve. [87]
Muito patriotismo na boca, grande ambição no coração. [1567]
Muito poucas das nossas esperanças se realizam, contamos com circunstâncias que não ocorrem, ou se alteram, ou se coordenam por diverso modo do que pensávamos. [2180]
Muito pouco sabe quem mais se ufana do seu saber. [1447]
Muito se perde por falta de inteligência, porém muito mais por preguiça e aversão ao trabalho. [345]
Muitos dos fenômenos misteriosos deste mundo, seriam melhor explicados e entendidos, decidindo-se que o mesmo mundo é também criatura viva e animada por um espírito de superior categoria e transcendente inteligência. [2781]
Muitos e grandes bens sem alternativa de males são de ordinário prenúncios de graves e futuros infortúnios. [647]
Muitos figuram de Diógenes, para se consolarem de não poderem ser Alexandres. [393]
Muitos homens presumem honrar a sua insignificância social afetando desprezar os títulos, honras, insígnias e empregos que não podem nem esperam conseguir. [1307]
Muitos homens são louvados porque são mal conhecidos. [539]
Muitos se abstêm por acanhados do que outros fogem por virtuosos. [727]
Muitos se consideram com mais valia do que têm: outros ao contrário desconhecem quanto valem. [1799]
Muitos se queixam da fortuna e dos Governos, que só deveriam queixar-se de si mesmos. [702]
Mundos haverá onde criaturas privilegiadas tenham olhos telescópicos para descobrir o que se passa em outros orbes mais vizinhos. [2695]
N
Na administração e regime da Divina Providência, os males são também instrumentos e condutores de bens. [2825]
Na admissão de uma opinião ou doutrina, os homens consultam primeiramente o seu interesse, e depois a razão ou a justiça, se lhes sobeja tempo. [869]
Na arquitetura intelectual os materiais vêm de fora, mas o plano e trabalho são da razão e do espírito. [439]
Na existência neste mundo não podemos duvidar da necessidade de um corpo unido à substância que chamamos alma; poderá esta existir sem ele nos outros mundos e sistemas? É provável que não . [2680]
Na fermentação dos povos, como na dos líquidos, as escumas e impurezas sobrenadam e ficam de cima, por mais ou menos tempo, até que descem ou se evaporam. [52]
Na idade madura mais vezes dissimulamos do que estranhamos. [1685]
Na imensidade do espaço todos os pontos são centros, os viventes que os ocupam também podem reputar-se tais. [1531]
Na mocidade buscamos as companhias, na velhice as evitamos: nesta idade conhecemos melhor os homens e as cousas. [310]
Na mocidade pouco se cuida na religião, é na velhice que as idéias religiosas ocupam especialmente o pensamento dos homens, que vendo escapar-lhes este mundo, necessitam para sua consolação de esperar uma vida futura, mais feliz e melhorada que a presente. [2805]
Na mocidade somos obrigados a tolerar as impertinências dos velhos, na velhice os desvarios e extravagâncias dos moços. [2516]
Na montanha goza-se mais, porém o vale é mais abrigado. [846]
Na nossa conta corrente com a natureza raras vezes lhe creditamos os muitos bens de que gozamos, mas nunca nos esquecemos de debitar-lhe os poucos males que sofremos. [253]
Na ordem moral o castigo, como o dinheiro, vence juros pela mora. [655]
Na sociedade os interesses e opiniões individuais encontram-se, pelejam, capitulam e se harmonizam. [1960]
Na velhice com menor vista avistamos muito mais do que na mocidade: a ciência e experiência são os vidros de graus que produzem tais efeitos. [2829]
Na velhice com menos vista avistamos mais velhacos do que na mocidade. [1696]
Na velhice é bom que sejamos esquecidos para não sermos importunados, incomodados ou perseguidos. [2818]
Na viagem da vida humana são raras as grandes tempestades, mas freqüentes os aguaceiros. [1768]
Na vida política social como na individual toleram-se ou desprezam-se os pequenos males; mas quando se agravam desmesuradamente, procura-se com ansiedade o remédio; e não se escusa meio algum de o conseguir, recorrendo-se até às operações mais violentas, dolorosas e arriscadas. [2751]
Na virtude é necessário perseverar para vencer e triunfar. [1880]
Nada agrava mais a pobreza, que a mania de querer parecer rico. [695]
Nada conserva e resguarda tanto a saúde como a virtude. [1456]
Nada desmoraliza mais os povos que o desprezo ou descrença da Religião que professavam. [1202]
Nada está mais próximo a nós, nem mais remoto da nossa compreensão do que Deus. [1664]
Nada incomoda tanto aos homens maus como a luz, a consciência e a razão. [451]
Nada mais prezamos quando chegamos a desprezar-nos. [1682]
Nada se perde da vida geral e individual, toda provém da Divindade e se resolve nela. [2662]
Nada sucede nem pode suceder no universo que escapasse à presciência e previsão do seu Criador onipotente, em tudo ele é necessário e realmente como Deus o constituiu e quis que fosse. [2937]
Nada sucede que não tenha uma razão suficiente de haver sucedido. [2740]
Não admira que não compreendamos a Deus, quando somos incompreensíveis a nós mesmos. [350]
Não admira que o juízo seja censurado, quando a loucura já foi elogiada. [2836]
Não admira que os moços sejam pródigos e os velhos avarentos: no físico e moral, a mocidade é expansão e a velhice contração. [843]
Não admira que os tolos e néscios idolatrem os velhacos quando os governos, por imprudentes ou fracos, os respeitam e promovem. [2546]
Não admiramos o que não concebemos, nem compreendemos: a admiração pressupõe algum conhecimento das excelências do objeto admirado. [1634]
Não admireis as obras dos homens; subi mais alto, admirai aquela sabedoria infinita que lhes delegou inteligência suficiente para as produzir tão engenhosas e variadas. [1478]
Não apreciamos os grandes homens presentes, respeitamo-los ausentes, e veneramo-los depois de mortos. [1457]
Não basta recomendar aos homens a virtude em abstraio, é necessário exemplificá-la em seus numerosos casos, para que reconheçam na prática os seus graves e salutares benefícios. [2475]
Não cativemos o coração nem a razão: para a nossa felicidade devemos sentir e pensar com liberdade. [1856]
Não confieis os vossos interesses de um tolo, aventurai-os antes de um velhaco. [2002]
Não conhecemos o mundo externo como ele é em si, mas como o sentimos formulado pelos nossos sentidos, e pelas leis da nossa percepção e inteligência. [2018]
Não convém parar no caminho do progresso, o que chegou à sabedoria deve cuidar em subir também à santidade, que consiste na perfeição ou excelência moral e religiosa. [2658]
Não damos de ordinário maior extensão à nossa beneficência, do que julgamos convir ao nosso interesse. [669]
Não desejamos somente que os outros homens trabalhem, mas também que pensem por nós, e para nós. [1430]
Não desenganemos os tolos se não queremos ter inumeráveis inimigos. [495]
Não desespereis nas grandes crises da vossa vida, esperai confiando em Deus e vereis prodígios da sua Infinita Beneficência. [2797]
Não devemos avaliar a nossa felicidade somente pelos bens que gozamos, mas também pelos males que não sofremos. [1895]
Não devemos desesperar quando sofremos, tendo a Deus presente, que tudo sabe e pode: recorrendo à sua infinita bondade podemos estar seguros da sua indefectível proteção. [2999]
Não devemos estranhar os grandes males que padecem as modernas sociedades, nas quais a desmoralização é qualificada de civilização. [2915]
Não devemos estudar profundamente os nossos amigos e conhecidos, um tal estudo nos poderia levar insensivelmente ao desprezo ou aversão para com eles. [1475]
Não devemos gozar para sofrer, mas sofrer para melhor gozar. [2014]
Não devemos lamentar os mortos,que já não sentem, mas os vivos, que padecem porque são sensíveis. [2624]
Não devemos proferir palavras nem fazer ação alguma de que nos envergonhemos ou possamos arrepender-nos: o prazer efêmero de semelhantes ditos e atos não compensa os desgostos que depois sentimos, e as exprobrações amargas da consciência que os condena. [2015]
Não disputeis com loucos, ébrios e néscios; a vitória não dá glória, e a derrota é vergonhosa. [1722]
Não é a fortuna que falta aos homens, mas a perícia e juízo em aproveitá-la quando ela nos visita. [530]
Não é a fortuna, mas juízo somente, o que falta a muita gente. [399]
Não é boa a vista que mostra os objetos dobrados, nem seguro o entendimento que exagera as opiniões e doutrinas. [2123]
Não é dificultoso governar um povo religioso. [1431]
Não é este mundo concreto e material que assusta os homens, mas o fantástico, abstrato e ideal, que eles mesmos criaram e imaginaram. [2806]
Não é livre quem não tem suficiente inteligência para haver ou defender a liberdade. [609]
Não é menos funesto aos homens um superlativo engenho, do que às mulheres uma extraordinária beleza: a mediocridade em tudo é uma garantia e penhor de segurança e tranqüilidade. [15]
Não é o morrer que dói, mas o viver padecendo. [2647]
Não é raro aborrecermos aquelas mesmas pessoas que mais admiramos. [778]
Não é sábio quem não é justo: a sabedoria é a excelência moral reunida á intelectual. [3001]
Não empresteis o vosso nem o alheio, não tereis cuidados nem receio. [488]
Não emprestes, não disputes, não maldigas, e não terás de arrepender-te. [500]
Não existindo no Universo mais que inteligência e matéria, esta é destinada e constituída para significar e simbolizar a primeira. [413]
Não há beleza material que não expresse uma idéia, pensamento ou sentimento moral. [1337]
Não há castigo verdadeiramente justo entre os homens, sendo impossível calcular perfeitamente a sensibilidade e inteligência dos delinqüentes e ofendidos. [1708]
Não há ciência que exalte e humilhe mais o orgulho dos homens que a Astronomia. [1081]
Não há cousa mais fácil que vencer os outros homens, nem mais difícil que vencer-nos a nós mesmos. [445]
Não há desordem neste mundo, se a houvesse já não existira: a ordem é conservadora, a desordem destruidora. [3009]
Não há escravidão pior que a dos vícios e paixões. [473]
Não há homem que não deseje ser absoluto, aborrecendo cordialmente o absolutismo em todos os outros. [523]
Não há inimigo desprezível, nem amigo totalmente inútil. [550]
Não há lugar vazio na imensidade do espaço, Deus tudo enche e ocupa com a plenitude do seu Ser Infinito, e a soma ilimitada das suas obras infinitamente variadas e assombrosas. [2646]
Não há maior nem pior tirania que a dos maus hábitos inveterados. [336]
Não há pessoa tão feia que não descubra alguma beleza na sua própria fealdade. [1585]
Não há protetor de mais fácil acesso do que Deus: está presente sempre em todo o tempo e lugar para ouvir as nossas deprecações e rogativas. [1605]
Não há sabedoria, mas pode haver ciência sem juízo. [1887]
Não há sujeição igual à que sofrem as pessoas bem educadas e polidas na companhia de homens malcriados, grosseiros e vilãos. [1361]
Não há tolo constantemente tolo, nem velhaco sem remissão e intermitência. [1529]
Não há uma resposta mais racional sobre a variedade assombrosa de opiniões científicas, morais, políticas, religiosas, idiomas, caracteres, modas, usos e costumes dos homens, do que dizer-se. Deus assim o quis e o quer. O gênero humano é realmente o que Deus quis que ele fosse. [3047]
Não há verdadeiro heroísmo sem religião, ela só é capaz pelo incentivo de um prêmio eterno de persuadir aos homens os maiores sacrifícios dos bens deste mundo e da própria vida. [1541]
Não haveria História mais insípida e insignificante que a dos homens, se todos tivessem juízo. [92]
Não interrompemos a quem nos louva mas aos que nos censuram, acusam ou contradizem. [1606]
Não invejemos os que sobem muito acima de nós: a sua queda será muito mais dolorosa do que a nossa. [477]
Não lamentamos de ordinário a morte dos outros, senão porque sugere ou desperta a idéia da nossa própria. [1308]
Não mudamos sonhando de caráter, reconhecemos nos sonhos a nossa identidade. [2414]
Não nos arrependemos porque erramos ou fizemos o mal, mas porque sofremos ou receamos sofrer em conseqüência dele. [1289]
Não nos esqueçamos um só dia de Deus: o Autor da memória não se esquece um só instante de nós. [1767]
Não nos gloriemos de saber mais que os outros, com idênticas circunstâncias eles saberiam talvez mais do que nós. [1115]
Não obstante a extinção do paganismo, ainda há muita gente que adora a Deusa Fortuna. [771]
Não perguntemos a um ou a muitos o que convém a todos, seríamos mal informados pelo egoísmo dos informantes. [1540]
Não pode haver dois infinitos; se o bem é tal, o mal é temporário e limitado. [2613]
Não podemos acumular todos os bens nem todos os males da vida humana. [2682]
Não podemos conceber um mundo diverso deste em que vivemos; contudo são inumeráveis os que existem, inteiramente diferentes: uma variedade ilimitada caracteriza a infinita sabedoria do Ser eterno e incompreensível que os criou. [2925]
Não podemos deixar de ser difusos com os ignorantes, mas devemos ser concisos com os inteligentes. [644]
Não podemos fitar os olhos no sol, nem o pensamento em Deus, sem que fiquem deslumbrados. [78]
Não podemos imaginar um sentido diverso dos que temos, havendo aliás inumeráveis outros de que gozam criaturas de mais alta jerarquia e compreensão, sendo por isso incomparavelmente mais inteligentes e felizes do que somos ou podemos ser. [3090]
Não podemos imaginar um unindo sem males, nem criaturas vivas impassíveis: faltando o motivo de ação e movimento espontâneo não haveria liberdade nem escolha, virtude nem mérito, nem ofício, emprego ou modo de vida que os ocupasse: a inércia dos corpos inorgânicos seria a sua sorte e estado habitual. [2971]
Não podemos promover e zelar o nosso interesse individual sem cooperar direta ou indiretamente para o geral: não há egoísmo absoluto. [2611]
Não podemos separar-nos nem perder-nos de Deus: existimos e vivemos na sua Imensidade. [1855]
Não podemos ter uma felicidade absoluta, com uma inteligência limitada, são necessários contrastes que assinalem e façam distinguir os bens e avaliá-los como tais: os males produzem este efeito. [3021]
Não podendo fazer-nos imortais, cuidemos em produzir obras tais que perpetuem a nossa memória com louvor na geração presente e nas futuras. [2632]
Não podendo imaginar espíritos sem corpos organizados que os ponham em relação com o Universo material, demonstrador dos Divinos atributos pelas maravilhas sem conto que compreende, devemos supor que os bem-aventurados têm uma inteligência transcendente que os abriga e defende dos males a que a sua sensibilidade corporal os expõe e sujeita. [3082]
Não procureis o juízo prático nas academias, universidades, sociedades científicas e literárias, achá-lo-eis em primeira mão entre os negociantes e lavradores, nas praças de comércio, e estabelecimentos rurais. [2843]
Não procures a felicidade onde a virtude não tem culto. [1007]
Não provoques o Poder, que ele se tornará cruel e despótico no seu desagravo. [493]
Não queremos pensar na morte, e por isso nos ocupamos tanto da vida. [1750]
Não receamos o cativeiro do amor porque temos segura a nossa liberdade. [772]
Não sabemos avaliar a saúde quando a temos, lamentamos a sua falta quando a perdemos. [2735]
Não são incompatíveis a loucura e a velhacaria: há exemplos de loucos muito velhacos e ardilosos. [790]
Não são incompatíveis muita ciência e pouco juízo. [545]
Não se apaga o fogo com resinas, nem a cólera com más palavras. [570]
Não se devem conferir os empregos importantes aos primeiros candidatos que se apresentam, estes são ordinariamente os mais ligeiros de pés e menos graves de cabeça. [1069]
Não se entende o que seja desordem no Universo e nos mundos que compreende; se tal houvesse, deixariam de ser o que são, e acabaria a criação universal. [2944]
Não se pergunta ordinariamente o motivo porque nos rimos, mas porque choramos: o riso é tão freqüente e vulgar, que não causa novidade. [2838]
Não se reconhece tanto a ignorância dos homens no que confessam ignorar, como no que blasonam de saber melhor. [346]
Não se servem com honra, perícia e integridade os empregos que se alcançam com lisonjas, baixezas e cabalas. [1577]
Não somos sempre o que queremos, mas o que as circunstâncias nos permitem ser. [527]
Não subais tão alto que a queda seja mortal. [499]
Não tem limites a audácia e desembaraço nos velhacos quando se reconhecem bem conhecidos. [1510]
Não tem permanência a virtude que não provém da inteligência. [1142]
Não toleramos de bom grado a felicidade alheia quando nos reconhecemos por infelizes. [1200]
Não tomeis o trabalho nem o risco de vingar-vos, é provável que sejais injusto no vosso desagravo; consignai à ordem moral a vossa vingança; não ficareis inultos, e esta será justa sem excesso nem defeito. [1257]
Não vemos os defeitos de quem amamos, nem os primores dos que aborrecemos. [873]
Nas campanhas da vida humana, a virtude é a nossa melhor aliada. [999]
Nas cortes pequenos acidentes produzem grandes acontecimentos. [2777]
Nas cortes quem não lisonjeia, pouco granjeia. [2486]
Nas cortes, como na natureza, os reptis e lagartas se transformam em voláteis e borboletas. [1890]
Nas maiores companhias temos a menor liberdade; somos plenamente livres quando estamos sós. [1505]
Nas matérias mais graves e importantes a opinião geral não é sempre a mais ajustada e racional, tem todavia a seu favor a força muscular que a defende e lhe confere uma autoridade irresistível. [2967]
Nas monarquias a cabeça rege os membros, nas democracias são os membros que governam o corpo. [2421]
Nas monarquias as revoluções na corte e ministérios são tão freqüentes como raras entre os povos; aquelas dependem da vontade de uma ou poucas pessoas, as populares do concurso de inumeráveis individualidades. [2745]
Nas revoluções as subidas são tão aceleradas como as descidas precipitadas. [1698]
Nas revoluções dos povos a insignificância é a maior garantia da segurança pessoal. [516]
Nas revoluções é fácil a aquisição do título de grande homem: audácia, arrojo, atividade, impudência e velhacaria são documentos suficientes. [1161]
Nas revoluções políticas os povos ordinariamente mudam de senhores sem mudarem de condição. [44]
Nas revoluções populares agrava-se o mal dos povos pela retirada, silêncio ou reserva dos homens de juízo, prudência e sabedoria, e a apresentação tumultuosa dos néscios, intrigantes e aventureiros que aspiram a substituí-los nos lugares e empregos do Estado. [1538]
Nas revoluções populares ou de anarquistas surgem de repente com vida efêmera os falsos heróis e grandes homens, como nos estrumes e madeiras podres volumosos cogumelos. [2692]
Naturalmente nos alegramos com a morte dos avarentos, como se fôramos seus herdeiros ou legatários. [735]
Navegamos em um arquipélago de erros e ilusões, uma Providência misteriosa nos guia para que não naufraguemos a cada instante. [1813]
Navegando no arquipélago proceloso da vida não devemos perder de vista o porto do nosso destino. [2670]
Nem o extraordinário está fora da ordem, nem o sobrenatural fora da Natureza; com estes termos queremos significar a raridade ou menos freqüência dos objetos, sucessos e fenômenos deste inundo. [2947]
Nenhum governo é bom para os homens maus. [235]
Nenhum homem é cópia de outro: cada um é original na sua fisionomia, constituição, caráter e inteligência. [1167]
Nenhum homem é tão bom como o seu partido o apregoa, nem tão mau como o contrário o representa. [849]
Nenhum homem se considera tão ignorante como aquele que mais sabe. [1043]
Nenhum mundo existe estacionário, há em cada um uma evolução de novos entes, produtos, casos e acidentes que lhe dá uma novidade sucessiva, sujeita às leis gerais da sua estrutura, formação e destinação. [2848]
Nenhum senhorio é tão absoluto como o que conferem os povos aos tiranos de sua escolha. [1343]
Nenhum sucesso é sobre-humano, ou extramundano: tudo o que observamos no jogo social, moral e político das nações é o que deve ser segundo a constituição, natureza e destinação do gênero humano no sistema deste mundo. [2590]
Nenhum tempo e nenhum lugar nos agradam tanto como o tempo que não existe, e o lugar em que não estamos. [763]
Nenhuma religião tem a seu favor a maioria do gênero humano, a qual professa cultos diversos e adversos. [2456]
Neste mundo fenomenal o homem é tão mudável como a mesma natureza. [515]
Neste mundo sexual a união é produtiva, a desunião infecunda e ruinosa. [600]
Ninguém ama por obediência, mas por sentimento e inclinação. [1046]
Ninguém avalia tão caro o nosso merecimento como o nosso amor-próprio. [767]
Ninguém conhece melhor os seus interesses do que o homem virtuoso; promovendo a felicidade dos outros assegura também a própria. [1362]
Ninguém considera a sua ventura superior ao seu mérito, mas todos se queixam das injustiças dos homens e da fortuna. [7]
Ninguém despreza tanto os homens e os povos como aqueles que mais os lisonjeiam. [230]
Ninguém deve recear-se tanto da desgraça como aquele que se acha elevado à maior ventura. [2182]
Ninguém diz tanto mal de nós como a própria consciência. [1913]
Ninguém é mais liberal em louvar os outros homens do que aqueles que são mais dignos de ser louvados. [1550]
Ninguém é tão exagerado em suas pretensões como aquele que menos merece ser atendido pela sua incapacidade ou indignidade. [2536]
Ninguém é tão mau na ação e na praxe como o pode ser no pensamento. [1290]
Ninguém é tão prudente em despender o seu dinheiro como aquele que melhor conhece as dificuldades de o ganhar honradamente. [564]
