A última edição da revista inglesa Psychology Today inclui um artigo que nos deixa na dúvida se devemos rir ou chorar, mas de leitura obrigatória. Deram-lhe o título de Dez verdades politicamente incorrectas sobre homens e mulheres, e os seus autores, os psicólogos Alan Miller e Satoshi Kanazawa, nele resumem a investigação que em Setembro publicarão em forma de livro.
A primeira constatação a que chegam é a de que a natureza humana é transversal a toda a humanidade, e se a educação e a cultura modificam as aparências, o verniz estala à primeira, deixando perceber que milhões de anos de existência, e de luta pela sobrevivência, nos dotaram a todos dos mesmos mecanismos. Ninguém duvida.
Em seguida avisam que as ideias do texto que publicam «podem parecer imorais, contrárias aos nossos ideais ou mesmo ofensivas». Mas argumentam que é obrigatório falar nelas porque são verdadeiras, apoiadas em factos científicos. Para garantir: «Gostem ou não a natureza humana não é politicamente correcta.» Acreditamos também.
Posto isto, fazem a primeira revelação, garantindo que não se engana quando jura que todos os homens preferem mulheres mais novas, de medidas peitorais avantajadas, loiras e de olhos azuis. Segundo os autores, tudo tem uma explicação: limitam-se a procurar a parceira mais saudável e fértil, e todos os sinais que indicam essa juventude são lidos e interpretados. Por exemplo, o cabelo loiro indicava que a sua portadora era jovem, porque o cabelo loiro escurece com a idade. Segundo os autores, foi por isso que o cabelo das nórdicas evoluiu para branco deslavado - num clima como aqueles, e o corpo bem coberto, não tinham outra forma de fazer notar que ainda eram meninas e moças, à procura de marido.
Quanto aos olhos azuis, ao que parece é uma preferência de ambos os sexos, porque as "pupilas não mentem", e a expressão das pupilas lê-se melhor em olhos claros, deixando a ilusão de que se consegue avaliar-lhes melhor o carácter. Os senhores reconhecem, no entanto, que com lentes de contacto coloridas, tinturas e implantes, nenhum destes sinais vale de nada, mas asseguram que os genes dos machos ainda não tiveram tempo de se aperceber do logro. Daí que continuem a cair pelas barbies mais recauchutadas, garantem.
Constataram ainda que os homens, embora naturalmente polígamos, beneficiam da monogamia, enquanto elas têm vantagem em pertencer a um harém, porque só os homens ricos se podem dar ao luxo de sustentar um rol de mulheres. Sugerimos-lhe que leia em voz altas o parágrafo seguinte, para todos os machos que a queiram ouvir: «Os homens nas sociedades monogâmicas imaginam que seriam felizes se pudessem ser polígamos. O que não entendem é que para os homens que não são extremamente desejáveis (e isto inclui beleza e dinheiro), a poligamia significa ficar sozinho, ou se tiverem sorte, conseguirem uma esposa muito menos atraente, do que aquela que, com jeito, conquistariam numa cultura monogâmica.»
Mas Alan Miller e Satoshi Kanazawa vão mais longe: alegam que o facto de a maioria dos suicidas bombistas serem do Islão não terá nada a ver com fanatismo religioso, mas com o facto de a poligamia levar a que muitos homens não tenham oportunidades de relações sexuais, sentindo a certa altura que já não têm nada a perder, sobretudo quando, numa outra vida, lhes prometem sete virgens só para eles. Os autores bem avisaram de que não íamos gostar de muito do que diziam, e tinham razão.
Seguem-se uma meia dúzia de outras conclusões chocantes, entre as quais aquela que dá o nome ao livro Sabe porque é que as pessoas bonitas têm mais filhas?. Respondendo à questão, dizem que o facto de nascer rapaz ou rapariga não é fruto do acaso. Baseiam-se na hipótese de Trivers-Willard, que defende que os pais de classes sociais mais poderosas têm mais rapazes, e os de menos recursos, mais raparigas, para que os primeiros possam herdar a fortuna, e casar com as gatas borralheiras, levando à sua ascensão social.
Só que consideram que a beleza é uma forma de riqueza, e que os mais atraentes têm por isso uma tendência biológica, cujo mecanismo não explicam, para dar à luz filhas, onde a herança estética sairá valorizada. Citam estatísticas e tudo: os americanos classificados de "muito atraentes" têm 56 por cento de probabilidade de que o primeiro descendente seja uma rapariga, comparado com os 48% do comum dos mortais. E as teses continuam por aí fora, acabando por pecar por alguma monotonia, porque, bem vistas as coisas, tudo se resume, mais coisa, menos coisa, ao «crescei e multiplicai-vos». Digamos que talvez a vida tenha outros atractivos pelo menos tão interessantes!
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