15 agosto 2007

O Medo do Amor Frágil.


O filósofo Zygmunt Bauman afirma que vivemos numa era de relacionamentos frágeis, de amores líquidos, em que hesitamos em entregar-nos (e assim acabar com as outras possibilidades de relacionamentos) e, ao mesmo tempo, em que ansiamos por relações profundas.

A insegurança inspirada por essa condição ambígua estimula desejos conflituantes de estreitar laços e, ao mesmo tempo, mantem-nos frouxos.

Isto é, queremos o máximo de intensidade com o mínimo de compromisso.

Uma cultura consumista como a nossa favorece o produto pronto para uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, receitas testadas e resultados que não exijam esforços prolongados nem um tempo (tão precioso nesse campo) mais dilatado, menos urgente.

O problema é achar que podemos incluir os relacionamentos na categoria de mercadorias que podem ser obtidas sem trabalho, sem sacrifício, e mesmo assim satisfazer todas as nossas necessidades.

O máximo do prazer só é obtido numa relação profunda, e não se pode ter uma relação profunda sem esforço, entrega, perseverança e cuidado com o outro.

Em resumo, para ter um sexo pleno é preciso gostar, envolver-se e aprender a abrir mão de outras oportunidades.

Cabe a nós próprios, portanto, estarmos dispostos a rever alguns conceitos que sempre tínhamos dado como certos, e que muitas vezes nos foram passados quando ainda mal conseguíamos soletrar o á-bê-cê.

Diante do ritmo surpreendente das mudanças em praticamente todos os detalhes do ambiente em que vivemos, da aguda incerteza sobre a vida futura e curta – as expectativas de cada “projecto” em que estamos actualmente envolvidos – precisamos muito de um ponto de referência estável e confiável que possa suportar as correntes transversais.

E onde seria melhor procurá-lo do que em amigos leais sempre prontos a segurar as nossas mãos, parcerias inquebráveis e uniões que durariam “até que a morte nos separe”?

Por outro lado, no mesmo “mundo de fluxos” em que nada consegue manter a sua forma por muito tempo, é preciso muita ousadia (e hesitação, e bater no peito e remorsos) para assumir compromissos de longo prazo e, assim, hipotecar futuras oportunidades das quais ainda não podemos saber, mas podemos ter certeza de que surgirão.

Quanto mais próximo é um relacionamento, mais ele parece ao mesmo tempo uma promessa e uma ameaça.

Não admira que uma “rede” na Internet possa parecer uma alternativa sedutora aos laços.

Numa rede, como tu sabes, desligar-se é tão fácil quanto ligar-se.

A sociedade moderna líquida – um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível – em que vivemos traz consigo uma misteriosa fragilidade dos laços humanos, um tal “amor líquido”.

De que forma as nossas relações tornam-se cada vez mais "flexíveis", gerando níveis de insegurança sempre maiores?

A prioridade a relacionamentos em “redes”, as quais podem ser tecidas ou desmanchadas com igual facilidade – e frequentemente sem que isso envolva nenhum contacto além do virtual – faz com que não saibamos mais manter laços a longo prazo.

Mais que uma mera e triste constatação, esta conclusão poderá ser apenas um alerta: não apenas as relações amorosas e os vínculos familiares são afectados, mas também a nossa capacidade de tratar um estranho com humanidade é prejudicada.

Fonte:

• O Amor Líquido: Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos, Zygmunt Bauman, Jorge Zahar Editor.

• A Idade Viril, Michel Leiris, Cosac Naify.


Outras Fontes:

A fragilidade dos laços humanos.

http://www.digestivocultural.com/ensaios/ensaio.asp?codigo=123

O título do livro do sociólogo polonês Zigmunt Bauman é sugestivo e, sobretudo, apropriado para um sentimento que não se submete docilmente a definições. Professor emérito de sociologia nas Universidades de Varsóvia e de Leeds, na Inglaterra, ele tem vários livros traduzidos para o português, e o tema recorrente em sua obra são os vínculos sociais possíveis no mundo atual, neste tempo que se convencionou denominar de pós-modernidade.

A noção de liquidez, quando se refere às relações humanas, tem um sentido inverso ao empregado nas relações bancárias, a disponibilidade de recursos financeiros. A liquidez de quem tem uma conta polpuda no banco, acessível a partir de um comando eletrônico é capaz de tornar qualquer desejo uma realidade concreta. É um atributo potencializador. O amor líquido, ao contrário, é a sensação de bolsos vazios.

É preciso deixar claro que Bauman não se propõe a indicar ao leitor fórmulas de como obter sucesso nas conquistas amorosas, nem como mantê-las atraentes ao longo do tempo, muito menos como preservá-las dos possíveis, e às vezes inevitáveis, desgastes no decorrer da vida a dois. Não há como assegurar conforto num encontro de amor, nem garantias de invulnerabilidade diante das apostas perdidas, nunca houve. Quem vende propostas de baixo risco são comerciantes de mercadorias falsificadas.