Ninguém é tão solícito e diligente em requerer empregos como aqueles que menos os merecem. [576]
Ninguém goza tanto deste mundo como aquele que melhor o conhece e admira. [2069]
Ninguém nos aconselha tão mal como o nosso amor-próprio, nem tão bem como a nossa consciência. [218]
Ninguém nos lisonjeia tanto como o nosso amor-próprio, nem nos argúi com mais perseverança do que a própria consciência. [320]
Ninguém poderia viver se não receasse morrer. [3008]
Ninguém quer passar por tolo, antes prefere parecer velhaco. [405]
Ninguém resiste à lisonja sendo administrada oportunamente, com a perícia e destreza de um hábil adulador. [653]
Ninguém se conhece tão bem como aquele que mais desconfia de si próprio. [806]
Ninguém se conhece tão bem como conhece algum dos outros homens. [1323]
Ninguém se gaba de ter juízo ou virtude: todos sabem que cada qual presume o mesmo de si, e não o acredita facilmente dos outros. [2185]
Ninguém se queixa tanto dos males da vida humana como aqueles que têm menos motivos de queixar-se: a felicidade os tornou tão suscetíveis e melindrosos, que o menor incômodo, dor ou contradição, os impele a queixumes intermináveis. [331]
Ninguém se rende à morte senão por vencido. [952]
Ninguém se vinga com tanto primor como aquele que, havendo perdoado, se converte em benfeitor. [874]
No banquete da natureza os comensais se sucedem; a morte exclui a uns, a vida chama e admite a outros. [892]
No estudo da Natureza erramos ordinariamente inferindo mais do que ela inculca nos seus fenômenos e produções. [2779]
No grande mercado deste mundo os erros se vendem por verdades, e os vícios se inculcam por virtudes. [1877]
No jogo da vida humana os homens baralham as cartas, mas é Deus que as distribui. [1786]
No jogo e baralho do gênero humano cada pessoa representa a figura de uma carta original, especial e sem igual. [3056]
No laboratório da natureza a vida organiza, a morte pulveriza. [1912]
No laboratório da natureza, a vida e a morte são os dois grandes produtos e instrumentos da sua atividade e operações. [1373]
No quadro da vida humana o que mais se deve admirar e estudar é o claro-escuro do bem e do mal. [2973]
No sistema concreto e material do Universo não há vida sem corpo, nem morte sem a sua desorganização essencial. [2994]
No teatro deste mundo todos os atores e bailes são mascarados. [1766]
No teatro deste mundo, sendo atores em quanto moços, devemos ser espectadores depois de velhos. [1852]
No tempo d'agora ninguém quer ser governado, porque todos aspiram e se crêem hábeis para governar. [452]
No trato da vida humana é mais importante a parcimônia nas palavras que no dinheiro. [72]
Nobre e ilustrada é a ambição que tem por objeto a sabedoria e a virtude. [18]
Nos altos empregos os grandes homens parecem ainda maiores; mas os pequenos figuram de mais diminutos. [1119]
Nos anfiteatros da antiguidade brigavam os animais para divertirem os homens, presentemente nos salões parlamentares rixam os doutores para entreterem os néscios. [2120]
Nos crimes denominados políticos os mais ativos advogados dos réus são os seus próprios cúmplices e auxiliares. [2530]
Nos governos fracos ou mal constituídos, os ambiciosos e anarquistas especulam em insurreições e rebeliões esperançados na impunidade, anistias e cumplicidade de muita gente associada aos seus planos subversivos e revolucionários. [2620]
Nos homens e nações a maior independência pressupõe superior inteligência. [1255]
Nos moços predomina a força centrífuga, mas nos velhos a centrípeta; daqui a mobilidade de uns, a inércia e imobilidade dos outros. [562]
Nos nossos votos aos céus, o artigo que mais nos falta é aquele que menos nos lembra pedir: juízo. [1570]
Nos partidos políticos a calúnia é moeda corrente que circula sem o menor escrúpulo nem reserva. [893]
Nos velhos a ambição de poder e dominação é comparavelmente mais atroz e violenta que nos moços: estes podem esperar, aqueles não querem perder tempo. [1731]
Nunca agradecemos com tanto fervor como quando esperamos um novo favor. [805]
Nunca apreciamos devidamente o trabalho dos outros, mas sempre exageramos o valor do nosso. [582]
Nunca avaliamos melhor os bens da vida, senão quando infelizmente os havemos perdido: somos mais exatos em calcular os nossos males do que em apreciar a nossa própria felicidade. [1204]
Nunca devemos recear-nos tanto de nós mesmos como quando gozamos de maior e mais ampla liberdade. [1170]
Nunca erramos o caminho da felicidade, quando nos guiamos pelo itinerário da virtude. [789]
Nunca esperem os anarquistas chegando ao poder, governar tranqüilamente; os maus exemplos que deram e as más doutrinas que inculcaram reverterão sobre eles e contra eles. [1070]
Nunca falta força a quem sobeja inteligência: a ignorância é sempre fraca e impotente. [1619]
Nunca falta matéria para o nosso estudo: achamos em nós mesmos um mundo inteiro para explorar e ocupar-nos. [1719]
Nunca falta um cão que nos ladre, nem um Zoilo que abocanhe os nossos escritos e nos acuse de plagiários. [1985]
Nunca nos cremos bastantemente ricos, porque sabemos que a riqueza é tão fácil de gastar-se como difícil de adquirir-se. [1051]
Nunca nos esquecemos de nós, ainda quando parecemos que mais nos ocupamos dos outros. [356]
Nunca os louvores que damos são gratuitos; sempre temos em vista alguma retribuição por este sacrifício do nosso amor-próprio. [215]
Nunca os povos são tão mal governados como quando muita gente se encarrega de governá-los. [2771]
Nunca os povos sofrem tanto como quando se fala mais em liberdade e menos em virtude e obediência. [977]
Nunca os sábios se acham mais ocupados como quando parecem mais distraídos e sedentários. [1903]
Nunca perdemos de vista o nosso interesse, ainda mesmo quando nos inculcamos desinteressados. [737]
Nunca pioramos de fortuna quando melhoramos de conduta. [948]
Nunca recorremos a Deus em vão: a sua proteção é misteriosa, mas eficaz e indefectível. [1896]
Nunca se acha tanta ignorância como nas pessoas que presumem saber mais do outro mundo do que deste. [2570]
Nunca se devem desprezar as advertências dos pilotos velhos que por muitos anos freqüentaram a carreira da vida humana. [1216]
Nunca sofremos grátis: as lições da dor e aflição ilustram quase sempre o nosso entendimento ou melhoram a nossa vontade. [1595]
O
O absolutismo bem entendido é o corretivo da liberdade mal compreendida. [2531]
O ambicioso, para ser muito, afeta algumas vezes não valer nada. [426]
O amigo apaixonado é ordinariamente inimigo inexorável. [597]
O amor abranda os heróis como o fogo derrete os metais. [675]
O amor cega a muitos, a fortuna deslumbra a todos. [940]
O amor criou o universo, que pelo amor se perpetua. [706]
O amor da glória, ou ambição de louvor e consideração geral pode ser um sonho para os candidatos, mas é de utilidade geral para o gênero humano. [1205]
O amor da nossa individualidade faz inevitável o terror da morte que a destrói. [1383]
O amor de Deus difere muito do profano; este nos enerva e consome; aquele conforta, esperança, e nos confere uma força, confiança e vitalidade sobrenatural, misteriosa e incompreensível. [2019]
O amor é sempre mais sensual do que a amizade. [354]
O amor extremoso desculpa, quando não louva, os defeitos do objeto amado. [1251]
O amor na mocidade é ocupação, na velhice distração ou alienação. [956]
O amor nos velhos é como o fogo no borralho que em cinzas se entretém. [263]
O amor produz mais heroísmo nas mulheres que a ambição nos homens. [1867]
O amor reparte com a ambição a nossa vida: o primeiro ocupa a mocidade, a segunda a outra parte. [1497]
O amor sexual é a primeira e principal origem de todos os outros amores naturais e sociais. [2142]
O amor, como o menino, começa brincando e acaba chorando. [941]
O amor, como um incêndio, quanto maior é, menos atura. [1458]
O amor-próprio dos poetas e pintores é sobremaneira irritável; não se contentam com um desagravo ordinário, procuram imortalizar a sua vingança própria. [1076]
O amor-próprio é o amigo leal que nunca nos desampara em os nossos maiores infortúnios. [1564]
O anão, quanto mais alto sobe, mais pequeno se afigura. [1245]
O anarquista maldiz de todos os governos de que não partilha as vantagens. [2756]
O aplauso dos tolos e néscios é assuada para os homens graves e ilustrados. [2052]
O arrependimento é ineficaz quando as reincidências são consecutivas. [368]
O arrependimento pressupõe uma pena que receamos ou que já sofremos. [1252]
O arrependimento, se não repara o feito, previne a reincidência. [427]
O ateísmo é talvez uma quimera: nos homens não há suficiente ignorância para poderem ser ateus. [995]
O ateísmo é tão raro quanto é vulgar o politeísmo e a idolatria. [639]
O ateu é como o enjeitado que não conhece a seu pai, é como o animal bruto, comensal no banquete da natureza, que não cuida nem pergunta pelo seu benfeitor. [501]
O avarento é o mais leal e fiel depositário dos bens dos seus herdeiros. [243]
O avarento esconde o seu tesouro para que o não roubem; o sábio oculta o seu cabedal para que o não maltratem pessoalmente. [1253]
O avarento, por um mau cálculo, sofre de presente os males que receia no futuro. [770]
O bafo dos jacobinos polui os tronos e marasma os imperantes. [2094]
O bem e o mal significam dous modos de sentir e existir em nós, gozar e sofrer: ambos têm a sua origem na sensibilidade orgânica do nosso corpo unido à unidade sensível e inteligente da nossa alma. [2774]
O berço e o esquife são os dois extremos opostos da vida humana, neste intervalo se executa o drama misterioso da nossa existência individual. [825]
O bom governante é aquele que melhor sabe conciliar os caracteres diversos e contrários dos homens, como o hábil compositor de música harmoniza os sons discordes e opostos dos instrumentos e vozes. [2073]
O bom legislador distingue e classifica, o mau mistura e confunde tudo. [1518]
O calor nos debates e disputas provém mais do amor-próprio ofendido que do interesse prejudicado. [1849]
O caráter da traição é indelével: quem foi traidor uma vez é traidor por toda a vida. [1790]
O castigo acompanha o delinqüente, e ainda que ronceiro o alcança finalmente. [2589]
O castigo dos maus não prescreve: demora-se algumas vezes, para tornar-se mais grave e tormentoso. [1934]
O castigo, sendo pouco, irrita; sendo muito, amansa. [382]
O cepticismo é um abismo em que se precipitam ordinariamente os homens de maior saber. [1212]
O céu não se retraía em água turva, nem o espírito agitado alcança grandes verdades. [1672]
O choque e recontro das paixões, interesses e opiniões, constituem a vida social e igualmente a individual, tendendo tudo a equilibrar-se sem que se estabeleça jamais um completo equilíbrio. [2926]
O cinismo perde as monarquias, como o luxo arruína as democracias. [955]
O ciúme procede especialmente do reconhecimento da própria inferioridade. [1149]
O conhecimento da verdade nos faria a todos uniformes nas nossas opiniões; são os erros que ocasionam tão espantosa variedade. [1174]
O conhecimento do presente e passado nos é útil: a previsão do futuro nos faria talvez muito infelizes. [2116]
O coração enlutado eclipsa o entendimento e a razão. [573]
O corpo grave e reptil adere à terra, o espírito volátil e subtil demanda os céus. [1477]
O crer é menos incômodo e penoso que o descrer. [1395]
O desejo insaciável de ciência é um argumento entre muitos da imortalidade da alma, e da subseqüência de uma vida futura. [1320]
O desembaraço tem muito próxima afinidade com a sem-vergonha. [369]
O desencanto do mundo, da vida humana e suas ilusões faz parecer extravagantes ou loucos os que assim desenganados e desencantados adotam um plano especial de vida que os outros homens não podem avaliar nem compreender. [2874]
O desengano ou desencanto do mundo contribui mais que tudo para a nossa independência pessoal. [2988]
O desprezo da riqueza provém ordinariamente do desgosto de a não ter, ou incapacidade de alcançá-la. [1104]
O dia descobre a terra, a noite descortina os céus. [1052]
O direito mais legítimo para governar os homens é o de ser mais inteligente que os governados. [28]
O egoísmo é mal sucedido nos seus cálculos e esperanças; não sabe avaliar a resistência que necessariamente deve encontrar, referindo tudo a si, e prescindindo dos interesses dos outros homens. [2133]
O egoísmo nestes tempos figura e representa mascarado em patriotismo. [1103]
O egoísta é aquele que, referindo tudo a si, não sabe avaliar a dependência e relações em que está com os outros homens. [1391]
O engano geral dos homens que mais contribui para os seus males, consiste em tomarem os meios por fins, e os erros por verdades. [1936]
O engenho descobre o que a razão vulgar não alcança. [1144]
O entusiasmo dos povos tem como o fogo de palha muito fulgor, mas pouca duração. [1865]
O erro e ignorância parecem ser elementos obrigados na constituição do gênero humano, este não seria o que é se tudo soubesse e nada ignorasse. [2866]
O espaço que parece limitado aos nossos olhos, é infinito e imenso para o nosso espírito. [1270]
O espírito é o ponto matemático da metafísica. [2640]
O espírito por subtil se evapora, quando o juízo por grave permanece. [1445]
O espírito vive de ficções, como o corpo se nutre de alimentos. [372]
O estudo confere ciência, mas a meditação originalidade. [94]
O estudo da história acumula sobre a experiência individual, a de muitos séculos e milênios. [625]
O exercício de caloteiro é de pouca duração: em breve tempo inutiliza a profissão. [2537]
O exercício ginástico que mais ocupa, diverte e incomoda os homens é o de saltarem •uns sobre os outros, por cima de muitos ou de todos. [1316]
O extraordinário também é natural, ainda que raro ou menos freqüente. [2882]
O Fado ou Destino dos pagãos é a Providência dos cristãos. [2058]
O falso merecimento tem um brilho fosfórico e transiente, o verdadeiro um fulgor solar e permanente. [1957]
O fato ou fenômeno mais assombroso sobre todos é a harmonia do bem e do mal no sistema universal da natureza. [2195]
O favor dos poderosos é muitas vezes mais incomoda do que o seu desagrado. [1399]
O finito e mortal pode só nascer e existir no eterno e infinito. [1925]
O fogo elétrico não será o mesmo fogo ordinário, mas sem mistura de matérias heterogêneas e terrestres que o fazem degenerar da sua subtileza e atividade natural e original?. [2979]
O fraco ofendido atraiçoa, o forte e magnânimo perdoa. [895]
O fraco ofendido desabafa maldizendo. [47]
O fruto de um longo estudo, experiência e reflexão, é a sábia convicção da nossa ignorância ilimitada. [755]
O fruto mais precioso da sabedoria humana é uma perfeita resignação com a vontade de Deus pela convicção íntima e pleníssima da sua onisciência e infinita bondade. [1056]
O furor da novidade destrói o amor e respeito da antiguidade. [1098]
O futuro dá muito que entender aos velhos, o presente ocupa inteiramente os moços. [1728]
O futuro desmente ordinariamente os nossos cálculos, quando se resolve em presente. [1375]
O futuro é como o papel em branco em que podemos escrever e desenhar o que queremos. [969]
O futuro é para muitos homens tímidos ou prudentes como as trevas da noite que figuram espectros, e fantasmas colossais. [1378]
O futuro é um teatro em que a imaginação humana faz executar os dramas de sua invenção. [1368]
O futuro existe em Deus: é uma evolução perene e eterna no espaço e tempo da sua infinita Sabedoria, Poder e Bondade. [2509]
O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos. [817]
O futuro, que atormenta a velhice, deleita a mocidade. [472]
O gênero humano é o que Deus quis que fosse, nem mais nem menos. [2569]
O gênero humano não pode obrar contra a sua natureza, é presentemente o que foi e há de ser no sistema deste mundo, constituídos ambos pela eterna sapiência. [3031]
O gênero humano progride e se adianta em conhecimentos e inteligência como se fora um só homem que durasse, estudasse e aprendesse por muitos séculos e milênios. [1268]
O genuíno heroísmo é o do homem virtuoso, que espera e confia em Deus. [2511]
O governo de muitos é desgoverno para todos. [1412]
O governo dos tolos é sempre mais infesto aos povos que o dos velhacos. [835]
O governo dos tolos é também o dos velhacos, seus assessores e confidentes. [2076]
O grande empenho da inteligência humana deve ser prevenir ou remover o mal, neutralizá-lo ou transformá-lo em bem. [1080]
O grande erro dos políticos modernos consiste em aplicarem indistintamente aos povos em geral as instituições mais liberais sem atenderem à sua especial capacidade moral e intelectual. [2753]
O grito de liberdade nos povos é o precursor ordinário da anarquia. [944]
O homem benéfico é melhor calculista que o malfazente: a beneficência do primeiro se resolve finalmente em seu proveito, como os malefícios do segundo em seu detrimento e ignomínia. [1537]
O homem bom espera mais do que teme, o mau receia mais do que espera. [1426]
O homem calado faz-se suspeitoso •como o embuçado. [1422]
O homem de juízo aproveita, o tolo desaproveita a experiência própria. [272]
O homem de juízo converte a desgraça em ventura, o tolo muda a fortuna em miséria. [522]
O homem de palavra é ordinariamente o que menos fala. [824]
O homem é feito para dominar, e quando não pode exercer a sua soberania sobre os seus semelhantes, tiraniza os animais para ostentar a sua superioridade. [322]
O homem inconstante difere de si próprio a cada instante. [2087]
O homem mais ignorante é talvez o que menos sofre nas vicissitudes das cousas humanas: o pretérito o não aflige, nem o futuro o incomoda. [2503]
O homem mais invejoso é ordinariamente o que menos merece ser invejado, ou que não tem qualidades algumas que provoquem inveja nos outros. [2945]
O homem mais preguiçoso é ordinariamente o mais invejoso. [1601]
O homem mais sábio é necessariamente o mais religioso. [90]
O homem mais sensual é necessariamente o menos livre e independente. [326]
O homem mau não conhece os seus verdadeiros interesses. [768]
O homem mau nunca é geralmente aborrecido por todos, porque necessariamente faz bem a alguns. [700]
O homem não seria criatura moral se não fosse social. [2654]
O homem preenche mal o seu destino, quando não passa do mundo concreto ao abstraio, e das idéias sensuais às noções gerais e universais. [1273]
O homem prudente se humilha pela experiência, como as espigas se curvam por maduras. [668]
O homem que cala e ouve não dissipa o que sabe, e aprende o que ignora. [46]
O homem que freqüentes vezes se inculca por honrado e probo, dá justos motivos de suspeitar-se que não é tal ou tanto como se recomenda. [27]
O homem que não é exalo não tem palavra, nem probidade. [1414]
O homem que não é indulgente com os outros, ainda se não conhece a si próprio. [705]
O homem rico deve considerar-se esmoler e despenseiro da Providência Divina para com os pobres e miseráveis deste mundo. [1872]
O homem silencioso infunde respeito em uns, suspeita e desconfiança em outros. [1931]
O homem, como a flor, desabotoa na sua puerícia e adolescência, ostenta os seus primores na virilidade e madureza, declina envelhecendo, murcha, languesce e morre. [1073]
O hóspede acanhado é um dobrado incômodo para quem o hospeda. [693]
O ignorante se espanta do mesmo que o sábio mais admira. [282]
O império da moda é tão soberano, que a mesma sabedoria se vê forçada a obedecer às suas leis, apesar da instabilidade da sua legislação. [750]
O império mais poderoso e fatal que existe é o das circunstâncias. [551]
O Infinito nos assombra, a Imensidade nos circunda e a Eternidade nos espera! [1793]
O insignificante presume dar-se importância maldizendo de tudo e de todos. [531]
O instinto moral é a razão em botão, a qual se desenvolve com o tempo, experiência e reflexão. [1596]
O instinto nos animais é uma inteligência sem progresso. [1883]
O instinto nos homens enfraquece à medida que a sua razão cresce, vigora e se desenvolve. [1532]
O interesse adota e defende opiniões que a consciência reprova. [560]
O interesse bem entendido é raro, o mal entendido vulgaríssimo. [69]
O interesse de poucos traz enganados a muitos. [2430]
O interesse explica os fenômenos mais difíceis e complicados da vida social. [4]
O interesse filho do amor-próprio, conforme é bem ou mal educado, assim é útil ou danoso a seu próprio pai. [809]
O interesse individual é o primeiro elemento da ordem e harmonia social. [1231]
O interesse sempre transparece no desinteresse que afetamos. [974]
O invejoso é tirano e verdugo de si próprio: ele sofre porque os outros gozam. [226]
O invejoso tem em si próprio o seu algoz, patíbulo e suplício. [1349]
O jardim das verdades tem altas cercas de espinhos. [1512]
O jogo da vida e eventos no gênero humano é tão admirável como misterioso; parecendo fortuito está sujeito às leis de uma ordem maravilhosa, e coordenado de maneira que resulta do seu complexo prêmio à virtude, castigo ao vício e ao crime. [2558]
O jogo das paixões e opiniões humanas é tão variado e complexo, que não deve estranhar-se a diversidade assombrosa de casos e sucessos que ocasiona na vida individual, familiar e social. [2717]
O jogo do gênero humano no teatro deste mundo é muito complicado e de difícil compreensão, mas sujeito às leis da ordem física e moral, que o fazem regular, ainda que pareça fortuito e desordenado. [3046]
O jogo, assim como o fogo, consome em poucas horas o trabalho de muitos anos. [305]
