O que é que está por detrás da atracção entre os sexos?
Por é que nos apaixonamos?
A sexualidade é um assunto sobre o qual ninguém, pelo menos, na sua intimidade é neutro.
Antes pelo contrário: Sobre a sexualidade existe sempre uma posição individual, onde a parcialidade é a rainha da consciência de cada um.
Todos têm uma natureza sexual, todos têm necessidade da sexualidade, e uma personalidade sexual que foi formada no lar, na escola, pelo sistema de tentativa e erro na vida, e seja lá o que for que passemos ao longo do caminho, das influências subtis e nem tão subtis assim da sociedade em que vivemos.
Ao tentar entender a nossa sexualidade devemos procurar as suas origens.
De onde é que vem a nossa sexualidade?
Esquece a abordagem prevalecente, contemporânea e científica.
Esta pode ser agora a minha perspectiva e amanhã pode ser outra.
Quando um homem está fisicamente atraído por uma mulher, ou uma mulher por um homem, isso pode parecer algo muito biológico, mas sob uma outra perspectiva é apenas uma manifestação física de uma atracção espiritual bastante profunda.
Existem, obviamente, numerosas teorias científicas seculares sobre o tema.
A teoria biológica ou evolucionária é baseada, essencialmente, na ideia de que a sobrevivência do mais apto é a força primária na natureza, e a fonte das características particulares de qualquer criatura, desde as células isoladas até o alto da cadeia evolucionária, os animais e seres humanos.
Sob esta perspectiva, a nossa sexualidade deriva do facto de que a perpetuação da espécie é atingida através do relacionamento sexual entre macho e fêmea.
O homem, portanto, procurará a mulher que seja mais fértil, e que terá os filhos mais saudáveis; e a fêmea procurará um homem que forneça a semente mais sadia, que seja o mais viril e que proteja os descendentes.
Esta teoria explica muitas coisas sobre a nossa sexualidade.
Explica, por exemplo, porque é que os homens e as mulheres se procuram uns aos outros.
Explica porque determinados aspectos nas mulheres ou nos homens são tão atraentes para o sexo oposto, porque reflectem elementos de fertilidade ou sinais de saúde, que são importantes para a perpetuação da espécie.
O que esta teoria basicamente afirma é que por detrás da mística e da beleza, do romance e sensualidade nos quais se vê envolvida a sexualidade humana, está uma força primitiva: A necessidade de existir, e de eternizar aquela existência.
Como o ser humano é um animal com uma certa dose de sofisticação, a sexualidade humana tende a evoluir rumo à exigência (utópica).
O homem moderno não está preparado para pensar em si mesmo meramente como máquina de produzir filhos, portanto para envolver duas pessoas numa união, a evolução e a biologia conspiraram para introduzir no acto sexual não apenas o prazer, mas também a mística que nos compele ao longo de toda a jornada romântica.
Olhando nos olhos do ser amado sobre a luz das velas numa mesa posta para dois, o ser humano pode pensar que ele ou ela se elevou acima do modelo de existência da sobrevivência do mais apto.
Porém, na verdade, este degrau acima é apenas a maneira da natureza de empacotar aquele impulso.
Dois seres humanos a cortejaram-se são essencialmente o mesmo que duas abelhas a cortejaram-se uma à outra, com as devidas pequenas diferenças. Uma abelha zumbe de certa maneira ou liberta um determinado cheiro, mas estas são tácticas para fazê-las acasalar e produzir descendentes.
Pela mesma óptica, os instrumentos da sexualidade humana, o romance, as flores, a música, a luz do luar, são, na verdade, a maneira da natureza juntar duas pessoas.
A natureza é impiedosa, e deve prevalecer.
A natureza encontra sempre uma maneira de fazer o macho e a fêmea acasalarem.
Esta, basicamente, é a abordagem científica para a sexualidade humana.
Mas existem outras abordagens ...
A atracção sexual entre os seres humanos é impulsionada por uma força totalmente diferente: a busca pela sua imagem, pelo seu eu essencial, a cara metade.
O homem poderá ter sido originalmente criado como um ser com dois-lados.
Alguém deve ter dividido esta criatura em duas, e desde então, as metades procuram e anseiam uma pela outra.
O homem é uma personalidade completamente desenvolvida e a mulher também.
Mas há elementos na personalidade de ambos que permanecem incompletos se eles não se encontram um ao outro.
Há alguma coisa que falta em cada um deles, porque eles foram em tempos parte de um todo maior.
Eles procuram realmente tornar-se num só.
A raça humana é essencialmente uma entidade, uma singularidade macho-fêmea.
Quando o homem e a mulher se juntam na união conjugal, recriam essa identidade na qual ambos foram formados como um.
A dinâmica macho-fêmea não é apenas a tentativa de compreensão entre dois sexos dentro de uma espécie.
A energia feminina e a energia masculina existem em cada homem e em cada mulher, e em toda parte da natureza, sendo certo que a sua manifestação é visível por todos os recantos do mundo onde exista vida.
O que vemos normalmente é uma divisão de duas energias, e uma ansiedade e certa inclinação para se tornar num só todo.
A raça humana é metade macho e metade fêmea e através da sua união, eles tornam-se num ser maior que os faz transpor para uma realidade mais elevada, uma etapa avançada na vida que, muitas das vezes, os faz ter consciência do seu papel na extensão da vida por intermédio do seu legado depositado nos filhos.
Os filhos são uma alma marcante da atracção sexual existente entre dois seres, o homem e a mulher.
Esta atracção, que é manifestada em muitas sensações físicas, desde o coração acelerado até à atracção física por outra pessoa, é essencialmente a atracção para se tornarem num todo completo.
Conscientemente, as pessoas quando crescem e se tornam maduras afastam-se do seu caminho individual narcisista, até egoísta.
E de repente surge uma voz interior que lhes diz que anseiam por algo maior.
Quando um homem está fisicamente atraído por uma mulher, ou uma mulher por um homem, isso pode parecer algo muito biológico, mas sob uma outra perspectiva é apenas uma manifestação física de uma atracção espiritual bastante profunda.
Isso não equivale a dizer que o conceito de sexualidade não está intrinsecamente ligado ao objectivo de criar uma nova vida.
Com certeza que estará, mas a perpetuação da espécie não é o único fim de nossa sexualidade.
Ao contrário, a natureza da nossa sexualidade, o facto de que a união do macho e fêmea completa a identidade na qual eles foram criados, é isso que nos dá o poder de trazer vida ao mundo.
A sexualidade não é simplesmente o mecanismo da procriação ou um prazer egoísta.
A união entre Homem e Mulher é uma experiência única.
Assim, neste Verão apaixonem-se … porque, da minha parte, já sou um ser apaixonado por ti.
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