A área de estudo principal de Bauman é a sociologia, o campo do pensamento que vai ser o ponto de partida e o foco fundamental do retrato sobre a urgência de viver um relacionamento plenamente satisfatório dos cidadãos pós-modernos. Digamos que as dificuldades vividas por um casal refletem o estilo que uma comunidade mais ampla estabelece como padrão aceitável de relacionamento entre seus vizinhos, entre os que habitam um espaço comum. Bauman é realista. Sabe que “nenhuma união de corpos pode, por mais que se tente, escapar à moldura social e cortar todas as conexões com outras facetas da existência social”. Portanto, partindo do seu campo específico de estudo, ele faz uma radiografia das agruras sofridas pelos homens e mulheres que têm que estabelecer suas parcerias no mundo globalizado.

Mundo que ele identifica como líquido, em que as relações se estabelecem com extraordinária fluidez, que se movem e escorrem sem muitos obstáculos, marcadas pela ausência de peso, em constante e frenético movimento. Em seus livros anteriores, já traduzidos e disponíveis para o leitor brasileiro, Bauman defende a idéia de que esse processo de liquefação dos laços sociais não é um desvio de rota na história da civilização ocidental, mas uma proposta contida na própria instauração da modernidade. A globalização, palavra onde estão contidos os prós e os contras da vida contemporânea e suas conseqüências políticas e sociais, pode ser um conceito meio difuso, mas ninguém fica imune aos seus efeitos. A rapidez da troca de informações e as respostas imediatas que esse intercâmbio acarreta nas decisões diárias; qualidades e produtos que ficam obsoletos antes do prazo de vencimento; a incerteza radicalizada em todos os campos da interação humana; a falta de padrões reguladores precisos e duradores; são evidências compartilhadas por todos os que estão neste barco do mundo pós-moderno. Se esse é o pano de fundo do momento, ele vai imprimir sua marca em todos as possibilidades da experiência, inclusive nos relacionamentos amorosos. O sociólogo Zygmunt Bauman mostra como o amor também passa a ser vivenciado de uma maneira mais insegura, com dúvidas acrescidas à já irresistível e temerária atração de se unir ao outro. Nunca houve tanta liberdade na escolha de parceiros, nem tanta variedade de modelos de relacionamentos, e, no entanto, nunca os casais se sentiram tão ansiosos e prontos para rever, ou reverter o rumo da relação.

O apelo por fazer escolhas que possam num espaço muito curto de tempo serem trocadas por outras mais atualizadas e mais promissoras, não apenas orientam as decisões de compra num mercado abundante de produtos novos, mas também parecem comandar o ritmo da busca por parceiros cada vez mais satisfatórios. A ordem do dia nos motiva a entrar em novos relacionamentos sem fechar as portas para outros que possam eventualmente se insinuar com contornos mais atraentes, o que explica o sucesso do que o autor chama de casais semi-separados. Ou então, mais ou menos casados, o que pode ser praticamente a mesma coisa. Não dividir o mesmo espaço, estabelecer os momentos de convívio que preservem a sensação de liberdade, evitar o tédio e os conflitos da vida em comum podem se tornar opções que se configuram como uma saída que promete uma relação com um nível de comprometimento mais fácil de ser rompido. É como procurar um abrigo sem vontade de ocupá-lo por inteiro. A concentração no movimento da busca perde o foco do objeto desejado. Insatisfeitos, mas persistentes, homens e mulheres continuam perseguindo a chance de encontrar a parceria ideal, abrindo novos campos de interação. Daí a popularidade dos pontos de encontros virtuais, muitos são mais visitados que os bares para solteiros, locais físicos e concretos, onde o tête à tête, o olho no olho é o início de um possível encontro. Crescem as redes de interatividade mundiais onde a intimidade pode sempre escapar do risco de um comprometimento, porque nada impede o desligar-se. Para desconectar-se basta pressionar uma tecla; sem constrangimentos, sem lamúrias, e sem prejuízos. Num mundo instantâneo, é preciso estar sempre pronto para outra. Não há tempo para o adiamento, para postergar a satisfação do desejo, nem para o seu amadurecimento. É mais prudente uma sucessão de encontros excitantes com momentos doces e leves que não sejam contaminados pelo ardor da paixão, sempre disposta a enveredar por caminhos que aprisionam e ameaçam a prontidão de estar sempre disponível para novas aventuras. Bauman mostra que estamos todos mais propensos às relações descartáveis, a encenar episódios românticos variados, assim como os seriados de televisão e seus personagens com quem se identificam homens e mulheres do mundo inteiro. Seus equívocos amorosos divertem os telespectadores, suas dificuldades e misérias afetivas são acompanhadas com o sorriso de quem sabe que não está sozinho no complicado jogo de esconde-esconde amoroso.