O juízo dos homens é tão vário que uns consideram como verdades o que outros reputam disparates. [1335]
O juízo é simples e uniforme, a loucura variada e multiforme. [1861]
O juízo força a fortuna à obediência, ou escusa os seus serviços. [621]
O juízo por mais vulgar é menos apreciado que o engenho. [648]
O juízo que falta a muitos, a ninguém sobeja. [313]
O lisonjeiro conta sempre com a abonação do nosso amor-próprio. [709]
O lisonjeiro é um mentiroso aprazível e mercenário. [1381]
O louvor acha incrédulos, a maledicência muitos crentes. [1004]
O louvor agrada porque distingue. [211]
O louvor agrada, porque distingue desigualando. [3006]
O louvor facundo distingue menos que a admiração silenciosa. [801]
O louvor não merecido embriaga como o vinho. [529]
O louvor promove o trabalho do corpo e do espírito; é um cordial que alenta e vigora as forças e faculdades de ambos. [1736]
O louvor que mais prezamos é justamente aquele que menos merecemos. [998]
O luxo da nossa imaginação sobreexcede algumas vezes ao da mesma natureza. [1508]
O luxo faz empobrecer a uns, e não deixa enriquecer a outros. [883]
O luxo guarnece os seus devotos do frívolo e supérfluo, e depois os entrega à indigência para os punir com privações. [1385]
O luxo irrita e desagrada a quem o não logra. [579]
O luxo, assim como o fogo, tanto brilha quanto consome. [716]
O luxo, como o fogo, devora tudo e perece de faminto. [67]
O maior lenitivo dos nossos males deve ser a certeza e convicção de que são finitos e transitórios como os bens. [622]
O maior poder provoca ordinariamente o maior abuso. [1293]
O maior sábio da terra fora aquele que melhor conhecesse a extensão da sua ignorância. [1415]
O maior tesouro da vida é a esperança e confiança em Deus. [1868]
O maior trabalho dos que governam é tolerar os importunos. [1326]
O mais ativo gastador é ordinariamente o menos hábil ganhador. [1240]
O mal dá mais ocupação e que fazer aos homens do que o bem. [2463]
O mal é a pedra de toque dos bens, que faz conhecer os seus valores e quilates. [1524]
O mal é muito menos durável e mais limitado que o bem: este é conservador, aquele destruidor. [2920]
O mal é neste mundo o motivo principal da cultura da nossa inteligência, não querendo sofrer procuramos conhecer as causas dos nossos males para os prevenir, remover ou mitigar. [2884]
O mal e o bem não são substâncias distintas, ou entidades reais, porém modos ou maneiras de sentir em nós, agradáveis ou desagradáveis, aprazíveis ou dolorosas, efeitos da nossa organização sensível e impressionável interior e externamente. [1262]
O mal é para o bem como a pedra de toque para o ouro, que faz distinguir e avaliar os seus quilates. [2541]
O mal físico é tão importante no sistema deste mundo, que sem ele o mesmo mundo deixaria de ser o que é, e não sabemos o que seria. [2677]
O mal na natureza não é fim, porém ocasião, meio, instrumento ou veículo para o bem. [1189]
O mal não existe na Natureza como fim, mas como ocasião, meio, instrumento, veículo ou condutor de bens. [2914]
O mal não será a especiaria do bem? [784]
O mal ou bem que fazemos aos outros, reverte sobre nós acrescentado. [834]
O mal sendo suportável vivemos, sendo intolerável morremos. [3022]
O mar flutuante e movediço, a terra firme e estacionária, que contraste no mesmo mundo!. [2894]
O martelo não se gasta menos que a bigorna, nem o opressor sofre menos que o oprimido. [2964]
O martírio pelo céu é santidade, pela terra é sandice ou fatuidade. [1277]
O martirológio político vai sendo muito mais volumoso que o religioso. [2155]
O material é o invólucro do espiritual, o objetivo do intelectual, e finalmente o símbolo e expressão da inteligência. [2773]
O materialismo não pode sugerir grandes idéias aos seus sectários; as obras destes terão sempre ressábios da argila que lhas ditou. [751]
O medo é a arma dos fracos, como a bravura a dos fortes. [292]
O medo e o entusiasmo são contagiosos. [319]
O medo é um dos maiores e mais eficazes elementos de ordem e harmonia sociais. [2170]
O medo exclui ou amortece o amor. [2780]
O medo faz mais tiranos que a ambição. [334]
O medo provém da experiência e da falta dela. [1319]
O meio mais eficaz de vingar-nos de nossos inimigos é fazendo-nos mais justos e virtuosos do que eles. [491]
O melhor governo é aquele que agrada aos bons e que os maus reprovam. [598]
O melhor governo para os bons é o mais justiceiro; para os maus, o que perdoa e não castiga. [1234]
o mentiroso só tem sobre o homem verídico a vantagem da invenção. [715]
O moço a cavalo prefere galopar, o velho andar a passo; assim a natureza caracteriza as idades. [1300]
O moço devasso pode emendar-se, o velho vicioso é incorrigível. [30]
O moço, na primavera da vida, preza sobretudo as flores; o velho, no seu outono, aprecia somente os frutos. [348]
O Monarca deve ser para os seus povos como o sol, que, presente, comunica luz, calor, ação e movimento a quanto existe na esfera do seu lume perenal. [2496]
O motivo ordinário da nossa tristeza é a idéia de algum mal que fizemos ou receamos sofrer. [1408]
O muito juízo é um grande tirano pessoal. [401]
O mundo das verdades e relações é infinito, as suas minas inexauríveis, as descobertas ilimitadas, o espírito humano o seu explorador, descobridor e admirador. [1030]
O mundo e a vida humana contêm incomparavelmente mais mistérios e arcanos para os sábios do que para os ignorantes. [1249]
O mundo é lugar desmesurado para o nosso corpo, porém muito diminuto para o nosso espírito: este viajor infatigável se abstrai e passeia freqüentes vezes na Imensidade do espaço. [2037]
O mundo é para o sábio uma lanterna mágica variando constantemente de vistas e objetos para seu recreio, estudo e admiração. [2416]
O mundo é um mago que nos traz encantados: o desencanto nos fizera talvez menos felizes ou mais desgraçados. [77]
O mundo é um vasto mercado de compra e venda e o artigo mais importante de sua mercancia são os mesmos homens. [930]
O mundo está constituído e organizado no seu todo e partes para ser o que é, e nada mais nem menos. [2830]
O mundo floresce pela vida, e se renova pela morte. [863]
O mundo intelectual deleita a poucos, o material agrada a todos. [1139]
O mundo material e mecânico tem uma relação tão íntima com o sensível e vivente, que por intuição se conhece serem ambos constituídos essencial e necessariamente um para o outro; sem o primeiro o segundo não podia existir, sem este aquele se tornaria caótico, inexplicável e insignificante. [2716]
O mundo material seria o caos sem os viventes que nele existem e se criam, uma recíproca relação em tudo constitui o mundo tal como nos parece e se acha coordenado. [2905]
O mundo pertence especialmente às gerações novas, cheias de seve, energia e força, e não às velhas, que se destroçam em retirada, sem poderem defender a sua possessão. [1476]
O mundo que é sempre novo para os moços, envelhece para os velhos. [1238]
O mundo que nos engana na mocidade nos desengana na velhice. [2909]
O mundo refletido e meditado é mais admirável e admirado. [2476]
O nascimento desiguala, mas a morte iguala a todos. [214]
O nascimento ilustra os nobres, o procedimento os que o não são. [2738]
O negócio dos velhacos é de segredo; conhecido, está perdido. [2010]
O nosso amor-próprio argúi de soberbos aqueles que o não lisonjeiam. [769]
O nosso amor-próprio é a causa e a fonte de todos os amores: amamos somente por amor de nós mesmos. [544]
O nosso amor-próprio é muitas vezes contrário aos nossos interesses. [707]
O nosso amor-próprio é o maior de todos os sofistas, ninguém defende com tanto zelo e facúndia os nossos erros, defeitos e desvarios. [1392]
O nosso amor-próprio é tão exagerado nas suas pretensões, que não admira se quase sempre se acha frustrado nas suas esperanças. [14]
O nosso amor-próprio muito ocupado de si mesmo, parece não suspeitar nem avaliar o dos outros. [1105]
O nosso amor-próprio nos compromete freqüentes vezes persuadindo-nos que sabemos ou podemos muito mais do que realmente é verdade. [1074]
O nosso amor-próprio se exalta mais na solidão: a sociedade o reprime pelas contradições que lhe opõe. [698]
O nosso amor-próprio, como o Proteu da fábula, se transforma por tantos modos que é extremamente difícil distingui-lo em todas as suas metamorfoses. [1035]
O nosso bom, ou mau procedimento, é o nosso melhor amigo, ou pior inimigo. [685]
O nosso corpo é todo articulado para que sejamos flexíveis, e possamos dobrá-lo e curvar-nos, quando seja necessário. [1413]
O nosso corpo que provoca e excita o exercício das faculdades e potências da nossa alma, é também o mesmo que limita a sua expansão progressiva e restringe a inteligência, para que não transcenda os limites que a Divina Sabedoria lhe assinalou em relação à natureza humana, ao mundo que habitamos, e ao sistema do Universo de que fazemos parte. [2864]
O nosso espírito é essencialmente livre, mas o nosso corpo o torna freqüentes vezes escravo. [481]
O nosso espírito esfria e se congela nas companhias que desprezamos. [1355]
O nosso espírito não se retira inteiramente deste mundo, quando deixamos nele o fruto dos nossos estudos, pensamentos e cogitações. [1666]
O nosso orgulho nos eleva para nos precipitar de mais alto. [854]
O nosso pensamento se diviniza quando pensamos na Divindade. [1932]
O objeto de um amor eterno não pode ser outro que o Bem infinito igualmente eterno. [2854]
O ódio e a guerra que declaramos aos outros nos gasta e consome a nós mesmos. [308]
O órgão de que mais abusamos na mocidade é ordinariamente a sede dos nossos males na velhice. [75]
O orgulho do saber é talvez mais odioso que o do poder. [1435]
O orgulho ora se veste de burel, ora de púrpura ou brocado. [1614]
O pai de família é sensível em muitas pessoas: sofre e goza simultaneamente em muitas existências e individualidades. [61]
O pai de família tem muitas vidas; goza e sofre em todas elas. [1237]
O Panteísmo ou infinito Deísmo universal bem entendidos são talvez o ultimatum da mais alta filosofia racional e religiosa. [3065]
O patriotismo é estéril se o amor da glória o não exalta. [1760]
O patriotismo mal entendido é egoísmo ou idiotismo. [1857]
O pedir para quem não tem vergonha é menos penoso que trabalhar. [603]
O pensamento humano, mais subtil e veloz do que a luz, sobe e se eleva mais alto do que as nuvens, e no seu vôo assombroso transcende as barreiras do Universo visível, contempla o Infinito e se expande na Imensidade. [1485]
O perdão conferido aos maus torna cúmplices os que lho deram. [1436]
O perdão dos malfeitores desalenta os benfeitores. [1803]
O peso esmaga sem inteligência, mas a força não opera sem ela. [1003]
O pior mal da escravidão é conservar os cativos na ignorância e bruteza, pela opinião de que são assim mais dóceis, humildes e subordinados. [2907]
O pobre lastima-se de querer e não poder, o avarento se ufana de que pode mas não quer. [605]
O pobre preguiçoso murmura do rico laborioso. [1815]
O poder adicionando aos nossos braços muitos ou inumeráveis outros, nos converte em monstruosos Briareus, e convida à tirania. [640]
O poder é corruptor: os povos quando se tornam soberanos exibem algumas vezes as mesmas paixões, vícios e desvarios dos tiranos. [1597]
O poder repartido por muitos não é eficaz em nenhum. [232]
O poeta figura o abstrato, o filósofo abstrai o concreto. [1684]
O possível para Deus não tem limites: a sua medida é o Infinito. [1893]
O pranto na ventura é como a chuva no verão, raiando o sol. [2028]
O prazer da beneficência nunca termina com o ato, perpetua-se em nós pela memória. [1247]
O prazer da vingança é semelhante a alguns frutos, cuja polpa é doce na superfície, e azeda junto ao caroço. [691]
O prazer do crime passa, o arrependimento sobrevém e o remorso se perpetua. [976]
O prazer é para o néscio como o fogo para a mariposa: com tanta imprudência o procura, que se queima e morre. [1757]
O prazer que mais deleita é o que provém da satisfação de uma necessidade mais incômoda e urgente. [353]
O preguiçoso confia na fortuna, o homem industrioso e probo em Deus, e no seu trabalho. [1404]
O preguiçoso não vê nascer o sol; o homem ativo e laborioso o precede na sua aparição. [1162]
O prestígio do nascimento é de tal natureza, que não se pode comprar, nem vender, trocar ou alienar de modo algum. [1462]
O princípio das democracias não é a virtude, mas o ciúme ou a inveja: desejando cada um ser rei, todos se opõem e não consentem que o haja. [1036]
O princípio de que não pode haver ação nem movimento sem deslocação, é aplicável não somente aos fenômenos materiais, mas também aos políticos e morais. [1506]
O problema da vida, a morte o resolve em pó. [1816]
O pródigo pode ser lastimado, mas o avarento é quase sempre aborrecido. [3]
O progresso dos néscios e velhacos é sempre do mal para o pior e péssimo. [1377]
O progresso e regresso nos povos, como o fluxo e refluxo nos mares, entretém a sua ação e movimento. [1017]
O progresso individual é pouco sensível, o coletivo ou geral da espécie humana é mais distinto e notável. [2757]
O progresso no conhecimento e amor de Deus pelo estudo, exame e fruição das suas obras maravilhosas, é o que se deve entender por ver a Deus objeto sacrossanto de uma eterna felicidade. [2628]
O progresso nos vícios é tão rápido como é lento nas virtudes; o vício é deleitação, a virtude abstinência. [1185]
O que ganhamos em autoridade perdemos em liberdade. [886]
O que há de melhor nos grandes empregos é a perspectiva ou a fachada com que tanta gente se embeleza. [435]
O que há de pior nos vícios é que conduzem ordinariamente aos crimes. [1199]
O que mais esperança e consola os homens no extremo da sua vida, é a doce recordação dos bens que nela fizeram. [1460]
O que mais incomoda e atormenta a espécie humana é querer que os homens e as cousas sejam o que não podem ser, ou deixem de ser o que são por sua essência e natureza. [1733]
O que não tem extensão não pode ter mobilidade, nem localidade; os espíritos são incapazes de movimento e lugar sem os corpos organizados que os habilitam para isso. [2493]
O que o gênero humano sabe é pouco; o que deseja saber, muito; o que há de sempre ignorar, infinito. [1283]
O que os doutos ganham por seus escritos, perdem freqüentes vezes pela sua presença e trato familiar. [2130]
O que os poetas fabularam, os néscios acreditaram. [2462]
O receio dos males futuros atormenta ordinariamente com mais violência e por mais tempo do que os mesmos males realizados. [3035]
O regresso é o efeito necessário de um progresso precipitado ou mal calculado. [1009]
O rei justo vive sem susto, o tirano pouco tempo é soberano. [1565]
O rei que entesoura, ajunta milhões, mas não ganha corações. [1863]
O relógio das paixões nunca regula exatamente. [951]
O remorso é no moral o que a dor é no físico da nossa individualidade: advertência de desordens que se devem reparar. [23]
O retiro para o sábio não é solidão, mas sociedade e correspondência com Deus. [840]
O riso e choro são freqüentes vezes contagiosos. [2445]
O roubo de milhões enobrece os ladrões. [467]
O saber é riqueza, mas de qualidade tal, que a podemos dissipar e desbaratar sem nunca empobrecermos. [250]
O sábio desabafa escrevendo, o néscio maldizendo. [2004]
O sábio descobre ordem e harmonia onde o ignorante só avista desordem e confusão: o primeiro contempla o quadro inteiro, o segundo apenas distingue uma pequena parte. [1621]
O sábio deve calar-se para não ser maltratado, o ignorante para não ser desprezado. [1724]
O sábio é o homem menos terrestre e mais celestial que os outros. [2711]
O sábio é o que mais receia a morte sabendo melhor apreciar a vida e o espetáculo assombroso do Universo, no qual existe como agente, ator, espectador e especial admirador de Deus, seu criador onipotente. [2912]
O sábio é o que se considera mais ignorante entre todos, reconhecendo melhor a extensão ilimitada da sua própria ignorância. [3007]
O sábio e virtuoso estreita cada vez mais a esfera das suas relações sociais a fim de ter menos ocasiões de ofender os outros, ou ser por eles ofendido. [1315]
O sábio em um povo sem ilustração é como a rosa no deserto, onde os insetos a pungem e maltratam não sabendo prezar os seus perfumes, nem admirar a sua beleza majestosa. [1078]
O sábio entra em fila na procissão dos loucos e néscios, com receio de ser multado por ter juízo. [307]
O sábio que não fala nem escreve é pior que o avarento que não despende. [391]
O sábio se compraz em dizer que ignora: o néscio com dificuldade e repugnância o reconhece. [1772]
O sábio vive tão humilhado da sua ilimitada ignorância, como o néscio orgulhoso pela opinião da sua abundosa sapiência. [2428]
O sábio, como a antiga Pitonissa, duvida, estremece e sente violência no emitir os seus oráculos. [1310]
O século da poesia não é ordinariamente o da razão e das verdades, mas o da imaginação, fábulas e ilusões: pode-se unicamente dizer em seu abono que é o precursor da filosofia. [2571]
O sentido do gosto ou paladar é o primeiro que tem exercício, e o último que acaba nas criaturas viventes deste mundo, tão importante é para a sua alimentação e existência. [2975]
O sentimento mais nobre e feliz da natureza humana é sem dúvida o do amor e temor de Deus. [1089]
O ser da criatura vivente é uma fração infinitésima da substância imensa e eterna, da qual se separou interinamente pela vida para ser reintegrada depois pela morte no todo infinito de que saiu e se desgregou. [2845]
O Ser infinito, por isso que não é limitado, compreende tudo necessariamente na esfera da sua imensidade. [2908]
O sexo encarregado de criar e pensar os inocentes é, como devia ser, por instinto e natureza o mais terno, paciente e virtuoso: Deus confiou a inocência da virtude. [1184]
O silêncio ainda que mudo, é freqüentes vezes tão venal como a palavra. [800]
O silêncio dos prudentes é freqüentes vezes sinal de reprovação. [1763]
O silêncio é o melhor rebuço para quem se não quer revelar, ou fazer-se conhecer. [543]
O silêncio é o melhor salvo-conduto da mais crassa ignorância como da sabedoria mais profunda. [64]
O silêncio, com ser mudo, não deixa de ser por vezes um grande impostor. [546]
O sistema de impunidade é também o promotor dos crimes. [2733]
O sol doura a quem o vê, o sábio ilumina a quem o ouve. [793]
O sol doura somente com a sua luz misteriosa os corpos e cousas que lhe estão presentes, tudo o mais fica em sombra ou no escuro sem distinção especial. [3052]
O sono da morte exclui os sonhos e pesadelos da vida. [2444]
O sono melhor da vida a inocência o dorme ou a virtude. [819]
O sono tem por auxiliar o silêncio. [2764]
O sucesso se torna necessário, pressupostos os antecedentes que precederam e determinaram a sua existência na ordem dos eventos deste mundo. [2736]
O suicida marca a hora da sua morte e o limite da sua vida. [2765]
O suicídio pressupõe uma desesperação total. [559]
O sumário da vida feminina são amores na terra e mais nos Céus. [839]
O sumário da vida humana são enganos e desenganos. [510]
O teatro deste mundo é o de maior variedade possível: dramas, cenário, atores e espectadores, tudo varia e se sucede com tanta rapidez e novidade, que para uns é objeto de terror e espanto, e para outros de estudo e admiração. [2020]
O telescópio e microscópio são dois insignes demonstradores da onisciência e onipotência divina. [1563]
O temor da morte é a sentinela da vida. [855]
O temor do mal excita em nós maior atividade que a esperança do bem. [1552]
O tempo é um capital muito importante para quem o sabe administrar e aproveitar convenientemente. [2097]
O tempo nada produz, mas tudo se forma no tempo e com o tempo. [1965]
O tempo não passa para os que trabalham, eles o condensam e incorporam nos produtos da sua indústria. [1747]
O tempo pretérito se torna presente pela memória, e o futuro pela nossa imaginação. [357]
O tempo voa para quem goza, e se arrasta para quem padece. [1482]
O tempo, que não existe, é geralmente o que mais nos atormenta ou nos recreia. [730]
O título mais sublime de que nos devemos gloriar é o de criaturas de Deus: o tipo primitivo do nosso ser foi concebido na mente Divina, somos concepção da sua infinita sabedoria, e temos em Deus a genuína paternidade que nos gerou, e nos faz existir neste mundo que criou para habitação da espécie humana. [2932]
O tolo inutiliza os favores da fortuna, o homem hábil os escusa. [524]
O trabalho como o tempo se materializa e incorpora nos produtos da indústria e inteligência humana. [2047]
O trabalho é amargo, mas os seus frutos são doces e aprazíveis. [347]
O trabalho involuntário ou forçado é quase sempre mal concebido e pior executado. [252]
O trabalho por fazer nos incomoda, o feito nos desabafa. [1407]
O trovão é a voz do Onipotente regando a terra, refrescando o ar, e com o fogo elétrico reanimando os reinos animal e vegetal. [2669]
O universo corresponde a um salão imenso de banquete em que todos os viventes são comensais da Divina Providência. [1420]
O Universo é a manifestação objetiva da infinita sabedoria, poder, bondade, justiça e providência de Deus, seu autor e criador. [2184]
O Universo é um sistema imenso de amores de que Deus é o inventor, fonte, causa, meio e fim. [1464]
O Universo material é animado por Deus como o nosso corpo pela nossa alma. [2833]
