11 maio 2007
A banda desenhada quando era novo ...
As Aventuras de Spirou eram uma das minhas bandas desenhadas preferidas no que respeitava à leitura juvenil.
Não quero isto dizer que hoje não possa vir a ler uma destas histórias animadas.
Já não leio uma destas aventuras há muito tempo.
O eterno personagem principal destas aventuras chamava-se Spirou: jovem de cabelo ruivo rebelde, fato vermelho com botões dourados e chapéu redondo.
A personagem retratava um dos maiores aventureiros do século XX, enfrentando os maiores perigos em todos os continentes e em todos os tempos, passados, presentes e futuros.
Talvez fosse por esta razão que sempre me identifiquei tanto com esta personagem até à presente data.
E a seguir ao Spirou vinha o seu companheiro e cúmplice: Fantásio. De cabelos rebeldes e um temperamento sulfuroso, Fantásio oscilava entre a cólera e a depressão, com alguns sinais de preguiça aqui e ali. Os seus “gags” eram geniais e ninguém esquece o seu talento como inventor do fantacóptero e dos óculos com escovas limpa pára-brisas...
Spip era um pequeno esquilo que se tornou o mais fiel companheiro do jovem herói Spirou, acompanhando-o por todo o lado e apoiando-o em todas as circunstâncias. Temperamental, refilão e cómico, sublinha com os seus comentários silenciosos – mas pertinentes – algumas das mais divertidas (ou dramáticas) sequências. Era um aliado indispensável dos dois heróis.
Marsupilami era o mais divertido deles todos. Era um animal mutante, que punha constantemente em causa a imaginação transbordante de qualquer jovem leitor. Ovíparo, anfíbio e devorador compulsivo de formigas, destaca-se pela cor do seu pelo (amarelo com grandes bolas pretas) e uma enorme cauda de nove metros. Os seus recursos são praticamente inesgotáveis, como Spirou e Fantásio terão oportunidade de constatar desde o momento em que o descobrem e capturam na floresta tropical da Palômbia, algures no continente sul-americano.
E como nestas histórias há sempre uma mulher lá veio a Seccotine, a primeira personagem feminina verdadeiramente importante da série.
Tal como acontece na vida real quando conhecemos alguém pela primeira vez, Fantásio achou-a logo detestável e não escondia a sua aversão, acusando-a de ser insuportável e desleal. É verdade que o seu espírito de iniciativa está na origem da divulgação, como jornalista, de algumas histórias em que se antecipa a Fantásio. Actuando no limite do que lhe é permitido pelas normas deontológicas da profissão, Seccotine mostrava ser uma mulher ambiciosa, mas também corajosa.
Assim, estas histórias tinham tudo aquilo que se precisava para se captar o interesse de quem queria chegar a saber o seu fim.
Mas faltava o mau da fita: Um que fosse horrível e que estivesse sempre a planear fazer mal às personagens da história.
Mais uma vez tal como na vida real.
Chamava-se Zorglub e actuava como um inimigo dos heróis, evidenciando algum potencial de transformação positiva. O seu gigantesco ego faz dele um mitómano, aspirando ao reconhecimento da sua inteligência superior, o que Spirou e Fantásio nunca levam inteiramente a sério – apenas o suficiente para reconhecer o perigo subjacente aos seus planos de domínio do mundo e frustrá-los em toda a linha.
Nas nossas vidas também temos 1.001 aventuras e foi isso que na altura me seduziu: Ao lê-las poderia antever algumas das situações com que me deparo hoje e saber previamente como as poderia ultrapassar.
Uma das virtudes da banda desenhada que incute aos jovens, aos amores, à nossa vida é isso mesmo: A brincar, dizem-nos o caminho que devemos escolher para nos desviarmos do mal e a saber escolher aquelas pessoas que mais gostamos e as quais nos adoram para nos acompanhar nas 1.001 situações.
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