A tecnologia da comunicação proporciona uma quantidade inesgotável de troca de mensagens entre os cidadãos ávidos por relacionar-se. Mas nem sempre os intercâmbios eletrônicos funcionam como um prólogo para conversas mais substanciais, quando os interlocutores estiverem frente a frente. Os habitantes circulando pelas conexões líquidas da pós-modernidade são tagarelas a distância, mas, assim que entram em casa, fecham-se em seus quartos e ligam a televisão.

Zygmunt Bauman explica que hoje “a proximidade não exige mais a contigüidade física; e a contigüidade física não determina mais a proximidade”. Mas ele reconhece que “seria tolo e irresponsável culpar as engenhocas eletrônicas pelo lento, mas constante recuo da proximidade contínua, pessoal, direta, face a face, multifacetada e multiuso”. As relações humanas dispõem hoje de mecanismos tecnológicos e de um consenso capaz de torná-las mais frouxas, menos restritivas. É preciso se ligar, mas é imprescindível cortar a dependência, deve-se amar, porém sem muitas expectativas, pois elas podem rapidamente transformar um bom namoro num sufoco, numa prisão. Um relacionamento intenso pode deixar a vida um inferno, contudo, nunca houve tanta procura em relacionar-se. Bauman vê homens e mulheres presos numa trincheira sem saber como sair dela, e, o que é ainda mais dramático, sem reconhecer com clareza se querem sair ou permanecer nela. Por isso movimentam-se em várias direções, entram e saem de casos amorosos com a esperança mantida às custas de um esforço considerável, tentando acreditar que o próximo passo será o melhor. A conclusão não pode ser outra: “a solidão por trás da porta fechada de um quarto com um telefone celular à mão pode parecer uma condição menos arriscada e mais segura do que compartilhar um terreno doméstico comum”.

Amor líquido – sobre a fragilidade dos laços humanos, de Zigmunt Bauman, mostra-nos que hoje estamos mais bem aparelhados para disfarçar um medo antigo. A sociedade neoliberal, pós-moderna, líquida, para usar o adjetivo escolhido pelo autor, e perfeitamente ajustado para definir a atualidade, teme o que em qualquer período da trajetória humana sempre foi vivido como uma ameaça: o desejo e o amor por outra pessoa.

O mais recente título do sociólogo polonês, que recebeu os prêmios Amalfi (em 1989, pelo livro Modernidade e Holocausto), e Adorno (em 1998, pelo conjunto de sua obra), é uma leitura precisa e eloqüente, um convite a uma reflexão aberta não apenas aos estudantes e interessados em trabalhos acadêmicos. O seu texto claro, apesar de fortemente estruturado numa erudição consistente, não deixa de abrir espaço para o leitor comum, interessado em compreender como as estruturas sociais e econômicas dos tempos atuais, tentam dar conta da complexidade do amor que, com a permissão de citá-lo mais uma vez, é “uma hipoteca baseada num futuro incerto e inescrutável”.

Zygmunt Bauman - Como amar em um mundo assustador.

http://vozesdosul.blogspot.com/2007/02/zygmunt-bauman-como-amar-em-um-mundo.html

Há anos o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, professor emérito da Universidade de Leeds e de Varsóvia, dedica-se a retratar as desastrosas conseqüências sociais de uma modernização que privilegia, segundo ele, apenas uma minoria. Prestes a completar 80 anos no próximo dia 15, o autor dos best-sellers "O mal-estar da pós-modernidade" e "Amor líquido" está mais ativo do que nunca: dois novos livros estão chegando ao Brasil, ambos pela Jorge Zahar Editor. Em "Vidas desperdiçadas", Bauman faz um prognóstico assustador: o crescimento incontrolável do "lixo humano", pessoas descartáveis ou "refugadas", como prefere que não puderam ser aproveitadas e reconhecidas em uma sociedade cada vez mais seletiva. O outro lançamento é "Identidade", uma entrevista que concedeu ao jornalista italiano Benedetto Vecchi, em que reforça seus conceitos sobre a crise de identidade imposta pela modernização. Em entrevista exclusiva ao jornal O Globo, 5-11-05, Bauman analisa a fluidez dos relacionamentos amorosos, compara a vida em sociedade ao "Big Brother", critica o combate militar ao terrorismo, comenta o "jeitinho brasileiro" e nega o rótulo de pessimista: "Acredito fortemente que um mundo alternativo seja possível", diz ele.

Seu livro "Amor líquido" é um sucesso comercial no Brasil. Na sua opinião, por que as pessoas têm se interessado tanto pelo assunto? Por que a idéia de durabilidade das relações amorosas nos assusta tanto?

