24 maio 2007

Acredito que a razão está do meu lado e o mal mora ao lado.

Ultimamente tenho andado a ler um livro de uma autora que, algures, escreve o seguinte:

A melhor maneira de se liquidar um serviço público é demoli-lo tão drasticamente que os seus utentes passam a desprezá-lo, e depois fragmentá-lo. Tendo sido despojada de qualquer privilégio e prestígio, a maternidade continuou a ser dilapidada pelo ostracismo e pela negligência. O progresso implacável da tecnologia reprodutiva divide actualmente a maternidade em três compartimentos: maternidade genética, maternidade de gestação e maternidade parental. A mãe genética fornece o ovo que é fertilizado. A mãe gestadora é a proprietária e gerente do útero em que o embrião se implanta e cresce. A mãe parental é a pessoa que cria e alimenta a criança. Instada a distinguir entre os direitos destes três tipos de mães, a lei apenas conseguiu lançá-las umas contra as outras. Na verdade, ninguém sabe se uma mãe genética tem mais direito a apropriar-se de uma criança do que a mulher que a sustentou e alimentou no seu útero ou do que a mulher que a cria e alimenta fora do útero; quando as maternidades colidem, o sistema reprodutivo patriarcal convence-se facilmente a dispensá-las a todas.”.

in GREER, Germaine, “A Mulher Total”, 1999, Editorial Notícias, 1.ª edição de Janeiro de 2000, ISBN 972-46-1154-X, página 103.

Por ironia do destino dos últimos acontecimentos e em resultado da reflexão interior sobre os novos ventos de mudança, ao transpôr o significado deste excerto para a realidade actual encontrei uma das justificações (entre outras) para acreditar verdadeiramente que os princípios da dignidade humana que norteiam o próximo dia “D” são inteiramente justos, independentemente do facto da iniciativa pessoal de adesão.

A reivindicação de um novo rumo para as recentes propostas de fragmentação dos serviços essenciais da sociedade impõe que cada um de nós se oponha firmemente a um conformismo instalado e a uma aceitação passiva de normas ditatoriais na relação de trabalho que são incompatíveis com a liberdade, democracia e respeito pelos direitos fundamentais consagrados constitucionalmente que devem existir em contexto laboral.

Eu nunca aceitarei, de maneira alguma, que tais valores que devem nortear a vida e a carreira de todos aqueles que “suam” diariamente para alcançarem um mínimo de sobrevivência e independência, sejam postos em causa por caprichos pessoais, estilos de liderança conjunturais ou interesses económicos, porque quando isso acontecer não saberei dizer se eu, a minha família, os meus entes queridos ou todos aqueles que possam fazer parte do meu círculo de amizade e amor, poderão, alguma vez, a ter esperança de algum dia sonharem a serem felizes e realizados nesta curta passagem ...

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