O Universo material e moral está de tal maneira impregnado da ação e inspirações da Divindade, que os eventos que parecem mais fortuitos têm a sua origem latente nas disposições predeterminadas daquela infinita sabedoria e providência que vela incessantemente no bem, na ordem e perpetuidade do sistema universal. [1616]
O Universo natural e concreto é obra de Deus, o mundo abstrato criação dos homens e origem dos seus maiores erros. [2163]
O valor mais resoluto é o que procede da desesperação. [349]
O velhaco não pode ser sincero, a sinceridade faria abortar os seus planos. [2649]
O velho achacado é um padecente, que tem longa residência no oratório. [2425]
O velho crê-se feliz em não sofrer, o moço infeliz em não gozar. [502]
O velho de juízo dá ao mundo a sua demissão antes que este o demita. [610]
O velho desencantado pode avaliar-se inutilizado. [2660]
O velho que não tem prudência não se aproveitou da experiência. [1927]
O velho teme o futuro e se abriga no passado. [924]
O verdadeiro sábio é um homem excepcional na família racional da espécie humana. [2759]
O verdadeiro sábio é um paradoxo vivo e ambulante na companhia e sociedade dos homens ordinários e vulgares. [1086]
O vilão exaltado torna-se hirto e enfatuado. [2482]
O zelo do patriotismo, como a luz de um lampião, não se mantém sem provisão. [996]
Observando como as flores estão resumidas em seus botões, e abrindo-se alardeiam a sua expansão e desatam os seus perfumes, admiramos a plenitude daquela Sabedoria divina, que, ainda nas menores cousas, é sempre infinitamente variada e maravilhosamente assombrosa. [1645]
Observa-se em muita gente que melhora de costumes, piorando de saúde ou de fortuna. [1438]
Observa-se na Natureza o grande •empenho de distinguir as individualidades entre si, com especialidade, nos vegetais e animais, que •são discriminados por caracteres privativos que excluem todo o engano e confusão a este respeito. [3060]
Observa-se nos grandes faladores boa memória, pouco saber e muita filáucia ou protérvia. [1846]
Observa-se que os fanáticos de liberdade passam a sua vida em prisões, enxovias, presigangas e trabalhos. [511]
Observa-se que os presumidos liberais são ordinariamente os que menos têm que dar e liberalizar. [1806]
Ocorrem lances de dor e aflição na vida em que nos reconhecemos com mais força e resolução para suportá-los, do que havíamos imaginado antes da sua invasão. [2036]
Ocupados em descobrir os defeitos alheios, esquecemo-nos de investigar os próprios. [571]
Olhos e pensamentos castos vigoram a saúde e prolongam a vida. [1163]
Onde a ciência, virtude e lealdade não têm admiradores, a sociedade é invadida e conquistada pelos néscios, velhacos e traidores. [2481]
Onde a lealdade não está em moda,os traidores se reproduzem como os pólipos. [2696]
Onde o luxo cresce, a probidade afraca e desfalece. [1110]
Onde os homens se persuadem que os governos os devem fazer felizes, e não eles a si próprios, não há governo que os possa contentar nem agradar-lhes. [394]
Onde os traidores e rebeldes são absolvidos, anistiados e ainda premiados, não admira que os Monarcas sejam atraiçoados; a traição em circunstâncias tais é uma especulação lucrativa. [3054]
Onde se não preza a honra se desprezam as honras. [2169]
Onde tudo é ação e reação, é conseqüência infalível a recíproca destruição. [2506]
Ordem maravilhosa com aparências de desordem: eis a solução completa do grande enigma deste mundo. [1881]
Ordem social é limitação de liberdade; desordem, liberdade ilimitada. [267]
Ordem, no vocabulário do egoísmo, significa proveito pessoal; desordem, dano individual. [1503]
Ordinariamente nos fingimos distraídos quando nos não convém parecer atentos. [723]
Ordinariamente o desejo, plano e execução da vingança incomodam e abalam mais os nossos espíritos do que as injúrias e ofensas recebidas. [1075]
Ordinariamente o homem que menos sabe é o que mais fala, como a vasilha menos cheia a que mais chocalha. [1024]
Ordinariamente tratamos com indiferença aquelas pessoas de quem não esperamos bens nem receamos males. [659]
Os abusos e prejuízos nos povos são como as verrugas e lobinhos no corpo humano, ainda que feios, conservam-se por ser a sua extração dolorosa e muitas vezes arriscada. [361]
Os abusos, como os dentes, nunca se arrancam sem dores. [10]
Os achaques da velhice denunciam ordinariamente os vícios da mocidade. [237]
Os achaques da velhice enfraquecem e eclipsam a nossa razão, e nos entregam sem recurso à influência e autoridade dos néscios, visionários e impostores. [2559]
Os acontecimentos políticos humilham e desabonam mais a sabedoria humana, que outros quaisquer eventos deste mundo. [627]
Os aduladores são como as plantas parasitas que abraçam o tronco e ramos de uma árvore para melhor a aproveitar e consumir. [615]
Os afortunados não sabem desculpar os desgraçados. [2525]
Os agentes e instrumentos das sedições e insurreições são ordinariamente os loucos, tolos, famintos e velhacos. [1470]
Os ambiciosos não têm lealdade em opiniões, professam interinamente aquelas que julgam mais eficaces e propícias à sua exaltação. [1499]
Os ambiciosos, como os jogadores, confiam menos na fortuna que na habilidade. [1135]
Os anarquistas aborrecem a ordem que os castiga e os não emprega. [823]
Os anarquistas adulam os povos, como os cavaleiros afagam os cavalos para os montarem sem resistência. [1950]
Os anarquistas e desordeiros falam aos povos em resistência e liberdade; os monarquistas ordeiros em religião, moral, obediência e lealdade. [2839]
Os anarquistas e desordeiros não têm sistema: desordem não pode ser sistematizada. [2065]
Os anarquistas em um tempo são os tiranos em outro, se conseguem governar. [1483]
Os anarquistas mais violentos ou velhacos são nas revoluções os grandes homens dos povos e os seus heróis mais afamados. [1661]
Os anarquistas modernos se servem com vantagem das doutrinas do federalismo para desunir e soberanizar as províncias, desconjuntar os estados e acabar com as monarquias. [2175]
Os anarquistas são como os jogadores infelizes ou inábeis, que, baralhando muito as cartas, ou mudando de baralhos, esperam melhorar de fortuna e condição. [88]
Os anarquistas se envergonham deste nome, e se apelidam republicanos. [1519]
Os anarquistas se erigem em intérpretes dos povos, como os falsos sacerdotes se inculcam órgãos da Divindade. [1109]
Os anarquistas se esvaecem quando acabam as revoluções, como as lagartas perecem com a mudança das estações. [1608]
Os anarquistas se revelam pelos seus discursos, como as cobras cascavéis pelo seu tinido. [2106]
Os anarquistas só prosperam onde o espírito público é também sedicioso. [1186]
Os andaimes nas revoluções compõem-se da pior gente, como nos edifícios da pior madeira. [1721]
Os animais serão mais felizes que os homens neste mundo? Não consta que algum deles se suicidasse, ou tenha atentado contra a própria vida. [3043]
Os animais também gozam, mas não admiram; o homem inteligente goza admirando, e a sua fruição requinta pela ciência e reflexão. [1847]
Os anos mudam as nossas opiniões como alteram a nossa fisionomia. [665]
Os anos que uns perdem pela sua morte prematura, outros acumulam por sua velhice prolongada. [2410]
Os apaixonados do amor acham sem sabor a amizade. [1012]
Os apologistas e defensores da igualdade são os que mais trabalham por desigualar-se. [398]
Os avarentos são penitentes sem devoção, nem merecimento. [1244]
Os benefícios conferidos levam sempre o ônus da gratidão e reconhecimento. [298]
Os benefícios mal empregados se convertem em malefícios. [70]
Os benefícios morosos tornam-se rançosos. [2072]
Os benefícios que recebemos de Deus a cada instante no exercício da vida são tantos, que não podemos distingui-los nem enumerá-los. [1894]
Os benfeitores imprudentes fazem beneficiados ingratos. [794]
Os bens de que gozamos sempre exercem menos a nossa razão do que os males que sofremos. [684]
Os bens que a ambição promete são como os do amor, melhores imaginados que conseguidos. [432]
Os bens que a virtude não dá ou não preserva são de pouca duração. [73]
Os bons conselhos desagradam aos apaixonados como os remédios aos que estão doentes. [568]
Os bons conselhos desprezados são com dor comemorados. [1129]
Os bons escritores moralistas são como os faróis litorais; advertem, dirigem e salvam os navegantes do naufrágio. [931]
Os bons exemplos dos pais são as melhores lições e a melhor herança para os filhos. [411]
Os bons podem não ter amigos, aos maus nunca lhes faltam inimigos. [1929]
Os bons presumem sempre bem dos outros; os maus, pelo contrário, sempre mal: uns e outros dão o que têm. [421]
Os bons tremem quando os maus não temem. [932]
Os brados do interesse sobrepujam muitas vezes as vozes da consciência. [1072]
Os cargos eminentes ilustram ou acreditam, mas não felicitam. [1008]
Os cegos por ambição ainda vêem menos que os cegos por nascimento. [1033]
Os charlatães e os velhacos têm o condão de agradar aos tolos e aos povos: os homens probos e doutos são destituídos daquela impudência e desembaraço, que atraem tanto a sua confiança. [1259]
Os charlatães e pedantes não perdoam o desprezo que merecem. [1819]
Os charlatães políticos prometem muito e cobiçam tudo. [868]
Os conselheiros dos Príncipes devem ter ciência, prudência e consciência. [1694]
Os conselhos dos moços derivam das suas ilusões, os dos velhos dos seus desenganos. [862]
Os cortesãos são como as serpentes, flexíveis mas venenosas. [906]
Os cortesãos vivem sonhando e morrem de pesadelos. [811]
Os cortesões são como os alcatruzes das noras: quando uns sobem, outros descem. [376]
Os crimes fecundam as revoluções, e lhes dão posteridade. [50]
Os cuidados perseguem a vida, não incomodam os mortos. [2911]
Os cúmplices são fáceis e prontos em anistiar os culpados. [816]
Os cumprimentos desta vida se reduzem ordinariamente a parabéns e pêsames, boas vindas e despedidas. [1700]
Os curiosos e apaixonados de novidades devem desejar morrer: que de cousas novas, desconhecidas e portentosas, na outra vida e nos outros mundos!. [2549]
Os desejos se multiplicam na abundância, como a erva nas terras pingues. [908]
Os desenganos não provêm só dos males que sofremos, mas também dos bens de que gozamos. [776]
Os dois sexos não são antagonistas: um é o complemento do outro. [2033]
Os doutos ocupam-se do acessório, o essencial lhes escapa por misterioso e incompreensível. [3005]
Os elogios de maior crédito são os que os nossos próprios inimigos nos tributam. [8]
Os empregos que por intrigas e facções se alcançam, por facções e intrigas se perdem. [757]
Os enigmas e mistérios da Natureza são tantos para os homens que melhor a têm estudado, que por fim humilhados do seu pouco saber se declaram profundamente ignorantes. [2706]
Os erros de uns são lições para outros, estes acertam porque aqueles erraram. [283]
Os erros dos homens se articulam e se reproduzem como os pólipos. [1034]
Os erros dos povos são mais graves e desastrosos que os das pessoas. [1227]
Os erros em Religião provêm da falsa idéia que concebemos de Deus: em política, do conhecimento imperfeito que temos da natureza humana. [2417]
Os erros falecem quando as verdades amadurecem. [2828]
Os erros hão de variar constantemente, as verdades são invariáveis. [3028]
Os escritores anônimos são como os mascarados, audazes por desconhecidos. [1658]
Os escritores e artistas têm, como as plantas, um tempo de florescência e frutificação, passado o qual se tornam estéreis, exaustos e sem novidade atendível. [2686]
Os escritores e jornalistas não são sanguinários; vertem tinta e fel, mas não derramam sangue. [1340]
Os escritos juvenis têm ordinariamente o sabor e adstringência dos frutos verdes. [1905]
Os espíritos ou átomos indivisíveis e imortais preexistem à sua união com os corpos organizados; antes dela não têm consciência da sua existência, nem podem ter o exercício das faculdades sensíveis e intelectuais que os distinguem, e só podem ser provocadas pela ação do mundo externo sobre os órgãos, sentidos e contextura dos corpos a que são unidos. [2704]
Os estrangeiros devem admirar-se da docilidade ou imbecilidade de alguns povos, que sem razão alguma suficiente adotam indiscriminadamente as suas modas, por mais extravagantes ou incomoda que sejam. [2708]
Os extremos se tocam, os abusos por seus excessos se corrigem. [650]
Os faladores não nos devem assustar, eles se revelam: os taciturnos nos incomodam pelo seu silêncio, e sugerem justas suspeitas de que receiam fazer-se conhecer. [487]
Os falsos patriotas, quando galanteiam a Pátria com os nomes de cara e de querida, pretendem seduzi-la ou desfrutá-la. [1219]
Os festejos públicos divertem os moços e dão motivo à reflexão dos velhos. [2534]
Os filósofos vivem disputando e morrem duvidando. [818]
Os fracos arengam, quando os fortes obram e dominam. [56]
Os fracos reclamam tolerância, os fortes a recusam. [1962]
Os gênios mais sublimes são como as exalações celestes, ardendo e iluminando se consomem. [870]
Os governos fracos promovem os maus, preterindo os bons. [3029]
Os governos são tais quais os povos os fazem, os toleram, ou os merecem. [1049]
Os Governos tendem à monarquia, como os corpos gravitam para o centro da terra. [689]
Os governos tornam-se fracos por ignorância, injustiça e despotismo. [1530]
Os grandes e sublimes pensamentos vêm de Deus e se infiltram e refrangem em nossas cabeças e corações. [1019]
Os grandes empregos desacreditam e ridiculizam os pequenos homens. [553]
Os grandes homens avistam e descobrem ao longe a sua glória póstuma: esta previsão os consola da inveja, indiferença, desprezo ou perseguição dos seus concidadãos e contemporâneos. [1942]
Os grandes homens não sabem dissimular as suas opiniões e sentimentos, e os revelam ordinariamente com risco da própria vida e fazenda. [2043]
Os grandes, os ricos e os sábios sorriem-se: os pequenos, os pobres e os néscios dão gargalhadas. [55]
Os homens afetam desinteresse para melhor promoverem os seus interesses. [404]
Os homens costumados a mandar e ser obedecidos tornam-se depois impacientes e furiosos quando são contrariados. [1878]
Os homens crêem tão pouco na autoridade da própria razão, que ordinariamente a justificam com a alegação da dos outros. [881]
Os homens de bem perdem e empobrecem nos mesmos empregos em que os velhacos ganham e se enriquecem. [1740]
Os homens de extraordinários talentos são ordinariamente os de menor juízo. [43]
Os homens de inteligência ordinária não sabem encarecer a própria capacidade sem deprimir a dos outros. [899]
Os homens de juízo e experiência adivinham com freqüência. [2776]
Os homens de juízo, virtude, sabedoria e santidade, são os menos livres, ou os que menos usam e abusam de liberdade. [3086]
Os homens de maior inteligência e juízo são os que mais prezam a vida e temem a morte. [1528]
Os homens de mais juízo são ordinariamente também os de maior silêncio. [3097]
Os homens de medíocre, ordinária ou vulgar capacidade, não perdoam a superioridade de engenho e inteligência nas pessoas que por ela se distinguem. [2989]
Os homens de ordinária capacidade, quando governam, não podem tolerar sem dor o contraste de inteligências transcendentes. [645]
Os homens de ordinário abjuram com facilidade as doutrinas que os elevaram a grandes empregos, quando podem servir de embaraço a ulteriores e mais distintas promoções. [911]
Os homens de ordinário se humilham para se elevarem, como as aves se agacham para melhor voarem. [674]
Os homens de sublime engenho elevam-se como as girândolas de fogo, para luzir, iluminar e consumir-se. [1079]
Os homens de superior inteligência suscitam, coordenam ou modificam as circunstâncias como lhes convém; os de ordinária capacidade sujeitam-se e obedecem às que ocorrem naturalmente. [1164]
Os homens de transcendente engenho e inteligência são ordinariamente menos prezados e admirados pelos seus compatriotas do que pelos estrangeiros e a posteridade; eles antecipam as épocas produzindo obras e escritos que sobreexcedem a compreensão dos seus nacionais ainda não preparados para bem os entender e apreciar. [2927]
Os homens definem e classificam as virtudes, as mulheres as praticam. [891]
Os homens e povos, quando arremedam os outros, de algum modo se desfiguram, tornando-se caricaturas. [2121]
Os homens em geral ganham muito em não serem perfeitamente conhecidos. [251]
Os homens enganam-se com a idéia de um progresso material e intelectual que esperam neste mundo, e que só pode verificar-se em outros e outras vidas. [2681]
Os homens enganam-se miseravelmente quando esperam achar a sua felicidade mais na forma dos seus governos, que na reforma dos seus costumes. [826]
Os homens especulam no tempo de agora em revoluções, como nos fundos públicos. [441]
Os homens geralmente preferem ser enganados com prazer a ser desenganados com dor e desgosto. [246]
Os homens gozam e sofrem como tais: são premiados e castigados segundo o seu bem ou mal fazer no mesmo teatro da sua representação social. [2572]
Os homens hábeis para destruir são inábeis para construir. [2625]
Os homens honrados e leais envergonham-se da sem-vergonha dos traidores e velhacos. [1776]
Os homens insofridos são os vingadores dos pacientes. [1851]
Os homens mais invejosos são ordinariamente os menos invejados. [1348]
Os homens mais obsequiosos em palavras são ordinariamente os menos oficiosos em serviços. [1781]
Os homens mais orgulhosos são geralmente os mais irritáveis e vingativos. [558]
Os homens mais respeitados não são sempre os mais respeitáveis. [42]
Os homens não fazem sacrifícios gratuitos do seu amor-próprio; quando rendem adorações a um homem, exigem que ele se assemelhe de algum modo à Divindade pelas suas perfeições e beneficência. [966]
Os homens não sabem avaliar-se exatamente: cada um é melhor ou pior do que os outros o consideram. [63]
Os homens não se toleram senão porque figuram de tolos freqüentes vezes. [1284]
Os homens não se vendem de graça, o seu amor-próprio lhes marca o preço, mas a concorrência o rebaixa. [1501]
Os homens nos forçam a ser prudentes, e depois nos condenam por medrosos. [1045]
Os homens nos parecerão sempre injustos enquanto o forem as pretensões do nosso amor-próprio. [666]
Os homens nos pareceriam mais justos ou menos injustos, se não exigíssemos deles mais do que podem ou devem dar-nos. [726]
Os homens nunca aborrecem tanto o poder nos outros, como quando o cobiçam mais para si mesmos. [1357]
Os homens ordinários consideram a felicidade sensual como fim, os de superior inteligência como ocasião, meio e instrumento para chegar à moral, intelectual e religiosa. [1065]
Os homens parecem exigir que vivamos sempre para eles: todavia, na velhice é justo que vivamos especialmente para nós. [1944]
Os homens parecem extravagantes por loucos ou muito sábios. [1911]
Os homens pensam mais, as mulheres sentem melhor. [1756]
Os homens podem ser felizes por tantos modos e maneiras, que felizmente é quase impossível definir a felicidade. [1583]
Os homens preferem a tudo a pátria própria: cada passarinho acha bonito o seu ninho. [2068]
Os homens preferem geralmente o engano que os tranqüiliza à incerteza que os incomoda. [829]
Os homens probos são menos capazes de dissimulação do que os velhacos. [483]
Os homens projetam muito e executam pouco: têm mais imaginação e inteligência do que poder. [1949]
Os homens que intrigam e cabalam para governar os povos, quando não são velhacos, pelo menos são tolos ou imprudentes. Muito mal conhece os homens quem aspira a governá-los!. [1260]
Os homens que nada esperam na outra vida, forcejam e trabalham para gozar e possuir tudo na presente. [1536]
Os homens que não se vingam são sempre os mais bem vingados. [1689]
Os homens que sabem muito dependem pouco ou menos do que os outros. [1444]
Os homens que se queixam de falta de liberdade são ordinariamente os que menos a merecem. [2986]
Os homens recomendam e inculcam seus vícios por virtudes: o avarento se diz econômico, e o pródigo liberal. [2145]
Os homens são bons por natureza, nem podiam deixar de sê-lo sendo destinados pelo Criador a viverem em sociedade, a qual só pode subsistir por amores e virtudes. [1839]
Os homens são geralmente tão avaros do seu dinheiro, como pródigos dos seus conselhos. [311]
Os homens são mais ativos na vida ordinária por menos sabedores do que por mais doutos. [1140]
Os homens são mais dignos de lástima que de ódio e desprezo, os seus vícios e crimes provêm mais de ignorância que de malícia e malignidade; com melhor educação, exemplos e cultura, seriam menos maus ou mais virtuosos do que são. [2803]
Os homens são mais vezes maus por ignorância que por malícia ou malignidade. [1598]
Os homens são poucas vezes o que parecem; eles trabalham incessantemente por parecer o que não são. [471]
Os homens são sempre mais verbosos e facundos em queixar-se das injúrias, do que em agradecer os benefícios. [914]
Os homens se disfarçam, como as mulheres se enfeitam, para agradarem ou enganarem. [607]
Os homens sem mérito algum, brochados de insígnias e de ouro, são comparáveis aos maus livros ricamente encadernados. [443]
Os homens seriam menos vingativos se não receassem, perdoando as ofensas, provocar a sua repetição. [1742]
Os homens seriam muito infelizes se Deus anuísse a todos os seus votos e deprecações. [2060]
Os homens suprem com fábulas as verdades que não podem alcançar. [1844]
Os homens taciturnos têm inumeráveis ocasiões de congratular-se do seu silêncio. [1297]
