18 julho 2007

A Eficiência da Gestão Portuária em Zeebrugge - O exemplo vem sempre de cima (da Europa).


Sabias que é por Zeebrugge, com um moderno porto europeu logístico, que passam os carros da Ford e da Wolkswagen que são fabricados em Palmela (Setúbal)?

As lições sobre logística que vêm de Zeebrugge, na Flandres da Bélgica, são surpreendentes.

No moderno edifício da administração do porto, a sala do vice-presidente Vincent De Saedeleer tem uma vista espectacular para a imensidão do Oceano Atlântico e para um dos maiores navios do mundo.

Este volumoso e altíssimo navio era de contentores e foi transformado em porta-carros, ajudando a imaginar o número gigantesco e rapidíssimo de movimentos de veículos neste porto e navio.

Em 2006, nos terminais roll-on/roll-off dedicados a veículos foram registadas 12,3 milhões de toneladas (mais 4% que no ano transacto) e batido o recorde mundial: 1.930.000 de carros novos, mais 11,3% que em 2005.

É também por aqui que passam os monovolumes portugueses da Ford e da VW fabricados em Palmela.

Do porto de Setúbal, partem em navios da UECC/Soares Dias para Zeebrugge os carros que depois são distribuídos para toda a Europa e mundo.

Este porto tem 23 plataformas ro-ro, terminais privativos para a Toyota – 400 mil carros todos os anos - e para o grupo PSA (Peugeot e Citröen), 270 hectares de terraplenos para veículos e muitos operadores logísticos automóveis, como a fabricante japonesa Bridgestone, que aqui tem capacidade para 1.300.000 pneus.

Também em contentores, além das tradicionais cargas convencional e líquida, o porto de Zeebrugge tem vindo a conquistar mercado: Em 2006 foram 1.640.000 TEU, mais 16,5% que no ano anterior, graças à abertura de uma nova doca, a Alberto II, o rei belga.

Os enormes e novos guindastes, preparados para os navios superpostpanamax são do poderoso grupo dinamarquês AP Möller/Maersk.

Assim, foram movimentadas 18 milhões de toneladas, o novo recorde deste porto que, beneficiando da proximidade à cidade - hoje turística - de Brugges, que está ligada por um rio ao novo porto.

O porto aproveita mesmo o facto de se ter desenvolvido dentro do Oceano Atlântico – onde ainda hoje se fazem ligações fluviais para o Reino Unido – para atrair carga contentorizada ou de veículos.

É que, assim, vinda da América do Sul ou do Extremo-Oriente, a carga não chega a Hamburgo, Roterdão, ou mesmo à vizinha Antuérpia.

O porto de Zeebrugge tem vindo a crescer e, graças à logística de topo belga, a servir todos os intervenientes no comércio mundial marítimo.

Para o efeito, são cerca de 300 as empresas que aqui trabalham, empregando mais de 10 mil pessoas, quase 1.500 só nas docas.

Repara na logística dedicada à fruta vinda do Brasil e Nova Zelândia.

É assim que neste porto a comemorar 100 anos, e desde 1985, o terminal de fruta da neo-zelandesa Zespri recebe e distribui para toda a Europa – incluindo Portugal – os famosos kiwis.

Em armazéns onde trabalham maioritariamente mulheres, os sensíveis kiwis são analisados à vista, apalpados, tudo sob rigorosíssimas medidas de higiene e climatéricas: os quilos e quilos da fruta ficam embalados em armazéns frigoríficos a 0 graus.

Nas zonas de trabalho, as mulheres colocam-nos nas caixas tabletes que as máquinas definem conforme o peso da fruta: os mais maduros são distribuídos mais rapidamente, outros ficam ainda a amadurecer!

Depois de devidamente embalados, em caixas que veremos nos supermercados, para o respectivo mercado nacional com a etiquetagem devida, a fruta vai em paletes por camião, comboio ou novamente de barco.

E é assim que se movimentam, por ano, 115 mil toneladas só de kiwi!

A conhecida marca de sumos Tropicana também está em Zeebrugge, depois de ter deixado há alguns anos Ghent, onde apenas está agora a Citrus, também brasileira.

Na ocasião, estava atracado o navio Carlos Fischer, vindo de Santos.

Daí parte para toda a Europa, já em sumo concentrado, de camião ou em barcos mais pequenos.

A capacidade de crescimento do porto de Zeebrugge beneficia também da agressividade comercial dos responsáveis da autoridade portuária. Por exemplo, estiveram recentemente nos grandes eventos do sector dos transportes e logística: Munique, na Alemanha, Moscovo, na Rússia, e em Barcelona, na Espanha, etc..

E por cá? Apenas os vemos passar, não é?

Sem comentários:

Enviar um comentário

Agradeço os seus comentários / Thank you for your comments.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.