Os primeiros momentos em que se acorda junto de uma pessoa que mal se conhece serão determinantes para o futuro da nossa vida?
Não serão seguramente se eventualmente essa pessoa for um sem-abrigo …
Contudo, existe quem afirme que são as decisões que se tomam nessas poucas horas que dependerá a continuidade de uma relação amorosa e a definição de duas pessoas enquanto casal.
Será que é na primeira manhã que se joga o futuro de um casal?
As manhãs em que duas pessoas passam juntas depois de uma noite de amor pode ser um instante fundador na história futura do casal, independentemente da relação continuar ou depois de cada um optar por seguir para lados opostos.
Existem poucos momentos em que uma pessoa é tão livre e ao mesmo tempo tão responsável pelo rumo que seguirá a sua vida senão numa daquelas manhãs em que se acorda alguém com quem se passou a noite inteira em pleno gozo sexual.
Contudo, é nessas mesmas manhãs que pode surgir o momento crucial que pode determinar a nossa existência, apesar deste facto não se verificar todas as vezes, dado que existem muitas manhãs vulgares e sem um amanhã que podemos decidir.
Esta manhã que te falo está fora do tempo e da vida habitual e corriqueira com que a maioria das restantes pessoas já se habitou a viver, e situa-se algures num tempo equívoco onde, devido à ausência de normas, existe uma liberdade total para apurar ao máximo os instintos escondidos das percepções sensíveis.
As emoções e sensações sentidas não são sempre extraordinárias e encantadoras como normalmente temos a impressão dada nos filmes, porque variam de vários factores.
As mulheres sentem-se de um modo difuso, intenso e delicado, mas podem tornar-se desagradáveis, mesmo quando o amor paira no ar.
Acordar ao lado de uma pessoa com quem se fez sexo a noite toda é uma experiência única que é preciso viver com intensidade, a tal leveza do ser que nos fala Milan Kundera, apreciar os encantos discretos da situação e as magias éfemeras que depositámos no encantamento das mil e uma noites.
Saber apreciar a flutuação do cheiro a sexo no ar, do próprio ambiente que nos rodeia, a indefinição da situação que nos confronta com os nossos princípios, valores, cultura e formato educacional pode ser um choque ou uma revelação dos sentidos.
No casal onde persistirá uma relação, cada uma das pessoas envolvidas ajusta-se logo imediatamente na primeira manhã.
A manhã desperta na cama com alguém é um momento que se situa sempre antes do casal estar definido e depois do primeiro encontro. Ninguém se conhece verdadeiramente e a situação é ainda uma aventura.
Um dos maiores problemas dos casais continua a ser ainda o facto de se realçar demasiado o sexo (ou a sua falta), apesar de ser difícil de determinar com exactidão o papel que ocupa em todas as fases de crescimento do sentimento mútuo que sustenta a relação.
Assim, a manhã na cama com alguém não permite levar em linha de conta se o lugar do sexo será assim tão determinante ou não para o futuro do casal, apesar de contribuir bastante para a decisão da sua manutenção se for bom para os dois.
Este é um momento que se transforma numa espécie de intervalo ambíguo em que os elementos diferentes que devem formar o amor são susceptíveis de serem interpretados de formas diferentes por cada uma das pessoas.
Os impulsos da atracção sexual manifestada durante a noite passada estão perfeitamente controlados, na atmosfera que rodeia a cama reina uma paz que necessita de diálogo, troca de impressões ou ainda um carinho corporal comunicativo, em que a meiguice e a ternura vindas de uma carícia de uma das partes pode reaviver a paixão desenfreada do dia anterior.
A manhã possibilita aos intervenientes a delimitação do espaço (poucas divisões da casa, como o próprio quarto, a casa de banho ou a cozinha ao lado ou ao fundo) e do tempo, de tal forma que cada um deles consegue rapidamente identificar todos os pormenores visuais de todas as cenas que se seguem ao despertar e à saída da cama.
Quando esta experiência não corre bem, normalmente a memória das pessoas apaga as recordações da maioria dos gestos, actos, palavras e emoções que são libertas na noite que antecede a manhã, como se fosse uma amnésia necessária impor à mente.
Mas, uma mulher quando acorda perturbada com a decoração do quarto e um homem enigmático a seu lado, tende imediatamente a recusar tal realidade, e, de seguida, invade-lhe um sentimento de não pertença a um lugar hostil e problemático, necessitando de fugir, esquecer a manhã e as marcas da noite, ainda que a compreensão de tudo isto seja posteriormente esclarecida horas, dias, semanas ou mesmo meses mais tarde quando se decide a revelar o testemunho desta experiência com outra mulher, sua amiga íntima.
As surpresas agradáveis advêm da boa vontade amorosa que leva a aceitar o que normalmente surpreenderia ou chocaria as pessoas noutras situações semelhantes, ou da imediata percepção, que apesar de um ligeiro mal-estar indefinido, que aquela pessoa que está connosco na mesma cama pode ser aquela a quem queremos partilhar a nosso vida.