Os homens também têm instintos como os animais, e além disto a razão para os dirigir e regular. [2930]
Os homens têm figurado os Deuses com os mesmos vícios, paixões e defeitos que neles existem: figurando-os com a forma humana julgaram melhor compreendê-los e honrar deste modo a própria espécie nas famílias animais da natureza. [2885]
Os homens têm geralmente saúde quando não a sabem apreciar, e riqueza quando a não podem gozar. [552]
Os homens têm querido dar razão de tudo, para dissimular ou encobrir o seu pouco saber. [733]
Os homens terão chegado ao maior grau de inteligência quando souberem definir exatamente os dous vocábulos monossílabos e abstratos, bem e mal, com todas as relações que neles se compreendem. [3011]
Os homens vivem em um engano e ilusão constantes ocupados na curta esfera deste mundo, que consideram como um todo vastíssimo, não sendo mais que um átomo infinitésimo no sistema imenso da criação; dando-se uma importância ridícula e a tudo o que lhes pertence, parecem desconhecer que as doenças e a morte denunciam a sua miséria e ignorância, e que toda a sua grandeza e glória terrestre se reduzem em breves instantes a pouca cinza e pó. [2799]
Os homens vivem pelo seu pouco saber; a sua inteligência é proporcionada à organização material dos seus corpos: uma ciência muito superior às suas forças orgânicas os faria enfermar, enlouquecer e morrer. [3002]
Os homens, como os frutos, apodrecem quando estão maduros. [1558]
Os homens, como os polígonos, têm geralmente muitos ângulos, faces ou lados. [1493]
Os homens, dizendo em certos casos que vão falar com franqueza, parecem dar a entender que o fazem por exceção de regra. [1471]
Os homens, em todos os tempos, sobre o que não compreenderam, fabularam. [563]
Os ignorantes e os povos são os mais tenazes e violentos defensores dos seus próprios erros e preocupações. [1590]
Os ignorantes exageram sempre mais que os inteligentes. [580]
Os ignorantes invejam aos doutos a sua ciência, e estes aos néscios a sua cômoda ignorância e fácil credulidade. [1168]
Os ignorantes se contentam com possuir o mundo material, sem invejarem as descobertas e conquistas que os sábios fazem no mundo intelectual. [1366]
Os ignorantes se dariam parabéns da sua ignorância se pudessem descobrir o turbilhão de dúvidas, questões, arcanos e mistérios que torturam e agitam as cabeças dos homens doutos e sábios deste mundo. [1837]
Os ignorantes, porque não conhecem o poder e importância das relações sociais, são mais egoístas que os inteligentes. [1455]
Os importunos roubam-nos o tempo, e nos consomem a paciência. [1325]
Os importunos são como as moscas que, enxotadas, revertem logo. [861]
Os imprudentes e estouvados ofendem a muita gente, sem intenção nem propósito de ofender a pessoa alguma. [1342]
Os ineptos se elevam sobre os hábeis como as substâncias leves sobre as mais graves. [341]
Os ingratos e traidores são também maus pagadores. [1924]
Os ingratos pensam minorar ou justificar a sua ingratidão, memorando com freqüência os vícios e defeitos dos seus benfeitores. [228]
Os ingratos são maus amigos e piores inimigos. [3051]
Os ingratos se esquecem dos benefícios, mas Deus se lembra dos benfeitores. [1673]
Os ingratos tornam-se por acesso inimigos dos seus benfeitores. [1094]
Os insignificantes exaltados tornam-se enfatuados. [2698]
Os insignificantes são como os mascarados, audazes por desconhecidos. [11]
Os instintos da sociabilidade podem mais que as instituições humanas, e corrigem muitas vezes a sua incongruência ou malignidade. [2610]
Os instintos nos animais, a razão, engenho e os talentos nos homens são inspirações e revelações da Divindade. [1582]
Os intrigantes persuadem-se que a intriga inculca talentos e capacidade; a experiência os desmente: anuncia ignorância e improbidade. [1707]
Os legados de engenho e sabedoria deixados ao gênero humano são os mais seguros monumentos para perpetuar a nossa memória e renome nos séculos futuros. [2179]
Os lisonjeiros desprezam e aborrecem interiormente aqueles mesmos a quem mais louvam e divinizam externamente. [2607]
Os loucos iludem e desorientam OB prudentes: estes não podem prever, calcular nem prevenir os erros, contradições e disparates da loucura. [1938]
Os loucos, tolos e néscios têm a vantagem de não sofrerem os males antes que cheguem: os homens prudentes e de juízo os padecem antecipadamente pela sua previdência e reflexão. [2059]
Os louvores comprados são como tais avaliados. [2100]
Os louvores extorquidos são brevemente desmentidos. [1889]
Os louvores que damos são amigos que granjeamos. [1441]
Os louvores que nos dão os nossos inimigos podem ser diminutos, mas nunca são exagerados. [652]
Os maiores detratores dos governos são aqueles que pretendem governar. [807]
Os maiores lisonjeiros são também ordinariamente os piores maldizentes. [1179]
Os maiores loucos não são os que os homens geralmente denominam tais, porém os que talvez respeitam e admiram muito. [3034]
Os maiores velhacos são os que geralmente se inculcam por melhores patriotas. [257]
Os mais arrojados em falar são ordinariamente os menos profundos em saber. [60]
Os mais sábios legisladores são aqueles que melhor sabem travar este mundo com o outro, a vida presente com a futura. [1347]
Os maldizentes serão malditos, como os bendizentes benditos. [2568]
Os maldizentes, como os mentirosos, acabam por não merecerem crédito ainda mesmo dizendo verdades. [5]
Os males como os bens têm um limite necessário na natureza humana, o que não devemos esquecer quando sofremos ou gozamos. [2850]
Os males da Natureza são muito poucos, comparativamente aos de invenção e apreensão dos homens. [2860]
Os males da velhice podem ser considerados como expiações da vida presente no seu trânsito para a futura. [2545]
Os males da vida que fazem melhorar os bons, tornam piores os malvados. [1509]
Os males da vida são os nossos melhores preceptores, os bens os nossos maiores aduladores. [803]
Os males da vida são os que nos unem em sociedade, sem eles seríamos insociáveis. [2492]
Os males das províncias têm ordinariamente a sua origem na insânia e desvarios do sensorium das capitais. [2056]
Os males de algumas nações procedem da forma dos seus governos, especialmente depois que publicistas filósofos e utopistas se encarregaram de fabricar-lhes constituições. [2583]
Os males nos moços passam irrefletidos, nos velhos são ponderados e ruminados com toda a intensidade da sua amargura. [3050]
Os males são os melhores preceptores dos homens. Um bom príncipe não consegue regenerar um povo corrompido, imoral e anarquizado, são os tiranos os que produzem tais prodígios e maravilhas. [3017]
Os malvados são também inclusivamente loucos. [2016]
Os maus contra a sua intenção trabalham freqüentes vezes em proveito e benefício dos bons. [1812]
Os maus e viciosos são algozes de si próprios. [2447]
Os maus exemplos e más doutrinas revertem ordinariamente em dano daqueles que os deram e as inculcaram, e dos povos que as aprovaram ou toleraram. [2608]
Os maus não podem viver em solidão: têm medo e horror de si próprios. [316]
Os maus não querem liberdade para se fazerem bons, mas para se tornarem piores. [1013]
Os maus não são exaltados para serem felizes, mas para que caiam de mais alto e sejam esmagados. [808]
Os maus não têm longa duração: o mal é neles um elemento de indefectível destruição. [2634]
Os maus nas suas desgraças procuram os bons e virtuosos, como nas trovoadas se recorre às imagens dos Santos. [434]
Os maus procuram alcançar por assalto e violência os bens que os bons esperam conseguir pelo trabalho, inteligência e virtudes. [1805]
Os maus queixam-sei de todos, os bons de poucos, os melhores de ninguém ou de si próprios. [795]
Os maus são bons algumas vezes por distração. [1580]
Os maus se associam com mais freqüência que os bons; reconhecem a sua fraqueza moral na opinião da maioria humana. [1288]
Os maus sofrem uma reação necessária dos ofendidos, e da sociedade que se ressente corporal e moralmente das lesões e ofensas dos seus membros. [1737]
Os maus têm a imprudência de se acusarem reciprocamente, para cautela, resguardo e apercebimento dos bons. [2173]
Os maus, intrigantes e velhacos parecem desconhecer que a linha reta é a única mais breve entre dois pontos. [1077]
Os melhoramentos materiais não precedem, acompanham os morais e intelectuais: a inteligência dispõe e coordena a matéria. [1792]
Os meninos sobejam onde estão, e faltam onde não se acham. [2401]
Os moços apaixonam-se pelo bonito e lindo, os homens experientes e maduros pelo belo. [1294]
Os moços de juízo honram-se de parecer velhos, mas os velhos sem juízo procuram figurar de moços. [827]
Os moços devem ser julgados com indulgência e equidade, os velhos com rigor e severidade. [1834]
Os moços gostam dos velhos que se parecem com eles em leviandade, imprudência e estouvamento: com tal autoridade e exemplos se julgam justificados. [2046]
Os moços não são nem podem ser sábios: não têm suficiente ciência, experiência, virtude e amor de Deus, para serem qualificados tais. [2891]
Os moços podem diferir e disputar, os velhos devem conferir e concordar. [1679]
Os moços presumem muito porque sabem pouco. [2840]
Os moços são tão solícitos sobre o seu vestuário, quanto os velhos são negligentes: aqueles atendem mais à moda e à elegância, estes à sua comodidade. [390]
Os moços se comprazem no prospecto do futuro, os velhos no retrospecto do passado. [240]
Os moços têm amenidade porque gozam, os velhos causticidade porque padecem. [1236]
Os moços têm os sentidos agudos,convém-lhes adquirir idéias; os velhos os têm obtusos, deviam já tê-las adquirido. [2639]
Os moços têm suficiente força material para destruírem, mas insuficiente perícia intelectual para construírem. [2160]
Os modernos progressistas são apoucados na sua doutrina do progresso quando o limitam a esta vida mortal, e a este mundo de argila; deveriam ampliá-lo à duração eterna dos nossos espíritos suscetíveis de uma acumulação progressiva e indefinida de conhecimentos, idéias e noções sem termo nem limites e por toda a eternidade. [1611]
Os mortos nos instruem e desenganam nas livrarias e cemitérios. [832]
Os mundos como os homens são também mortais. [2778]
Os mundos e sistemas solares concebidos na Divina Mente, e realizados pela onipotência do Ser Supremo, têm, como as sementes vegetais e os ovos animais, um desenvolvimento lento, mas progressivo e variado, até chegarem por muitos e inumeráveis milênios a aquele grau de madureza e plenitude, em que dissolvendo-se se resolvem nas substâncias elementares de que foram formados, e que servirão de materiais para novas formações, futuros mundos, e sistemas solares. [2941]
Os mundos se movem no oceano imenso do éter como as baleias navegam nos vastos mares da terra. [1669]
Os mundos também perecem como tudo o que neles se compreende, o universo se renova como cada uma das suas partes integrantes, a sabedoria de Deus sendo infinita tem de exercer-se com variedade e novidade por toda a eternidade. [2900]
Os mundos também são sexuais: o sol fecunda a terra, e a faz produtiva e populosa. [1439]
Os néscios poderosos armam os seus inimigos e desarmam os seus amigos. [1826]
Os néscios tudo acreditam porque de nada duvidam, os inteligentes são refratários, exigem razão de tudo. [2497]
Os neutrais entre dois partidos são geralmente maltratados como censores e antagonistas de ambos. [484]
Os nossos corpos variam com os anos, moléstias e idades: a identidade do nosso ser existe somente nessa unidade misteriosa a que chamamos alma. [2951]
Os nossos desejos e esperanças murcham e caem geralmente como as flores, sem vingarem frutos. [1974]
Os nossos inimigos contribuem mais do que se pensa para o nosso aperfeiçoamento moral. Eles são os historiadores dos nossos erros, vícios e imperfeições.. [785]
Os nossos maiores inimigos existem dentro de nós mesmos: são os nossos erros, vícios e paixões. [449]
Os objetos de fruição são tantos e tão variados, que os homens podem ser felizes por inumeráveis modos. [3076]
Os olhos atraiçoam muitas vezes â nossa alma descobrindo os seus mais recônditos sentimentos, afeições e aversões. [2887]
Os patriotas dizem em voz alta que é doce morrer pela pátria, mas em segredo reconhecem que é mais doce viver para ela e à custa dela. [535]
Os pequenos ambiciosos fracionam e trincham os estados para haverem o seu quinhão; os grandes cobiçam-nos inteiros: os primeiros são anarquistas e federalistas; os segundos, conquistadores. [1876]
Os pequenos homens se ocupam, se ufanam e se agastam de pequenas cousas. [1059]
Os piores revolucionários são os que se abrigam com o manto da monarquia. [2626]
Os pobres se divertem com pouco dinheiro, os ricos se enojam com muita despesa. [212]
Os pobres taxam a esmola quando pedem por empréstimo. [664]
Os poderosos da terra não podem tolerar a verdade sem o condimento e especiaria da lisonja. [2049]
Os poetas e oradores são também pintores: aqueles pintam com palavras, estes com tintas e cores. [3023]
Os poetas fabulando e figurando o abstraio, têm feito maior mal à espécie humana, do que os filósofos abstraindo e teorizando. [2452]
Os poetas têm feito maior mal à espécie humana com as suas fábulas e ficções do que os filósofos com as suas teorias e abstrações. [2849]
Os povos desencantados tornam-se insubordinados. [828]
Os povos desenganam-se como as pessoas: sofrendo, perdendo e pagando. [922]
Os povos devem ser governados como quantidades concretas e não entidades abstratas. [1916]
Os povos e nações são respeitáveis ou terríveis, menos pelas unidades e parcelas de que se compõem, que pela soma total de todas elas. [1469]
Os povos em revolução exigem que se lhes rendam graças pelos seus próprios crimes e desatinos. [865]
Os povos exigem tanto dos seus validos, que estes em breve tempo se enfadam e os atraiçoam. [936]
Os povos gostam de mudar de governos, como os escravos de senhores. [1566]
Os povos mais livres são geralmente os mais ingratos. [1246]
Os povos menos ilustrados crêem com tanta facilidade nas promessas dos charlatães, como nos milagres das imagens. [1221]
Os povos morgados-da-natureza são como os das famílias ordinariamente tolos, ignorantes e vaidosos. [1954]
Os povos não sabem amar nem aborrecer, e muito menos agradecer. [2089]
Os povos não se contentam com o natural, querem o maravilhoso e nunca falta quem os engane inculcando por tal o que existe e se compreende na ordem universal da Natureza. [2557]
Os povos são felizes quando os moços obram e executam em conformidade dos conselhos ou mandatos dos mais velhos. [1173]
Os povos são por vezes traídos por seus delegados como as viúvas, órfãos e ausentes pelos seus procuradores. [1594]
Os povos têm sido incomodados em todos os tempos com certos termos abstratos e princípios gerais que, entendidos segundo as suas paixões e curta inteligência, lhes têm ocasionado graves males e terríveis calamidades. [1642]
Os povos, como as abelhas, trabalham para si e para os seus zangões. [433]
Os povos, como as pessoas, não padecem por inocentes. [987]
Os povos, como as pessoas, variam de opiniões e gostos, e na sua inconstância passam freqüentes vezes de um a outro extremo. [632]
Os prazeres como as dores também gastam a vida, aqueles com mais celeridade pela sua freqüência e atrativo. [979]
Os prazeres ilícitos, ainda que doces na sua fruição, deixam por fim um travo adstringente e amargoso que nunca mais se dissipa. [1134]
Os prazeres, como as rosas, estão bordados de espinhos; colhê-los sem ferir-se é o requinte da prudência e habilidade humana. [587]
Os preceptores dos homens não querendo dar-se ao trabalho de os fazer bons pela razão, julgaram mais cômodo fazê-los tais pelo terror, ameaças e castigos. [2809]
Os preceptores dos Príncipes são os seus primeiros aduladores. [397]
Os preguiçosos mostram-se algumas vezes muito diligentes para evitar a nota de indolentes. [1309]
Os princípios liberais lavram e operam em certas circunstâncias e nações, como o fogo, devorando e consumindo. [637]
Os pródigos desbaratando o seu, roubam depois o alheio. [2515]
Os pródigos e dissipadores do seu e alheio censuram de tacanhos, insociáveis e apoucados os prudentes, econômicos e poupados. [3016]
Os publicistas modernos ensaiam constituições nos povos, como as meninas enfeites e vestidos nas suas bonecas. [2177]
Os que anarquizam por ambição do poder turvam a água que pretendem beber. [879]
Os que aspiram à tirania e dominação dos povos, são os que ordinariamente mais afetam pugnar por seus direitos e interesses. [1169]
Os que asseveram que os maus são ou podem ser felizes, não têm noções claras da genuína felicidade. [437]
Os que blasonam de não ceder nem vergar são como as estátuas de pedra ou bronze, que, por materiais e inanimadas, não se curvam nem se dobram. [2038]
Os que falam em matérias que não entendem, parecem fazer gala da sua própria ignorância. [566]
Os que governam preferem o engano que os deleita à verdade que os incomoda. [291]
Os que mais ambicionam os altos empregos são ordinariamente os que menos os merecem. [2024]
Os que mais blasonam de honra e probidade, são como os poltrões que se inculcam de valentes. [62]
Os que mais possuem não são os que melhor digerem. [773]
Os que mais se queixam são ordinariamente os que menos sofrem. [1241]
Os que melhor dissertam sobre a virtude não são ordinariamente os mais virtuosos. [2560]
Os que menos sabem governar-se são ordinariamente os que mais ambicionam governar os povos. [2045]
Os que não sabem aproveitar o tempo, dissipam o seu, e fazem perder o alheio. [860]
Os que não sabem ser felizes governados, menos o podem ser governando. [1830]
Os que procuram igualar têm por fim desigualar-se. [2449]
Os que prometem fazer felizes os povos são ordinariamente os que pretendem sê-lo à custa deles. [1784]
Os que reclamam para si maior liberdade são os que ordinariamente menos a toleram e permitem nos outros. [255]
Os que sabem avaliar as faculdades dos benfeitores pedem muito ou tudo a Deus» e pouco ou nada aos homens. [1915]
Os que se crêem muito espertos descuidam-se, e são enganados muitas vezes pelos tolos. [1050]
Os que se não prestam a ser lisonjeiros por interesse ou dependência, muitas vezes o são por cortesia e civilidade. [557]
Os que tiram maior proveito dos empregos são os que ordinariamente mais se queixam do trabalho, cuidados e responsabilidade a que eles obrigam e sujeitam: exageram os seus incômodos para que se não cobicem as suas vantagens. [1313]
Os queixosos da vida são amantes arrufados. [1703]
Os Reis devem aparecer aos povos como o sol no horizonte com toda a pompa e gala de sua luz e cores, dourando e branqueando as mesmas nuvens e vapores que procuram eclipsá-lo. [1729]
Os ricos afetam de pobres para não serem importunados, os pobres de abastados para alcançarem crédito e confiança. [2135]
Os ricos e poderosos devem ser para os pequenos e pobres, como as montanhas e serras que dão abrigo aos vales, e os fertilizam com as águas e terra pingue que lhes enviam na sua opulência majestosa. [1480]
Os rouxinóis emudecem quando os jumentos ornejam. [2181]
Os sábios desempregados são melhor aproveitados. [596]
Os sábios duvidam mais que os ignorantes; daqui provêm a filáucia destes e a modéstia daqueles. [402]
Os sábios e os cometas são admirados por excêntricos. [1640]
Os sábios enganam-se pensando que são compreendidos por todos, os ignorantes presumindo que todos ignoram o que eles sabem. [1113]
Os sábios falam pouco e dizem muito, generalizando e abstraindo resumem tudo. [821]
Os sábios falam pouco, porque pensam e meditam muito. [1533]
Os sábios não brilham por modestos, falta-lhes a protérvia dos charlatães. [2794]
Os sábios não dizem tudo, nem o melhor que sabem: receiam com razão não serem compreendidos, mas perseguidos. [1344]
Os sábios recusam o poder, os loucos o cobiçam. [2075]
Os sábios respeitados por seus escritos são algumas vezes desprezíveis por suas ações. [40]
Os sábios são loucos de uma superior jerarquia intelectual, ordinariamente insociáveis pelo desprezo ou negligência das fórmulas cerimoniosas, que a civilidade tem estabelecido entre os homens em sociedade. [2535]
Os sábios são sintéticos, descobrem um universo guarnecido de inumeráveis mundos, um sistema geral compreendendo infinitos sistemas parciais, finalmente um Ser ou unidade de natureza eterna e incompreensível, animando, vivificando e racionalizando este todo portentoso com a sua existência, presença e assombrosa sabedoria. [2807]
Os sábios seriam os maiores revolucionários se o amor da ordem, a prudência e circunspeção não fossem qualidades inseparáveis da sabedoria humana. [3039]
Os sábios têm uma especial satisfação em se verem desabafados dos terrores fabulosos de que os ignorantes vivem atormentados dia e noite por falta de ciência e reflexão, e pela má educação que receberam na sua puerícia e adolescência. [3040]
Os sábios tornam-se incomunicáveis não podendo dizer verdades nem contradizer disparates. [2402]
Os sábios tornam-se insociáveis não por mau humor, mas por bondade e prudência; não querem ofender disputando em companhias com homens pouco inteligentes ou ignorantes que presumem saber muito e não os podem compreender. [2956]
Os sábios vivem ordinariamente solitários: receiam-se dos velhacos, e não podem tolerar os tolos. [864]
