17 maio 2007

De que vive hoje o pobre do negócio bancário?

O maior banco do país das maravilhas está a enviar aos seus clientes mais modestos uma circular que deveria fazer corar de vergonha os administradores principescamente pagos daquela instituição bancária.

A carta do maior banco do país das maravilhas começa, como mandam as boas regras de marketing, por reafirmar o empenho do Banco em oferecer aos seus clientes as melhores condições de preço/qualidade em toda a gama de prestação de serviços, incluindo no que respeita a despesas de manutenção nas contas à ordem.

As palavras de circunstância não chegam sequer a suscitar qualquer tipo de ilusões, dado que após novo parágrafo sobre racionalização e eficiência da gestão de contas, o estimado/a cliente é confrontado com a informação de que, para continuar a usufruir da isenção da comissão de despesas de manutenção, terá de ter em cada trimestre um saldo médio superior a 1.000 euros, ter crédito de vencimento ou ter aplicações financeiras associadas à respectiva conta.

Ora sucede que muitas contas do maior banco do país das maravilhas, designadamente de pensionistas e reformados, são abertas por imposição legal.

É o caso de um reformado por invalidez e quase septuagenário, que sobrevive com uma pensão de 243,45 euros, que para ter direito ao piedoso subsídio diário de 7,57 euros (ouviu bem, sim, sete euros e cinquenta e sete cêntimos, por dia) foi forçado a abrir conta no maior banco do país das maravilhas por determinação expressa da Segurança Social para receber a reforma.

Como se compreende, casos como este, e muitos são aqueles que vivem abaixo ou no limiar da pobreza, não podem, de todo, preencher os requisitos impostos pelo maior banco do país das maravilhas e tão pouco dar-se ao luxo de pagar despesas de manutenção de uma conta que foram constrangidos a abrir para acolher a sua miséria.

O mais escandaloso é que seja justamente uma instituição bancária que ano após ano apresenta lucros fabulosos e que aposenta os seus administradores, mesmo quando efémeros, com obscenas pensões, a vir exigir a quem mal consegue sobreviver que contribua para engordar os seus lautos proventos.

É sem dúvida uma situação ridícula e vergonhosa, como lhe chama a pessoa que me enviou este facto, mas as palavras sabem a pouco quando se trata de denunciar tamanha indignidade.

Esta é a face brutal do capitalismo selvagem que nos servem sob a capa da democracia, em que até a esmola paga taxa.

Sem respeito pela dignidade humana e sem qualquer resquício de decência, com o único objectivo de acumular mais e mais lucros, eis os administradores de sucesso.

Medita ... Cidadania é fazê-lo, é demonstrar esta pouca vergonha que nos atira para a miserabilidade social.

Mas o mais curioso é que este tipo de comentário nunca aparece nos meios tradicionais de comunicação social (jornais, canais de televisão, rádios ....).

Porque será???

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