11 outubro 2007

Quando não há notícias … inventam-se folhetins sobre problemas que não interessam a ninguém …

“Interferência despudorada” na informação RTP.

Título da Notícia: Pivô arrisca inquérito.

José Rodrigues dos Santos arrisca um inquérito disciplinar como consequência das acusações que ontem fez à administração da RTP. O jornalista, em entrevista à 'Pública', disse que há uma "interferência despudorada" na informação da estação e fala também em "recados do poder".

Lê a notícia/artigo completo em:

http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=260861&idselect=92&idCanal=92&p=0

2007-10-08 - 00:00:00.

Conflito: Rodrigues dos Santos contra administração.

Pivô arrisca inquérito.

Marta Vitorino.

A administração vai 'tirar das palavras do professor José Rodrigues dos Santos todas as consequências, quaisquer que sejam'.

José Rodrigues dos Santos arrisca um inquérito disciplinar como consequência das acusações que ontem fez à administração da RTP. O jornalista, em entrevista à ‘Pública’, disse que há uma “interferência despudorada” na informação da estação e fala também em “recados do poder”.

A administração da RTP, presidida por Almerindo Marques, analisará quarta-feira as declarações do pivô, sabe o CM. A empresa, de acordo com o administrador Luís Marques, vai “tirar das palavras do professor José Rodrigues dos Santos todas as consequências, quaisquer que sejam”, isto é, a instauração de um inquérito disciplinar deverá ser a primeira medida. A administração da TV pública reiterou por outro lado que “nunca interferiu nem interfere nas opções editoriais da Direcção de Informação”.

Rodrigues dos Santos disse à citada revista que “ver o poder interferir despudoradamente na informação como eu vi é algo que desmotiva”. O jornalista, que exclui das críticas a administração a que presidiu o socialista João Carlos Silva, refere que “os governos contactam as administrações e depois estas passam, ou não, os recados”.

Sobre as razões da desmotivação, Rodrigues dos Santos diz ao CM: “Estou desmotivado com a forma como vi a administração interferir na área editorial.” E quanto ao futuro na empresa o jornalista afirma: “Não tenho qualquer plano pa-ra sair. Mas não é hipótese que eu elimine. Sou e planeio continuar a ser um jornalista.”.

O pivô, depois das polémicas declarações, confessa-nos não ter sido contactado pela administração e, por outro lado, sublinha não ter medo das consequências. “Farão de mim o que quiserem. Mas se eu for punido por dizer a verdade, por mais dura que ela seja, isso dirá tudo sobre o País. Um jornalista tem a responsabilidade de dizer a verdade e é esse compromisso que eu mantenho. Agora, acho extraordinário que se apele aos jornalistas para denunciarem situações de interferência e, quando o fazem, criar-se o fantasma de que eles serão punidos por o terem feito”, afirma ao CM.

Jornalista diz que fez as denúncias em 2004.

Rodrigues dos Santos, convidado a especificar as acusações, afirmou ao CM: “São as que denunciei em 2004. A administração interferiu na área editorial, eu demiti-me de imediato e expus o caso ao órgão regulador e à Assembleia da República, que me convocaram para o efeito. A AACS emitiu então uma deliberação a considerar que houve violação de um dever jurídico, moral e de boa-fé, e também do artigo 13.º da Constituição. O CM e os seus leitores podem ler essa deliberação em http://www.aacs.pt/bd/Deliberacoes/20041130a.htm.”.

Perfil.

José Rodrigues dos Santos formou-se em Comunicação Social em Lisboa e estagiou na BBC antes de ingressar na RTP, onde foi por duas vezes director de Informação. Em 2004 demitiu-se do cargo, alegou, por discordar da escolha de Rosa Veloso para correspondente em Madrid.

Fernanda Bueno / Ricardo Tavares com M.B.

Outra fonte sobre o mesmo assunto:

"Se vier a ser despedido é injusto e uma imoralidade".

Inês David Bastos e Maria João Espadinha.

Almerindo acusa pivô de défice de carácter.