Os sentimentos religiosos de admiração, amor e gratidão para com Deus nos conferem neste mundo uma prelibação da bem-aventurança eterna. [912]
Os soberbos não louvam, os humildes não censuram. [1677]
Os soberbos são ordinariamente ingratos; consideram os benefícios como tributos que se lhes devem. [13]
Os soberbos, como os cegos, trazem sempre as cabeças hirtas e levantadas. [1226]
Os sonhos, com o nome especioso de visões e revelações, têm contribuído muitas vezes para iludir e enredar os homens nas suas opiniões e crenças religiosas. [2760]
Os templos provam mais a racionalidade dos homens do que os teatros e palácios. [281]
Os tiranos não seriam tais se os povos o não merecessem. [2812]
Os tiranos são criaturas dos mesmos povos, quando estes os merecem. [95]
Os tolos admiram os loucos e obedecem aos velhacos. [1774]
Os tolos antecedem os velhacos, estes não podem existir nem subsistir sem aqueles. [1562]
Os tolos contentam-se com pouco, os velhacos nem com muito: querem tudo. [997]
Os tolos e néscios são animais gregários; eles se associam porque se não estranham. [1157]
Os tolos e néscios servem de escadas para os velhacos subirem e os oprimirem. [2147]
Os tolos exultam e agradecem, como benefícios, os males e danos que se lhes faz sofrer. [1557]
Os tolos nos incomodam, os velhacos nos prejudicam. [2099]
Os tolos são muitas vezes promovidos a grandes empregos em utilidade e proveito dos velhacos, que melhor os sabem desfrutar. [343]
Os trabalhos da vida afiam uns engenhos e embotam outros. [2837]
Os traidores na monarquia não são mais fiéis na democracia. [1130]
Os traidores se associam, mas não se amam nem se confiam. [2603]
Os tributos mais gravosos são os que a vaidade e a moda nos impõem. [2070]
Os tufões levantam aos ares os corpos leves e insignificantes, e prostram em terra os graves e volumosos: as revoluções políticas produzem algumas vezes os mesmos efeitos. [37]
Os utopistas modernos parecem persuadidos de que a natureza humana é de arbítrio pessoal e não de necessidade irresistível e impessoal. [1175]
Os velhacos açulam os loucos, os tolos aplaudem a todos. [2023]
Os velhacos algumas vezes tomam o caráter de homens de bem, mas o disfarce é tão incomoda e violento que não dura muito tempo. [1151]
Os velhacos ambiciosos se associam com toda a casta de gente, até com os seus próprios inimigos, se nisso esperam vantagem. [1898]
Os velhacos nada receiam tanto como parecerem transparentes: a opacidade lhes convém mais que tudo e sobre tudo. [1823]
Os velhacos não desenganam os tolos para não perderem o seu patrimônio. [2003]
Os velhacos não perdoam de bom grado nos outros homens a habilidade de os adivinhar, conhecer e compreender. [1495]
Os velhacos necessitam de mais talentos que os homens probos. [1223]
Os velhacos prosperam por algum tempo para que a sua derrota seja mais sensível e tormentosa. [3096]
Os velhacos pugnam muito por seus direitos, mas prescindem dos seus deveres. [1338]
Os velhacos são maus calculistas, deixam a estrada geral e se perdem nos atalhos. [2432]
Os velhacos são maus calculistas: professam uma ocupação que se esteriliza pelo seu mesmo exercício e publicidade. [2129]
Os velhacos são tais por ignorantes: desconhecem que a melhor política é a probidade, e o meio mais eficaz e seguro de ser felizes, a virtude. [631]
Os velhacos se associam, mas não se amam. [798]
Os velhacos talentosos são sempre os mais perigosos. [1651]
Os velhacos têm de ordinário mais talentos, porém menos juízo do que os homens probos. [274]
Os velhacos têm por admiradores todos os tolos, cujo número é infinito. [646]
Os velhos caluniam o tempo presente atribuindo-lhe os males que padecem, conseqüências do passado. [602]
Os velhos dão ordinariamente bons conselhos para se remirem de haver dado maus exemplos. [842]
Os velhos de caráter firme e saber profundo só se rendem e são vencidos pela morte. [2533]
Os velhos de juízo freqüentam mais SLS igrejas, que os palácios e teatros. [3027]
Os velhos devem supor-se mortos antes de morrer para assim alcançarem mais longa vida. [1038]
Os velhos e sábios receiam mais a morte que os néscios e moços, conhecem e sabem apreciar melhor o valor e dom da existência e da vida humana. [3032]
Os velhos erram muitas vezes por demasiadamente prudentes, os moços quase sempre por temerários. [41]
Os velhos importunam aos circunstantes com os seus achaques, como os litigantes com as suas demandas. [498]
Os velhos impugnam as modas recentes, e defendem as antigas. [1371]
Os velhos invejam a saúde e vigor dos moços, estes não invejam o juízo e a prudência dos velhos: uns conhecem o que perderam, os outros desconhecem o que lhes falta. [878]
Os velhos não devem pretender poder e mando sobre os outros homens, mas demonstrar que o alcançaram sobre si próprios. [2500]
Os velhos pelos seus achaques ocupam-se tanto de si mesmos, que não lhes resta tempo para cuidarem dos interesses alheios, ou gerais. [1452]
Os velhos porque padecem, acreditam que tudo piora e degenera. [1090]
Os velhos prezam ordinariamente os mortos e desprezam os vivos. [490]
Os velhos que condenam a mocidade fazem o processo de si próprios. [3058]
Os velhos que se mostram muito saudosos da sua mocidade não dão uma idéia vantajosa da madureza e progresso da sua inteligência. [475]
Os velhos que seguem as modas, presumem remoçar com elas. [937]
Os velhos riem-se da vaidade e fatuidade dos moços, parecendo esquecer-se de que foram tais. [3057]
Os velhos ruminam o pretérito, os moços antecipam e devoram o futuro. [48]
Os velhos são injustos com os moços quando exigem deles qualidades morais que a idade, estudo e uma longa experiência podem somente conferir-lhes. [2136]
Os velhos são melhores panegiristas dos finados que dos vivos. [599]
Os velhos são muito ciosos em amor, porque se receiam da concorrência. [872]
Os velhos são ordinariamente mais egoístas e menos filantropos que os moços. [1365]
Os velhos são tenazes no seu propósito, não têm a inconstância nem a leviandade da gente moça. [2811]
Os velhos se deleitam e se entretêm com o tempo e o mundo que já passou. [1195]
Os velhos se mostram menos sociáveis e conviventes à medida que a felicidade sensual se torna mais diminuta, incomoda ou penosa para eles. [3012]
Os velhos se ocupam muito da morte, como os viajantes em vésperas de viagem dos seus arranjos relativos. [1047]
Os velhos tornam-se nulos e inúteis à força de prudência e circunspeção. [242]
Os velhos, condenando as travessuras dos moços, censuram a história da sua pretérita mocidade. [1282]
Os velhos, sendo prudentes, são acusados de indiferentes. [1345]
Os vícios antecipam a velhice, as virtudes a retardam. [2415]
Os vícios convivem com os crimes e lhes fazem companhia. [2600]
Os vícios dão mais ocupação aos homens do que as virtudes: estas têm poucas necessidades, aqueles inumeráveis. [1589]
Os vícios dos grandes promovem e de algum modo justificam os crimes dos pequenos. [1364]
Os vícios e crimes andam sempre em companhia. [2795]
Os vícios e paixões de uns homens são os elementos da ventura de outros. [729]
Os vícios inveterados nunca mais são extirpados. [2612]
Os vícios nos velhos são inimigos acastelados que a morte pode somente expugnar. [29]
Os vícios são tão feios que, ainda enfeitados, não podem inteiramente dissimular a sua fealdade. [949]
Os viciosos amam os seus inimigos, amando os seus próprios vícios. [1154]
Os viciosos investem e maltratam os virtuosos; estes os lastimam antevendo o seu opróbrio e punição. [2813]
Os viciosos sujeitos ao jugo de ferro dos seus vícios, são os que ordinariamente mais se queixam do despotismo dos que governam. [2473]
Os vivos se reconciliam facilmente com os que morrem, pela razão de que estes deixam de ser desde logo seus concorrentes e lançadores nos bens da vida humana. [1055]
Os vocábulos de mais difícil definição são os monossílabos: bem e mal. [2714]
Os votos dos homens, sendo pela maior parte imprudentes, não admira que sejam desatendidos e rejeitados pela bondade e justiça da Divindade. [2141]
Ousar em inumeráveis casos é alcançar. [1875]
P
Para agradar a todos fora necessário poder identificar-nos com cada um, o que não é possível. [2619]
Para bem conhecer os homens, é necessário primeiramente vê-los e praticá-los de perto, e depois estudá-los e meditá-los de longe. [988]
Para bem falar, não é o saber que falta a muitas pessoas, mas a protérvia e a filáucia da ignorância. [79]
Para bem geral dos homens é necessário que eles estejam convencidos desta grande verdade, que Deus está presente a tudo, que conhece os nossos pensamentos e intenções mais secretas com os motivos das nossas ações, e que pela ordem física e moral nos premeia ou castiga conforme a bondade ou malignidade dos nossos atos. [2949]
Para bem julgar não basta sempre ver, é necessário olhar; nem basta ouvir, é conveniente escutar. [330]
Para bem viver importa muito saber sofrer e abster-se. [1102]
Para bom regime dos povos, os moços devem ser a força dos velhos e estes o conselho dos moços. [1726]
Para colhermos uma verdade tropeçamos em mil erros. [1511]
Para mereceres o nome de forte, respeita e protege os fracos. [1581]
Para não desagradarmos nas companhias devemos freqüentes vezes figurar de cegos, surdos, mudos, tolos, néscios, ou idiotas. [1854]
Para não ofendermos em nossos escritos a opinião pública dos contemporâneos, expomo-nos a figurar de tolos e ignorantes na posteridade. [1943]
Para nos desencantarmos da terra florida convém que olhemos freqüentes vezes para o Céu estrelado. [2427]
Para o homem brioso e agradecido, os benefícios recebidos vencem juros cada dia. [1256]
Para o homem brioso e agradecido» os benefícios recebidos vencem juros cada dia. [1215]
Para o sábio tudo é ordem, o néscio acha desordem em tudo. [2668]
Para os sábios é Providência Divina o que os néscios apelidam fado, sorte, fortuna, acaso e destino. [1745]
Para os velhacos a palavra não é meio de manifestar os seus pensamentos, mas de os encobrir e disfarçar. [1715]
Para que houvesse uma história geral do gênero humano tão variada como existe era necessário e indispensável que os homens fossem tais como têm sido, são e hão de ser. [2918]
Para quem ama e teme a Deus, não há neste mundo completa desgraça. [1148]
Partilhamos o louvor que damos sendo justo e merecido. [1599]
Passamos a vida a invejar-nos, e por fim invejosos e invejados todos perecem. [521]
Passei e vi o mau exaltado e triunfante, regressei depois, e já não achei vestígios da sua existência abominosa. [2152]
Pelas leis gerais da ordem física e moral os homens, os governos e as nações têm a sorte e vicissitudes que merecem. [2517]
Pensando que nos determinamos a nós mesmos, somos levados de ordinário e insensivelmente pela torrente das circunstâncias que nos dominam com um poder mágico irresistível. [1542]
Pequenos cuidados afugentam idéias e pensamentos. [1137]
Pequenos, mas freqüentes obséquios nos granjeiam mais amigos que grandes, porém raros benefícios. [1948]
Perante um auditório de tolos os velhacos tornam-se facundos, e os doutos silenciosos. [896]
Perdemo-nos na imensidade porque fomos formados somente para a localidade. [2796]
Perdemo-nos no abstraio quando nos alongamos do concreto. [1762]
Perdem-se e desaparecem nos grandes empregos os pequenos homens. [590]
Perdoamos mais vezes aos nossos inimigos por fraqueza, que por virtude. [701]
Perguntei ao sol no Oriente, quem te deu tamanho brilho? Respondeu-me: Aquele mesmo Ser que te prendou com esses olhos que me avistam e admiram. [2991]
Perpetuamos a nossa vida em nossos filhos, obras e escritos. [2159]
Personalizamos alguns nomes coletivos, e lhes tributamos uma veneração e respeito que não merecem as individualidades que neles se compreendem. [1484]
Pode avaliar-se o caráter das pessoas pela maneira porque tratam os animais domésticos, próprios ou alheios. [2763]
Pode avaliar-se o estado moral e intelectual das nações pelas pessoas a quem liberalizam o título de grandes homens. [2653]
Pode haver e é provável que haja nos outros sistemas e mundos criaturas vivas, que não sendo impassíveis pela sua organização corporal, se tornem tais pela sua superior inteligência. [2691]
Podem os bons não alcançar louvores, mas nunca faltam queixas contra os maus. [1825]
Podemos consolar-nos de ser mortais, não há exceção na lei geral. [2674]
Podemos dizer que espiritualizamos a matéria e materializamos o espírito: no primeiro caso idealizando os céus, a terra e tudo quanto nela se contém; e no segundo dando figura e corpo aos nossos pensamentos, afetos e concepções morais e intelectuais. [1544]
Podemos perdoar afoutamente aos nossos inimigos, na certeza de que os seus mesmos vícios ou defeitos nos hão de vingar. [712]
Podemos reunir todas as virtudes, mas não acumular todos os vícios. [201]
Podemos subtrair-nos às vistas dos homens, mas não aos olhos de Deus, mais numerosos do que estrelas têm os céus e flores a terra. [1798]
Podemos tornar-nos menos passíveis neste mundo promovendo a nossa inteligência pelo estudo, ciência, experiência e virtudes, conhecendo melhor a natureza dos males e suas fontes, e podendo conseqüentemente preveni-los, removê-los, neutralizá-los e transformá-los em bens. [2700]
Podemos ver e conhecer de algum modo a Deus pelos nossos sentidos, estudando e admirando as suas obras; mas quando queremos elevar-nos ao estudo e compreensão da sua essência e natureza, o nosso espírito se confunde, desatina, e se perde na sua imensidade. [2770]
Poderíamos existir eternamente aprendendo sempre, sem nunca se exaurir a matéria do saber: tal é a sabedoria infinita de Deus, a imensidade do espaço e das suas obras!. [1269]
Pode-se graduar a civilização de um povo pela atenção, decência e consideração com que as mulheres são educadas, tratadas e protegidas. [1631]
Por mais sagaz que seja o nosso amor-próprio, a lisonja quase sempre o engana. [760]
Por melhor que seja o resultado de uma revolução, é ordinariamente a gente má, turbulenta e ambiciosa, que a faz ou a promove. [2923]
Por uma condição da natureza humana cada pessoa em sociedade trabalhando para si, trabalha também necessariamente para ela. [2439]
Pouca inteligência dirige, coordena e senhoreia muita força. [2096]
Poucas das pessoas que condenamos nos pareceriam culpadas, se pudéssemos conhecer perfeitamente todas as circunstâncias que precederam, acompanharam, influíram ou determinaram a conduta que julgamos digna de censura ou de castigo. [1254]
Poucas mulheres se reconhecem feias, nenhum homem tolo. [775]
Pouco dizemos quando o interesse ou a vaidade não nos faz falar. [812]
Pouco espírito inutiliza muito saber. [528]
Pouco mal faz esvaecer muitos bens. [1172]
Pouco nos importa saber porque gozamos, mas interessa-nos muito conhecer as causas dos nossos males para os prevenir ou remover: daqui provém que a desgraça nos instrui muito mais do que a ventura. [1453]
Pouco saber exalta o nosso amor-próprio, muito saber o humilha. [332]
Pouco valem os preceitos e conselhos da sabedoria sem as lições incisivas e penosas da experiência. [1910]
Poupai o tempo mais que tudo, o que passou não torna mais. [1650]
Povo sem juízo, lealdade e religião, vive sempre em revolução. [1891]
Povo sem lealdade não alcança estabilidade. [1770]
Povos há que não são originais em cousa alguma, mas copistas servis, ou ridículas caricaturas das nações estrangeiras. [2448]
Pressuposta a nossa vaidade, raras vezes as ações que praticamos em segredo têm o cunho de morais e virtuosas. [1150]
Procurais um patrono? tende-lo presente: é Deus, que com dar muito não empobrece, e com durar séculos e milênios não morre: a sua bondade é infinita, e a sua liberalidade inexaurível. [1866]
Purificai os vossos pensamentos, e as vossas palavras e ações serão tão puras como eles. [1291]
Q
Qualificamos de desengano o que freqüentes vezes não é mais que um novo engano. [2017]
Quando a cólera ou o amor nos visita, a razão se despede. [210]
Quando a consciência nos acusa, o interesse ordinariamente nos defende. [1010]
Quando a fortuna nos maltrata, recorremos à filosofia ou à Religião, para que nos console e conforte. [628]
Quando a velhice nos faz retirar como atores do teatro do mundo, já não servimos nem para espectadores: os sentidos obtusos da vista e ouvido com o torpor geral da sensibilidade nos privam da fruição dos dramas que se executam, restando-nos apenas a satisfação de ruminar o passado pela reminiscência e reflexão. [3080]
Quando alcançamos conceber a idéia de um Ser ou Unidade Infinita e misteriosa, compreendendo e animando toda a imensidade, temos chegado à síntese mais sublime a que pode elevar-se o entendimento humano. [1771]
Quando as paixões por adultas se emancipam, a razão perde sobre elas a sua autoridade e tutoria. [1015]
Quando chegamos a amar e admirar a Deus, as flores nos parecem mais belas sobre a terra, as estrelas mais brilhantes nos céus, •e a natureza, toda radiosa de alegria e magnificência, mais nos encanta com suas maravilhas assombrosas. [2176]
Quando cresce o nosso saber na razão aritmética, o conhecimento da nossa ignorância aumenta na razão geométrica. [1758]
Quando defendemos os nossos amigos, justificamos a nossa amizade. [837]
Quando deixamos de gozar de Deus todos os bens e prazeres da vida, ou provenham da Natureza ou da inteligência humana, têm nele a sua origem, causa e fundamento: Deus é o bem universal, e o manancial eterno de todos os bens do Universo. [2627]
Quando Deus nos fez surgir da eternidade, dando-nos o ser, contraiu conosco uma dívida de felicidade, que tem solvido na vida presente e há de solver nas subseqüentes pela sua paternidade criadora e bondade ilimitada. [2982]
Quando Deus quer, o fel se converte em mel. [1862]
Quando em um povo só se escutam vivas à liberdade, a anarquia está à porta e a tirania pouco distante. [1018]
Quando escrevemos, fixamos o nosso pensamento, e de algum modo o perpetuamos em nossa vantagem ou detrimento. [1474]
Quando estamos convencidos profundamente da infinita sabedoria e poder de Deus,não há males na vida humana por maiores que sejam, que não possamos vencer confiados e esperançados na divina bondade e proteção. [2643]
Quando estamos profundamente convencidos da infinita sabedoria, bondade e justiça de Deus, agradecemos-lhe os mesmos males e dores que nos afligem e atormentam na presente vida. [2485]
Quando evitamos as ocasiões, removemos as tentações. [1600]
Quando madrugamos e passamos o dia com a virtude, anoitecemos sem remorsos e dormimos sem pesadelos. [950]
Quando mais nos afadigamos para entreter a vida, encontramo-nos com a morte que nos forra o trabalho e cuidados de a manter. [1116]
Quando moços, contamos tantos amigos quantos conhecidos; porém maduros pela experiência, não achamos um homem de cuja probidade fiemos a execução do nosso testamento. [752]
Quando morremos para a vida nascemos para a Eternidade. [2044]
Quando nada esperamos dos homens, mas tudo de Deus, preferimos o retiro e reclusão à sociedade e companhias. [2985]
Quando nada esperamos dos homens,mas tudo de Deus, preferimos o retiro e reclusão à sociedade e companhias. [2606]
Quando não podemos gozar a satisfação da vingança, perdoamos as ofensas para merecer ao menos os louvores da virtude. [699]
Quando nos comparamos com os outros homens, o nosso amor-próprio, avaliador suspeito, descobre sempre um saldo a nosso favor. [2573]
Quando o amor nos visita, a amizade se despede. [1710]
Quando o interesse é o avaliador dos homens, das cousas e dos eventos, a avaliação é quase sempre imperfeita e pouco exata. [537]
Quando o pobre não respeita a riqueza, nem o ignorante a ciência, nem o súbdito a autoridade, está perdida a Sociedade. [1675]
Quando o povo não acredita na probidade, a imoralidade é geral. [19]
Quando o sol se aproxima ao seu nascente, escondem-se as corujas e morcegos: os inimigos das luzes só se comprazem e são ativos nas trevas. [456]
Quando o tufão derruba uma árvore, na sua queda a acompanham todos os animais voláteis e reptis que vivem, se abrigam e têm nela a sua habitação: isto mesmo se observa na mudança ou queda dos governos e ministérios. [1210]
Quando os bons capitulam com os maus sancionam a própria ruína. [820]
Quando os códigos decretaram por penas dos maiores crimes a privação da liberdade ou da vida reputaram ser estes os maiores bens da existência humana. [1547]
Quando os espíritos ou átomos indivisíveis se unem e se condensam, então se materializam, ganham extensão, forma, figura e densidade, e tornam-se capazes de localidade, ação e movimento. [2707]
Quando os homens que governam não sabem nem podem fazer-se estimar, recorrem à tirania para se fazer temidos. [318]
Quando os homens se desigualam, então se harmonizam. [1968]
Quando os loucos e velhacos crescem em número extraordinário, envolvem e levam no seu turbilhão os homens de maior saber e juízo, e os forçam a aprovar e aplaudir os seus desvarios e disparates. [1937]
Quando os povos enlouquecem, festejam, e solenizam os dias de seus maiores desatinos e ingratidões. [1502]
Quando os rapazes se inauguram por sábios, que resta aos velhos? calar-se e lastimá-los [424]
Quando os sábios se calam, a monção é propícia aos ignorantes. [1101]
Quando os tiranos caem, os povos se levantam. [810]
Quando pedimos a Deus não nos vem rubor às faces. [1593]
Quando saímos da nossa esfera, ordinariamente nos perdemos na dos outros. [877]
