21 agosto 2007

E o meu Óscar do Filme do Ano vai para … Dia de Surf (Suf's Up)!

Trata-se da maior comédia de animação mais bem realizada que eu já possa ter visto em toda a minha vida, tendo em conta cenários fantásticos de praias paradisíacas e bonitas ondas ironizando sobre o que se passa no emocionante mundo do surf de competição.

O pinguim Cody Maverick é uma jovem promessa do surf que está a iniciar o seu primeiro ano no circuito profissional desta modalidade.

Seguido por uma equipa de filmagens que irá documentar as suas provas, Cody deixa a sua família em Shiverpool, na Antártida, e viaja para a ilha Pen Gu.

Durante o caminho, Cody conhece o louco surfista Chicken Joe, o famoso promotor Reggie Belafonte, o caça-talentos Mikey Abramowitz e a divertida salva-vidas Lani Allikai e todos reconhecem a paixão de Cody pelo surf.

O pinguim acredita que as vitórias lhe trarão admiração e respeito, mas acaba por descobrir que o verdadeiro vencedor nem sempre é aquele que termina em primeiro lugar.

Para algumas pessoas que eu conheço, ver este filme de desenhos animados sobre uma bonita modalidade que é o surf seria uma excelente oportunidade para aprenderem qualquer coisa de útil para as suas vidas.

Fontes:

http://www.sonypictures.com/movies/surfsup/index.html

http://www.cinema2000.pt/ficha.php3?id=7277

Os Pinguins Surfistas

A segunda longa-metragem produzida pelos Estúdios de Animação da Sony começa a demonstrar resultados satisfatórios em termos de animação. A esse nível, «Surf´s Up» caminha para a perfeição e o enredo, apesar de ser pouco elaborado, é bem disposto para crianças e adultos. É uma aventura moral e com os pinguins uma vez mais a assumir os papéis centrais e, sendo um registo fresco, vale uma viagem ao cinema em tempo de calor pois é remédio santo para o arrefecimento global.

Corey Maverick (na versão original com voz de Shia LaBeouf) sonha em ser um dia um ídolo do surf. Em pequeno teve um encontro marcante com Big Z, uma lenda viva do surf pinguim ("os oceanos foram construídos a pensar em Z") e certo dia tem a oportunidade de deixar Shiverpool, na Antárctica, e rumar à ilha tropical de Pin Gu para uma competição internacional de surf em memória de Z, que entretanto desapareceu no meio de uma grande onda. Corey abandona a sua profissão de seleccionador de peixe (da sardinha à cavala) e deixa para trás a rivalidade com o irmão pelo afecto da mãe. Estas sequências iniciais na Antárctica e o flashback da história do surf ou a infância de Corey são curiosas, tentando distinguir o filme e brincar com os chavões ligados aos pinguins.

Uma vez chegado a Pin Gu, a atitude pouco humilde de Corey choca com o fundo do mar rochoso, num trambolhão em plena exibição perante o público e a atraente pinguim salva-vidas Lani. Este acontecimento obriga-o a pensar a estratégia com o seu amigo Chicken Joe, que perdeu o seu pai em pequeno para a Kentucky Fried Chicken. Os primeiros personagens a surgir em cena em Pin Gu são engraçados, todos muito ecléticos e brilhando à frente das câmaras. Não faltam as criaturas fofas, como os pinguins miúdos, que são uns queridos e óptimos artigos de merchandising.

Uma sucessão de acontecimentos leva Corey até Geek, um ídolo desconhecido que faz pranchas mas há muito perdeu a paixão pelo mar. Acha que o surf se tornou demasiado mediático e mecânico, perdendo toda a espontaneidade, tal como Corey. «Surf´s Up» e estes dois personagens encetam uma viagem de complementaridade na busca do equilíbrio perfeito: Corey tem de deixar-se fluir nas ondas e produzir um surf mais humilde, e, por seu turno, Geek aprende com Corey a gozar a vida.

«Surf´s Up» está construído como uma aventura em forma de reportagem. Os repórteres estão a desenvolver uma entrevista a Corey e acompanham-no desde a Antárctica a Pin Gu, criando algum humor quando são atacados por personagens mais excitados: os Pin Gu´s e Reggie Belafonte, o marmota promotor de surf acompanhado pelo incansável ajudante faz tudo, Mikey. É um enredo com humor e começa a dar tudo ao espectador nos primeiros vinte minutos, mas prende o registo a uma fórmula que, para ser coerente, faz perder alguma ingenuidade e profundidade de alguns sujeitos narrativos.

O vilão nas ondas é Tank, um coleccionador de troféus que vive para competir, não olhando a modos para atingir as suas manobras, mas apesar disto, não representa totalmente o antagonismo do filme. A luta dos dois protagonistas, Corey e Geek, faz-se contra as suas próprias personalidades na caminhada para a harmonia em cima da prancha, não sendo uma questão de talento ou de força. Corey vai descobrir dentro de si a génese e o significado de ser um vencedor.

É óbvio um pequeno drop na aventura, nunca chegando a ocorrer o wipeout até ao clímax, ficando o filme um pouco à deriva. O desfecho e a moral final são satisfatórios para o público e «Surf´s Up» é uma surpresa por harmonizar duas ideias de certa forma contraditórias: pinguins e o surf. Em termos de realização, destaque para o detalhe nos close up´s (o cabelo, os pelos) e o cenário idílico com a ondulação marítima ou das árvores ao sabor do vento, enquanto as sequências de surf nos deixam boquiabertos: a grande cena é a sequência da caverna com muita cor, fluidez nos movimentos e pleno domínio dos vários elementos em cena.

A banda sonora liberta-se das canções a puxar o lado mais encantado deste tipo de filmes e substitui-as por sons de ruptura bem irreverentes, como os Green Day (Welcome to Paradise). O filme flui para a pura diversão: como afirma Corey, ele não sabe dançar ou cantar, só surfar, e com mais soul do que consciência ambiental ou animal, por mérito próprio «Surf´s Up» distingue-se de outros pinguins cinematográficos.


Nota final: Fiquei completamente pasmado com a evolução tecnológica alcançada neste filme, dado que, como se pode constatar neste site oficial, já se consegue simular virtualmente o ambiente de uma praia autêntica: Veja-se aquilo a que eles chamam neste site de “Surf Spots” nomeadamente a “Boneyard”, o “Northshore” e a “Big Z´s spot”. Uma única palavra para descrever isto tudo? Incrível!

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