O ambiente na RTP está ao rubro. O mais emblemático pivô da estação, José Rodrigues dos Santos, está em guerra aberta com a administração da empresa, que ontem anunciou, num violento comunicado, que vai avançar com"procedimentos legais" contra o jornalista por este a ter acusado de interferir nas decisões editoriais, em 2004. A tarde na RTP foi agitada, com o pivô e a administração a desdobrarem-se em reuniões com o conselho de redacção e a direcção de informação.

A RTP não concretiza as medidas legais que vai tomar. Ao DN, Almerindo Marques, presidente da estação, escusou-se a antecipar se estas passam por um inquérito ou um processo disciplinar com vista ao despedimento. Já o administrador Luís Marques revelou ao conselho de redacção que foi pedido um parecer jurídico, que será analisado na reunião de hoje da administração.

"Se vier a ser despedido por ter dito a verdade é injusto e mostra o ponto ao que a imoralidade chegou", reagiu ao DN José Rodrigues dos Santos.

Ontem, circulava a informação de que o pivô, que é várias vezes referido no comunicado como "empregado", teria sido suspenso das suas funções, informação negada pelo próprio jornalista e também por fontes da estação. "Não estou a apresentar o Telejornal porque não é a minha semana", disse.

A redacção da estação pública, disse ao DN fonte interna, "está preocupada com a escalada de acontecimentos e com as denúncias" do pivô, receando que estas "possam afectar gravemente a imagem de credibilidade" do canal.

Pivô avisado pelo DN.

Quando contactado pelo DN para reagir ao comunicado da RTP, José Rodrigues dos Santos mostrou-se espantado: "Não sei de nada... não sabia do comunicado. Não sei se faz sentido... Vou agora para a RTP." E foi. Mas antes, o jornalista reafirmou todas as acusações feitas anteriormente à administração e reagiu ao comunicado. "É totalmente falso" que tenha pedido "para ser tratado com regime de excepção" face aos restantes jornalistas (como diz a RTP). "A única coisa que pedi foi para não estar sem fazer nada".

Rodrigues dos Santos nega ainda ter mostrado" incomodidade por ter de cumprir horários normais [como alega a RTP]", afirmando: "cumpro os horários que me estipulam de acordo com o trabalho que tenho". A administração faz questão de lembrar que o jornalista mantém o mesmo salário que auferia quando era director de informação, entre 2002 e 2004.

O jornalista não hesita em caracterizar esta atitude da RTP como mesquinha. "Isto é uma tentativa mesquinha de confundir a situação". Mais. O pivô avisa mesmo que a administração está a "atirar pó às pessoas". Ou seja, para o jornalista, a estação está a desviar atenções do "principal problema", que é o de não ter tirado consequências da deliberação da Alta Autoridade para Comunicação Social (AACS), que "concluiu que houve interferências da administração" relativamente à nomeação da correspondente para Madrid.

Também Sebastião Lima Rego, o relator da deliberação da antiga AACS na altura da denúncia do então director de informação da RTP, acusa a estação de estar a lançar "uma nuvem de fumo". "É uma fuga para a frente. O importante aqui é esclarecer o que aconteceu em 2004 e não em 2007. Estes são acontecimentos marginais", disse, referindo-se ao comunicado do canal.

RTP fala em falta de carácter.

Confrontado com o facto de Rodrigues dos Santos ter reiterado as acusações de ingerência nas decisões editoriais, Almerindo Marques acusa o pivô de ter "um défice de personalidade e carácter". Mas as palavras duras da administração não se ficam por aqui. Luís Marques disse ao conselho de redacção que a posição do jornalista encerra uma "grave quebra de solidariedade entre um dos principais quadros da empresa e a administração". Este responsável adiantou que o conflito com o pivô "é grave" e "enxovalha a administração".

Amanhã, novos passos serão dados neste caso. Na habitual reunião do Conselho de Administração é certo que este será o assunto dominante. E também a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) não vai fugir ao caso. O presidente, Azeredo Lopes, já disse que não vê necessidade de um processo, mas a sua posição pode sair vencida. com P.B./N.A.

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