Quando se considera a repugnância com que os homens se deixam desenganar, ocorre a suspeita de que se comprazem em ser enganados. [321]
Quando se considera que é infinito o que podemos aprender, saber e admirar, e a felicidade progressiva que nos pode resultar do estudo e fruição das obras maravilhosas de Deus por toda a eternidade, nos horrorizamos da idéia falsa e terrível da extinção total do nosso ser depois da nossa morte neste mundo. [2641]
Quando se faz da traição virtude, ela vegeta em toda parte, e sufoca a lealdade. [1044]
Quando se quebram os cetros, os cajados também se rompem. [1787]
Quando subimos a Deus pela oração, descemos abençoados pela sua divina mão. [2117]
Quando temos chegado a um alto grau de riqueza, morremos; de ciência, morremos; de honras e autoridade, morremos: se tal é a sorte final do homem, para que nos afadigamos tanto para alcançar riqueza, ciência e autoridade? Próximos à morte a nossa mágoa pela perda de semelhantes bens será correspondente ao seu volume, extensão e quantidade. [2808]
Quando temos em vista os bens eternos pouco nos ocupamos e apaixonamos pelos temporais e perituros. [2871]
Quando temos o poder, queremos a ordem; muitos para o conseguirem promovem a desordem. [1229]
Quando todos são culpados, todos se acusam ou se escusam. [1680]
Quando tudo são mistérios na Natureza, propor novos mistérios à crença dos homens é agravar a ignorância humana, zombar e abusar da sua credulidade. [3072]
Quando um povo soberanizado se acostumou impunemente ao perjúrio, ingratidão e traição, é dificílimo reduzi-lo à lealdade e obediência às autoridades supremas do Estado: a anarquia é o seu elemento predominante. [2789]
Quando unimos o nosso interesse individual ao geral, damos-lhe corpo, solidez e permanência. [1022]
Quando vos louvarem, louvai imediatamente a Deus, que vos conferiu qualidades dignas do louvor dos homens. [2161]
Quando, em uma idade avançada, rememoramos os eventos da nossa vida, reconhecemos o império das circunstâncias que os promoveram, e a ação permanente de uma Providência misteriosa que nos assistiu com o seu favor onipotente. [1472]
Quanta gente vi, conheci e pratiquei, que já não existe! Que variedade de caracteres, gostos, costumes e opiniões! Tudo passou para nunca mais tornar. [2904]
Quanta lida para tão pouca vida! assim exclamava um homem quase agonizando. [ Que reflexões não sugere o dito deste moribundo! Ambiciosos, que vos agitais em um pélago de intrigas e ilusões, ponderai na verdade deste rifão e sereis desencantados. [2637]
Quanto mais estudamos a Deus nas suas obras maravilhosas, mais o admiramos, e menos o compreendemos. [2703]
Quanto mais vivemos e pensamos, mais nos convencemos de uma ordem maravilhosa no todo e partes deste mundo, constituído pela Divina Sabedoria com relações próximas e remotas, que ignoramos geralmente, sendo a nossa ignorância a causa das doutrinas e opiniões extravagantes que professamos, e constituem ordinariamente o que se chama ciência humana. [3083]
Quanto menor é o juízo dos povos tanto maior deve ser o dos que os governam. [1099]
Quanto menos nos conhecemos, mais nos prezamos e admiramos. [1802]
Quanto saber desaproveitado, porque os seus possuidores não o querem publicar com receio de serem maltratados ou perseguidos por sua intempestiva revelação! [2824]
Quantos erros, fábulas, mentiras e falsidades acreditadas pelos homens como verdades incontestáveis! O gênero humano parece constituído para ser enganado e viver em uma ilusão perpétua neste mundo planetário. [3085]
Quantos milhares ou milhões de vidas não custa a mantença da nossa própria! vivemos de cadáveres, e nos queixamos da morte! [2167]
Quase sempre atribuímos os nossos reveses à fortuna, e bem raras vezes aos nossos desacertos. [734]
Quatro tribunais nos julgam e nos condenam neste mundo: o da natureza, o das leis, os da própria consciência e de opinião pública; podemos escapar de algum mas não de todos. [1610]
Que galeria de pinturas e retratos em nosso espírito! ela é tão vasta como o mesmo Universo, sem ocupar todavia o menor lugar na imensidade do espaço! [1063]
Que infinita variedade em fisionomias, caracteres, gostos, talentos, opiniões, costumes e usos no gênero humano! A sabedoria infinita do Criador se revela na variedade e novidade ilimitada das suas obras. [2966]
Que juízo não é necessário que tenhamos para conhecer toda a extensão da nossa loucura! [462]
Que prova a variedade de línguas, costumes, usos, governos e cultos religiosos? que Deus, criador e constituinte do gênero humano, assim o quis e quer. [3026]
Queixamo-nos da fortuna para desculpar a nossa preguiça. [280]
Queixamo-nos sem receio da fortuna que não pode reclamar nem recriminar-nos. [1032]
Queixam-se muitos de pouco dinheiro; outros de pouca fortuna, alguns de pouca memória, nenhum de pouco juízo. [692]
Queixam-se os ricos de poucos cômodos nas suas casas; nas dos pobres, ainda que pequenas, sempre sobeja muito espaço. [575]
Quem arma os seus inimigos, a si próprio se desarma. [1970]
Quem atraiçoa o seu rei, não é leal a mais ninguém. [1128]
Quem busca a ciência fora da natureza não faz provisão senão de erros. [1850]
Quem cultiva a sua razão aumenta os seus bens, e diminui os seus males. [312]
Quem desconfia de si próprio, menos pode confiar nos outros. [338]
Quem em Deus confia e espera, nunca desespera. [661]
Quem em Deus se esperança tudo alcança. [1539]
Quem emprega e se serve de um traidor a si próprio se atraiçoa. [2078]
Quem estudou e conhece os homens não os despreza nem aborrece, ama os bons e lastima os maus. [1572]
Quem mais confia em Deus, menos desconfia dos homens. [939]
Quem mais teme a Deus, menos teme os homens. [788]
Quem muito nos festeja alguma cousa de nós deseja. [269]
Quem não desconfia de si, não merece a confiança dos outros. [933]
Quem não é grato, menos será pagador exato. [2005]
Quem não espera na vida futura, desespera na presente. [833]
Quem não faz sacrifícios não alcança benefícios. [2150]
Quem não pode ou não sabe acumular, nunca chega a ser sábio nem rico. [93]
Quem não tem medo, não tem juízo: falta-lhe o conhecimento dos males, o que muito importa na ciência humana. [2193]
Quem não tem medo, vive sem resguardo e acaba cedo. [1984]
Quem recorre à fortuna desconhece a Providência. [2522]
Quem se não receia da liberdade não a merece. [1892]
Quereis conhecer o grau de inteligência, o caráter e procedimento de um homem, examinai o que ele entende por felicidade e seus respectivos objetos. [3077]
Quereis ser sábios, estudai a Natureza; justos, estudai a Natureza; felizes, estudai a Natureza: A Natureza é uma revelação perene da Divindade. [2566]
Queremos governos perfeitos com homens imperfeitos: disparate. [616]
Queremos os velhos o que não é possível conseguir, viver, descansar e não sofrer. [2505]
Queremos saber sendo homens o que necessariamente devemos ignorar porque somos tais! [3030]
Queremos todos ser felizes; mas cada um de nós define a felicidade a seu modo e diversamente dos outros: é Providência Divina que assim seja para que a felicidade chegue a todos pela variedade e diversidade dos objetos apetecidos e reputados capazes de fazer felizes pela sua posse e fruição. [2678]
Queremos tudo porque nos cremos dignos e capazes de tudo. Tal é a filáucia do nosso amor-próprio! [204]
Querendo dar-nos muita importância, perdemos ordinariamente a pouca de que gozávamos. [1909]
Querendo imaginar um mundo sem males somos forçados a suprimir também os bens, fazendo os seus habitantes insensíveis para os tornar impassíveis. [1842]
Querendo inculcar-nos por doutos ou eruditos, nos tornamos freqüentes vezes incômodos e impertinentes. [1220]
Querendo parecer originais, nos tornamos ridículos ou extravagantes. [450]
Querendo prevenir males de ordinário contingentes, o homem prudente vive sempre em tortura, gozando menos do presente do que sofre no futuro. [732]
R
Raras vezes nos arrependemos do nosso silêncio; freqüentemente de haver falado. [1039]
Raras vezes nos enganamos quando referimos as palavras e ações dos homens aos seus interesses individuais. [219]
Raras vezes nos enganamos reputando os males da vida como expiações do nosso mau procedimento ou abusos no exercício dela. [2424]
Refletindo cada um sobre si mesmo, acha sempre com que humilhar o seu amor-próprio, e com que satisfazê-lo e consolá-lo. [747]
Reformar, e não inovar, é o voto do legislador prudente. [871]
Rimo-nos do acaso, quando sabemos que tudo está coordenado para ser o que é no sistema deste mundo. [2457]
S
Sabei escusar o supérfluo, e não vos faltará o necessário. [238]
Sabei sofrer, merecereis gozar. [2406]
Sabemos melhor queixar-nos que agradecer. [2012]
Sabemos pouco da vida presente, e da futura muito menos ou quase nada. [2550]
Sabemos qual foi o nosso princípio, ninguém sabe qual será o seu fim. [1636]
Sabemos que ignoramos, mas é impossível que conheçamos o quanto. [2164]
Saber viver com os homens é uma arte de tanta dificuldade que muita gente morre sem a ter compreendido. [1037]
São as plantas humildes as que produzem mais belas flores. [1933]
São benfeitores da humanidade e promotores do genuíno progresso os que resumem em breves sentenças as grandes verdades, regras e preceitos da vida humana. [1637]
São caluniados os que não podem ser censurados. [1429]
São dois grandes preservativos de males, a vergonha na mocidade, e a prudência na velhice. [2006]
São estéreis nos homens a primeira e a última idade, e produtivas as intermédias. [2690]
São idades fabulosas as da puerícia e adolescência, heróicas as da juventude e virilidade, racionais as da madureza e senectude. [2585]
São incalculáveis os benefícios que provêm às nações da incerteza do dia e ano de nossa morte: esta incerteza corresponde a uma espécie de eternidade. [485]
São infinitos os meios de que a Providência Divina se serve para chegar aos seus fins, muitos deles que pareceriam à ignorância humana adversos, operam com maior eficácia e prontidão. [2694]
São inumeráveis as pessoas felizes sem o saberem, ou que o sabem somente porque lho dizem; isto sucede especialmente a quem tem sofrido pouco em sua vida, ou aos que gozam de muitos bens sem lhes custar trabalhos nem cuidados. [1635]
São inumeráveis os Céus, cada mundo tem o seu privativo, abrilhantado também de estrelas colocadas ou esparzidas por diverso modo do que se nos representa o que avistamos. [2597]
São muito raros os homens privilegiados a quem circunstâncias especiais elevaram a um grau de saber insólito e extraordinário; eles deveriam ser os diretores dos povos, mas infelizmente estes não os sabem compreender e apreciar, nem eles tolerar os seus caprichos e desatinos. [1617]
São muitos os bens da vida, que não sabemos nem podemos avaliar senão depois •de perdidos: a sua privação lhes serve de contraste e avaliador. [3064]
São muitos os homens que descontentes de si, e não podendo viver sós, importunam e incomodam os outros com visitas. [2582]
São numerosas as pessoas que empobrecem por quererem figurar de muito ricas. [1959]
São os bravos que devem governar os loucos. [1811]
São os grandes loucos que perturbam as nações, e os inumeráveis tolos que favorecem e aplaudem os seus desatinos e disparates. [425]
São os homens de maior inteligência os que vivem mais em um tempo dado de existência individual. [1394]
São os ignorantes os que presumem saber mais das cousas do outro mundo, e os sábios os que confessam saber menos ou nada a tal respeito. [2792]
São os termos abstratos os que nos têm levado a inumeráveis erros, e suscitado terríveis divergências nas opiniões dos homens; um Dicionário destinado somente a defini-los com exatidão seria de grande benefício à humanidade. [3093]
São os velhos os que melhor reconhecem a verdade das máximas e sentenças morais, falta aos moços a experiência para bem as entender e apreciar. [2819]
São poucos os homens que chegam à idade dos desenganos, a maior parte falece na dos erros, ficções e ilusões. [2739]
São sempre suspeitos os louvores dados à pobreza pelos ricos, ou pelos pobres. [217]
São tão limitadas as nossas forças mentais e corporais, que consumimos um terço da nossa vida em dormir para repará-las. [612]
Se a ignorância é feliz em não conhecer a gravidade dos seus males, por outra parte não os sabe prevenir, remover ou remediar. [1958]
Se a indústria humana nada faz e produz sem um fim e aplicação especial, como é possível que haja uma só obra ou produto da Natureza sem uma destinação benéfica geral ou particular. [2540]
Se a inteligência humana é fruto da organização cerebral, esta de quem é produto?. [1330]
Se a ventura embota o fio aos prazeres, a desgraça não faz outro tanto às dores e aflições. [325]
Se a vida é um dom de Deus para gozarmos, a morte, suposta a decadência do nosso corpo, é também outro dom para não sofrermos. [2433]
Se a vida é um mal, porque tememos morrer; e se um bem, porque a abreviamos com os nossos vícios? [440]
Se amamos a nossos pais porque contribuíram materialmente para a nossa existência, que amor não devemos a Deus, que concebeu o tipo do nosso ser, e o realizou no espaço e tempo pela sua paternidade criadora?. [2786]
Se as viagens simplesmente instruíssem os homens, os marinheiros seriam os mais instruídos. [448]
Se conhecemos tão pouco o mundo em que vivemos, que idéia podemos formar dos inumeráveis que mal avistamos!. [2821]
Se Deus não compreendesse também o Universo, este o limitaria deixando de ser imenso e infinito. [2599]
Se é terrível a idéia da morte ou da extinção da nossa individualidade corporal, que será da aniquilação total do nosso ser! A esperança de uma vida futura é instintiva e salutar. [2869]
Se este mundo é um hospital de doudos, como alguns deles o qualificam, sem dúvida os maiores são os que mais intrigam e se afanam para serem seus administradores ou enfermeiros. [1160]
Se fôssemos sinceros em dizer o que sentimos e pensamos uns dos outros, em declarar os motivos e fins das nossas ações, seríamos reciprocamente odiosos, e não poderíamos viver em sociedade. [745]
Se não fôssemos ignorantes seríamos impassíveis e imortais; a ignorância é a origem principal de todos os nossos males, convém portanto reduzi-la quando é possível a fim de que gozemos mais e soframos menos, o que se consegue com a cultura da razão, inteligência, pelo estudo e observação da Natureza. [2977]
Se não fôssemos passíveis não seríamos compassivos. [1560]
Se não fôssemos sensíveis seríamos impassíveis. [2831]
Se não houvesse loucos e imprudentes, grandes empregos ficariam vagos em certas crises e circunstâncias. [2172]
Se não podemos compreender o mínimo de uma flor ou de um inseto, como poderemos compreender o máximo do Universo!. [2853]
Se não podemos somar a Infinidade, nem medir a Imensidade, nem sondar a Eternidade, como poderemos compreender a Deus Eterno, Imenso e Infinito! [1833]
Se o homem não fosse passível, seria necessariamente imóvel e inativo. [286]
Se os animais trabalham para os homens, estes em retribuição são forçados a trabalhar também para os manter e pensar, sendo os seus serviços freqüentes vezes mais abjetos e penosos do que os deles. [2702]
Se os governos escolhem mal, os povos de ordinário escolhem pior. [970]
Se os homens fossem impassíveis seriam inativos e inamovíveis, não haveria motivo algum que os impelisse à ação e movimento voluntário. [2788]
Se os homens não fossem loucos, a história não teria materiais nem assunto para os seus trabalhos. [2616]
Se os homens não tivessem alguma cousa de loucos seriam incapazes de heroísmo. [1201]
Sê prudente e reservado, mas não misterioso. [1545]
Se pudéssemos chegar a um certo grau de ciência e sabedoria, nos tornaríamos impassíveis e impecáveis. [1999]
Se pudéssemos chegar a um certo grau de sabedoria, morreríamos tísicos de amor e admiração por Deus. [492]
Se pudéssemos conhecer e prever o futuro, não seríamos livres. [2151]
Se pudéssemos convencer os homens desta grande verdade, que os bons ou maus pensamentos, palavras e obras têm o seu fêmeo ou castigo correspondente na ordem física e moral deste mundo, muitos bens resultariam para a felicidade individual e social de tão salutar convicção; a virtude seria amada e observada como um meio seguro e infalível de ser feliz, o vício e o crime detestados pelos seus efeitos terríveis de pena, dor, miséria e desgraça. [1668]
Se pudéssemos prever o futuro, não seríamos livres; tal previsão pressupunha uma ordem fatal e inevitável de cousas, casos e sucessos, que não era possível interromper nem remover. [2847]
Se quando queremos mover os membros do nosso corpo, uma infinita multidão de átomos integrantes de tais membros obedece instantaneamente à nossa vontade individual, quanto é fácil deduzir deste fato o império universal que a vontade Onipotente de Deus deve ter sobre todo o Universo, e as suas partes mínimas e átomos infinitésimos, para os condensar, solidar ou rarefazer e reduzir ao éter imaterial, imperceptível aos nossos sentidos, criando e dissolvendo mundos, e dando formas infinitamente variadas às suas obras assombrosas e fenômenos do Universo. [3087]
Sede benfeitores ainda com o risco de fazer ingratos: a genuína beneficência escusa e dispensa a gratidão. [1723]
Sede econômicos e poupados: o que hoje despendeis em bagatelas faltar-vos-á amanhã para o necessário. [2188]
Sem a crença em uma vida futura, a presente seria inexplicável. [927]
Sem a loucura variada dos homens não haveria novidade ou variedade notável nos eventos morais e políticos deste mundo. [1814]
Sem a substância a que chamamos matéria, de que serviria a inteligência? esta só tornaria estéril, inútil ou inteiramente nula. [2749]
Sem alteração ou mudança no todo ou parte do nosso corpo não podemos sentir, gozar nem sofrer: a sensação é produto de uma alteração ocasionada por causa ou ação externa ou interna. [2862]
Sem as ilusões da nossa imaginação, o capital da felicidade humana seria muito diminuto e limitado. [22]
Sem desigualdade não pode haver harmonia nos sons, nas cores e nos homens. [1041]
Sem extensão não pode haver desigualdade: os espíritos são perfeitamente iguais por sua natureza imaterial; a variedade em suas faculdades e potências depende da diversidade dos corpos organizados que estão unidos, os quais promovem ou limitam a sua expansão e exercício. [2673]
Sem inteligência, trabalho, virtudes domésticas e civis não se alcança a riqueza, ou se perde em pouco tempo. [3066]
Sem o estudo das ciências naturais ninguém é sábio nem pode sê-lo: todo o saber vem de Deus, e se revela nas suas obras. [2629]
Sem os contrastes que a Natureza apresenta, os homens não poderiam conhecer nem avaliar as cousas e sucessos deste mundo. [2870]
Sem os males e necessidades da vida não haveria ofício, emprego, nem ocupação alguma para os entes vivos deste mundo, faltando-lhes motivos para ação, agência e movimento espontâneo no teatro deste mundo. [2835]
Sem os males que contrastam os bens, não nos creríamos jamais felizes por maior que fosse a nossa felicidade. [1275]
Sem prévia inteligência não aproveita a experiência. [1630]
Sem probidade e prudência pouco aproveitam talentos e ciência. [2507]
Sem referência a Deus toda a felicidade é inane ou incompleta. [890]
Sempre amanhece tarde para o homem diligente, e muito cedo para o negligente. [1907]
Sempre haverá mais ignorantes que sabedores, enquanto a ignorância for gratuita e a ciência dispendiosa. [507]
Sempre nos deleitamos mais em falar do que os outros em nos ouvirem. [1296]
Sempre nos escudamos com o bem geral, quando queremos promover o nosso particular. [1005]
Sempre nos reputamos melhores, e nunca piores do que somos. [578]
Sendo a Providência Divina infinita não admira que os homens a não possam compreender em toda a sua extensão, e a neguem ou recusem nos casos e acidentes mínimos da vida humana, que aliás lhe estão geralmente subordinados. [2816]
Sendo cada homem um original sem cópia, as suas enfermidades tomam também um caráter especial que difere em todos. [2719]
Sentimos satisfação no que fazemos por devoção, e coação no que executamos por obrigação. [2526]
Sentir e pensar são as duas faculdades essenciais da nossa alma unida a um corpo: sem a primeira a segunda não teria princípio nem exercício. [2451]
Ser cultor da virtude, é ter aliança com Deus. [1699]
Ser modesto é transigir com o amor-próprio dos outros homens. [1060]
Ser religioso é o atributo mais honroso e sublime do homem sobre a terra: é por este predicado especialmente que ele se distingue de todos os outros viventes: erigindo templos e altares a Deus, também de algum modo se diviniza. [534]
Sobeja-nos tanto a paciência para tolerar os males alheios, quanto nos falta para suportar os próprios. [660]
Sobe-se igualmente ao trono como ao patíbulo: dá-se em ambos ascensão e exaltação. [1879]
Sofrei privações na mocidade, e sereis regalados na velhice. [239]
Sofremos talvez mais pelos erros alheios do que pelos nossos próprios. [2412]
Somos atletas na vida; lutamos com as paixões dos outros homens e com as nossas. [746]
Somos benfazentes mais vezes por vaidade que por virtude. [466]
Somos como a mosca da Fábula no eixo do coche: pensamos que damos e dirigimos o movimento da fábrica dos eventos políticos, quando rodamos ordinariamente passivos na torrente de suas vicissitudes e revoluções. [1765]