ZYGMUNT BAUMAN: As relações amorosas estão hoje entre os dilemas mais penosos com que precisamos nos confrontar e solucionar. Nestes tempos líquidos, precisamos da ajuda de um companheiro leal, "até que a morte nos separe", mais do que em qualquer outra época. Mas qualquer coisa "até a morte" nos desanima e assusta: não se pode permitir que coisas ou pessoas sejam impedimentos ou nos obriguem a diminuir o ritmo de vida. Compromissos de tempo indeterminado ameaçam frustrar e atrapalhar as mudanças que um futuro desconhecido e imprevisível pode exigir. Mas, sem esse compromisso e a disposição para o auto-sacrifício em prol do parceiro, não se pode pensar no amor verdadeiro. De fato, é uma contradição sem solução. A esperança ainda que falsa é que a quantidade poderia compensar a qualidade: se cada relacionamento é frágil, então vamos ter tantos relacionamentos quanto forem possíveis.

O senhor está casado com a mesma mulher há 56 anos (a também socióloga Janina). Há segredo para uma união duradoura em tempos de "amor líquido", em que os parceiros são descartados de acordo com a sua funcionalidade?

BAUMAN: Quanto mais fácil se torna terminar relacionamentos, menos motivação existe para se negociar ou buscar vencer as dificuldades que qualquer parceria sofre, ocasionalmente. Afinal, quando os parceiros se encontram, cada um traz a sua biografia, que precisa ser conciliada, e não se pode pensar em conciliação sem fazer concessões e auto-sacrifício. Eu e Janina, provavelmente, consideramos isso mais aceitável do que a perspectiva de ficarmos separados um do outro. No fim das contas é uma questão de escolha, do valor que se dá a estar junto com o parceiro e da força do amor, que torna o auto-sacrifício em prol do amado algo natural, doce e prazeroso, em vez de amargo e desanimador.

A sociedade fragmentada que o senhor apresenta em "Vidas desperdiçadas" não estimula a individualização e o sentimento de medo ao estranho que foram apresentados em "Amor líquido"?

BAUMAN: Claro. Nos comportamos exatamente como o tipo de sociedade apresentada nos "reality shows", como por exemplo, o "Big Brother". A questão da "realidade", como insinuam os programas desse tipo, é que não é preciso fazer algo para "merecer" a exclusão. O que o "reality show" apresenta é o destino e a exclusão é o destino inevitável. A questão não é "se", mas "quem" e "quando". As pessoas não são excluídas porque são más, mas porque outros demonstram ser mais espertos na arte de passar por cima dos outros. Todos são avisados de que não têm capacidade de permanecer porque existe uma cota de exclusão que precisa ser preenchida. É exatamente essa familiaridade que desperta o interesse em massa por esse tipo de programa. Muitos de nós adotamos e tentamos seguir a mensagem contida no lema do programa "Survivor": "não confie em ninguém!" Um slogan como esse não prediz muito bem o futuro das amizades e parcerias humanas.

Em "Vidas desperdiçadas" o senhor menciona a questão criada por "imigrantes" em busca de um Estado que os proteja e lhes dê sobrevivência. De que modo os recentes atentados terroristas nos EUA e Europa são uma conseqüência dessa "marginalização" de seres humanos?

BAUMAN: A globalização negativa cumpriu sua tarefa. As fronteiras que já foram abertas para a livre circulação de capital, mercadorias e informações não podem ser fechadas para os humanos. Podemos prever que quando e se os atentados terroristas desaparecerem, isso irá acontecer apesar da violência brutal das tropas. O terrorismo só vai diminuir e desaparecer se as raízes sociopolíticas forem eliminadas. E isso vai exigir muito mais tempo e esforço do que uma série de operações militares punitivas. A guerra real e capaz de se vencer contra o terrorismo não é conduzida quando as cidades e vilarejos arruinados do Iraque ou do Afeganistão são devastados, mas quando as dívidas dos países pobres são canceladas, os mercados ricos são abertos à produção dos países pobres e quando as 115 milhões de crianças atualmente sem acesso a nenhuma escola são incluídas em programas de educação.

O que o senhor acha da afirmação de alguns acadêmicos que a globalização acabou e que o momento que vivemos agora é de vácuo pós-globalização?

BAUMAN: Não sei o que esses "acadêmicos" têm em mente. Até agora, nossa globalização é totalmente negativa. Todas as sociedades já estão abertas. Não há mais abrigos seguros para se esconder. A "globalização negativa" cumpriu seu papel, mas sua contrapartida "positiva" nem começou a atuar. Esta é a tarefa mais importante em que o nosso século terá que se empenhar. Espero que um dia seja cumprida. É questão de vida ou morte da Humanidade!

O que será preciso acontecer para que nossa sociedade se dê conta da armadilha que caiu em busca da suposta "modernidade"?

BAUMAN: A civilização moderna não tem tempo nem vontade de refletir sobre a escuridão no fim do túnel. Ela está ocupada resolvendo sucessivos problemas, e principalmente os trazidos pela última ou penúltima tentativa de resolvê-los. O modo com que lidamos com desastres segue a regra de trancar a porta do estábulo quando o cavalo já fugiu e provavelmente já correu para bem longe para ser pego. E o espírito inquieto da modernização garante que haja um número crescente de portas de estábulos que precisam ser trancadas. Ocasiões chocantes como o 11 de Setembro, a tsunami na Ásia, (o furacão) Katrina, deveriam ter servido para nos acordar e fazer agir com sobriedade. Chamar o que aconteceu em Nova Orleans e redondezas de "colapso da lei e ordem" é simplista. Lei e ordem desapareceram como se nunca tivessem existido.

