21 novembro 2007

Skydate - Encontros-relâmpago a bordo em voo para Viena de Áustria.

Conhecer pessoas novas fora do círculo habitual e testar ‘compatibilidades’ motivaram o primeiro encontro aéreo português de relacionamentos.


À partida de Lisboa, as expectativas eram baixas para a maioria dos participantes.

Conhecer a “alma gémea” num voo de três horas parecia tarefa impossível, mas o frio que os aguardava em Viena ajudou a“quebrar o gelo”.

No fim, alguns assumiam mesmo “cumplicidades especiais”.

Há quase duas semanas, 18 mulheres e 21 homens descomprometidos entre 25 e 40 anos concentravam-se

no “check-in” do Aeroporto de Lisboa.

Estavam prestes a embarcar no primeiro “skydate” português, uma espécie de “speed-dating” organizado

pela companhia aérea Sky Europe.

O conceito inovador prometia, até porque dias antes o voo Bruxelas-Viena tinha formado três casais.

Quatro amigas de Lisboa decidiram arriscar: “Viemos para nos divertir e para conhecer a cidade. Estamos um pouco na expectativa de saber como vai ser”, contava Isabel, de 25 anos.

Por 160 euros cada, as quatro jovens preparavam-se para passar o fim-de-semana em Viena, com uma noite de hotel incluída e uma visita guiada à cidade.

“As expectativas são poucas, mas no final da viagem... nunca se sabe. Pode haver uma surpresa”, dizia Alexandra, um ano mais velha.

Na sala de embarque, perto da 1.00h, questionadas se já tinham visto algum “candidato” interessante, Fátima respondia determinada: “Pelo que vejo aqui, não me parece que vá dar o meu contacto a alguém”, atirava, com um sorriso.

Outra das “skydaters”, uma gestora de 34 anos que não quis ser identificada, justificava a participação com o intuito de descobrir Viena, mas também com a vontade de conhecer novas pessoas e alargar o leque de amigos, até “para não ficar para trás”.

“A certa altura das nossas vidas constatamos que temos os mesmos amigos há já algum tempo. Imagine o que é ser a única solteira do meu grupo de amigos... Ou conhecemos pessoas fora desse círculo ou ficamos para sempre solteiras”.

Já Carlos Silva, um trabalhador-estudante de 23 anos, admitia que duas jovens lhe despertavam atenção, mas para algum romantismo preferia que o destino fosse Paris ou Veneza.

“Viena é uma cidade para aproveitar em termos arquitectónicos”.

Os 39 participantes são sentados na parte de trás do avião da SkyEurope, com duas filas de três lugares.

As mulheres ocupam sempre o lugar do meio de cada uma das filas, enquanto eles se sentam junto à coxia

para facilitar “a rodagem”, ao jeito do “tradicional” speed-dating” a cada cinco minutos.

Fazer novas amizades ou, eventualmente, encontrar ‘aquela pessoa especial’ é a base da motivação dos ‘sky daters’.

Entusiasmo e desilusões: ‘É melhor conhecer pessoas assim que teclar com desconhecidos na net’.

Cinco minutos para uma primeira conversa.

Alguma retracção inicial acabou por ser ultrapassada com o passar das horas.

Uma administrativa de Coimbra garantia que caiu ali “completamente de pára-quedas”, já que uma das amigas só no aeroporto lhe contou que tipo de viagem ia enfrentar.

No entanto, para esta jovem, sempre é melhor conhecer pessoas desta forma do que estar a ‘teclar’ na Internet com um desconhecido.

Apesar de contrariada, reconhecia que este tipo de iniciativas “acaba por atenuar a solidão” devida “ao excesso de tempo dedicado ao trabalho”.

Em Viena, os “skydaters” partiram à descoberta da cidade e não levou muito tempo a quebrarem as regras: a troca de contactos cabia exclusivamente à organização, encarregue de disponibilizar informações

de cada um, caso houvesse coincidência na vontade de um posterior encontro. Mas poucos resistiram à tentação de trocar e-mails e telefones ao fim de 24 horas.

Para uma das participantes, a viagem correu “muito bem”, tendo em conta as expectativas criadas: “Não posso dizer que me apaixonei. Isso seria impossível ao fim de dois dias, mas...”.

Já perto de aterrar em Lisboa, domingo à noite, admitiu: “Houve uma cumplicidade natural e especial com um dos participantes. Acho que essa pessoa combina comigo, mas se resultaria ou não, não sei. Tenho de o conhecer melhor”.

in Global, Edição de 21 de novembro de 2007, quarta-feira, especial, pág. 15.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Agradeço os seus comentários / Thank you for your comments.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.