Embora sem que tenhamos verdadeira consciência do que é aquela manhã, devido à confusão que nos incutem os ruídos, cheiros e imagens à nossa volta, tal momento obriga à tomada de decisões, algumas bastante inevitáveis que podem alterar o rumo das nossas vidas.
No despertar, vemos a cama como uma protecção acolhedora, mas a ruptura ou a continuidade daquele meio-sentimento tem que ser decidido neste primeiro momento, porque quereremos ter a certeza se o perpetuamos para sempre ou não.
É evidente que se amamos a outra pessoa, sendo que ainda até hoje ninguém conseguiu justificar como nasce este sentimento tão forte e que comanda este nosso universo, sentimos logo o desejo de que as manhãs como aquela se prolonguem para toda a vida.
Quando se trata de alguém que levámos para a cama numa noite, a probabilidade das manhãs encurtarem é muito maior devido ao risco do desconhecido, quando comparado com a situação em que se tivéssemos levado alguém que já conhecemos.
Por maiores que tenham sido os encantos de uma noite tórrida de sexo suado, a verdade é que não se pode permanecer deitado nela.
As obrigações ditam a saída da cama e será neste instante que se cria uma transição ou um choque das diferenças (culturais, sociais, educacionais, etc.) que pode ser fatal para o futuro da relação.
Daqui em diante há um exacerbamento do pudor, mesmo quando este não tenha sido um problema na noite anterior, muito associado aos desejos biológicos, fome ou sede (instintos primários de sobrevivência de Maslow).
Por exemplo, uma mulher que se julgue púdica pode não saber como há-de de vestir-se porque não compreenderá, decerto, porque se sentiu tão parva, sobretudo quando a noite anterior estivera a sentir o seu corpo a ter orgasmos múltiplos que a puseram pouco à vontade com tal intensidade até à data nunca antes vivida ou simplesmente com o facto de estar tão desinibida na vontade de mostrar a sua nudez, o que pode transformar-se na percepção de uma espécie de violação à sua própria pessoa, principalmente se não estava devidamente preparada para tais sentimentos tão fortes e desconcertantes.
Para além do embaraço envergonhado da timidez de um corpo nú, podem surgir gestos inapropriados, apesar de serem de curta duração e a outra pessoa raramente se aperceber disso.
Parece ser paradoxal mas, à saída da cama, o medo constrange mais quanto mais forte é a ligação e a vontade do envolvimento, porque desorienta a racionalidade normalmente depositada nos julgamentos que fazemos diariamente, uma vez que as consequências das nossas decisões recairão sobre nós próprios.
A necessidade de conversão rápida da compreensão acerca dos nossos sentimentos iniciais naquela manhã implica uma reacção intuitiva muito forte que se opera em cada uma das pessoas muito surpreendente, especialmente quando não se conhecem quaisquer antecedentes ou conhecimentos prévios da outra pessoa.
Eu acredito que as primeiras manhãs encantadas podem ser um pequeno pedaço do céu ternurento nas nossas vidas ao constituírem um momento crucial na decisão sobre para onde queremos ir e com quem ao nosso lado, pelo que se revela extremamente importante no desenvolvimento de uma trajectória conjunta e no nascimento do sentimento mais cobiçado no mundo.
Sentir de dia o ar quente de Marrocos na pele … Viajar na estrada a mais de 180 Kms. numa linha recta interminável … Sonhar em encontrar o amor nas arábias … Ouvir uma música do Oriente cantada por uma sereia grega chamada Despina Vandi nas noites frias do Deserto …
Ai, o chamamento do deserto é maior do que a minha vontade formal em seguir pelos caminhos que me parecem ser seguros.
Agora só me resta acordar amanhã de manhã contigo ao meu lado.
Porque eu e tu somos cidadãos do mundo com passaporte universal para vermos conjuntamente o raiar da aurora de cada uma das madrugadas que justificam esta passagem nesta vida a dois em qualquer parte deste planeta tão pequeno para o tamanho incomensurável do nosso amor …
O autor do blog
Inspiração das noites:
Despina Vandi - Opa Opa.
http://www.youtube.com/watch?v=JfoVTtFAfzc
Várias versões do “Opa opa” ao estilo de uma dança à escolha:
http://www.youtube.com/watch?v=CXPHsRN0QMI
http://www.youtube.com/watch?v=CXPHsRN0QMI
http://www.youtube.com/watch?v=QA57vSd9IKo
Despina Vandi - Gia.
http://www.youtube.com/watch?v=8UoIE8iQff0
Despina Vandi – Jambi.
http://www.youtube.com/watch?v=4O7vCyZs7KI
Despina Vandi – Simera.
http://www.youtube.com/watch?v=1UlNZIUzgdQ
Despina Vandi – Ypofero.
http://www.youtube.com/watch?v=L-CVWoVpzzs
Despina Vandi - Anaveis Foties.
http://www.youtube.com/watch?v=miPnYpiNSSs
Despina Vandi - Na se do.
http://www.youtube.com/watch?v=R3AxAM7ocj4
Despina Vandi – A página electrónica oficial.
Estava procurando algo sobre Despina Vandi e achei o teu blog.Interessantíssimo por sinal.Vou linkar! Bjos!
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