O senhor aponta uma "crise aguda da indústria de remoção de refugo humano". É possível criar mecanismos de inclusão dos seres humanos "excessivos" e "redundantes"? A modernização implica, necessariamente, uma "lixeira humana"?

BAUMAN: Esse excesso de população precisa ser ajudado a retornar ao convívio social assim que possível. Eles são o "exército reserva da mão-de-obra" e lhes deve ser permitido que voltem à ativa na primeira oportunidade. Os "redundantes" são obrigados a conviver com o resto da sociedade, o que é legitimado pela capacidade de trabalho e consumo. Em vez de permanecer, como era visto anteriormente, como um problema de uma parte separada da população, a designação de "lixo" torna-se a perspectiva potencial de todos. Há partes do mundo que se confrontaram com o antes desconhecido fenômeno de "população sobrando". Os países subdesenvolvidos não se disporiam, como no passado, a receber as sobras de outros povos e nem podem ser forçados a aceitar isso.

Países como Brasil, Índia e China são constantemente apontados como estratégicos para o século XXI. Ao mesmo tempo, são três países com grande número de "lixo humano", com alto índice de desemprego. Isso não é uma contradição?

BAUMAN: Certamente. Isso fica ainda pior quando os gigantes do século XXI, China, Índia, Brasil, entram no "processo de modernização". O número de "pessoas desnecessárias" crescerá. E aí há o grande problema que mais cedo ou mais tarde teremos que enfrentar: capacitar ou não China, Índia e Brasil a imitar o modelo de "bem-estar" adotado nos Estados Unidos em uma época em que "modernização" ainda era um privilégio de poucos? Para dar vazão, seriam necessários três planetas, mas nós só temos um para dividir.

Um dos mais importantes compositores brasileiros, Chico Buarque de Holanda, afirmou que "uma nação grande e forte é perigosa, mas que uma nação grande, forte e ignorante é ainda mais perigosa". Ter uma nação grande, forte e ignorante no comando do mundo como parecem ser os Estados Unidos da Era Bush não pode acirrar ainda mais o "refugo" dos seres humanos?

BAUMAN: Lamento não conhecer Chico Buarque: ele toca no cerne da questão. Até onde vai a situação de nosso planeta com um único superpoder, confundido e subjugado pela ilusão de sua repentina ilimitada liberdade? A elevação súbita dos Estados Unidos à posição de superpotência absoluta e uma incontestada hegemonia mundial pegou líderes políticos americanos e formadores de opinião desprevenidos. É muito cedo para declarar a natureza deste novo império e generalizar seu impacto no planeta. Seu comportamento é, possivelmente, o fator mais importante da incerteza definida como "Nova Desordem Mundial". Um império estabelecido pela guerra tem que se manter por guerras. Acabamos de ver isso no Iraque, apesar de todos saberem que era óbvio que bombardear e invadir o país não aniquilaria o terrorismo.

No Brasil, temos uma expressão muito popular, "jeitinho brasileiro", que representa a capacidade do povo de superar adversidades, sejam elas pequenos problemas do cotidiano ou não. O senhor acredita que há nações com seres "redundantes" que saibam sobreviver melhor do que outros?

BAUMAN: O que vocês chamam de "jeitinho brasileiro" é a maneira que a modernização nos obrigou a reagir. Um dos resultados cruciais da modernização é a dependência dos processos da vida humana pelos "jeitinhos". Isso implica o outro lado da mesma moeda: a vulnerabilidade crescente dos legítimos modos instruídos de viver.

Aos 80 anos, sua produção intelectual ainda é grande. O que o motiva a continuar escrevendo?

BAUMAN: Pierre Bourdieu ressaltou que o número de personalidades do cenário político que podem compreender e articular expectativas e demandas está encolhendo. Precisamos aumentá-lo, e isso só pode ser feito apresentando problemas e necessidades. O próximo século pode ser o da catástrofe final ou um período no qual um novo acordo entre os intelectuais e as pessoas que representam a Humanidade seja negociado e trazido à tona. Vamos esperar que a escolha entre estes dois futuros ainda seja nossa.

Todas suas obras apresentam um cenário bastante pessimista do mundo. Temos razão para acreditar em dias melhores?

BAUMAN: Rejeito enfaticamente essa afirmação. Otimistas são pessoas que insistem que o mundo que temos é o melhor possível; os pessimistas são os que suspeitam que os otimistas podem ter razão. Portanto eu não sou nem otimista nem pessimista, porque acredito fortemente que outro mundo, alternativo e quem sabe melhor, seja possível. Acredito que os seres humanos sejam capazes de tornar real essa possibilidade.

Sociabilidade e sociedade de risco: um estudo sobre relações na modernidade.

