Exmos. Senhores Gestores Públicos das Empresas Públicas do Estado,
Chamo-me Maria, casada com o Zé Povinho, residente nesta República das Bananas.
Venho por este meio colocar-vos, a cada um de vós, algumas perguntas:
Sabia que o aumento do seu vencimento e dos seus colegas, num total extra de milhares de euros, fixado pela comissão de vencimentos numa altura em que a empresa apresenta prejuízos de milhões e um buraco de milhões de euros, representa um crime previsto na lei sob a figura de gestão danosa?
Terão Vossas Excelências a mínima noção de que há mais de 600 mil pessoas desempregadas neste país neste momento por causa de gente como vocês que, sem qualquer moral, se pavoneiam num dos automóveis de luxo que neste momento custam milhares de euros por mês a todos os contribuintes?
A dívida deste país está acima dos mil milhões de euros, o que significa que eu estou endividada em milhares de euros. Paguei em impostos no ano passado milhares de euros. Não chega nem para a minha parte da dívida colectiva. E com pessoas como vocês a esbanjar desta forma o meu dinheiro, os impostos dos contribuintes não vão chegar nunca para pagar o que realmente devem pagar: o bem-estar colectivo.
A vossa cara está publicada no site das empresas públicas. Todos os cidadãos deste país sabem, portanto, quem vocês são.
Hoje, quando pararem num semáforo vermelho, conseguirão enfentar o olhar do condutor ao lado estando vocês ao volante de uma viatura paga com dinheiro que a sua empresa não tem e que é paga às custas da fome de milhares de pessoas, velhos, adultos, jovens e crianças?
Para vocês auferirem do vosso vencimento, agora aumentado ilegalmente, e demais regalias, há 900 mil pessoas a trabalhar (inclusivé em empresas estatais como a "sua") sem sequer terem direito a Baixa se ficarem doentes, porque trabalham a recibos verdes. Alguma vez pensaram nisso? Acham genuinamente que o trabalho que desempenham tem de ser tamanhamente bem remunerado ao ponto de se sobrepôr às mais elementares necessidades de outros seres humanos?
Despeço-me sem grande consideração por vossas realezas, mas com alguma pena das vossas pessoas e com esperança que consigam reactivar alguns genes da espécie humana que terão com certeza perdido algures no decorrer da vossa vida.
A Maria
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