11 outubro 2007

É sempre bom enchermo-nos tanto de cultura popular … (Linguagem imprópria para "madames" sensíveis) ...

A Água.

Meus senhores eu sou a água

que lava a cara, que lava os olhos,

que lava a rata e os entrefolhos,

que lava a nabiça e os agriões,

que lava a piça e os colhões,

que lava as damas e o que está vago,

pois lava as mamas e por onde cago.

Meus senhores aqui está a água

que rega a salsa e o rabanete,

que lava a língua a quem faz minete,

que lava o chibo mesmo da rasca,

tira o cheiro a bacalhau da lasca,

que bebe o homem que bebe o cão,

que lava a cona e o berbigão.

Meus senhores aqui está a água

que lava os olhos e os grelinhos,

que lava a cona e os paninhos,

que lava o sangue das grandes lutas,

que lava sérias e lava putas,

apaga o lume e o borralho,

e que lava as guelras ao caralho.

Meus senhores aqui está a água,

que rega as rosas e os manjericos,

que lava o bidé, lava penicos,

tira mau cheiro das algibeiras,

dá de beber às fressureiras,

lava a tromba a qualquer fantoche e

lava a boca depois de um broche.

Escrito por Manoel Maria Barbosa du Bocage – Um clássico da literatura Portuguesa

Que pérola de uma literatura tão conhecida a nível universal ... Bom, só me resta dizer (por agora) que … Viva a Água!

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