16 junho 2012
Eu sou contra a indústria do Futebol!
Exmo. Sr. Presidente da República das Bananas, Dr. Aníbal da Mula Russa,
O meu nome é Maria Lisboeta, sou licenciada em Pintura pela Faculdade de Artes da Universidade Nacional, fiz Mestrado em Antropologia na Universidade de Ciências Sociais e Humanas da Capital, sou doutoranda em Ciências da Comunicação também pela mesma Universidade, tenho um projecto de investigação distinguido com uma bolsa de doutoramento individual da Fundação Científico-Tecnológica.
A convite do meu orientador de Doutoramento, lecciono uma cadeira numa Universidade do seu país e tenho 30 anos.
Não sinto qualquer orgulho na selecção de futebol nacional.
Não fiquei tão pouco impressionada com o seu recente gesto de reconhecimento pelos profissionais do futebol, em detrimento de outros tantos milhares que exercem tantas outras profissões tão dignas e que seriam merecedoras da sua atenção.
O futebol é o actual opium do povo que a política subrepticiamente procura sempre exponenciar.
A atribuição da condecoraçãode Cavaleiro da Ordem do Infante Dom Antão a jogadores de futebol nada tem que ver com "a visão de mundo" que aquele antão tinha.
A conquista do povo não é no relvado.
Sinto orgulho no meu percurso, tenho trabalhado muito e só agora vejo alguns resultados.
Como é que acha que me sinto quando vejo condecorado um jogador de futebol?
Depois de tanto trabalho e investimento financeiro em estudos?!!
Absolutamente indignada com o que me fez, seu estupor de candidato a ex-PIDE em 1967 que já devia ter sido recambiado deste país há vários anos atrás para que eu nunca tivesse que sentir aquilo que senti quando o vi a condecorar gente que nunca irá fazer mais nada na sua vida e pelo seu país do que dar apenas uns estúpidos pontapés atrás de uma bola!
Sinto orgulho em muitos dos professores que tive, tanto no ensino secundário como no superior.
Sinto orgulho em tantos pensadores e teóricos que Vossa Excelência deveria condecorar.
Essas pessoas sim são brilhantes, são um bom exemplo para o país... fizeram-me e ainda fazem querer ser sempre melhor.
Tenho orgulho nos meus jovens colegas de doutoramento pela sua persistência nos estudos, um caminho tortuoso cujos resultados jamais são imediatos, isto numa contemporaneidade que sublinha a imediaticidade e a mediocridade tão patente no futebol.
Tenho orgulho até em muitos dos meus alunos, que trabalham durante o dia e com afinco estudam à noite....
Seriam tantos os cidadãos a condecorar...
e o Senhor Presidente condecorou com a distinção de Cavaleiro da Ordem do Infante Dom Antão jogadores de futebol... e que alcançaram sei lá que lugar na tabela de classificação geral...
Mas, afinal, que exemplo são os jogadores de futebol para uma nação?
Carros de luxo, vidas repletas de vaidades... que exemplo são?!
Só tenho a dizer-lhe que o Senhor Presidente e outros que venham a seguir da mesma laia nunca serão o Presidente do meu país!
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