24 setembro 2007

Se te colocassem a viver durante anos numa ala prisional com alguém que teria em sua posse uma seringa poderias dormir alguma noite descansada?



Troca de Seringas nas Prisões?


O programa experimental de troca de seringas para reclusos nas prisões portuguesas, medida que pretende fazer diminuir a contaminação de doenças infecto-contagiosas entre presos, inicia-se esta segunda-feira, mas apenas «na vertente teórica» e nas cadeias de Lisboa e Paços de Ferreira. O início real só acontecerá em meados de Outubro

Com o objectivo de diminuir a contaminação de doenças infecto-contagiosas, como hepatites ou Sida, entre os presos que consomem drogas e partilhavam seringas entre si, arranca esta segunda-feira o programa experimental de troca de seringas para reclusos. No entanto, esta primeira fase, que deverá prolongar-se por algumas semanas, será meramente «teórica», já que a troca efectiva de seringas começará apenas em Outubro.

«Sempre estiveram previstas acções de formação, porque, para ser aplicada esta medida, todos os intervenientes têm de estar informados e treinados. É preciso ultimar pormenores», afirmou Alberto Costa aos jornalistas à margem do seminário sobre Penas e Medidas Alternativas à Prisão, que decorre hoje e terça-feira em Lisboa.

«Depois de tantos anos de espera é preciso que corra tudo muito bem. Não é o pormenor de um dia que nos faz precipitar», acrescentou.

O ministro da Justiça disse ainda que é necessário avaliar a eficácia do programa para decidir ou não alargá-lo a outras cadeias: «Queremos que a experiência pensada há mais de 10 anos possa ser avaliada para pudermos saber se justifica ou não mantê-la».

O Programa Específico de Troca de Seringas (PETS) não afasta o objectivo de recuperar os presos toxicodependentes, levando-os a deixar de consumir drogas, de acordo com a lei que prevê o programa experimental, promulgada pelo Presidente da República em 06 de Janeiro de 2007.

Esta medida tem contado com a resistência dos guardas prisionais, que, além não acreditarem nas suas vantagens, consideram que se está a legitimar o consumo e o tráfico de drogas nas cadeias portuguesas.

As cadeias de Lisboa e Paços de Ferreira foram escolhidas para iniciar a experiência por terem uma elevada percentagem de toxicodependentes e uma elevada incidência de doenças infecto-contagiosas entre a sua população prisional.

Antes de começarem o programa, os reclusos que pretendam candidatar-se serão sujeitos a uma avaliação pelos serviços clínicos prisionais, onde serão aconselhados sobre as alternativas de que dispõem, incluindo o apoio ao abandono do consumo de droga.

Aos admitidos no PETS, a quem é garantida a confidencialidade, será distribuído um estojo com duas seringas, dois toalhetes desinfectantes com álcool, um preservativo, uma ampola de água destilada, um filtro, dois recipientes e ácido cítrico.

Fonte:

http://aeiou.visao.pt/default.asp?CpContentId=334411

in Visão, 24 de Setembro de 2007.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Agradeço os seus comentários / Thank you for your comments.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.