Somos constituídos e organizados para este e não para outros mundos, devemos portanto ocupar-nos das relações que nos unem a ele estritamente, e não nos perdermos nas supostas e fantásticas de qualquer outro que não conhecemos, e de que não fazemos parte. [2928]
Somos constituídos para sermos ativos, e não sábios; a sabedoria no homem é uma excrescência monstruosa que de algum modo o separa da humanidade vulgar. [1211]
Somos de ordinário caridosos porque nos reconhecemos passíveis, como os objetos da nossa compaixão. [634]
Somos em geral demasiadamente prontos para a censura, e demasiadamente tardos para o louvor: o nosso amor-próprio parece exaltar-se com a censura que fazemos, e humilhar-se com o louvor que damos. [739]
Somos enganados mais vezes pelo nosso amor-próprio do que pelos homens. [681]
Somos fáceis em prometer, e difíceis em cumprir; prometemos por surpresa, e cumprimos com reflexão. [1417]
Somos fortes pela virtude, fracos e cobardes pelos vícios è crimes. [2676]
Somos humilhados freqüentes vezes vendo frustradas e iludidas as nossas esperanças e pretensões por exageradas. [2996]
Somos idênticos nas diversas idades quanto à nossa alma, mas não respectivamente aos nossos corpos. [2615]
Somos incomparavelmente mais felizes do que pensamos: tal seria o nosso juízo se refletíssemos profundamente na grande soma de bens de que gozamos, e na dos males que não sofremos. [1734]
Somos injustos exprobrando a muita gente erros, culpas e defeitos que são devidos especialmente à Natureza, sociedade e circunstâncias. [2987]
Somos mais inclinados a dizer mal que bem dos outros homens; o amor-próprio explica este mistério escandaloso. [1121]
Somos mais vezes instrumentos das circunstâncias do que agentes da nossa própria vontade. [1302]
Somos maus calculistas, receamos males que não vêm, e esperamos bens que nunca chegam. [2712]
Somos muitas vezes maldizentes para nos inculcarmos perspicazes. [512]
Somos muito francos em confessar e condenar os nossos pequenos defeitos, contanto que possamos salvar e deixar passar sem reparo os mais graves e menos defensáveis. [222]
Somos muito generosos em oferecer por civilidade o que bem sabemos que por civilidade se não há de aceitar. [229]
Somos passíveis pela vida, inofensíveis pela morte. [2442]
Somos propensos na mocidade a exagerar pela imaginação os bens que esperamos, e na velhice os males que receamos. [1646]
Somos sempre enganados sonhando, e freqüentemente acordados. [2743]
Somos simultaneamente escravos e senhores do tempo que a abstração humana criou, dividiu e classificou em anos, meses, dias, horas e minutos. [2762]
Somos tão avaros em louvar os outros homens, que cada um deles se crê autorizado a louvar-se a si próprio. [686]
Somos tão maus calculistas, que raras vezes conseguimos o que esperamos ou desejamos. [1918]
Somos tão vários nas nossas opiniões, quanto são várias as circunstâncias em que nos achamos. [673]
Somos todos afores e espectadores no teatro deste mundo, cada um executa diversos papéis no drama da vida humana, e nos damos reciprocamente aplausos ou pateadas nas variadas cenas em que somos representantes. [1628]
Somos todos invejosos, com a diferença somente do mais ou menos. [703]
Somos todos os viventes filhos de Deus, a sua paternidade criadora deu-nos o ser para nos fazer felizes. [2715]
Sonhamos dormindo, deliramos acordados. [1817]
Sonhei que admirando a lua cheia na plenitude da sua luz reflexa, surgia em mim o desejo ardente de a visitar e conhecer de perto, quando uma voz sonora, mas de objeto não distinto, retiniu aos meus ouvidos. Pobre criatura! a tua ignorância te desculpa; sabe que cada um dos mundos da imensidade tem um sistema e construção especial; que os seus habitantes não podem existir em algum outro que não seja aquele para que foram organizados. O teu espírito tem de habitar e admirar inumeráveis orbes pela sucessão dos tempos e progresso da eternidade, mas somente com corpos privativos e adaptados ao sistema particular de cada um deles. A sabedoria do Onipotente sendo infinita, a variedade das suas obras é ilimitada, tudo o que ideou e produz na imensidade do espaço é original e sem cópia. Calou-se, e acordei assombrado com esta inesperada e portentosa revelação. [3081]
Subi a Deus na vossa ventura, Ele descerá a vós na vossa desgraça. [2487]
Subi devagar, chegareis ao alto sem cansar. [1804]
Subimos da vida sensual à intelectual, das idéias particulares às gerais, dos efeitos às suas causas, e do Universo material ao espiritual ou a Deus Onipotente Criador de tudo. [3018]
Subir aos maiores empregos do Estado não é sempre argumento de grandes e distintos talentos nos promovidos, mas freqüentes vezes da consumada estultícia ou velhacaria dos que contribuíram para tão injusta e escandalosa exaltação. [1318]
Sucede aos homens como às substâncias materiais, as mais leves e menos densas ocupam sempre os lugares superiores. [474]
Sucede freqüentes vezes admirarmos de longe o que de perto desprezamos. [258]
Sucede nas revoluções como nas loterias, a perda é de muitos, o ganho de poucos, e, em geral, os mais indignos. [1108]
Surgimos de uma Eternidade para entrarmos em outra: a vida humana é uma ponte entre duas Eternidades. [1674]
T
Talvez desprezássemos a glória póstuma se não tivéssemos algumas esperanças de a lograrmos. [1732]
Talvez se possa dizer que cada um dos átomos infinitésimos de que se compõe o Universo, é um vivente como o todo universal, mas que se anula neutralizando-se nas suas infinitas combinações e afinidades com os outros seres da sua espécie e natureza. [2965]
Tanto cresce o poder aos homens, quanto aumenta o seu saber. [1419]
Têm sido muitos os loucos reputados grandes homens. [1692]
Temos o mesmo nome nas diversas idades da vida, e contudo somos bem diferentes de nós mesmos em todas elas. [2861]
Temos ordinariamente melhor opinião da posteridade que das gerações presentes e contemporâneas; conhecemos os vícios e defeitos destas, e não pressupomos os daquela. [1279]
Tempos há em que é menos perigoso mentir que dizer verdades. [1250]
Tempos há em que os povos não podem tolerar autoridade alguma, outros sobrevêm em que chegam a adorar a mesma tirania. [1406]
Tendo a Deus por nós, quem poderá contra nós! o Autor da inteligência e da força é o nosso maior e melhor aliado. [1980]
Tendo nós uma só língua, porém dois braços, devemos ser singelos no falar, mas dobrados em trabalhar. [897]
Ter privança com os que governam é contrair responsabilidade no mal que fazem, sem partilhar o louvor do bem que operam. [84]
Tirai aos homens a vantagem das línguas e idiomas, e os vereis reduzidos talvez à inferior categoria dos bugios e orangotangos. [2484]
Toda a ciência deve ter por principal objeto exaltar o espírito e coração do homem ao amor e admiração de Deus; estes sentimentos são os que mais contribuem para a felicidade terrestre das criaturas humanas, e predispõem para a vida futura, onde, no progresso infinito destes mesmos sentimentos consistirá necessariamente a eterna bem-aventuraça. [2888]
Toda a ciência vem de Deus, não a podemos haver senão pelo estudo, exame e observação das suas obras maravilhosas, ou da Natureza, sua revelação perene e objetiva. [2878]
Toda a felicidade vem de Deus: de qualquer modo que gozemos é sempre de Deus que gozamos, autor de tudo e da nossa vida. [2587]
Toda a harmonia é deleitável; a das cores, a dos sons, e com especialidade a dos homens. [1187]
Toda a Natureza é simbólica, figura, representa e revela os divinos atributos do Criador do Universo. [2666]
Todas as obras e produtos da Natureza servem de materiais para o trabalho e indústria dos homens, que os alteram, decompõem, combinam, modificam, e os transformam em objetos necessários, úteis e agradáveis à sua existência neste mundo. [2980]
Todas as paixões derivam, e são modificações do amor de nós mesmos, paixão essencial e inseparável de nossa vida e existência, e necessária, como guarda e sentinela da nossa conservação. [342]
Todas as religiões têm a sua mitologia, sem a qual não podiam ser populares. [3044]
Todas as virtudes são restrições, todos os vícios ampliações da liberdade. [885]
Todo este mundo é um vasto sistema sexual de procriação, propagação, sucessão, reprodução e perpetuidade das raças e espécies de animais e vegetais: o amor é o primeiro galã em todos os dramas que se executam no teatro vastíssimo deste planeta sublunar. [1625]
Todos alegam razão quando em tudo só se vê paixão. [1324]
Todos falam sobre a vida futura; ninguém a conhece nem compreende. [2958]
Todos gozam da vida e do espetáculo da criação, os sábios mais que todos pela ciência e reflexão. [2419]
Todos inculcam apetecer descanso, quando é verdade que nada cansa e incomoda mais os homens. [1336]
Todos mentimos exagerando para mais ou para menos o que vimos, ou nos disseram. [2551]
Todos navegamos no arquipélago da vida humana, mas poucos têm em lembrança o porto do seu destino. [1735]
Todos nos enganamos reciprocamente umas vezes de boa fé, outras sem ela. [2149]
Todos os cumprimentos e votos dos homens versam de ordinário sobre saúde, fortuna e dinheiro; mas nenhum compreende também o juízo, aliás tão necessário. [962]
Todos os nossos cuidados, trabalhos e fadigas se dirigem à conservação e regalo do nosso corpo, que é cinza e pó, e muito pouco ou nada cuidamos no aperfeiçoamento do nosso espírito, que reconhecemos de natureza imortal e duração eterna; tal procedimento é bem impróprio da razão e crença religiosa de que tanto nos gloriamos. [2886]
Todos os vícios e paixões têm o seu martirológio profano. [2148]
Todos podem ler na Natureza e estudá-la em uma linguagem universal, que tem por alfabeto os sentidos corporais e as potências da alma. [2574]
Todos querem liberdade, muitos a possuem, poucos a merecem. [264]
Todos se queixam, uns dos males que padecem, outros da insuficiência, incerteza, ou limitação dos bens de que gozam. [638]
Todos somos mais ou menos usurários; damos para recebermos com grande acréscimo e vantagem, neste ou no outro mundo. [1869]
Todos têm olhos para ver e prezar a formosura, poucos inteligência para avaliar e admirar a sabedoria: esta vence com o tempo, aquela triunfa aparecendo. [2091]
Toleram de bom grado todas as religiões os que não professam alguma. [2093]
Tolo e teimoso são sinônimos freqüentes vezes. [572]
Trabalhai, poupai, acumulai, sabereis quanto podeis. [478]
Trabalhando para a nossa glória póstuma a antecipamos de algum modo, e nos deliciamos em tão aprazível esperança. [2029]
Trabalho honesto produz riqueza honrada. [407]
Tratai bem ao vilão, ele vos maltrata: tratai-o mal, então vos acata. [1987]
Três cousas se não recuperam depois de perdidas: vergonha, lealdade e virgindade. [1785]
Tudo depende do lugar, tempo e circunstâncias, os incrédulos de hoje seriam fanáticos na idade média. [2910]
Tudo é falível neste inundo menos a esperança e confiança em Deus. [2595]
Tudo é falível neste mundo, menos a esperança e confiança em Deus. [2512]
Tudo é finito e limitado para os olhos, o infinito é avistado somente pela nossa inteligência. [2479]
Tudo é grande nos grandes homens: vícios, paixões e virtudes. [1759]
Tudo é infinito em Deus, e a sua natureza mais que tudo infinitamente misteriosa. [1843]
Tudo é limitado nos entes criados, tudo infinito em Deus; daqui provém que não possamos compreender nem calcular a extensibilidade assombrosa da ação divina sobre os átomos infinitésimos e elementares da matéria universal da criação. [2741]
Tudo está relacionado e coordenado neste mundo, os efeitos com as causas, os conseqüentes com os antecedentes, os fins com os meios; nada é fortuito, vago e sem razão suficiente da sua existência, o que demonstra a sabedoria infinita com que tudo foi feito, existe e tem de proceder na extensão do espaço e sucessão dos tempos. [3062]
Tudo está sujeito e subordinado a uma vontade Onipotente; o Universo, os mundos que o guarnecem, e os mesmos átomos infinitésimos viventes e elementares de que tudo e o todo se compõe. [2890]
Tudo está vitalizado e figurado no Universo, um átomo infinitésimo não existe sem uma vida e figura especial, que o constitui agente e paciente no sistema universal. [3070]
Tudo fala na natureza para quem tem ouvidos: não há movimento, ação, atrito ou resistência sem algum sonido. [1835]
Tudo morre ou perece para que tudo se renove: os tipos são os mesmos, mas as obras publicadas são sem-ore novas. [967]
Tudo na natureza desmente o ateu, até a sua própria existência e argumentação. [1998]
Tudo no Universo é ordem e harmonia: os entes que melhor o reconhecem são os mais sábios e inteligentes. [2057]
Tudo o que está fora da esfera da nossa sensibilidade é como se não existisse para nós; não pode ser agente nem paciente a nosso respeito, é recíproca a sua e nossa independência. [2754]
Tudo o que não tem a consciência da sua existência e individualidade não existe para si, mas para aqueles entes que são dotados deste sentimento. [1633]
Tudo o que vemos no jogo, movimento e evoluções do gênero humano, é o que deve ser conforme a sua natural constituição e destinação no sistema parcial deste mundo e universal da criação. [2817]
Tudo para o povo, nada pelo povo, é máxima política de muito profunda significação. [2990]
Tudo pode o nosso amor-próprio perdoar aos velhacos, menos a filáucia de se reputarem impenetráveis e incompreensíveis. [2035]
Tudo quanto nos circunda limita a nossa liberdade; esta é sempre menos real do que ideal: o homem em sociedade é um escravo que se imagina livre, e não pode sê-lo quanto presume, por sensível e passível em infinitas relações. [2115]
Tudo temem os delinqüentes, nada receiam os inocentes. [2090]
Tudo tende à unidade: a sua falta é anarquia. [2196]
U
Um Bem infinito exclui e não consente mal eterno. [2644]
Um casulo é o túmulo de uma lagarta e o berço de uma borboleta; também a morte para o homem é o princípio de uma nova e melhor vida. [782]
Um desengano oportuno corresponde a um benefício importante. [270]
Um dos argumentos da racionalidade dos homens é saberem que ignoram: os animais por certo não têm o conhecimento da sua ignorância. [1208]
Um dos grandes benefícios do amor das letras e leitura é salvar a velhice da rabugem e mau humor que ordinariamente a acompanham. [1159]
Um dos maiores obstáculos ao adiantamento e promoção das pessoas de grandes talentos e ciência, é ordinariamente o seu mesmo orgulho ou presunção. [1321]
Um ente passível não pode ser independente. [296]
Um governo sem prestígio e força aliena e desencanta os povos. [847]
Um grande crime glorificado ocasiona e justifica todos os outros crimes e atentados subseqüentes. [374]
Um grande mérito força o respeito, e afugenta a adulação. [273]
Um grande mérito intelectual escusa e dispensa a importância vulgar que confere o luxo exterior e pessoal. [2532]
Um homem pode saber mais do que muitos, porém nunca tanto como todos. [256]
Um homem reputado de saber, juízo e virtude dá sujeição a muita gente. [2726]
Um homem virtuoso e moral, sem princípios e sentimentos religiosos, seria um fenômeno singular; pretendem alguns que os há, como outros que existe a Fênix. [718]
Um mal exclui outros males, como um bem freqüentes vezes outros bens. [3091]
Um mundo é um sistema de entidades e cousas concebido na mente Divina, e realizado pela sua onipotência; é tal, nem pode ser outro diverso do que o mesmo Deus quis que fosse com relação ao sistema universal da Natureza. [2755]
Um órgão desconsertado inutiliza a perícia do organista, uma nação anarquizada a dos melhores governantes. [1496]
Um povo corrompido não pode tolerar governo que não seja corruptor. [1523]
Um profundo conhecimento dos homens nos torna misteriosos, reservados ou insociáveis. [1941]
Um século censura o outro século, como em nossa vida uma idade condena a outra idade. [35]
Um sexo é a metade do outro sexo, ambos eles se procuram, porque unidos se completam. [848]
Um trono bem constituído e ocupado é a melhor árvore que se conhece para dar abrigo e sombra aos povos e nações. [1718]
Um vivente deste mundo transportado a outro deixaria de existir necessariamente não sendo o seu corpo adaptado a esse diverso sistema: assim em o nosso globo morre o peixe tirado d'água e lançado na terra, elemento impróprio para a continuação da sua existência. [2929]
Uma boa cabeça não justifica um mau coração. [1143]
Uma boa letra não anuncia ordinariamente superior capacidade. [2722]
Uma ciência fabulosa constitui a maior parte da humana sapiência. [2555]
Uma das maiores maravilhas para o estudo e admiração dos homens é a correspondência e relação recíproca dos nossos sentidos com a natureza material deste mundo e do universo. [2783]
Uma doença crônica é ordinariamente motivo de uma vida longa pela temperança, abstinência e cautelas em que vivem os pacientes. [2426]
Uma felicidade absoluta só compete a Deus: as suas criaturas por limitadas são incapazes de outra que não seja a relativa, o que supõe necessariamente a existência do mal físico para contrastar os bens e fazê-los avaliar e apreciar. [2875]
Uma grande qualidade ou talento desculpa muitos pequenos defeitos. [266]
Uma grande reputação é talvez mais incômoda que a insignificância pessoal. [613]
Uma revolução feliz justifica maiores crimes e os eleva à categoria de virtudes. [480]
Uma unidade distinta e prestadia se inutiliza ordinariamente formando parte de um corpo coletivo. [2758]
Uma velhice alegre e vigorosa é de ordinário a recompensa da mocidade virtuosa. [975]
Uns homens ocasionam os males e exigem que outros os remedeiem. [375]
Uns homens são bons porque têm juízo; outros deixam de ser maus por terem medo. [1702]
Uns homens sobem por leves como os vapores e gases; outros como os projetis, pela força do engenho e dos talentos. [1]
Uns querem ordem porque receiam perder; outros promovem a desordem porque esperam ganhar por ela. [2791]
Uns são loucos por falta de juízo; outros o parecem por seu excesso ou transcendência. [2197]
Uns torturam o seu espírito para granjear dinheiro; outros para o gastar e dissipar. [1243]
Uns vícios excluem outros, como umas paixões deslocam outras. [2008]
V
Vai-se aos mesmos fins por diversos meios segundo as circunstâncias: uns são cínicos por ambição, outros magníficos e ostentosos. [2948]
Vale mais ser invejado que lastimado. [1983]
Variamos com as idades de instintos, gostos, paixões, opiniões, até mesmo de moléstias. [2846]
Variedade e reprodução parecem ser os dous principais objetos que ocupam a Natureza neste mundo, tão numerosas ou inumeráveis são as providências observadas para que elas não faleçam em tempo algum. [2529]
Variedade infinita em um espaço muito limitado é o quadro e a história deste mundo sublunar. [2992]
Velho que não tem juízo nunca o teve. [1773]
Velhos há que bem merecem ser comparados aos vulcões extintos. [406]
Vemos a Deus nas cidades na admirável variedade das produções da indústria humana, vemo-lo nos campos nas obras maravilhosas e assombrosas da Natureza, vemo-lo finalmente em nós mesmos, que o estudamos, admiramos, amamos e adoramos em conseqüência das faculdades e inteligências com que nos enriqueceram a sua divina bondade e beneficência. [2671]
Vemos nas cidades geralmente as obras dos homens, fora delas diretamente as de Deus: respiramos no campo a Divindade. [2418]
Vemos os objetos pela luz, e conhecemos a existência da luz pelos objetos que a refletem. [1442]
Vestimos a natureza dos nossos afetos e paixões, ela nos parece bela e aprazível quando estamos contentes, triste e lutuosa se o pesar ou dor nos atormenta. [1627]
Vestir e formular dignamente um pensamento é muito mais difícil que concebê-lo. [2061]
Virtude é observância e satisfação do que devemos a Deus, aos homens e a nós mesmos. [3003]
Vive de maneira que ao morrer não te lastimes de haver vivido. [1569]
Vivemos com loucos e entre loucos; é feliz ou muito hábil quem pode tratar com eles sem os ofender nem ser ofendido. [1769]
Vivemos e morremos envolvidos em um turbilhão de dúvidas, enigmas, arcanos e mistérios que não podemos resolver, decifrar, nem compreender. [2663]
Vivemos em Deus, com Deus, por Deus e para Deus. [1660]
Vivemos em tantas vidas e pessoas, que nos sentimos despedaçar quando perece alguma delas. [1725]
Vivemos em um mundo encantado que se renova e remoça envelhecendo. [887]
Vivemos entre dois infinitos, no tempo e no espaço; ocupamos um ponto da imensidade e duramos um instante da eternidade. [965]
Vivemos entre duas eternidades que limitam a nossa existência, e nos constituem mortais neste intervalo. [1281]
Vivemos no seio de Deus que, sendo imenso, nos compreende a todos. [867]
Vivemos simultaneamente em dois mundos, um real, outro fantástico ou ideal: este nos ocupa mais do que o primeiro, e ocasiona como por encanto muitos dos mais notáveis acontecimentos que observamos. [2042]
Vivemos, como andamos, querendo guardar equilíbrio e escorregando freqüentes vezes. [959]
Viver é doce, viver é agro: nesta alternativa se passa a vida. [585]
Viver é gozar e sofrer, resistir e baralhar com os homens, as cousas, os eventos e elementos. [1097]
Viver é gozar: o simples exercício das faculdades do corpo e potências da alma confere fruição e felicidade. [2465]
Viver em tudo com referência a Deus é viver racional e religiosamente. [2593]
Vivificamos e racionalizamos o mundo externo e material com a nossa própria inteligência e vitalidade. [1367]
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