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312005000200009

O livro Amor líquido, de Zygmunt Bauman, tem como objetivo mostrar a aplicabilidade da teoria da modernidade líquida à explicação e compreensão dos relacionamentos estabelecidos entre homens e mulheres na contemporaneidade. Segundo o autor,

"a misteriosa fragilidade dos vínculos humanos, o sentimento de insegurança que ela inspira e os desejos conflitantes (estimulados por tal sentimento) de apertar os laços e ao mesmo tempo mantê–los frouxos, é o que este livro busca esclarecer, registrar e apreender" (BAUMAN, 2004, p. 8).

A intenção de estar junto e ao mesmo tempo não estabelecer relações duradouras é uma das principiais razões da ambivalência característica dos relacionamentos atuais. Tal ambivalência resulta principalmente da instabilidade que impera na modernidade líquida, época de incertezas e inseguranças provenientes do risco que poderá trazer um novo relacionamento diante do qual previsões e mecanismos de controle não se aplicam. Bauman, ao dissecar os líquidos relacionamentos modernos, mostra como a interação entre homens e mulheres reflete uma ordem social pautada por riscos socialmente produzidos.

A escolha dos relacionamentos como objeto de estudo é justificado, segundo Bauman, em virtude das qualidades que possuem e os tornam representativos da sociedade moderna1. A impossibilidade de prever quando e como ocorrerá um relacionamento não está restrita a casos de amor. A previsibilidade seguida da possibilidade de exercer controle sobre os diferentes tipos de relações constituintes das sociedades contemporâneas era uma das expectativas em relação à passagem de uma modernidade sólida para uma modernidade líquida.

"Os tempos modernos encontraram os sólidos pré–modernos em estado avançado de desintegração; e um dos motivos mais fortes por trás da urgência em derretê–los era o desejo, por uma vez, de descobrir ou inventar sólidos de solidez duradoura, solidez em que se pudesse confiar e que tornaria o mundo previsível e, portanto, administrável" (BAUMAN, 2001, p. 10).

O desejo não só deixou de ser concretizado, como a insegurança passou a caracterizar as relações de amor e, como resultado, a ansiedade, a superficialidade e a brevidade dos relacionamentos surgem como mecanismos de defesa empregados na relação com a alteridade.

Diante do risco representado pela decisão de ingressar em relações amorosas, as pessoas têm–se amparado em dois tipos de estratégias de proteção: "fixação" e "flutuação". A "fixação" pode ser compreendida como uma tentativa de preservar o relacionamento apesar da impossibilidade de controlá–lo.

Trata–se do "esforço para emancipar o relacionamento de sentimentos erráticos e vacilantes, para assegurar que – aconteça o que acontecer com suas emoções – os parceiros continuem a beneficiar–se dos dons do amor: o interesse, o cuidado, a responsabilidade do outro parceiro. Um esforço para alcançar o estado em que se possa continuar recebendo sem dar mais, ou dando não mais do que o padrão estabelecido exige" (BAUMAN, 1997, p. 115).

Nesse sentido, a pessoa busca evitar a ansiedade e constante possibilidade do fim do relacionamento. Investe–se na "vontade de cuidar e de preservar o objeto cuidado", ainda que exija renúncias ou mesmo implique rotinas, afinal "o eu que ama se expande doando–se ao objeto amado" (BAUMAN, 2004, p. 24). Contudo a rede de proteção criada pode representar aprisionamento, escravidão e fim da relação3. Investe–se no exercício da tolerância para lidar com a diferença que a alteridade representa, diferença que deve ser suportada sob pena de resultar no fim do relacionamento.

Os adeptos da "flutuação", entretanto, não apresentam a mesma perseverança. Não estão dispostos a fazer muitas concessões. Pautam–se por princípios de custo–benefício. Tal como nas relações de mercado, conforme os lucros obtidos, o relacionamento continuará recebendo investimentos ou será suspenso4. Bauman apresenta a "flutuação" como "a recusa de conceder o caráter árduo da tarefa e o duro trabalho implicado. A estratégia de "cortar as próprias perdas", de "não investir dinheiro bom em busca de mau", de desistir de buscar alhures outra tentativa, uma vez que parece que os ganhos caíram abaixo do nível das despesas que se precisa para assegurá–los. Nessa estratégia, escapa–se da insegurança mais do que se luta com ela, na esperança de que se possa encontrar a segurança alhures a custos mais baixos e com esforço menos oneroso" (BAUMAN, 1997, p. 115). A liberdade para se abandonar a relação a qualquer momento é latente, o amor assume a sua face episódica, ou seja, não está alicerçado em compromissos a longo prazo. Privilegia–se o momento em detrimento do futuro, a trajetória do relacionamento não tem importância. Não há qualquer tipo de garantia. A "fixação" e a "flutuação" medeiam, cada uma a seu modo, a tênue fronteira entre segurança e dependência (como um tipo de possessão/escravidão), por um lado, e liberdade e insegurança, por outro. Esses extremos, em torno dos quais podem ser situados os relacionamentos, são responsáveis pela ambivalência que caracteriza o amor.

