21 maio 2007

As loucuras de uma jovem nipónica com o seu amigo mecânico brasileiro.

A publicitária Alice, de 29 anos, encontrou seu Gianecchini em uma oficina na esquina de casa. Não teve dúvida: seduziu aquele homem altíssimo, rude, e teve um prazer selvagem.

As feministas que me desculpem, mas não sei trocar pneu. Sempre achei que carros são necessidade básica, como ter máquina de lavar roupa. Qualquer serviço de manutenção - como trocar pastilhas de freio, seja lá o que isso signifique - sempre ficou por conta do homem mais próximo: namorado, pai, irmão... Até que me mudei para São Paulo, há um ano, sem família nem paquera. De repente, não tinha mais quem me dissesse o que fazer quando o motor chiava. E aconteceu. Eu voltava para casa e comecei a ouvir um ruído que lembrava um gato sendo torturado. Pedi conselho ao porteiro do prédio e ele indicou o Isaías, mecânico do bairro há 40 anos, a três quadras de casa.

Na manhã seguinte, eu estava lá. Como todas as outras oficinas do mundo (embora essa fosse de fato a primeira em que entrava), era suja, chão de cimento e, claro, calendários de moçoilas de pernas abertas, dedo na boca e biquínis anos 80 pelas paredes. Havia dois carros suspensos do chão. Por baixo de um deles, vi um par de pernas cobertas por um macacão azul, encardido de graxa. Chamei timidamente: "Isaías?" Ninguém apareceu. Tentei outra vez, mais alto, e o resto do corpo surgiu. Se é que pode ser chamado de resto 1 metro e 90 de músculos, pele bronzeada, olhos verdes, mechas de cabelo escuro caindo na testa, queixo quadrado e barba por fazer! "Isaías?", perguntei mais uma vez, agora gaguejando. Ele levantou sem falar nada, chegou mais perto e só quando estava a meio metro dos meus olhos arregalados abriu a boca - com dentes perfeitos. "Não trabalha mais aqui, posso ajudar?" Pensei em muitos pedidos para fazer a ele, mas me controlei e disse apenas que havia um gato no motor. Ele abriu o capô, girou a chave, ouviu o barulho e disse qual era o problema. Em dois dias o conserto ficaria pronto. Perguntou meu nome e telefone, e quase fiquei feliz, até perceber que era um recibo, e não uma cantada. Para não perder a conversa, assuntei: "Qual é o seu nome?" "Moisés", disse ele. Agradeci e, entortando o pescoço para espiá-lo até virar a esquina, fui embora pisando em nuvens.

Nunca tive fantasias com homens como ele. Mas a vontade descontrolada de rir e sapatear e a constrangedora umidade na calcinha provavam que aqueles 15 minutos haviam mexido comigo. Não pude parar de pensar no que haveria debaixo do macacão ou o que um banho de água e loja faria por ele. Resolvi que, quando fosse buscar o carro, tentaria um "chega mais".

No dia D, fui preparada: minissaia, decote, salto, cabelo solto - eu estava gostosíssima, opinião compartilhada por todos os homens no caminho até a oficina. Cheguei com as mãos suando. Chamei pelo Moisés, uma, duas, três vezes. Na quarta, um baixinho barrigudo coçando o bumbum apareceu e perguntou o que eu queria. O Moisés, oras! Mas ele não estava, disse o fulano. Saí dirigindo desolada, e a partir daquele dia passei a andar mais a pé pelo bairro, torcendo para encontrá-lo. Nesse meio-tempo, marquei de sair com um novo paquera. E estava a caminho quando o deus mecânico cruzou minha vida novamente.

Havia marcado um chope com o Marco - meu candidato meia-boca a namorado. Quando fui pegar o carro, de vestido tomara-que-caia preto justo e curto, saltos e sombra escura nos olhos, ouvi um barulho estranho: os dois pneus do lado esquerdo estavam em frangalhos. Então, vi a luz do letreiro da oficina do Isaías. Fechada. Notei uma campainha. Respirei fundo e toquei. Uma. Duas. Sete vezes. Já estava desistindo quando ouvi: "Posso ajudar?" Moisés surgiu limpo, vestindo bermuda jeans e Havaianas. Isso mesmo: sem camisa, com a barriga de tanque e bíceps, tríceps (até o cotovelo dele me dava calor!) à mostra. Disse "Oi, lembra de mim?", perguntei se poderia me ajudar, pedi desculpa pela hora. Ele saiu, sem falar nada, me deixando na calçada, para de repente levantar a porta metálica, de correr. Entrei com o coração aos pulos. Moisés começou o trabalho. E eu também: tentei puxar conversa, mas o cara não era disso. Liguei o som do carro e passei a me fazer de pin-up, me debruçando sobre o capô para exibir o bumbum ou de forma que os olhos do príncipe ficassem quase dentro do meu decote. Sim, vi um olhar ou outro, e notei certo volume sob a braguilha, mas ele não retribuía meus sorrisos nem encostava em mim. Seria gay, casado, impotente ou simplesmente burro para não me querer?

Moisés terminou - apesar de não ser borracheiro, tinha dois estepes para me emprestar -, limpou as mãos e disse o preço. Meu coração disparou de novo: com poucos reais na carteira, não tinha como pagá-lo. Comecei a me desculpar, quando tive uma idéia louca. Me aproximei dele e disparei: "A não ser que eu possa pagar de outro jeito..." Enquanto lançava essa cantada descarada, escorreguei a mão no peito musculoso, até chegar ao umbigo. No segundo seguinte, ele rasgava meu vestido e me jogava sobre o capô do carro. Aquele mecânico se transformou num touro. Enquanto arrancava minha roupa, mergulhava a cabeça entre os meus seios, me arranhando com a barba por fazer. Enlacei-o com as minhas pernas, e antes que me desse conta estava gemendo de prazer. A boca dele desceu e começou o sexo oral mais fantástico que já recebi na vida. Fechei os olhos e me entreguei. Moisés me beijou inteira, enquanto abria a bermuda. Nu na minha frente, seu corpo parecia esculpido a mão. E o seu menino enorme apontava para mim. Quando ele me penetrou, senti um choque de calor e energia por todo o meu corpo. Depois de longos minutos naquela posição, Moisés me virou de bruços. Nós nos beijamos sem parar enquanto ele se encaixou por trás. Ao sentir que ele não agüentaria muito mais, inverti o jogo. Empurrei-o para cima do carro e o beijei todo. Terminei a transa sentada sobre ele, me sentindo dona do mundo. A despedida foi um beijo terno, sem palavras. Estava feliz, queria ver no espelho o tamanho do meu sorriso.

Não passei mais pela oficina. Tive medo de estragar o momento perfeito colocando sobre ele alguma expectativa de futuro. Uma relação de verdade requer afinidades, conversa. Posso estar errada, mas suspeito que não teríamos isso. Melhor ficar no plano da lembrança. Pelo menos até meu pneu furar de novo...

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