08 novembro 2013

O Problema da Existência Humana

"A desobediência civil não é o nosso problema. O nosso problema é a obediência civil. O nosso problema é que pessoas por todo o mundo têm obedecido às ordens de líderes e milhões têm morrido por causa dessa obediência. O nosso problema é que as pessoas são obedientes por todo o mundo face à pobreza, fome, estupidez, guerra e crueldade. O nosso problema é que as pessoas são obedientes enquanto as cadeias se enchem de pequenos ladrões e os grandes ladrões governam o país. 
É esse o nosso problema."

Howard Zinn, in Disobedience and Democracy: Nine Falacies on Law and Order, South End Press, 1968.


Fazer greve e ser grevista não é um acto de desobediência.

Fazer greve e ser grevista é a expressão máxima da obediência a princípios humanos, universais e sagrados que garantem o respeito pela vida humana e a dignidade do ser humano enquanto alguém que é obrigado, por força das circunstâncias, a trabalhar para sustentar a sua existência e/ou a dos outros que lhes estão mais próximos.

Para mim, quem não compreende o que leva a que uma pessoa faça greve e seja grevista é um filho da puta ou uma filha da puta que sempre viveu, vive e viverá para o resto da sua vida, sem se preocupar com os outros, com o colectivo, com o bem-estar geral da sociedade e com o progresso civilizacional de gerações que devem ser respeitadas quando decidem trabalhar em prol do bem comum.

E quando falo assim até pode existir pessoas que me são chegadas, familiares ou a quem eu amo ou estou casado ou tenho como amante que não compreendem a minha forma de estar na vida quando opto por fazer greve e ser grevista,

Mas quando a nível político se pretende retirar, dizimar, cortar, anular, retirar, reduzir, eliminar, suprimir, ignorar ou acabar com os direitos dos trabalhadores, os responsáveis por tais decisões políticas deviam ser todos presos, antes mesmo de sequer terem tais intenções criminais.

Quem faz greve e é grevista acredita num mundo melhor em que existam condições de trabalho que permitam garantir justiça, equidade, transparência, segurança, respeito e tantos outros valores supremos que estarão sempre acima de qualquer crise (económica, financeira, social, etc.).

As empresas ou os serviços do Estado podem até falirem, mas as pessoas não morrem, nem podem ser mortas por causa de tais falências, pelo que cabe a cada um de nós contribuir para que o outro que viva ao nosso lado também possa contribuir com o seu trabalho para a construção de um mundo ideal que se pretende que o seja para todos.

Os filhos da puta e as filhas da puta que não sabem, nem querem perceber o que representa aderir a uma greve, nem têm a noção de que os que fazem greve e são grevistas estão a construir um mundo melhor, mesmo que nesse mundo os que fazem greve e são grevistas tenham que conviver com filhos da puta e filhas da puta e aceitar a sua existência, a sua discordância e os seus pontos de vista diferentes.

Aos filhos da puta e às filhas da puta que não fazem greve e/ou não são grevistas tenho a dizer-lhes que sempre que faço greve não recebo dinheiro é verdade, mas que a migalha que me tiram que lhes sirva de tão bom proveito e que lhes permita saciar a fome de egoísmo, cinismo, hipocrisia, ambição, inveja e de tantos outros males que transportam dentro de si, porque quando eu morrer certamente terei a consciência tranquila que a minha decisão de fazer greve e ser grevista fez deste local a que chamamos Terra um lugar melhor para se viver, mesmo que continuem a nascerem tais filhos da puta e filhas da puta.

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