Outro conceito central na compreensão da análise de Bauman sobre o amor é o de "sociabilidade", que difere do conceito de "socialização", também explorado pelo autor. Ambos devem ser compreendidos a partir da interação com a estrutura social, porém se referem a processos distintos. "A socialização (pelo menos na sociedade moderna) visa a criar um ambiente de ação feito de escolhas passíveis de serem 'desempenhadas discursivamente', que se concentra no cálculo racional de ganhos e perdas" (BAUMAN, 1997, p. 138). De acordo com o conceito de socialização, o futuro possibilitaria a administração das sociedades com vistas à ordem, mediante a superação de obstáculos. Bauman afirma que, durante considerável período, alguns membros da sociologia defenderam essa perspectiva:

"De fato, durante toda a era moderna, muitos (a maioria dos) sociólogos, tomando as idéias dos fortes por idéias fortes, e os sedimentos de longa coerção e doutrinação por leis da história, tenderam a se colocar do lado dos administradores e ter empatia com seu interesse guerreiro pelos obstáculos que se levantaram no caminho que leva à harmonia e à ordem" (BAUMAN, 1997, p. 138).

Segundo essa perspectiva, a liberdade de escolha dos indivíduos é restringida. Existe um propósito comum a ser seguido pela coletividade. A racionalidade é valorada em detrimento da espontaneidade dos indivíduos. A sociabilidade é caracterizada pela ausência de um referencial preestabelecido e pela impossibilidade de se fazer previsões relacionadas às ações dos indivíduos. "A socialidade coloca a unicidade acima da regularidade e o sublime acima do racional, sendo, portanto, em geral avessa às regras, tornando o desempenho das regras problemático e cancelando o sentido instrumental da ação" (BAUMAN, 1997, p. 138)5.

A sociabilidade é característica da modernidade líquida na qual os indivíduos não mais têm um grupo de referência pelo qual se pautam. Observa–se a emergência da multidão, na qual os indivíduos compartilham ações baseadas no instante em que se vive e nas condições semelhantes nas quais se encontram. Bauman estabelece diálogo, embora não apresente qualquer referência no decorrer dos textos, com David Riesman, autor de A multidão solitária, onde já se discutia a alteração dos padrões de comportamento da interação entre os indivíduos tendo como cenário a década de 60 e a figura do indivíduo "alterdirigido" (RIESMAN, 1971).

O risco que passou a permear as relações entre as pessoas na modernidade líquida é outra questão que permeia com destaque a teoria social de Bauman. O autor sugere que o processo de liquefação, pelo qual passaram a modernidade e sua atual forma fluida e leve, não deve ser confundido com ausência de relações de poder ou mesmo auto–suficiência em relação à vida em sociedade.


Bauman afirma: "nenhum molde foi quebrado sem que fosse substituído por outro; as pessoas foram libertadas de suas velhas gaiolas apenas para ser admoestadas e censuradas caso não conseguissem se realocar, através de seus próprios esforços dedicados, contínuos e verdadeiramente infindáveis, nos nichos pré–fabricados da nova ordem" (BAUMAN, 2001, p. 13).

Vive–se em meio a uma "sociedade de risco", tal como teorizada por Ulrich Beck6. Riscos produzidos socialmente e, por vezes, ironicamente depositados nas costas dos indivíduos que são obrigados a tolerá–los. Essa sociedade de risco exige que a sociologia pesquise as causas sociais responsáveis pelos desafios emergentes na sociedade líquida, favorecendo, assim, que os indivíduos ingressem no processo reflexivo de elaborar "política–vida".

Amor líquido, ao evidenciar a influência exercida pela modernidade sobre os relacionamentos interpessoais, pode ser considerado um convite à reflexão sobre o desafio de se viver num mundo cada vez mais global e, também, composto de sociedades marcadas pela diversidade. O autor apresenta os desafios de se fazer políticas locais destinadas à solução de problemas manifestos localmente, mas que têm causas globais. "Os verdadeiros poderes que moldam as condições sob as quais todos nós agimos hoje em dia fluem num espaço global, enquanto nossas instituições de ação política permanecem, em seu conjunto, presas ao chão; elas são, tal como antes, locais" (BAUMAN, 2004, p. 122). Bauman sugere a existência de uma elite global influente e possuidora de elevado poder de mobilidade. Tão logo a vida comece a se tornar insuportável em determinado espaço físico, os membros da elite não hesitam em se mudar. A velha morada e os vizinhos são deixados, afinal os vínculos formados eram propositalmente frágeis e não se justificariam diante da qualidade de vida a ser usufruída em outro lugar até que nova mudança se faça necessária.

Adotando uma linguagem quase literária, conceitos como "sociabilidade", "sociedade de risco" e "globalização", já explorados em obras anteriores, são apresentados de forma serena como a fotografia do autor que ilustra a orelha do livro. Amor líquido analisa sociedades modernas a partir dos relacionamentos interpessoais e mostra a relação entre o local e o global na contemporaneidade. A obra pode ser considerada, também, a representante de uma nova forma de se escrever sociologia. A diversidade dos tipos de fonte utilizados, os campos disciplinares com os quais o autor dialoga ou mesmo a abordagem analítica adotada certamente causarão surpresa. Bauman ousou no estilo, mas sem perder a consistência e a clareza características de sua obra, cada vez mais valorada pela sociologia contemporânea.

Amor Líquido 1.

http://sotao.wordpress.com/2007/06/30/amor-liquido-1/

Amor e morte, cada um deles nasce, ou renasce, no próprio momento em que surge, sempre a partir do nada, da escuridão do não-ser sem passado nem futuro; começa sempre do começo, desnudando o carater supérfluo das tramas passadas e a futilidade dos enredos futuros…

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… não é ansiando por coisas prontas, completas e concluídas que o amor encontra o seu significado, mas nos estímulo a participar da gênese dessas coisas. O amor é afim à transcendência; não é senão outro nome para o impulso criativo e como tal carregado de riscos, pois o fim de uma criação nunca é certo.

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Em todo amor há pelo menos dois seres, cada qual grande incógnita da equação do outro. É isso que faz o amo parece um capricho do destino - aquele futuro estranho e misterioso, impossível de ser descrito antecipadamente, que deve ser realizado ou protelado, acelerado ou interrompido. Amar significa abrir-se ao destino, a mais sublime de todas as condições humanas , em que o medo se funde ao regozijo num amálgama irreversível. Abrir-se ao destino significa, em última instância, admitir a liberdade do ser: aquela liberdade que se incorpora no Outro, o companheiro no amor. “A satisfação no amor individual não pode ser atingida… sem humildade, a coragem, a fé e a disciplina verdadeira”, afirma Erich Fromm - apenas para acrescentar adiante, com tristeza, que em “uma cultura na qual são raras essas qualidades, atingir a capacidade de amar sera sempre, necessariamente, uma rara conquista”

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E assim é numa cultura consumista como a nossa, que favorece o produto pronto para uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, resulstados que não exigem esforço prolongados, receitas testadas, garantias de seguro total e devolução do dinheiro. A promessa de aprender a arte de amar é a oferta ( falsa, enganosa, mas que se deseja ardentemente que seja verdadeira) de construir a “esperiência amorossa” à semelhança de outras mercadorias, que fascinam e seduzem exibindo todas essas características e prometem desejo sem ansiedade, esforço sem suor e resultado sem esforço.

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Sem humildade e coragem não há amor. Essas duas qualidades são exigidas, em escalas enormes e contínuas, quando se ingressa numa terra inexplorada e não-mapeada. E é a esse território que o amor conduz ao se instalar entre dois ou mais seres humanos.

Amor liquído

http://alvitrices.blogspot.com/2007/06/amor-liqudo.html

Adorei o título, o tema e o que o autor pretende transmitir com a expressão "amor liquido".

"A misteriosa fragilidade dos laços humanos, os sentimentos que esta fragilidade inspira e a contraditória necessidade de criar laços e, ao mesmo tempo, de os manter flexíveis são os principais temas deste livro.Bauman analisa assim o modo como a nossa era, que ele designa por modernidade líquida, ameaça a capacidade de amar e os crescentes níveis de insegurança, tanto nas relações amorosas como nas familiares, e até no convívio social com estranhos."

As relações pela net são só a ponta do iceberg desta geração de amor liquido em que vivemos. Mais uma opinião/convicção minha que choca algumas (bastantes) pessoas...mais um long post que vou escrever um destes dias...tenho que fazer um post de todos os longos post's que quero escrever...:)

Ao que pesquisei; O principal herói deste livro é o relacionamento humano. Homens e Mulheres, os nossos contemporâneos, desesperados por terem sido abandonados aos seus próprios sentidos e sentimentos facilmente descartáveis, ansiando pela segurança do convívio e pela mão amiga com que possam contar num momento de aflição, desesperados por 'se relacionarem'.

E, no entanto, desconfiados da condição de 'estar ligado', em particular de estar ligado 'permanentemente', para não dizer eternamente, pois temem que tal condição possa trazer encargos e tensões para que eles não se consideram aptos nem estão dispostos a suportar e que podem limitar severamente a liberdade de que necessitam para - sim, o seu palpite está certo - se relacionarem...importa dizer que Zygmunt Bauman é sociólogo. E que principal herói deste livro é o relacionamento humano.

Daqui parto para a minha opinião acerca do casamento, monogamia, traição, relações dos novos tempos, o principio da amizade, as amizades pela net, os casamentos pela net, os divórcios ao fim de meses de casamento, a verdadeira essência das relações humanas, e.t.c, e.t.c., e.t.c....

Acho que depois de ler este livro o alvitre vai ser longo ...

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